A Maldição do Tigre escrita por Catarina


Capítulo 4
IV


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Ren

O avião tinha acabado de pousar. Veio homens de toda parte para me deslocar da cabine do avião para o caminhão. E eu ainda não tinha visto Kelsey, já estava com saudades. Para me retirarem da jaula, usaram várias correntes, com medo de eu fugir, então na hora que estava prestes a subir a rampa do veículo, um homem, moreno e alto, puxou com muita força uma dessas correntes, eu não gosto de ser agressivo, mas doeu demais, então dei-lhe uma bronca, que na pele do tigre foi um rugido, nesse momento, senti Kelsey se aproximando, ela me olhava preocupada, possivelmente zelando pela minha segurança e a do homem, ela veio até mim, fez sinal para o homem se afastar, segurou minha corrente e me guiou até a cabine do caminhão. Fiquei muito mais tranquilo e agradecido por ela ter vindo até mim. Chegando á cabine, ela gentilmente retirou as correntes, uma por uma, e enquanto fazia isso, fiquei esfregando a cabeça em seu braço, sempre encarando os homens, se viessem novamente com aquelas correntes... 

Assim que subi na rampa e entrei, Kelsey deu meia volta e se dirigiu ao Kadam, que nesse momento conversava com o motorista do caminhão, com certeza, para informar sobre as minhas ideias.

Quando menos esperava, senti o caminhão se deslocar e entrar na rodovia, fico pensando na Kelsey. Então, olho para trás, e vejo um carro, que possivelmente é do Kadam, nos seguindo.

Uns 30 minutos depois, o caminhão para, escuto o motorista indicar o mercado/restaurante para Kelsey poder comer, e antes de ir, ela vem dar uma olhada em mim. Eu tento agir naturalmente, me mantenho deitado, como se estivesse relaxado. E então ela parte para o mercado. No momento em que ela entra, Kadam aparece e abre a porta da minha jaula, me transformo em homem e saio. Vamos direto conversar com o motorista. Eu logo digo sem me apresentar:

— Com licença. Precisamos muito de um grande fazer seu. Prometo que será muito recompensado - digo.

O rapaz olha meio assustado e surpreso para mim, e logo Kadam completa:

— Eu fui o homem que lhe contratou para trazer o tigre e a menina, e preciso de mais um favor. Preciso que você leve esse caminhão embora, e deixe a menina e o tigre aqui.

O rapaz nervoso disse:

— Deixar a menina e o tigre? Mas para que? O que vocês querem com eles?

— Isso é da nossa conta, prometo que não irei machuca-los, é só uma questão particular - digo depressa.

Kadam já preocupado diz:

— O senhor pode fazer isso por nós?

— Posso sim, mas vocês tem certeza? - pergunta o rapaz, indeciso.

— Sim! Temos muita certeza- digo apreensivo.

— Ren? Tem certeza mesmo? Ainda dá tempo de dizer tudo à Kelsey - diz Kadam apreensivo.

— Claro que tenho certeza. Vai dar certo - digo um pouco estressado. 

— Tudo bem! - Kadam se vira para o rapaz. - E então? pode nos ajudar?

— Sim, senhor. Posso - diz ele.

Nesse momento, olho de relance para o mercado, e vejo Kelsey olhando pela abertura da janela, diretamente para nós, principalmente para mim, e fico nervoso, ela não pode vir aqui agora e estragar o plano. Rapidamente me escondo atrás da cabine do caminhão, e Kadam assustado pergunta:

— O que foi, Ren?

— A Kelsey, está olhando para nós - digo com nervosismo.

— धिक्कार है. - Tradução: Droga - Rápido, senhor, conduza esse caminhão para longe e deixe as coisas da menina aqui na calçada. Agora!

E como um furação, Kadam entra em seu carro. Mas nesse momento Kelsey sai do mercado e vem em direção ao caminhão, rápido, entro na cabine e me transformo em tigre e fico deitado. Segundos depois, Kelsey aparece e me olha com interrogação, mas ela parece lembrar de algo e retorna ao mercado. Essa era a nossa deixa, eu levanto meu corpo e olhei para Kadam do outro lado da rua, ele rapidamente entra no caminhão com o rapaz, coloca a mochila e a bolsa de Kelsey na calçada e me deixa na beirada da estrada, e, avisa que deixará um Jeep Verde do outro lado da selva, para quando acabarmos o propósito.

Eles saem em disparada, e, Kelsey retorna, e fica completamente assustada, pois o caminhão desapareceu, ela olha de relance e ver sua bolsa e mochila e quando abaixa me ver do outro lado da rua, e o que vejo em seu olhar é medo, medo do desconhecido, e começo a me arrepender do meu plano.

Ela sussurra bem baixinho, mais com tom assustado:

— Ah não! E o Sr. Kadam ainda disse que tudo ia ficar bem. O motorista deve ter roubado o caminhão e largado você aqui.

Foi tudo um plano querida. Por favor, não fique com medo, estarei com você o tempo todo. Mas agora preciso lhe atrair para o selva e a cabana de Phet.
Ela volta ao mercado e veja ela comprando algo, quando volta, eu adentrei mais um pouco a selva, ela grita:

— Ren! Volte. Temos que voltar à cidade.

