Naquele verão escrita por Cyn


Capítulo 2
Adeus diversão




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– Porque fazes isto? Porque me castigas assim? – Minha mãe estava a fazer de coitada sentada no sofá com a cabeça entre as mãos mais uma vez.

Jonathan sentou-se ao lado dela e esfregou-lhe as costas.

– É uma miúda Clari.

– Mas já devia entender a vida, não fazer dela uma vida de morte.

– Á por favor. – Resmunguei levantando-me. – Mãe, já tenho 16 anos. Sei cuidar de mim. Sei fazer as minhas escolhas.

Ela olhou-me com os olhos em lágrimas.

– Ainda não tens 16. Tu conduziste um carro. Um carro Samantha. Podia ter acontecido uma desgraça…

Ela não terminou o que ia dizer. Mas eu sabia. Podia ter acontecido uma desgraça como da outra vez.

Sim, sim, sim.

Podia ter acertado em alguém e mandado alguém para o hospital como aconteceu com Anne Mary.

– Não vais começar outra vez pois não?

Ela suspirou cansada.

– Eu sei que a culpa é minha Sam. Eu sei.

Apenas olhei para ela e não neguei nada.

Era verdade. Tudo era culpa dela. Dela e do doador de esperma.

– Mas eu vou resolver isso.

– O que queres dizer? Vais voltar a mandar-me para o psicopata? – Brinquei.

Ela olhou-me feio.

Qual é? Psicopata, Psicólogo é a mesma coisa.

– Pára Sam. – Pediu-me Jace calmamente.

Ela e Zack tinham ficado no canto sem se mexer.

Pela inquietação dele sabia que estava furioso por ter levado o seu bebé. Ele preocupava-se mais com ele do que comigo.

Revirei os olhos e voltei a sentar-me.

Não que me interessasse.

– Ontem á noite telefonei ao teu pai. – Começou a explicar. – E contei-lhe que o James te tinha ido buscar. Ele ficou preocupado Sam, ainda mais depois que lhe contei tudo o que fizeste estes anos.

– Porquê?-Disse sem emoção nenhuma. – Não é como se ele alguma vez se importou.

Ouvi Jace soltar um suspiro.

– Ele preocupasse contigo Sam. Ele ama-vos. Sempre o fez. – Disse olhando para nós três.

– Tem uma maneira esquisita de o mostrar. – Bufei.

Olhei para as mãos despreocupada. As minhas unhas estavam pintadas de roxo escuro. Tenho de as pintar de outra cor.

– Eu sei que ele esteva ausente durante um tempo, mas ele quer resolver isso.

Levantei as sobrancelhas, espantada.

– Contaste-lhe TUDO o que eu fiz?

Ela olhou para Jonathan e depois para mim.

– Não contei o que aconteceu á dois anos, se é isso que te referias. Achei que não valia a pena.

– Sabias que ele não queria saber de mim se lhe contasses. – Acusei calmamente.

– Não é nada disso. – A sua voz elevou-se um pouco. – Pensei que não era necessário.

Dei uma risada seca.

Acreditava mesmo no que ela disse-se. Até parece.

– Tu… - Minha mãe parou e respirou fortemente. – Tu vais viver com o teu pai durante o verão.- Disse rapidamente.

Fechou os olhos quando eu não disse nada.

Apenas fiquei lá a olha-la.

Ela não podia estar falando a sério.

Era uma estupidez.

Eu fiquei congelada e apenas a respiração forte de minha mãe se ouvia.

– Teu pai achou boa ideia. – Desculpou-se – E eu achei que era uma boa ideia também. Precisas de conhecer outras vidas. Outras pessoas.

Continuei congelada.

Minha mãe suspirou cansada notando a minha reacção.

– Não é assim tão mau Sam.

Levantei-me com raiva e olhei-a.

– Não é assim tão mau? Estás louca. Uma merda que não é.

– Olha a linguagem. – Cortou.

