H.o.r.d.a. escrita por GrupoMindUp


Capítulo 7
Jeavolous Vs. Carnager


Notas iniciais do capítulo

Um demônio aprisionado pelos deuses é libertado de sua maldição. Duas armaduras de grande porte se enfrentando em público como um espetáculo de fantasia ao julgo de civis. Armas que se transformam, violência, enigmas, amizade e promessas! Leia este capítulo e conheça a trajetória de dois demônios em campo de batalha, feito duas marionetes, comandados por uma força maior!



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GOLD ARMOR

Jeavolous sempre considerou os deuses seres malditos.

Achava que não tinham direito de aprisioná-lo na prisão espiritual de Arcanya, nem de retirar sua forma de demônio e trancá-lo em uma armadura de ouro.

Sempre fora comparado aos deuses, que o cegaram com sua luz divina, fazendo-o se debater em sua cela a cada vez que era obrigado a abrir seus olhos vermelhos em forma de tortura.

Por vários meses, Jeavolous se considerou um inútil, pois não conseguia reunir forças para escapar, entretanto um tempo muito limitado se comparado ao que ele levou dominando o necessário para escapar de Arcanya: a sentinela, um demônio menor, passivo e insignificante, usando sua antiga habilidade de concentrar em si os sentimentos negativos de seus adversários para tornar-se mais forte. Só foi preciso que ele usasse os medos do tal demônio como forma de troca “uma chave por sua vida”, foi o que ele disse, e sem resistir, sabendo do poder que Jeavolous tinha mesmo aprisionado em uma armadura, o demônio entregou-lhe as chaves sem hesitar.

Jeavolous seguiu a seu objetivo, um martelo de energia vermelho que podia assumir a forma de outras lâminas, arma designada à sua armadura, mas separada assim que os deuses perceberam o quanto seria letal em manuseio de um oponente de igual potencial.

Assim que o martelo estava em seu poder, Jeavolous usou-o para derrotar qualquer um que se atrevesse a tentar detê-lo. Ele só tinha uma meta, e ousou da determinação para ir o mais longe que podia e alcançá-la: ele só queria vingança.

E até que poderia ter conseguido se não fosse tragado por um portal com tanta força, a ponto de sentir sua armadura a ponto de amassar.

Ele caiu com agressividade em um amontoado de lápides em um cemitério, reduzindo a pó tudo que seu corpo podia cobrir. E pela primeira vez agradeceu por estar preso em uma armadura, em sua forma original, tal queda poderia ter acabado com suas asas de morcego.

Em um lugar, não muito longe, houve um estrondo de mármore se quebrando, e uma nuvem de poeira se ergueu do chão. Podia-se afirmar que fora destruído um mausoléu inteiro, talvez o dos governantes do local.

Enquanto se recompunha, Jeavolous pôde ver um pequeno ser, de uma espécie estranha que só ouvira em história de seus companheiros, que afirmavam ser repassadas desde os tempos selváticos. O tal ser era pequeno, talvez chegasse a alcançar apenas altura das pernas de Jeavolous, tinha pelos compridos na cabeça, e o resto do corpo pelado, o que para Jeavolous, era considerado algo muito nojento e anti-higiênico, ele não pôde afirmar com clareza se aquilo era classificado como feminino ou masculino, mas criou certa hipótese que era um ser feminino.

– Papai! – O pequeno ser repulsivo gritou em uma língua estranha, que Jeavolous teve a capacidade de compreender claramente, repuxou sua face em um sorriso e abraçou uma das pernas e Jeavolous, com tanta força, que se podia ver seu corpo sendo amassado contra a armadura.

– Me solte ser insignificante! – Foi à conta de uma fração de segundo, até que o demônio ouviu o silvo de uma lança cortando o ar atrás de si e em milésimos desviou da mesma.

– Maldição! – O demônio não pôde conter o grito.

Em uma velocidade impressionante, um ser prateado de envoltura semelhante à Jeavolous, o ultrapassou e alcançou a lança, partindo para um novo ataque, o qual Jeavolous desviou com igual destreza.