Meu coração fica apertado, mas é preciso fazer isso, ela precisa confiar mais em mim. Então corro mais um pouco à frente.

Ela grita novamente:

— Ren! Volte! Tenho um petisco para você - tenta me bajular.

Calma prya. Vai tudo ficar bem, é só me acompanhar.

Ela grita mais uma vez, um pouco mais sem fôlego:

— Ren. Espere. Logo, logo vai escurecer, temos que voltar à cidade.

Eu não paro de correr. Percebo a respiração dela se acelerar.
Depois de mais uns 15 minutos correndo, ela para, completamente esgotada, e não aguento mais, preciso parar por ela. Dou meia volta e sigo até ela, que está encostada em uma árvore.
E começa a resmungar, dizendo que está perdida e que queria encontrar uma estrada que leve à cidade. Ela estende o petisco para mim e para minha surpresa enrola uma corda amarela em meu pescoço, mas não ligo, aceito de bom grado, acho que ela tem medo de eu lhe deixar.

Depois de um descanso, puxo-a em direção à selva novamente, ela decide não discutir ou reclamar, e me segue. Depois de um tempo vejo um campo gramado, com bambus em volta, um bom lugar para dormir, sei que ela não vai gostar. Ela percebe minha intenção, e , logo diz:

— Isso quer dizer que vamos passar a noite aqui, não é?

Já esperava por essa reação, mas ela vai ver que não é tão ruim quanto parece. Ela resmunga um pouco e depois começa a recolher madeiras e faz uma fogueira, muito bem feita por ser feito por uma menina da cidade. Depois vasculha a mochila que Kadam preparou para nós, e me estende suas barras de cerais, e quando eu ás pego ela diz:

— Você não devia comer barra de cereais, logo terá que caçar, e comer algo mais nutritivo, e a única coisa nutritiva aqui sou eu, mas nem pense nisso - disse rouca.

Eu pensaria no assunto, deve ser muito divertido lhe caçar, como diversão mesmo. Uma presa muito deliciosa. Ela percebeu minha intenção, pois estremeceu, logo voltei as minhas barras de cerais.

Um momento depois, ouvi um ruído de um outro animal dentro da mata, e para não deixar esse animal chegar perto do acampamento improvisado, adentro a selva e vejo um javali passeando ali perto, não vou caçar agora, com ela por perto, então só espanto ele e volto para nosso cantinho. Mas como para me convencer coço minhas costas nas árvores, nossa é tão bom. Kelsey olha divertido para mim e volta para arrumar sua colcha e deitar.

Fico ali olhando-a se aconchegar e deixar, então se vira para um lado e para o outro, depois estremece e se senta, minutos depois se deita novamente virada para a fogueira, sinto que ela está com medo, muito medo, nunca deve ter dormido ao relento assim, então como para tranquiliza-la, chego perto e deito ao seu lado, com as minhas costas encostadas na dela, e começo a ronronar pois sei que gosta disso. Então, percebo que ela caiu no sono, fico aqui olhando pra ela, e pensando em como começar a me explicar para ela, enquanto penso, me sinto cansado, então deito com a cabeça em suas cochas, e também pego no sono.

Acordo de um sono profundo com Kelsey me empurrando e resmungando, quando acordo, saio de cima de suas cochas, e me espreguiço, ela reclamou de a perna está dormente, eu devo ser mesmo pesado.

Enquanto ela arruma as coisas e apaga a fogueira, reclama da noite na selva, deve ter sido mesmo difícil para ela, mais eu amei tê-la aqui comigo. Ao meu lado finalmente, sem barras para limitar minha aproximação.

Quando ela termina resmunga:

— Muito bem, Ren. Para onde vamos agora? Adoraria que você me levasse de volta à cidade.

Ela vem me seguindo, andamos mais ou menos uns 45 minutos, até eu sentir que estamos nos aproximando na cabana de Phet. Kelsey ultrapassa um pedaço de muro, então, eu salto e paro ao lado dela do outro lado, ela leva um susto e reclama.

Uns segundos depois, avistamos a cabana, quando Kelsey ia para bater na porta, ela lembra de algo. Olha pra mim, franzi a testa, e diz:

— Temos que fazer algo com você.

Algo comigo? Ela me leva até uma árvore ao lado da cabana, um pouco distante, amarra a corda em meu pescoço e depois no tronco. Não gostei muito porém compreendo.
Ela disse que não queria assustar as pessoas da cabana e que voltaria logo para me buscar. Assim que ela se virou, me transformei em homem, tirei a corda de meu pescoço e da árvore, segui um pouco atrás dela, e antes que ela batesse na porta, eu disse:

— Isso é mesmo necessário? - pergunto me referindo ao que ela acabou de fazer.

Ela se vira, me olha de em cima em baixo, me estudando, franziu a testa, respirou fundo várias vezes, e nesse momento sinto um medo invadir meu coração. Chegou o momento. O que dizer agora? Como lhe explicar?

 


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Notas finais do capítulo

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