A Maldição do Tigre escrita por Catarina


Capítulo 10
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Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Ren

Kelsey levantou devagar gemendo de dor. A queda brupta deve a ter machucado. Me transformei em homem.

— Kelsey, você está bem? - perguntei colocando a mão em seu ombro e a girava, para examinar se havia algum hematoma.

— Não. Estou bem. Então acabamos aqui? A caverna de Kanheri foi divertido e tudo mais, só que agora eu queria ir para casa - pediu ansiosa.

Concordei com ela e avisei para ficar perto de mim, pois alguns animais selvagens estão acordados agora. Voltei a forma de tigre e segui para o meio da selva. Kelsey estava morta de cansada, bocejava de segundos em segundos. Pela centésima vez perguntou, me irritando:

— Já chegamos?

Rosnei baixinho e, então ouvi um ruído no meio das árvores. Parei e fixei o olhar na escuridão. Podia sentir que havia algum animal por ali. Quando me dei conta, vi que estávamos sendo seguidos. Minha preocupação mesmo era com Kelsey. Me transformei em homem.

— Estamos sendo seguidos - disse baixinho - Quando eu falar "corra", vá por aquele lado e não olhe para trás... Corra!

No momento em que ela correu selva a dentro, voltei a forma felina e parti atrás do animal. Ao avistá-la vi que se tratava de uma pantera. Ela me encarou e então atacou. Veio direto em minha garganta, mas desviei rapidamente. Antes de me atacar novamente, virei e lhe ataquei a pata traseira, ela rugiu com raiva e deu com a pata na minha cara. Me afastei e fiquei rodeando-a, quando eu ia atacá-la novamente, se virou e partiu em direção a selva. Eu sabia que estava indo atrás de Kelsey. Não perdi tempo, e fui atrás. Mas só conseguia sentir seu cheiro, mas não a via. Estava começando a ficar com medo. E se ela pegar Kells? Continuei a seguir meu faro, e vi um movimento no meios das árvores. Hesitei e vi que a pantera estava frente a frente com Kelsey. Meu coração estava certo, ela estava em perigo.

No momento em que a pantera saltou para cima de Kells, ela se abaixou, e eu no mesmo instante saltei em sua garganta, tirando ela antes de pegá-la; Rolamos juntos pela grama, ela prendeu minha pata dianteira direita numa pedra fazendo doer e me deixar mancando. Quando abati ela contra uma árvore, viu que não podia com um animal cinco vezes maior desistiu e fugiu.
Fui em direção à Kelsey mancando, minha pata estava doendo, mas estava preocupado mesmo com ela. Ajoelhei à sua frente, cansado e arfando.

— Você está ferida?

Ela abaixou perto de mim e me abraçou, apertado. Isso era tudo que eu precisava. Desse famoso e já conhecido conforto que só ela é capaz de me oferecer.

— Estou bem. Obrigada por me salvar. Estou tão feliz que você esteja vivo. Consegue andar? - perguntou preocupada.

Satisfeito por ela estar bem e ainda preocupada comigo, assenti para ela concordando que posso andar e volto ao tigre. Lambo minha pata machucada e sinto que não está quebrada, e que já está sarando. Comecei a andar, com pressa de tirar Kelsey daqui.

Caminhamos meia hora, e finalmente chegamos ao Jeep. Até eu estava cansado, pela caminhada e pela briga. Assim que chegamos bebemos água e resolvemos descansar para partirmos no dia seguinte. Kelsey logo caiu no sono, deitada no banco traseiro e o braço sobre mim.

Na manhã seguinte o sol estava quente e o jeep estava abafado. Kelsey levantou gemendo de dor. Com certeza a noite passada foi muito cansativa para ela. Verificou as coisas da mochila e partiu pela estrada.

Quando chegamos, o Sr. Kadam logo veio em nossa direção querendo saber sobre tudo, mas Kelsey estava muito cansada e subiu direto em direção ao quarto.

Fiquei ali embaixo com Kadam, ele pegou a mochila e começou a retirar tudo que conseguimos. Fomos para a biblioteca com as coisas. Ele verificou as fotos e começou a traduzir o desenhos e as profecias escritas. Acompanhei ele por cerca de 12 horas, ouvindo o que estava dizendo. Depois desse tempo, o deixei continuar com seus estudos e descobertas e fui até meu quarto. Decidido a vestir algo diferente para Kelsey, escolhei uma calça caqui e uma camisa de botões azul celeste. Vesti o mais rápido possível e fui para a varanda. Kells estava lá, sentada em volta de sua colcha e penteando o cabelo.
Me aproximei.