O pequeno parasita percebeu o que estava acontecendo ao seu redor, e em desespero começou a chorar. Jeavolous se encontrou em uma situação delicada: era um demônio de grande perversidade, salvar civis nunca foi uma tarefa para a qual ele fora designado, pois sempre considerou que todos deveriam cuidar de si mesmos, e quanto mais fracos, mais dependeriam da própria sorte. Mas daquela vez seria diferente, ele sem escolha, só poderia defender os civis de seu inimigo prateado, esses eram menores, mais fracos, e aquele parasita, era de uma fragilidade exagerada. Jeavolous não podia deixá-la a própria sorte.

“O regresso somente vos será permitido após a queda do adversário que de pé está a sua frente, ó bravos guerreiros”, uma voz irreconhecível, sem distinção de ser masculina ou feminina, em um tom arrastado, leve e ameaçador sussurrou na mente de Jeavolous, ele podia ter certeza que não veio de seu adversário prateado, muito menos do pequeno parasita em sua perna.

Enquanto o inimigo corria em sua direção para um ataque direto, Jeavolous colocou-se em disparada, atingido a maior velocidade que julgou possível, talvez nunca se cansasse em sua nova forma de armadura, uma forma aparentemente inanimada, não podia ter um reservatório de energia tão limitado.

Enquanto desviava de novas investidas, destruía várias lápides, e quanto mais corria, mais o parasita se apavorava.

Perdido, Jeavolous colocou o parasita em cima de uma árvore, e novamente pôs-se a correr. O inimigo prateado sem hesitação o seguiu.

Pela primeira vez, Jeavolous usou uma investida com seu machado no inimigo, que desviou e por pouco não cravou a lança que emanava o poder de petrificação no peitoral da armadura de Jeavolous.

– Você será um alvo fácil, não perderei para ti criatura inferior! Se ousares me desafiar, terá que ter mais ousadia em aceitar sua derrota. – O inimigo prateado esbravejou, como se cada som que saísse de sua boca fosse necessariamente petrificar os movimentos de quem os ouvisse.

– E quem seria tu? Criatura insolente. – Caçoou Jeavolous.

– Carnager, o espírito da armadura-prisão de prata, general do primeiro exército demoníaco, condenado por traição, mas ainda em poder de te tornar picadinho de ouro.

– Seus insultos não são nada, você não ofende pedaço algum de rocha, tome um pouco mais de cuidado, não tens ideia de com quem está falando.

– Com uma pepita fajuta que não sabe lutar. – Carnager provocou.

– Não ouse... – Esbravejou Jeavolous, que partiu para outra investida, transformando seu machado em uma clava, para com toda força destruir a resistência do elmo do adversário, que desviou o ataque colocando seu vambrace na frente da arma. Jeavolous não desistiu, dando diversos ataques repetidos na esperança de causar algum dano em seu inimigo.

Após tentativas frustradas, Jeavolous usou uma técnica um tanto primitiva: um chute na placa do tronco. O que derrubou o oponente em um amontoado de túmulos, transformando-os em pó.

Carnager estava se sentindo cada vez mais incomodado com o adversário que considerava ser um mais fraco que o pior de seus soldados do exercito demoníaco, por ser um jovem lutador tolo, tinha certo potencial para que o alcançasse e pudesse derrotá-lo. Mas Carnager sabia que a única emoção que não podia ter em uma batalha, era nada menos que o paralisante medo, mais petrificante que sua afiada lança encantada, o tal causador da aniquilação de muitos exércitos, a escuridão te todo coração com alguma importância. Carnager não podia sentir medo, não em uma luta como essa.

Carnager se levantou, cheio de ódio, materializou sua lança e a mirou precisamente no alvo, que agora de costas, acreditava ter vencido, sem hesitar Carnager aproveitou para atacar seu oponente.

Na tentativa de desviar, a lança passou de raspão, fazendo um arranhão no sabatom esquerdo de Jeavolous. Ele ainda podia se mover, mas o poder que emanava da lança era tão grande e magnífico, que acabou por imobilizar sua perna inteira. Agora Jeavolous se encontrava em leve desvantagem contra seu inimigo, sua habilidade de evasiva fora muito reduzida, ele teria que tentar ataques diretos de pequenas distâncias.