– Como podes deixar que vá viver com ele. Ele não quis saber de nós durante anos. – Eu estava praticamente gritando.

– É o melhor. – Disse simplesmente.

– É o melhor. – Repeti cuspindo.

– Ele está a tentar Sam. Será que não podes fazer o mesmo? – Disse Zack.

Dei de ombros e cruzei os braços.

– Ides viver com ele apenas este verão. A escola termina na próxima semana. Não fará mal se faltareis. – Disse minha mãe tentando convencer-me.

Nada iria mudar o que sentia.

Comecei a ir para as escadas mas a voz de minha mãe me parou.

– Ides amanhã. Já está tudo combinado.

Resmunguei comigo e subi as escadas a correr.

Eles podem-me mandar para onde quiserem, mas não puderam obrigar-me a gostar.

Peguei o telemóvel e disquei o número de Alex.

– Estou? – Respondeu ao fim de 4 toques.

– Tudo bem? – Perguntei deitando-me na cama.

– Vai-se andando.

– Sempre foste á delegacia?

– Que remédio. – Ele suspirou – Acabamos com uma limpeza ao parque. Mas e tu? O que foi que tua mãe fez desta vez?

– Não vais acreditar. – Resmunguei.

Ele riu.

– Mais uma ida ao psicopata?

– Antes fosse. – Bufei.

– Diz lá. Preciso me divertir um pouco.

Queria estar mesmo ao lado dele para o esmurrar.

– Vou viver com o doador de esperma este verão.

Alex riu.

– Não tem graça Alexander Malcane. – Disse firmemente.

– Desculpa. Desculpa amor. Mas podia ser pior.

– Pior? – Perguntei sobressaltada. – Estás a ouvir-me bem?

– Estou. Amor, depois de tudo o que passas-te, isso é como umas férias.

Bufei sem acreditar no que estava a ouvir.

– Não me leves a mal. Mas vê pelo lado positivo.

– E qual é?

– Hoje vais puder festejar sem te preocupares com problemas. Quando é que vais?

– Pelo que percebi, amanhã.

– Ora ai está! Vou buscar-te às 20.00. Esta noite vamos arrebentar com tudo.

Sorri fracamente e deixei-me ficar na cama até ele aparecer. Não queria sair e esbarrar com algum deles.

Levantei-me e tomei um duche demorado.

Prendi o meu cabelo castanho comprido numa toalha e dirigi-me ao roupeiro.

A maioria das minhas roupas eram pretas, ou estavam rasgadas, ou tinham borrões de tintas.

Peguei numa saia curta de cetim vermelho e numa camisola de manga curta preta que mostrava apenas os ombros e os braços a partir dos cotovelos. A camisola tinha inscrito Don´t love myem letras brancas e com uma coração vermelho partido ao meio. Completei com botas pretas e que tinham atacadores brancos e correntes de lado.

Depois que me vesti, tirei a toalha do cabelo deixando o cabelo cair para trás das costas em ondas. Tinhas duas madeixas do lado esquerdo. Uma azul e uma branca. Tinha feito a azul quando ainda era amiga de Anne Mary. Eu fiz azul porque combinada com os meus olhos e ela tinha feito uma verde para combinar com os olhos dela.

Depois que entrei para o gangue decidi acabar com o meu passado, então fiz uma branca também. Poderia ser mais simples se tivesse voltado a por a cor original ao cabelo, mas eu gostei daquela cor no meu cabelo, então pintei-o de novo.

Minha mãe ficou de boca aberta mas Alex gostou. Disse que ficava sexy e perigosa.

Escovei o cabelo de leve e abanei a cabeça para o despentear um pouco.

– Agora estás vestida para matar. – Falei para o meu reflexo no espelho.

Olhei para o relógio na minha mesinha.

20.17

Onde ele estava?

Vinte minutos depois fiquei cansada.

Liguei para Alex.

Ele não atendeu, então liguei para Xavier.

– Oi.

– Oi Xavier. Sabes do Alex?

