Prólogo de Hans escrita por Victor


Capítulo 3
O espelho de Hans.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi difícil de escrever.

E se eu consegui postar esse novo capítulo, confesso que é graças a vocês.

Prólogo de Hans é o meu primeiro texto a ser lido por outras pessoas. Minha primeira tentativa de escrever. Nunca me vi como um escritor. também pudera, sou carente em muitos aspectos essenciais ao universo das letras.

Mas então eu olhei o numero de entradas da minha história e tomei um susto!

Essa era uma história que eu pensei que ia passar despercebida aquí no Nyah, e fora o ótimo feedback que venho recebido. E me dou conta que talvez, talvez. Eu não seja tão mal escritor assim.

Eu vos apresento a parte três desse longo prólogo:

O Espelho de Hans

Vemos um pouco sobre a Natureza dos espelhos mágicos.

Bem como alguns aspectos do passado de Hans

Tenho que tomar conta de vários pequenos detalhes do enredo, que se não forem bem dirigidos, ameaçam deixar a história confusa. Afinal, eu acredito que vocês já perceberam que os personagens parecem ter um "passado" em comum.

PS: Alguém consegue identificar as referências literárias na história de Pabbie o Troll? Bem como o verdadeiro nome de Erised?



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Há muitos anos...

Em uma noite de céu claro, Mama Bulda perguntava preocupada enquanto avançava pelos bosques do Vale da Pedra Viva.

–Kris? Onde você está querido?

–Acho que ele foi brincar nas colinas com o Sven, Mama Bulba!- Disse uma pedra pouco antes de se transformar em um menino-troll.

–Então mande chama-lo e diga que todos estão esperando na Gruta da Pedra Preta!

Um Kristof de 10 anos marcha inseguro, por dentre estalactites milenares, guiado pelos reflexos luminosos dos colares de cristal colorido dos Trolls que se agrupavam em volta de Pabbie, o Rei troll, ele estava diferente de sua habitual expressão meditativa.

–Ah, Pequeno Kristof, Sven... Cheguem mais perto!

–Por que estão todos aqui hoje Pabbie?- Perguntou o loiro bochechudo apertando ainda mais o pelo quentinho de Sven.

–Estamos aqui porque não é seguro ficarmos lá fora, ao menos não hoje... hoje é a noite dos espelhos. E existe uma estranha magia operando nos céus!

–Noite dos espelhos?

O velho Pabbie juntou as mãos e, ligando o polegar e o indicador, assoprou por dentre os dedos fazendo seu colar de cristal mágico brilhar. Sendo em seguida imitado por seus companheiros.

Sven pôs a língua pra fora e arregalou os olhos juntamente com kris a medida que ambos viam pequenas fagulhas de luz espirrarem pelos cristais, fazendo brotar pequenos pontos luminosos como vaga-lumes, que brilhavam colorindo os cantos da caverna escura. Ao ponto de Kris poder ver os estranhos desenhos escavados a muito tempo nas paredes de Pedra.

–Há muito, muito tempo, antes dos homens cavalgarem dragões... - Pabbie começou, a medida que suas luzes iluminavam desenhos de formas humanas aparentemente lutando com criaturas semelhantes a Dragões.

–Existiu um Troll chamado Erised fo Lived*1...- Varias pedrinhas rolam pra junto de Sven e Kris, virando pequenos Meninos-troll que se aconchegavam para ouvir a história.

–Porem, seu coração era mais duro que pedra, e sua inveja maior que o céu.

Kris começou a compreender, aquela era a caverna do tempo, que contava a história dos trolls.

–Certa vez, talvez por maldade ou tédio, ele usou de sua magia gélida para dar forma aquilo que conhecemos como espelhos mágicos. O primeiro que ele fez, mostrava apenas aqueles que a pessoa quem olhava tinha inveja, para ativa-lo bastava dizer: “Espelho, espelho meu...”

Kris viu as luzes iluminarem uma imagem de uma mulher deitada rodeada por sete pequenas criaturinhas que não pareciam ser trolls.

Elaine de Astolat, a Dama de Shalott, foi quem, encomendou o segundo espelho, por onde ela podia ver o que não podia ser visto!

Mais uma vez as luzes brilharam, mostrando um menino, não muito mais velho que ele puxando uma grande e bela espada de uma bigorna.

–Por fim ele criou um espelho para tentar os Reis homens o “Espelho de Esired” que não mostra o reflexo das pessoas, mas sim aquilo que elas mais desejam!