Sem poder alcançar velocidade, e mancando, o demônio dourado saltou o muro que estava as suas costas, e desajeitadamente atravessou pouca distância nos pastos que faziam a divisão entre a área urbana e a zona rural.

Carnager tinha certeza que a batalha chegaria ao fim e que ele seria o vencedor. Cria que não fora arrancado bruscamente de sua realidade “O regresso somente vos será permitido após a queda do adversário que de pé está a sua frente, ó bravos guerreiros”, fora a última coisa que ouvira. Era a confirmação de que participava de algo grande, e não podia ficar de fora do tal acontecimento.

Ele pôde agir de forma menos letal, qualquer movimento preciso acabaria com o oponente. Mirou sua lança, confiante de que, com certeza, seria o último movimento. O que não esperava era que o efeito do encantamento se dissipasse e Jeavolous pudesse se movimentar naturalmente.

Jeavolous, ciente da confiança de seu adversário, continuou atuando como se sua perna não pudesse se mover, ele tinha um plano; esperou que Carnager carregasse sua força na lança petrificante, e assim que a atirou contra Jeavolous com expectativa de acertar seu peito como movimento final, o demônio dourado desviou no último segundo.

Carnager grunhiu começando a entrar em desespero “essa criatura não é imortal, não chega nem a ser um deus! Irei derrotá-la, só eles podem ficar acima de mim”.

A habilidade que Jeavolous ainda mantinha, mesmo depois de selado em uma armadura-prisão, era a habilidade psíquica de absorver a negatividade de seus oponentes e convertê-la em força. A negatividade de Carnager começava a contagiá-lo, a névoa inebriante que começava a exalar de seu adversário o fazia se sentir cada vez mais poderoso, mas sabia que poderia demorar horas para que atingisse a força total de seus poderes, e ainda queria acreditar que poderia se libertar da armadura.

Seu conflito se tornou uma espécie de corrida, como se quisessem ver “quem chega mais rápido na cidade”.

Por socos e empurrões, acertando e danificando os guerreiros, acabaram por destruir casas, onde algumas pessoas ainda cuidavam de sua preguiça costumeira, vagabundeando de um lado a outro como baratas; destruíram bares, onde homens velhos gastavam seu dinheiro se embebedando e pessoas jovens entregam suas vidas ao alcoolismo; destruíram edifícios públicos, como se não fossem nada.

No rastro de destruição deixado pela luta dos guerreiros, ficava para trás um grupo de humanos assustados, se perguntando o que estava acontecendo, e alguns mais curiosos arriscavam a seguir os lutadores. Enquanto lutavam, trocando socos e chutes em uma luta mais primitiva, de certa forma, Jeavolous tentava evitar que os golpes de Carnager acertasse os civis, ele não entendia o porquê de estar salvando a pele dos civis, estava lidando com uma força mais que ele, como se isso fosse o necessário para sobreviver.

Ninguém percebeu, ninguém tentou deter uma pequena garotinha de 5 anos que seguia luta correndo. Após ser salva por Jeavolous, ela realmente passou a acreditar que ele era o seu desejo realizado no túmulo de seu pai, ele podia ser a reencarnação do homem que ela tão pouco conheceu, que por um tempo tão limitado ela admirou. Mas não se deve duvidar do amor de uma criança, ou da sua força de acreditar, ela só gostaria de ajudar Jeavolous em sua batalha, não estava ciente de que podia atrapalhá-lo, seu único objetivo era levar seu pai a vitória.