— Boa noite, Kelsey. Dormiu bem? - perguntei.

— Dormi e você? - disse depressa.

Sorri para ela carinhosamente. E então observei que ela estava tendo dificuldade com seu cabelo.

— Está com algum problema? - perguntei me referindo ao seu cabelo.

Ela parece envergonhada.

— Não, está tudo sobre controle - disse.

Tentando desviar minha atenção de seus cabelos embaraçados perguntou:

— Como estão suas costas e seu... braço?

Sorri. E disse que eu estava bem.

— Ren, por que você não está usando branco? Nunca te vi que roupas de outras cores. É por que sua roupa branca rasgou? - perguntou.

Fiquei muito feliz por ela ter notado minha mudança de roupa. Disse à ela que só queria usar algo diferente, e disse que sempre que volto da forma humana para tigre a roupa branca volta linda e inteira.

— Ah, sorte sua. Seria muito embaraçoso se você aparece nu toda vez que se transformasse - disse sem querer.

Após dizer isso, ela se escondeu atrás de seu cabelo que ainda estava embaraçado. Tive que rir com esse comentário. E concordei com ela.

— Isso levanta outra pergunta - disse. Suas mãos tremiam com a força para pentear os cabelos, ou timidez. Nesse momento, resolvi ajudar. Peguei a escova de sua mão e me dirigir para trás de sua cadeira.

— O que.. o que você está fazendo? - perguntou nervosa.

— Relaxe. Você está muito nervosa - disse sorrindo.

E por algum motivo, eu sabia que ela estava nervosa por causa da minha presença, e isso me deixa feliz.

Colocando-me atrás dela, peguei uma mecha de seu cabelo e comecei a escová-lo delicadamente. No inicio ela parecia nervosa com minha ação, mas após alguns segundos foi relaxando até se recostar totalmente a cabeça na cadeira. Depois de um minuto de escovação, me lembrei que ela queria fazer uma pergunta para mim, estou curioso. Tirei uma mecha de seu cabelo do pescoço, me abaixei e sussurrei em seu ouvido.

— O que você queria me perguntar? - ela tem um cheiro divino.

Ela se assustou e deu um pulo.

— Ah... o que? - murmurou, confusa.

— Você queria me fazer uma pergunta -expliquei voltando a pentear seu cabelo.

— Ah, sim, era... é... isso é gostoso - disse quase sem querer.

Ela está gostando. Eu também.

— Isso não é uma pergunta - murmurei irônico.

Questionei o caso de a pergunta ser sobre eu me transformar em tigre, e ela perguntou se eu tenho um limite para mudar de forma. Expliquei que não tenho limites, posso mudar de forma e voltar várias vezes, só não pode ultrapassar o tempo de 24 minutos por dia. Passei para outra sessão de cabelo.

— Mais alguma pergunta?

Ela perguntou que cheiro eu estava sentindo na caverna, o que eu estava seguindo. Disse que sentia o perfume da flor-de-lótus de Durga, e que deduzir ser esse o caminho certo. Após terminar com seu cabelo, comecei a massagear seus ombros, estavam rígidos, com certeza por causa dos esforços da noite anterior.

Depois de um tempo, apertei-a pela ultima vez, dei a volta até parar na sua frente.

— Venha, Kelsey. Vá se vestir. Temos trabalho a fazer - disse me referindo aos estudos.

Estendi a mão para pegar a dela, e no momento em que meus dedos tocaram os delas senti um formigamento correr pelos meus braços, sabia que não era hora de me transformar em tigre. Era uma sensação diferente, um sensação que nunca senti. Kelsey suspirou e disse:

— Sentiu isso também? - perguntou.

Sorri para ela e beijei sua mão.

— Certamente - conclui.