Viu um pequeno garotinho com olhos grandes e redondos e uma cicatriz na testa olhando um “espelho” onde via-se seu reflexo e a imagem de um casal atrás de si.

–Porem, seu coração só cresceu ainda mais invejoso. E Esired empreendeu sua maior obra... O Espelho da Desgraça! Uma peça monstruosa capaz de refletir apenas os aspectos sombrios de tudo que reflete. Ele ficou tão embriagado pela ilusão de sua obra que tentou leva-la aos céus! Tamanha foi sua tolice que ao chegar perto do sol o espelho começou a se desfazer em milhares de cacos menores do que um grão de mostarda!

Pabbie juntou os dedos em frente as crianças assustadas.

Na mesma noite de céu claro, debaixo do mesmo céu, um Hans de 12 anos está sentado perto de um Viktor de 22 anos observando as estrelas no Observatório de seu pai.

–Tem certeza Viktor?- Perguntou o pequeno príncipe.

–Já disse que sim! De acordo com os cálculos astronômicos o cometa poderá ser visto de nosso hemisfério aproximadamente nesse mês.

–Aproximadamente? Aff...

Hans inflou as bochechas e se sentou na poltrona em frente a mesa cheia de livros de astronomia abertos debaixo da lamparina a óleo enquanto Viktor Observava pelo telescópio de seu pai. (Aquele do Herschel)

–Por que não pega um dos livros de poemas da estante?

Perguntou Viktor sem tirar os olhos do instrumento.

–Não quero ler poesia agora! – Respondeu Hans com cara de tédio.

–Que pena... Os da estante eram os favoritos de mamãe...- sorriu.

Hans arregalou os olhos, olhou Viktor que não tirava os olhos do céu e se esticou até a estante de livros. Pegou um. Abriu e leu seu autor e título.

Sonetos... Willian Shakespeare.

Pôs-se a ler e passeando pelos cantos da prosa, murmurou baixinho.

Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno...

–Olha Hans! – Gritou Viktor, Hans olhava no céu uma estrela cadente passear pelo norte com sua longa cauda cintilante brilhando para o Ocidente. Hans saiu para a grama do jardim para ver melhor o céu.

– Estou vendo! Estou vendo... Que lindo!

De repente uma miríade de luzes começou a descer cortando o véu de estrelas. Viktor e Hansel olhavam extasiados.

–Tantas estrelas cadentes!

Uma voz grave e gentil respondeu.

–São as milhares de partículas da cauda do cometa que descem do céu, meus filhos!

Era o Rei Frederico que retornara de seus afazeres reais e aparecera de surpresa no campo.

–Pai, o senhor estava aqui a quanto tempo?- Perguntou Hans se virando.

Foi nesse momento que ele viu uma delas cortar o céu verticalmente e descer até a linha do horizonte, Deixando um brilho leitoso por detrás dos montes. Hans segurou o Livro de sonetos com uma mão enquanto que puxava a manga da túnica do rei com outra.

–Olha papai aquela tocou o chão!

O rei abriu a boca para falar quando uma luz pálida começou a iluminar os campos em volta de si. Várias estrelas cadentes desciam juntas iluminando as colinas a medida que se chocavam com o solo.

Nossa! são tão bonitas!

E a noite se tornou clara como o dia, iluminada pelas luzes que desciam deixando um brilho purpura por onde se chocavam com o solo, Hans viu que algumas atingiam o chão e continuavam correndo como se tivessem criado perninhas. Ficou surpreso em ver uma delas cair no lago próximo e sair correndo pela linha d’água antes de tropeçar e cair para o fundo.

–AhhhG!! – Viktor berrou. Uma delas havia atravessado seus olhos. Fazendo sua fronte e seu pescoço brilharem como uma lâmpada.

–Venha Hans! Vamos para dentro!

O Rei segurou o filho e correu para o observatório, Quando estavam à porta uma delas caiu por cima deles atravessado o peito de ambos como um tiro. Ambos tombaram no chão se contorcendo, hans esbarrou na Lamparina acesa e esta caiu espalhando óleo incandescente.

Um incêndio.

Com o rosto retorcido Hans viu o fogo crescer rápido tomando uma das paredes do observatório.

–Não! Os livros da Mamãe!

–Fogo! Chamem os guardas! Acordem os empregados!- Alguém gritou do prédio principal.