Jeavolous desviava dos ataques furiosos de Carnager, não havia desenvolvido técnicas de batalha em sua armadura, tampouco tivera tempo para isso. Enquanto tinha sua forma de demônio, sabia tudo que era necessário para derrotar qualquer adversário que ousasse desafiá-lo, era uma arma temida entre os deuses e outros demônios, sua impiedade e egoísmo o tornaram inconseqüente. Era considerado uma ameaça tão grande, que os juízes de Garvena o amaldiçoaram, aprisionando-o em uma armadura de batalhada dourada, separando-a da única arma (um machado de energia vermelha, que se transforma em qualquer lamina) que torna o usuário da armadura invencível, mas apenas aqueles que sabem usá-la. Ele não via sentido algum nessa luta, o sentido de ser retirado de sua realidade, Jeavolous era só um demônio solitário que só fazia o que achava necessário, não era nenhum herói em seu mundo, sempre achou que cada um deveria lutar por si. Nessa luta seu objetivo não era voltar para Garvena, provavelmente passaria mais uma eternidade em uma prisão, atualmente sua única meta era vencer.

Carnager, por sua vez era um guerreiro sanguinário, já fora um general cruel e muito temido, porém seu ódio o tornara fraco e ele não aceitava que nada além dos deuses, fosse mais forte que ele. Sua busca por poder sempre fora tão grande que renunciou sua forma para prender-se em uma armadura-prisão, treinar, e talvez algum dia superar os tais deuses. No momento, ele só gostaria de causar o máximo de destruição possível, como sempre fizera, e com certeza, vencer seu adversário.

Agora o combate atingia a praça central da pequena cidade de Colíder, no Mato Grosso. A luta estava empatada, nenhum dos guerreiros havia descoberto uma forma de derrotar o adversário, o único avanço perceptível era o rastro de destruição deixado pelos golpes mal calculados. Ninguém se atreveu a utilizar suas armas, tal batalha estava consistindo apenas em chutes e socos.

A garotinha ainda seguia a luta como podia, era jovem ainda, mas a perda de seu pai a fizera adquirir certo grau de maturidade, agora que ela acreditava no retorno da única pessoa importante na sua vida entrar em uma batalha ainda não seria suficiente para conte-la. Várias vezes ela teve que desviar da nuvem de destruição que atingiu a cidade, por muito pouco não foi atingida pelo peso de Jeavolous, quando ele foi atingido por um chute preciso de Carnager jogado na arquibancada de eventos públicos da praça.

A batalha estava durando horas a fio, não se tinha ideia de quem venceria, a luta não havia passado de socos e pontapés, exceto pelas poucas vezes que Jeavolous sentira necessidade de usar espada, porém ainda não tinha ideia de como derrotar Carnager.

A cidade já estava quase que completamente destruída, mas alguns prédios mais resistentes insistiram em continuar de pé.

Carnager estava desanimando com a luta, todas investidas, ataques, não estavam surtindo efeito algum, finalmente percebeu que estava lutando com um igual. Em outros tempos, o adversário seria um bom aliado, mas no momento adversário é adversário.

Jeavolous já podia sentir o medo e a negatividade de Carnager, com isso o poder começava a correr por cada átomo presente em sua armadura de ouro.

Carnager já conseguia ver as falhas nos ataques de Jeavolous, principalmente nos chutes altos: ele erguia muito a perna de forma imprudente, deixando uma brecha na virilha facilitando sua queda.

Carnager fez sua primeira tentativa: quase conseguiu acertar a brecha na armadura de Jeavolous, que desviou da lança e acertou a nuca de Carnager com o cabo do machado.

– Socorro! - Gritou a garotinha prestes ser atingida por Carnager.

Para defender a pequena, Jeavolous deu um chute giratório a uma velocidade impressionante, livrando-a do destino trágico.

Enquanto Carnager se recompunha da recente queda e saía da nova cratera recentemente aberta, Jeavolous se aproximou da garotinha e a colocou nas costas como um bebê macaco.

Enquanto pôde, correu o máximo que podia para se distanciar de Carnager.

Jeavolous escondeu a garotinha atrás do que restava de uma casa de madeira perto da área de reflorestamento.

Carnager se aproximava cada vez mais, e no lago daquele lugar parecia ser o início de um confronto final: os guerreiros se encararam frente a frente empunhando suas armas, e em um balé de olhares ameaçadores, suas fúrias eram contagiantes.