Podia ouvir o som da festa.

– Yeap.

– Estás dopado? – Sabendo já a resposta.

– Podes crer boneca.

Eu ri.

– Diz-lhe que eu estarei ai daqui a pouco.

– Podes deixar.

Desliguei o telemóvel e pô-lo na mala.

Corri para o andar debaixo sem ligar quando minha mãe me chamou.

A festa seria em casa de John Carter. Apenas teria de andar durante uns vinte minutos.

Antes de chegar lá já ouvia a música e os gritos. Sorri ao pensar em Alex e entrei quando John abriu a porta.

– Samy! Uau! – John também estava dopado, assim com o resto dos convidados. – Estás uma gata.

– Bom saber. Sabes onde está Alex?

Ele murchou um pouco.

– Deve andar por ai. Mas nós podíamos nos divertir um pouco. – Disse passando uma mão na minha cintura.

– Não fazes o meu tipo. Lamento.

Dei-lhe tapas devagar na cara e entrei por completo na sala. Muitos dançavam de lá para cá. Entre eles eu era a mais nova mas isso nunca os impediu de me convidarem.

– SAM! – Percebi a voz de Sophia.

Olhei para ela. Heitor estava com os braços ao redor dos seus ombros.

– Ei!

– Nossa Sam, queres matar-nos de tesão? – Gemeu Heitor.

Revirei os olhos e olhei para a minha amiga.

– Sabes onde está Alex?

Ele pensou um pouco.

– Viu-o subir á uns minutos lá para cima.

– Obrigado. Divirtam-se.

– Tu também.

Sorri-lhe agradecida e voltei-me para as escadas.

– Oi boneca. – Senti Pete ao meu lado.

– Ei Pete. – Cumprimentei-lhe sorrindo.

– Ainda bem que vieste. Esta festa estava a ficar uma seca.

Olhei-o.

– Tenho que aproveitar enquanto cá estou. Desta vez vais deixar-me beber?

Ele fingiu considerar.

– Ok, só porque amanhã não estarás cá.

Pegou dois copos de um cara e deu-me um.

– Á merda desta vida. – Brindou.

– Á merda da minha vida. – Brindei.

Bebi tudo de uma vez. Minha garganta queimou por causa do álcool.

– É melhor ir ter com o Alex. – Disse subindo as escadas.

– Ele deve descer daqui a nada. – Impediu-me Pete.

– Mas eu quero ir lá. Ele deve-me uma explicação de porque não me foi buscar como combinou.

Afastei-me de Pete e subi. Ele tentou-me deter mas ele já estava mais bêbedo do que eu.

–Sam, espera.

Por impulso entrei na porta que estava entre aberta e congelei.

Era como se tivessem tirado minha alma á força.

– Eu disse-te para não subires. – Murmurou Pete atrás de mim.

Alex olhou para nós e sorriu de orelha a orelha.

– Ainda bem que vieste Sam. Estava mesmo a perguntar quando chegarias.

Como ele poderia ser tão cara de pau?

– Importas-te de ir andando. – Bufou Cristina debaixo dele. – Não gosto de público.

Ela estava completamente nua, assim como Alex. Por mais que me doesse acreditar, algo me dizia que não era a primeira vez que eles faziam isto. Assim como sabia que Alex queria que eu visse.

– Vamos Sam. – Pete tentou-me puxar mas deixei-me estar.

– És um bastardo. – Murmurei para Alex, mas isso o fez apenas aumentar ainda mais o seu sorriso.

Cristina riu.

Havia uma razão muito simples de a detestar.

Ela tornou-se a melhor amiga de Anne Mary depois que a nossa amizade acabou. Agora ainda a odiava mais.

– E tu és uma vagabunda. Dizes que eu sou, mas tu és uma maior que eu. – Rosnei para ela.

Ela parou de rir e olhou-me furiosa.

Pete riu baixo atrás de mim e puxou-me. Desta vez deixei-o puxar-me.

