A brisa do lado de fora da janela é forte, o outono já chegou e há folhas espalhadas por todo lugar.

Meu quarto é o único lugar que realmente me sinto segura após a morte do meu pai.

Tudo ficou tão diferente, acho que comecei a ver o mundo de outra forma.

Escuto a Caroline buzinar, já está na hora de ir pra escola.

Fazem apenas duas semanas que as aulas começaram e estou tentando me adaptar.

Pego minha bolsa, desço as escadas e saio.

— Hey, babe!- Caroline me esperava do lado de fora do carro e me dá um forte abraço. Ela foi uma das pessoas que mais me apoiou e ficou ao meu lado durante todo o processo.

— Hey, Care!

— Adivinha o que eu comprei para termos um delicioso café da manhã?

— Nem preciso. Mas vamos logo, é melhor não chegarmos atrasadas na aula,- digo enquanto entro no carro e pego um dos donuts que ela comprou.

A última aula do dia é de biologia. Care também tem essa aula e sempre se senta ao meu lado. Mesmo depois de duas semanas as pessoas continuam olhando para mim. Um olhar de pena.

Dou uma última olhada ao redor da sala e vejo novamente o garoto novo da turma. Mas não consigo me lembrar de seu nome.

Olho para ele durante cinco segundos até Caroline me tirar do transe.

— Seca aqui do lado da boca, baby. Tem um pouco de baba. — Ela dizia enquanto passava o dedo no canto da minha boca.

— O quê? Não. Eu só... — Acabo me perdendo um pouco com as palavras — Só...

— Só...?

O professor entra na sala cortando nossa conversa. Quase suspiro de alívio.

— Bom dia. — Ele coloca suas coisas em cima da mesa, pega um giz e começa a escrever no quadro a palavra “Reprodução”. — Isso mesmo. Nas próximas três aulas falaremos sobre reprodução. Esse trabalho será feito em dupla. E para que haja uma diversificação eu escolherei as duplas.

Houve murmúrios na sala, mas logo ele continuou.

— As duplas serão formadas em casais. Um homem e uma mulher. — Ele se sentou e começou a separar os casais para o trabalho. — Elena Gilbert?

— Sim?

— Creio que você será de muita ajuda com o aluno novo. — Ele chama o aluno novo e eu olho para Caroline que está com a mão sobre a boca segurando um riso. O professor pede para que Care se sente com o Matt Donovan. Donovan e eu já fomos muito próximos, mas depois da morte do meu pai eu acabei me afastando de muitos dos meus amigos.

Tomo um susto quando vejo que o aluno novo está sentado ao meu lado olhando diretamente para mim.

Dou um sorriso amigável e me apresento.

— Prazer, eu sou Elena.

— Eu sei. — Ele dá um breve sorriso de lado. — Eu Sou Damon. — Oh, Damon. Claro.

O professor Clark começa a explicar sobre o trabalho e eu faço minhas anotações. Percebo que o aluno novo, Damon, não está anotando.

— Você não ai anotar o trabalho?

— Para que se você já está fazendo isso? — Ele está sentado relaxadamente, está batendo os dedos na mesa.

— Como? — Estou olhando para ele, esperando que ele ria e diga que está brincando comigo. Ele não diz mais nada. Já está olhando para frente. — Olha eu não sei de onde você vem, ou como as coisas funcionavam na sua antiga escola com os seus amiguinhos, mas você não vai tirar nota as minhas custas.

— Não se preocupe, eu não pretendo fazer isso. Se tem uma coisa que eu entendo é sobre reprodução. — Ele sussurra e pisca para mim. Eu estou petrificada. Digo para mim mesma que ele apenas estava falando sobre o assunto do trabalho, mas mesmo assim não consigo acreditar muito.

— Então, teremos que nos encontrar para ensaiarmos a nossa apresentação.

Ele dá um sorriso suave. Debochado.

— Acabou de me conhecer e já está arrumando motivos para me ver fora da escola? — Ele se aproxima do meu ouvido. — Adoro mulheres com atitude.

Estou perplexa. Ele estava brincando comigo, certo?

Abro e fecho a boca várias vezes tentando encontrar uma forma menos grosseira de chama-lo de babaca.

O sinal toca e ele se levanta para sair.

— Hey, nós ainda não combinamos a data. — Eu tento falar por cima das vozes das pessoas agitadas que estão saindo da sala.

— Eu passo na sua casa. Sei onde você mora. Tente não ficar tão ansiosa.

Aperto meus olhos com força e solto uma respiração pesada para dizer que nem ao menos me lembraria dele, mas ele já se foi.