Deixei Kelsey se arrumar em seu quarto e desci para a biblioteca já na forma de tigre. O Sr. Kadam ainda estava traduzindo a profecia de Durga. Me estirei em um divã ao lado dele e, minutos depois Kelsey desceu e se juntou a nós. Ela questionou Kadam por estar trabalhando há muito tempo sem descansar. Kells começou a ler a tradução da profecia. Eu deduzi que as quatro oferendas seriam algo que devêssemos buscar e entregar à Durga. Mas os cinco sacrifícios nem imaginava o que significava. Kelsey questionou sobre isso e Kadam respondeu que estava pesquisando sobre.

Depois ela leu outra tradução. Kadam explicou mais algumas culturas sobre a Índia para fazer Kells entender. Depois ela pegou um livro sobre Hampi e começou a ler, com uma das mãos acariciando minha cabeça. Depois de um momento totalmente cansada e com sono, se recostou mais no sofá e cochilou. Na manhã seguinte Kadam disse que estava com medo de estar pressionando a Kelsey.

— Ren. Temos que ver se não estamos forçando a Srta, Kelsey a nada. Ela é nova, estou com medo de ela estar se sentindo obrigada a isso.

Resmunguei para ele. Kadam disse que ia procurar ela para esclarecer tudo.

Decidir fazer uma surpresa para Kelsey, fui até o jardim atrás da casa, e com a boca mesmo retirei uma flor linda, azul. A levei e deixei em cima do seu travesseiro.

Quando cheguei a varanda ela estava divinamente nadando na piscina. Olhando para o céu e as árvores. Deitei na borda e fiquei observando-a. Quando me viu, veio nadando e me jogou água. Resmunguei e bufei, não queria me molhar, mais o senso de humor dela me anima.

— Não quer brincar? Tudo bem - disse baixinho.

Ela continuou nadando mais alguns minutos e, como o sol já estava se pondo decidiu sair e se secar. Eu já estava esparramado no tapete ao lado da cama quando ela saiu do banho. Logo viu a flor em sua cama.

— Isso é para mim? - perguntou confusa.

Ela pegou a rosa, a cheirou e ficou maravilhada.

— É linda, Ren. Muito obrigada - agradeceu.

Ela deitou na cama, e coçou minha cabeça, riu quando deitei-a para coçar mais. Se abaixou e beijou o alto da minha cabeça; Me deliciei com o ato.

— Quer que eu leia um pouco de Romeu e Julieta para você? - perguntou.

Ergui a pata a coloquei em seu joelho, em sinal de consentimento. Ela entendeu pois pegou o livro e começou a ler. A história era linda, mais trágica, esse tal de Romeu era um idiota. Matou-se por pura estupidez. Ela perguntou se eu gostei, depois de confirmar, expliquei que não tinha ninguém para conversar e que gostava de escrever poesias.

Quando terminou ficou surpresa por eu estar na forma humana. Lembro com carinho dessa época, minhas poesias, meus livros. Podia um dia ler uma poesia minha para Kelsey.

— Também sinto falta de ter alguém com quem conversar - admitiu baixinho.

Sorri com carinho para ela. Se sentia do mesmo jeito que eu.

— Talvez, da próxima vez, eu leia um poema meu para você - falei.

Peguei sua mão e dei um beijo demorado na palma. Não queria nunca mais soltá-la, mais tinha um maldito tempo que nos afastava de um modo.

— Deixo-a com um beijo, Kelsey. Boa noite - me despeço.

Assim que saio e fecho a porta, o tigre novamente vem a tona. Frustrado, volto ao meu quarto e deito na cama. Refleti sobre hoje. Estou sentindo algo por ela que nunca senti por ninguém.

Amanhã vou levar Kells à cachoeira perto do jardim Deshen. É meu lugar favorito de todo o mundo, e quero dividi-lo com ela.

Ainda estou com seu cheiro em meu pelo. E por um minuto desejo infinitamente beijá-la. Será que devo faze-lo? Com a permissão dela sim. Amanhã irei tentar. Beijarei Kelsey para demonstrar o quanto a amo... Amor. Ela me faz sentir nas nuvens. Com certeza é amor. E quero que ela saiba desse sentimento que desconhecia há séculos. Assim durmo tranquilo, com pensamentos nela - minha eterna princesa.

 


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Notas finais do capítulo

Comenta ai lindões, ganhei vários comentários no capítulo anterior. Parece que vocês só comentam sobre pressão viu!
Até a próxima!



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