Os ataques começaram simultaneamente. Enquanto Jeavolous atacava furiosamente com o machado vermelho como sangue, Carnager se defendia com sua lança petrificante que emanava um poder tão forte que formava uma aura visível da cor do mais puro vinho, de forma que pudesse atacar Jeavolous.

O choque de lâmina contra lâmina criava um som agudo em um loop viciante, as faíscas que emanavam a cada toque, criava um efeito de luz vai e vem hipnotizante. Cada golpe era desviado perfeitamente, como se eles pudessem prever a próxima ação do adversário, armaduras quase gêmeas iniciavam os pequenos danos, amassados antes inexistentes começavam a brotar de acordo com a intensidade dos golpes.

Enquanto lutavam, terminaram de destruir o restante da cidade. Os moradores já se encontravam revoltados, com medo e sem ter como fugir. Criaram uma revolução.

Já havia vários humanos reunidos na saída da cidade, juntaram o que podia se tornar arma. Apesar da desvantagem, sabiam que deveriam lutar por sua cidade, não conseguiam ficar sem fazer nada, enquanto destruíam algo que demorou anos para ser construído e que fora ajudado a ser desenvolvido por eles, não podia ir ao chão pelas mãos de alguém sem que tal culpado não fosse punido. Enquanto a maioria procurava uma forma de demonstrar sua revolta, uma minoria fazia de tudo que estava a seu alcance para persuadir o povo de que a única decisão correta a se tomar era fugir.

Uma pequena cidade nada bélica, não tinha como sair vitoriosa em um embate de tal nível, já estavam cientes de que eles iriam perder, mas só assim poderiam lutar.

– Morte aos destruidores! – Gritava o espanhol Ramiro Álvares recém-imigrado, que desenvolveu grande simpatia pelo povo da cidade que já considerava melhor que seu país de origem, onde por falta de dinheiro e comida, sofrera muito, e no convite de um grande empresário do estado de Mato Grosso, conseguira um emprego de alto cargo. Agora se tornara o líder da resistência.

– Morte aos destruidores! – O povo ao seu redor gritava enfurecido em resposta ao novo líder.

Enquanto caminhavam em direção a uma morte certa, o medo e a tensão cresciam entre os habitantes. Reunindo paus e pedras, coisas que podiam ser facilmente carregadas e usadas contra os invasores se tornaram bem vindas, eram sua única alternativa. Sabiam que era impossível vencer, mas se não existe esperança mutua entre vários corações, apenas a chama pequena de um seria suficiente.

Quanto mais se aproximavam, mais o medo crescia. Ramiro coordenava seus acompanhantes com punhos de ferro: nada mais podia detê-lo.

Jeavolous sentia alguma força negativa se aproximando, cada pequena faísca de uma nuvem energética, fazia que uma onda elétrica de poder se alastrasse pelo demônio que estava preso na armadura. Carnager ficava cada vez mais apavorado, não conseguia derrotar o inimigo, e apesar de considerar ter energia infinita, se sentia um pouco cansado, não se lembrava de ter usado tanta força antes, nem quando em uma batalha contra os demônios das terras frias renunciou a sua forma.

Cansado de empunhar o pesado machado, Jeavolous voltou a arriscar suas técnicas de batalha primitiva, as quais aprendera em algumas horas. Em pouco tempo pôde usar seu chute alto, o qual considerava um forte ataque, porém mal havia percebido a falha na armadura. Carnager, se aproveitando de tal oportunidade, esperou que Jeavolous se preparasse para o segundo ataque, e no momento em que Jeavolous ergueu a perna, Carnager fincou sua lança na armadura de Jeavolous, que duro caiu no chão, sem conseguir mover pedaço algum. Carnager podia sentir sua vitória.

Carnager se aproveitando da situação, apoiou o pé no placa do peito de Jeavolous, em sinal de que ele havia sido derrotado. Enquanto preparava seu último ataque, o qual colocaria um fim na luta assim que o elmo do adversário fosse completamente separado da armadura, mal percebeu a aproximação dos humanos.

