A Maldição do Tigre escrita por Catarina


Capítulo 13
XIII


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/514526/chapter/13

Ren

Quando acordei estava amanhecendo, Kelsey ainda estava dormindo. E não tinha nenhum sinal de Kishan. Mas ele estava pela área ainda, eu podia senti-lo. Fui em direção à selva para buscar mais madeira para a fogueira, voltei e coloquei-as no fogo. E voltei para a selva. Encontrei Kishan no outro lado. Fui até ele e nos encaramos por um momento. Conversamos por olhares somente. Não conseguia suportar vê-lo, mesmo sabendo que uma hora teria que tocar no assunto do amuleto.

Quando voltei entrei na barraca devagar e enfiei o focinho no rosto de Kelsey, para ver se estava tudo bem.

— Ah, não se preocupe comigo. Vou ficar aqui deitada até minha coluna se alinhar - disse.

Me virei, e comecei a pisar em suas costas com as patas. Minha mãe me ensinou a massagear, mas não com patas peludas. Ela começou a reclamar de dor, e disse que eu estava muito pesado. Então assumi a forma humana e comecei a massagear com minhas mãos.

— Relaxe Kells, suas costas estão cheias de nós, deixe-me tirá-los - disse calmamente.

Comecei a massagear suas costas, seguir até a linha de seu pescoço e fiquei ali por um tempo. Meu toque começou a se tonar uma carícia, então parei, lembrando sobre o beijo negado. Quando terminei, ela levantou, testando as costas. Se virou e olhou para mim.

— Como está se sentindo Kelsey? - perguntei.

Ela sorriu.

— Bem melhor obrigada - disse.

Então ela chegou para frente e me abraçou. Eu não me mexi, não podia me mexer. Não sabia como comportar meus sentimentos. Me sentia envergonhado, magoado, com raiva de mim ainda. Não respondi ao seu abraço. Ela se afastou franzindo a testa.

— Ren?

Tirei seus braços do meu pescoço e me levantei.

— Que bom que está se sentindo melhor - digo.

E saio da barraca. Vou em direção a fogueira e me transformei em tigre. Não sei se estou sendo rude com ela. Talvez sim. Mas realmente não consigo esquecer o que aconteceu ontem. Ela está aqui para me ajudar, não para... Namorar. Nesse momento ela pigarreou e disse:

— É, Ren? Você precisa caçar. Seu irmão mencionou isso, e eu acho importante - disse.

Bufei. Kishan não deve se meter onde não é chamado. Tira todas as minhas forças, e depois quer vim ajudar. 

— Estou falando sério. Você está muito magro e precisa caçar. Não vou sair dessa selva até que você tenha caçado - disse.

Me levantei e fui até uma árvore para marcar território, como fazia todos os dias. Quando comecei, Kelsey disse:

— Suas costas estão coçando? Posso coçar para você. É o mínimo que posso fazer depois da sua massagem - ofereceu.

Parei e ponderei a opção. É melhor não. Ainda não posso ficar muito perto dela, para não passar algum sentimento que ela possa entender errado. Não posso permitir que ela perceba que a amo. Seria muito vergonhoso. Deitei no chão e cocei minhas costas sozinho.

Ela ficou magoada. Pois gritou:

— Não quer que eu coce suas costas? Tudo bem. Mas não vou embora até que você tenha caçado.

Então se virou e entrou na barraca, fechando o zíper. Ela ficou nervosa. E eu sei como ela pode ser teimosa. Então resolvi caçar, mas tenho que resolver algo antes. Fui em direção à selva, a procura de Kishan. Encontrei ele num lago do lado leste da selva, encostado em uma árvore, bem distante. Ao chegar perto dele, me transformei em homem.

— Kishan, posso pedir um favor? - perguntei trincando os dentes.

Ele bufou, como se dissesse não.

— É sobre a Kelsey - disse, sabendo que ele ia ajudar sabendo que é sobre ela. 

Ele me olhou e assumiu a forma humana.

— O que tem ela? Aconteceu alguma coisa? - perguntou.

A preocupação de Kishan pela Kelsey me deixou desconfortável, mas resolvi esquecer, por enquanto.

— Eu vou caçar, e preciso que você fique tomando conta dela por mim. Posso confiar isso à você? - digo rápido.

Ele me olhou por um instante e então riu.

— Você? Dhiren Rajaram me pedindo um favor? Que honra - me provocou.

Franzi a testa.

— Pode ou não? - digo já nervoso.

— Posso. Mas é por ela e não por você. Vá logo. Tente não ser você a caça - disse ainda sorrindo.

— Não irei demorar, qualquer coisa procure Kadam do outro lado da selva e busque mais comida para ela - digo ignorando sua provocação, preciso de Kishan, e mais uma luta não ajudaria em nada. 

— Tudo bem - disse. — Boa sorte. 

Ele assumiu a forma de tigre e saiu em disparada para o acampamento, antes que eu pudesse protestar.

Assim, assumi a forma de tigre e parti para a selva. Não gostava de Kishan perto de Kelsey, mas pelo menos para cuidar dela eu confiava nele. 

Fui até uma clareira bem distante da selva. Vi coelhos, outros tigres, macacos, javalis. Então do outro lado vi um rebanho de antílopes. Fazia muitos anos que não caçava, nem lembro mais como se faz isso. Mas vou fazer pela Kelsey, pra eu ficar forte pra protegê-la. Tentei pegá-los, mas eles correram. Eu sabia que tinha que pegar algum filhote, mas esse rebanho só tinha adultos. Tentei assim mesmo. Sem sucesso. Então os deixei para lá. Tentei pegar um javali, mas eles também eram todos adultos, passei dois dias tentando sem sucesso. 

No terceiro dia, resolvi voltar ao rebanho de antílopes. Fiquei lá esperando, eles me ouviram, pois correram, fui atrás sem sucesso. Então fiquei quieto parado lá, esperando, esperando... Se passou três dias que eu fiquei esperando, a espreita até eles se distraírem, mas foi difícil.

No quinto dia, ouvi um barulho e vi Kishan se aproximar. Bufou para mim e voltou para selva. Deve estar zombando da minha cara por nem conseguir caçar. Fiquei ali esperando. Depois de um tempo ele voltou, para me ajudar a pegar algum deles. Ficamos em silêncio, então Kishan atacou um deles. Antes de ele fugir, também o ataquei na pata, o derrubando. Kishan o rodeou e atacou seu pescoço. Assim ele caiu com tudo no chão. Eu fui logo para cima e mordi seu pescoço de novo, até que ele não se mexesse mais. Acenei para Kishan, agradecendo.

Assim começamos a desfrutar do nosso almoço. Fazia muito tempo que não caçava. Estava fora de forma, mas não ia admitir isso. Ficamos ali por algum tempo. Quando senti que estava prestes a chover, me levantei e fui em direção ao acampamento, não queria deixar Kelsey sozinha. Fui embora e deixei Kishan perto do animal. Quando estava no meio do caminho, a chuva começou a cair, estava muito forte, então acelerei o ritmo da corrida. Quando cheguei à barraca, ouvi Kelsey gemer e vi que ela se remexia. Entrei um pouco e percebi que ela estava tendo pesadelos.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

COMENTA AQUI EMBAIXO POR FAVOR!
Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição do Tigre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.