O observatório ficou calcinado, sendo o livro Sonetos que Hans segurava o único a se salvar.

Hans se aproximou do rei.

–Veja pai, eu salvei um~

Slapt! Sentiu a dor explodir em sua face esquerda.

–Ai!!

Hans pôs a mão na face sem entender. O Rei, que nunca levantou a mão nem para os mais ladrantes cães de caça do palácio simplesmente esbofeteou o caçula com força. Havia rancor em sua voz.

– Que faziam vocês acordados a essa hora! Não viram o que aconteceu? Deveriam estar em suas câmaras! E tem mais... Não quero que mexam NUNCA MAIS nas minhas coisas, NUNCA!

Hans chorava sem entender o sentimento sombrio que ganhava força em seu coração infantil. Levou outra tapa no rosto.

–Não me olhe assim menino! Malditos cães do inferno! Porque você teve que nascer com esses olhos verdes. Esses olhos de minha Sofia!

O rei chorava enquanto gritava com os filhos.

–Eu não quero que olhe pra mim com essa cara, maldito! Por que você tem que ser tão parecido com ela? Eu odeio olhar pra essa sua fuça e ver os olhos dela! DEVOLVA MINHA RAINHA MALDITO!

Os empregados tiveram que abandonar a luta contra o fogo e segurar o Rei que tentava arranhar os olhos do pequeno Hans, que sem entender pôs-se a gritar.

–E-Eu... EU TAMBÉM TE ODEIO! TE ODEIO! Odeio todos vocês! Por mim vocês podiam todos ir para o inferno! Vocês me odeiam! Me odeiam porque eu matei a mamãe!

E Saiu correndo noite adentro.

Viktor continuou com os olhos enfaixados por dois dias e quando o curativo foi retirado... bem, só que olhava seus olhos poderia descrever. Ele nunca mais foi o mesmo. Assim como o Rei Frederico e o pequeno príncipe Hansel.

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Da caverna, Kris observava o desenho de um homem de cabelos vermelhos com uma espada nas mãos ameaçando matar um lindo cisne branco enquanto Pabbie concluía solene.

–E tem sido assim desde então. O espelho sombrio e seu criador ainda giram em volta do sol, e a cada século ele vem passar perto de nosso mundo espalhando suas sementes sombrias nos olhos e corações dos homens! Envenenando mentes e almas...

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–Parado!

Elsa se virou e ficou surpresa ao ver Kristof com um punhal nas mãos. Um homem encapuzado parado na sacada do mirante apontava uma pistola bengala de corpo negro e punho prateado que reluzia ao luar.

Kris olhou para o sujeito, que saindo das sombras revelou ser ninguém menos do que o príncipe Hans das ilhas do sul. Ele falava sem baixar a arma, suas palavras pesadas com uma amargura que Elsa nunca vira antes.

–Surpreso em me ver? “Kristoff”?

A forma como ele pronunciou o nome de Kristoff era ainda mais amarga, quase como se lhe desse um nó na garganta. Kris apenas lhe sorriu.

–E então? É isso? Vai me matar? Na frente dela? – Apontou para Elsa. –Não... eu acho que não.

Kris se aproximava de Hans, que tremia de hesitação.

–Para trás!

–Você vai me entregar essa arma é ficar de bico fechado enquanto os meus homens~...

Fingindo distração, Kristoff avança violentamente tentando agarrar Hans que escapa no último momento, girando por baixo de seu braço. Em seguida, Hans Tenta dar uma bengalada em Kristoff que simplesmente a agarra no ar e, com um violento chute no estomago, arranca-a de suas mãos.

–Fraco! Você nem sabe lutar direito!

Hans contorcia-se no chão quando kristoff o agarrou pelos cabelos, fazendo-o com que se levante contorcendo de dor. Apenas para Kris o derrubar de novo socando-o com brutalidade. Kristof pega a pistola no chão e a examina.

–Isto nem sequer esta armado, seu bufão! Eu Devia te pendurar pros corvos!

Ele arma a pistola e a aponta para Hans que ainda estava caído.

–Basta!!

Gritou a Rainha Elsa, batendo com força um dos pés no chão, congelando o chão e as paredes. Seus olhos prateados brilhando ameaçadores.

–Não haverá nenhum derramamento de sangue aqui! Hans! Explique-se!

–Elsa, eu não sou quem você pensa! Fizeram alguma coisa comigo e acho que Anna corre perigo!