Ramiro foi o primeiro a atirar uma pedra, que acertou precisamente o elmo de Carnager.

– Morte aos destruidores! – Proferiu seu grito de guerra.

– Morte aos destruidores! - Repetiram em eco seus seguidores.

– Como ousa!? – Resmungou Carnager, deixando o corpo inerte do oponente para dar atenção aos novos expectadores.

– Somos habitantes da cidade, não lhe damos o direito de destruí-la. Vocês merecem morrer! – Ramiro esbravejou entre dentes.

– Morte aos destruidores! – Gritou a multidão como um grande coral bem ensaiado.

– Vocês não são nada, não têm como lutar contra mim. Acham que suas pedrinhas são o suficiente? Sintam a fúria de General Carnager!

Os humanos começaram a apedrejar Carnager como única opção, desgostoso, Carnager empunhou sua lança preparando-se para um massacre que estava próximo.

Jeavolous podia sentir a força negativa como os humanos sentem o oxigênio; se sentia forte como nunca, como se a qualquer momento algo fosse explodir dentro dele.

E não demorou a acontecer, sua forma natural excedeu a forma da armadura e mostrou a sua forma. O medo humano o salvara.

– Meu Deus, olhem! – Uma mulher gritou no meio da multidão, onde murmúrios se espalharam mais rápidos que qualquer peste.

A forma de Jeavolous os assustara. O negativismo crescia, Jeavolous se sentia cada vez mais forte.

Carnager sentiu necessidade em ver o que acontecia às suas costas. Ao se dar conta do olhar vermelho que faiscava maldade, a forma negra quase transparente como nuvem, as grandes asas de morcego e as afiadas garras ameaçadoras, Carnager provavelmente faria escorrer óleo pela armadura.

Jeavolous crescia proporcionalmente ao medo de Carnager. Ele atingira o triplo do tamanho do oponente.

– O que dissera a meu respeito? Chamara-me de pepita fajuta? Você agora não passa de bale barato. Fizeste o máximo para destruir os lares dos parasitas, agora destruirei seu lar, sua armadura preciosa. Achaste que se livraria de mim? Apenas se enganou. – A voz natural de Jeavolous soava como um sussurro sibilante ao vento.

Em um último grito, Carnager ergueu sua lança e avançou em direção a Jeavolous em um ataque letal. Antes que ele conseguisse chegar perto do demônio, fora envolvido em um uma ventania que significava seu fim. A velocidade das asas de Jeavolous criou um redemoinho em torno de Carnager, sua nova prisão. Com suas afiadas garras, despedaçou a armadura prisão como se fosse papel na mão de um humano. O interior da armadura desaparecera em uma fumaça cinza, como a neblina de um dia frio se esvai com o sol.

– Papai! – A garotinha de cinco anos saíra de seu esconderijo, correndo na direção de Jeavolous. – O que aconteceu com você papai? Por que está com essa fantasia? A outra era tão bonita.

O demônio tentou imitar o gesto que a pequena fizera mais cedo, quando a encontrara, mas sua forma imaterial não permitia.

– Essa é a minha aparência agora. – Mentiu, para manter a crença da menina. – Você ainda me ama? – Não sabia o que estava falando, se deixou guiar pelo que fluía de sua boca.

– Sim papai! – Ela sorriu entre lágrimas. – Obrigada por voltar.

– Eu tenho que partir criança.

– De novo não, por favor, fica. – Seus soluços o comoveram, um líquido cristalino começou a rolar pelo rosto do demônio.

O portal começara a se materializar, Jeavolous só tinha uma frase.

– Não se esqueça de mim, siga sua sina pequena parasita.

E em um último aceno, fora tragado para seu planeta natal.

Agora em Garvena, de volta a sua forma real, Jeavolous sorria enquanto se lembrava da pequena garotinha que o salvara. Podia ser um demônio melhor ao qual ajudava a todos.

Em Colíder, a garotinha pensativa pelas palavras do demônio, esperava que algum dia pudesse voltar a vê-lo, o olhar vermelho de seu papai.


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Notas finais do capítulo

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