A Maldição do Tigre escrita por Catarina


Capítulo 24
XXIII


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Ren

Caminhávamos de volta à Hampi, muito lentamente. Kelsey não disse uma palavra depois do beijo, e eu também não disse, como estava na forma de tigre. Eu andava um pouco atrás, ela estava com raiva de mim, mas muitas vezes olhava para trás, para garantir que eu estava acompanhando-a.

Um momento depois avistamos o Sr. Kadam no Jeep nos esperando. Fomos em direção a ele. Kelsey explicou algumas pequenas coisas que aconteceram, e ficamos surpresos quando o Kadam disse que tínhamos ficado fora apenas 1 dia. Sendo que para nós, ficamos quatro ou cinco fora. Kells me olhou feio mas logo deixou pra lá.

Kells pegou o fruto dourado e entregou ao Sr. Kadam, e disse que fazia todo o sentido, pois a manga era um símbolo da Índia. Eu bufei com esse comentário, pois ela nem sabia disso, eu que lhe expliquei. Ela estava muito agitada, soltando fogo pelos ouvidos, não sei de onde vem toda essa raiva... bem, eu sei. Mas adoro esse lado nervoso dela.

Quando o Sr. Kadam disse que precisávamos ficar em hotéis por pelo menos duas noites no caminho de casa, Kells se virou para mim e disse que queria um hotel grande, com portões altos, com segurança e tudo mais. E eu sei porque ela pediu isso, tudo para eu não invadir. Quando entramos no Jepp, me estirei no banco traseiro, e antes de darmos a partida, dei uma grande e bem babada lambida de tigre no rosto de Kells. Você é minha iadala, com raiva ou não.

Enquanto percorremos a estrada, Kelsey explicou com mais detalhes da nossa busca ao fruto dourado, percebi que ela não mencionou nossas brigas e nem tudo que relacionava nosso relacionamento. Após alguns quilômetros a mais, me deixaram a beira da selva, saltei e corri em direção a mata.

Cheguei ao lado de uma árvore e me deitei ali. Mas eu estava me sentindo estranho... de alguma forma. Eu senti a vontade de me transformar em homem. Então foi isso que eu fiz... assumi a forma humana. Me encostei num tronco de árvore e ali fiquei. Por algum motivo desconhecido, adormeci.

Quando acordei deu um pulo e parei de pé, me desequilibrando. Ainda estava na forma humana, e isso até o momento era impossível. Estranho. Eu dormi bastante. Imediatamente me lembrei de nossa busca. Será que consegui algum tempo a mais como humano?

Agora meu sonho era ficar na forma humana por um único motivo... Kelsey. Eu queria ficar ao seu lado o máximo de tempo possível. Mas ela estava com raiva.. então.. como?
Foi ai que tive uma idéia ótima.

~*~

Na manha seguinte, antes de virem me buscar, corri até o hotel como tigre e esperei eles descerem. O Kadam foi o primeiro a descer, me transformei em homem, e lhe expliquei sobre o tempo que consegui, e pedi sua ajuda. Eu disse que queria jantar com a Kelsey. Jantar em um restaurante como um homem e ser humano normal. Ele riu de felicidade e disse que ia me ajudar. Então planejamos tudo. Kells desceu e assim partirmos para a casa, fazendo mais uma parada em outro hotel. Assim que paramos, desci e entrei num quarto, sem que Kells percebesse.

Na chegada do anoitecer, me arrumei, com um terno preto, cortei meu cabelo e o penteei para trás. Usei uma camisa branca e estava com um sorriso bobo no rosto. Desci e esperei no restaurante. Combinei de o Sr. Kadam traze-la aqui, como se fosse acompanhante dele de jantar. Mas chegando aqui, ele deixaria ela comigo. E foi o que aconteceu. Eles chegaram, e eu cheguei por trás deles.

— Oi, Kells. — cumprimentei.

Nesse momento ela travou. Ela nem se virou, não disse nada. Ela ainda continua com isso?

—Você continua sem falar comigo? Vire-se, por favor — pedi.

Segurei delicadamente seu cotovelo e a forcei virar. Ela ergueu os olhos e me encarou.

— Ren — sussurrou.

Apenas sorri, essa reação dela me deu vontade de abraçá-la.

— Quem mais seria? — provoquei.

Ela me olhou de em cima em baixo, parecendo gostar do que vê.  Ela desceu os olhos para meus sapatos e sorriu.

Ergui seu queixo para me olhar, e foi a minha vez. A apreciei bem devagar. Ela estava deslumbrante. Não, espetacular. Melhor... não existia palavra nenhuma que poderia defini-la nesse momento, de tão surpreendente que ela estava. Nunca vi coisa mais linda.

—Já terminou? — provocou, impaciente.

— Quase.

Agora avistei suas sandálias. Típicas da Índia, lindas.

— Então se apresse —disse nervosa.

Ergui meus olhos para seu rosto, e notei que estava corado. Sorri.

— Kelsey, quando um homem está com uma mulher bonita, ele precisa seguir seu próprio ritmo.

Peguei seu braço e a conduzi até a nossa mesa. Antes dela se sentar, percebi que estava olhando todas as portas do restaurante.

— Eu sei o que você está pensando e não vou deixa-la escapar de novo. Você pode se sentar e jantar comigo como uma namorada normal — sorri — ou — fiz uma pausa —, pode se sentar no meu colo enquanto eu a obrigo a comer.

Ameacei delicadamente, pois sei que ela não aceitaria a segunda opção. Como imaginei, ela se sentou, comportada. E ainda provocou, dizendo que eu não teria coragem de fazer isso. Lhe garanti que mesmo cavalheiro, não me importaria nem um pouco. E não mesmo.