Quando chegamos ao nadar de baixo ia a correr para a porta mas Pete me parou.

– Onde vais?

– Para casa. – Disse sem encara-lo.

– Estarás a rebaixar-te e deixar que ele ganhe.

Olhei-o com lágrimas prestes a cair.

– O que queres que eu faça?

Ele sorriu docemente.

– Diverte-te. Viste o idiota do teu namorado com outra? Azar. Podes arranjar muitos mais num abrir e fechar de olhos.

– Queres que me divirta depois do que vi? – Perguntei incrédula.

Ele sorriu e puxou-me para mais perto. Rodopiou-me pela sala.

– DIVERTE-TE! – Gritou.

Eu sorri e comecei a soltar-me.

Dancei com Pete durante várias músicas e me diverti. Alex tinha evaporado rapidamente da minha cabeça.

Impressionante.

– Preciso de uma pausa. – Avisei-o.

Ele assentiu e levou-me para o sofá.

– És bonita, sexy, o desejo de qualquer homem com alguma coisa no meio. Não te deves apegar a um assim. Ele não merece. – Aconselhou.

– Estás a dizer que não devo amar?

– Deves amar, mas quando encontrares o tipo certo. E acredita, não é nenhum destes idiotas, mas por hoje podes aproveitar-te de qualquer um. Basta escolheres.

Ele encostou-se no sofá e olhou ao redor.

Percorri também o olhar e encontrei John com dois copos nas mãos encostado a uma parede.

– Já venho.

Fui até ele e tirei-lhe um copo.

Ele olhou furioso por um minuto pronto para atacar.

– Mas que… - Acalmou-se quando me viu – Samy, o que posso fazer por ti?

– Uma dança

Ele avaliou-me durante um tempo.

– Tens a certeza?

– Absoluta. É uma festa. Tua festa.

Peguei-lhe na mão e puxei-o para o centro da sala. Ele não esperou mais e agarrou-me contra ele. John podia ser um galã como todos os outros, mas ele tinha algo que os outros não tinham. Respeito. Ele respeitava as mulheres coisa que os outros idiotas não o faziam. Aqui, apenas John e Pete prestam na verdade.

– Alex vai pirar. – Murmurou no meu cabelo, mas eu sabia que ele sorria.

– Quem é Alex?

John riu e agarrou a minha cintura.

Vi Alex e Cristina descerem a escada juntos e fiz o que Pete me disse. Diverti-me.

Dancei da maneira mais sensual que consegui e preguei a John um beijo que o deixou completamente sem folego.

Os que estavam por perto gritaram e assobiaram.

Vi pelo canto do olho Alex contorcer-se de raiva e isso deixou-me mais contente do que imaginava.

Ele merecia.

– Vejo-te mais logo John. - Disse sensualmente com o dedo na boca.

John sorriu como se tivesse ganho o melhor prémio da vida, eu digo isto porque senti a forma como se agitou nas partes intimas.

Dei a volta e fui até Pete que sorria de orgulho.

– É assim mesmo miúda.

– Obrigado. – Peguei na gola da camisola dele com as duas mãos. – Importas-te de me levar a casa?

Ele riu e rodeou a mina cintura com um braço.

– Vamos.

Levou-me para fora de casa, do barulho, do palerma do meu ex.

– Belo espectáculo. – Disse quando entramos no seu carro.

Eu ri.

– Eu tenho de admitir, diverti-me com a cara dele.

– Ele ficou fodido da vida. – Concordou.

Ainda estávamos a rir quando chegamos a minha casa.

– Bem, boneca, é sempre um prazer.

– O mesmo Pete. Até Setembro.

– Vai correr tudo bem. Talvez seja melhor do que pensas.

Eu suspirei.

– Espero que tinhas razão.

Beijei-lhe na cara e sai do carro.

Minha mãe estava acordada assim como meus irmãos mas segui para o quarto sem dizer nada.

Desabei na cama e reparei nas malas feitas ao lado do roupeiro.

– Adeus diversão.


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