–Anna? O que você quer com minha irmã? Já não basta o que aconteceu antes!

Kristoff toma a palavra.

– É obvio que ele está tentando nos enganar mais uma vez Elsa, eu não confio em nenhuma palavra desse homem!

Willian aparece a porta do mirante acompanhado por dois guardas.

–Elsa, você está bem? Ouvimos gritos... VOCÊ?!

Ele olha para Hans levantando a espada. Kris sorriu e gritou.

–Ele tentou atacar a mim e a Rainha! Prenda-o!

–Não! Eu vim...

Hans tentou justificar mas Willian já avançava com espada em riste gritando.

–Fique longe dela!

O corte de sua espada passou bem perto, Hans só conseguiu escapar porque Will escorregou no chão congelado do mirante, agarrou a pistola nas mãos de Kris enquanto Willian se esforçava pra levantar.

Kristoff aproveitou a oportunidade e inclinou a arma para Elsa no exato momento que Hans a segurou pelo gatilho. A arma disparou acertando de raspão no vestido de Elsa.

–Hans, o que você fez?

Willian arregalou os olhos. Hans correu para Elsa em desespero.

–D-descupe Elsa, você está...?

Flash!

Durou um milésimo de segundo. Uma onda de choque gélido correu todo o salão acertando Hans em cheio e arremessando-o para fora do mirante. A rainha tentou erguer-se e olhou em volta. Will correu para Apará-la.

Kristoff correu para ver onde Hans caíra. Encontrou-o cambaleante no jardim, quando os guardas que acompanhavam Will tentaram agarra-lo, foram derrubados com violência por uma Rena.

Sven olhou fundo nos olhos de Kristoff, antes de sua expressão evanescer em um olhar triste enquanto ele ajudava Hans a montar em seu dorso.

Ambos saíram correndo pelo pátio, quebrando tábuas e derrubando homens. Kris pensou rápido.

–Fechem os portões! Eles vão escapar!

Os guardas fizeram o que podiam, mas foram pegos de surpresa enquanto uma rena saltava por cima das barricadas e fugia para a escuridão.

Príncipe Willian estava mais preocupado em saber de Elsa.

–Está ferida?

–Não, o tiro pegou no tecido de meu vestido! Eu estou bem...- Elsa respirava fundo.

–Como ele ousa nos atacar em pleno palácio? Eu vou caça-lo até o fim do mundo, maldito!

–Não se incomode com ele Will... O destino de Hans já está selado!

Elsa parecia apreensiva.

– Eu já vi isso acontecer antes! No palácio de cristal...

–Como assim Elsa?- Willian parecia preocupado.

–Foi por acidente, eu juro!

Kris se aproximou cauteloso.

–O que vai acontecer com ele Elsa?

As mãos da Rainha tremiam, ela se lembrava da noite em que ela congelou o coração de Anna. Sua própria irmã.

–Eu... Eu congelei o coração dele Will! Hans não tem muito tempo... Não sei se passará do anoitecer. Ele vai congelar aos poucos até se tornar uma estátua de gelo!

Will tentou conforta-la. Kris estava tentando entender o que aconteceu.

–Ele vai morrer?

–Que diferença faz, ninguém sentirá a falta dele! Nem mesmo lá nas Ilhas do Sul! Hans procurou isso, sabe? Ele não fez outra coisa da vida senão buscar esse destino: Morrer sozinho e detestado por todos!

Elsa não entendia como alguém poderia nutrir tanto rancor pelo próprio irmão. Hans podia se comportar como um monstro mais ainda era um ser humano passível de dor. Mesmo ela que tinha motivos pra odiá-lo pensava assim. Que tipo de relação ele tinha com os irmãos para tanto ódio?

–Não me entenda mal Majestade, Hans só fez mal pra todos que tiveram coragem de ama-lo...

Kristoff estava em silencio. Seus cabelos dançavam no vento noturno.

As palavras de Willian eram amargas de se ouvir.

–Morrer sozinho?

Acima dos Fiordes, as estrelas dançavam. Testemunhas silenciosas.

Lá embaixo. Em algum lugar.

Um Príncipe inconsolável espera a hora de morrer sozinho.


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Notas finais do capítulo

*¹ nome do troll é na verdade um anagrama, cuja real natureza se revela uma vez que seu nome e títulos escritos forem refletidos no espelho. Faça o teste! Erised O Lived!