A garçonete chegou, mas até demais. Ficou em cima de mim, me mostrando o cardápio, me incomodei no começo, mais quando percebi que Kells estava com raiva da cena, aproveitei. Conversei com a garçonete, rimos juntos, até que pedi um banquete, pensando em prender a Kelsey aqui por muito tempo.

— Não sei o que está aprontando, mas só lhe restam mais uns dois minutos — provocou.

— Veremos, Kells, veremos — disse calmamente.

Ela provocou mais, dizendo que ia adorar ver essas pessoas correndo de um tigre. Ah minha doce Kelsey, tenho um segredinho aqui. Quando ela comentou da garçonete em cima de mim, não resisti.

—Kelsey! Você está com ciúmes?

Ela riu com desdém, mais percebi nervosismo também.

— Não! É claro que não.

Pisquei para a garçonete.

— Você está piscando pra ela? É inacreditável! — reclamou.

Sorri baixinho. Estou adorando isso. Está funcionando. Ordenei ela a comer, enchi seus pratos e depois os meus. Olhei para ela e arqueei a sobrancelha, com esperança dela sentar em meu colo. Ela então disse que aquilo não teria chance de acontecer. Mas apesar disso eu estava me divertindo, e demais.

Ela me observou e comentou irônica que meu tempo tinha se esgotado, apenas continuei comendo, tranquilo.

— O.k., eu desisto. Por que você está todo presunçoso e confiante? Quando vai me contar o que está acontecendo? — pediu.

—O que está acontecendo, minha prema, é que a maldição foi suspensa. — expliquei baixinho.

Ela ficou boquiaberta e me pediu uma explicação melhor. Lhe disse que ganhei algum tipo de tempo a mais, para ser exato, eu tinha seis horas por dia como humano. Provoquei dizendo que agora poderia mantê-la presa ao meu lado. Ela disse ironicamente que agora eu e Kishan poderíamos continuar as buscar sozinhos. Até parece.

— Não subestime seu nível de... envolvimento, Kelsey. Mesmo que você não fosse mais necessária para quebrar a maldição, acha que eu simplesmente a deixaria ir? Que a deixaria sair da minha vida sem nem mesmo olhar para trás?

Ela começou a brincar distraidamente com seu guardanapo, nem dizer uma única palavra sobre minha declaração. Terminei meu primeiro prato e enchi-o novamente, o comida estava deliciosa. Faz mais de trezentos anos que não como comida de ser humano. Estou com muita fome. Mas continuei comendo e observando a Kells.

Quando comecei a conversar sobre ''nós'', nosso relacionamento, ela ficou muito nervosa e irritada, gaguejando. Sorri feliz por ela estar nervosa, mas eu sabia que ela sentia algo por mim, mesmo não querendo admitir.

Depois de um tempo a garçonete veio me trazer a conta. Quando lhe entreguei o cartão de credito, ela tocou minha mão, se inclinou sobre mim e perguntou baixinho se eu viria mais vezes ali. Antes de eu responder, Kelsey me chutou por debaixo da mesa, não olhei para ela, mas estiquei meu braço e segurei sua mão, acariciando seus dedos e respondi a garçonete que provavelmente viria ali mais vezes. Assim ela sorriu de modo sedutor e foi embora.

Quando a garçonete se foi, Kells me interrogou, querendo saber sobre o que havíamos conversado, provoquei dizendo que tinha falado a ela que aproveitaríamos a sobremesa mais tarde. Ainda brinquei dizendo que poderia ser divertido caça-la. Ela se levantou e a acompanhei até o andar de seu quarto, segurando firmemente seu braço, pressentindo que ela queria fugir, mas hoje eu não deixaria. Chegando ao andar, lhe disse que meu quarto ficava no mesmo andar que o dela.

— Acho que nem é preciso perguntar como você sabia qual era a minha porta, hein, Faro de tigre? — provocou.

Apenas a olhei, esperando. Quando ela colocou a chave da fechadura, me aproximei. A ajudei a girar a chave, e antes dela entrar, pus meus braços dos dois lado de sua cabeça, não deixando brechas para ela fugir. Aproximei meu rosto, e acariciei o seu com o nariz, o cheiro dela era divino e insubstituível.

— Eu sempre sei onde você está, Kelsey. Você cheira a pêssego com creme. — sussurrei em seu ouvido.

Senti ela estremecer, e eu adorava esse efeito que causava nela.

Ela pôs a mão em meu peito, e quando achei que ela iria me empurrar, apenas segurou minha camisa com força e a torceu com os dedos. Então eu fui depositando beijos suaves em seu pescoço. Ela me puxou para mais perto e virou a cabeça em minha direção. Eu sei o que ela queria! Ela queria ser beijada. Mas eu não iria beija-la agora, não do jeito que ela quer e eu também quero. Quero fazê-la confessar, admitir.

Apenas passei para o outro lado do pescoço e depositei ali mais alguns beijos suaves. Mordi delicadamente o lóbulo de sua orelha e beijei até seu ombro. Ela gemeu baixinho. Ergui minha cabeça e aproximei minha boca da dela, parando a centímetros. Não iria beija-la. Deixaria ela na expectativa. Sorri e me afastei.

— Esqueci de dizer que você está linda hoje — elogiei.

Tornei a me afastar sorri e comecei a andar pelo corredor, em direção ao meu quarto. Com minha audição de tigre pude escutar Kelsey soltar a respiração. Ouvi ela abrir a porta, entrar e fecha-la. Sorrindo entrei no meu quarto que era a alguns metros do dela, entrei e me deixei cair na cama, totalmente feliz, renovado, satisfeito e... apaixonado.

 


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Notas finais do capítulo

Parece que mendingar comentários ta dando certo, vocês estão tendo pena de mim, obrigada! Mas não parem! COMENTA DE NOVO!
Até a próxima!



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