H.o.r.d.a. escrita por GrupoMindUp


Capítulo 2
Wa-Bu Vs. Mântis


Notas iniciais do capítulo

Duas feras se encontram frente a frente. Inimigos mortais.
Símios dotados de capacidades intelectuais. Em uma disputa sondada por uma Inteligência Superior além de qualquer consciência. A Selva Amazônica como pano de fundo, devastação, cultura indígena, e mais...



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Parte 1 - Sumiço

A noite estava bela. As três luas estavam em seus mais altos ápices e brilhavam mais do que nunca. Uma aurora boreal cortava o céu, completamente estrelado, de norte a sul. Uma brisa fresca percorria por Ye-Kin, balançando as árvores das diversas florestas que brotavam das fendas de vários cânions. Um ser com forma de gorila, corpo bem forte, robusto e grande, coberto de pêlos brancos e duas presas saltando do maxilar inferior para fora da boca. Estava deitado sobre uma rede de vinhas e cipós. Era Wa-Bu, o Guerreiro. Ele estava cochilando. De repente, seus olhos se abrem num instante, assim, revelando o azul claro e brilhante deles e uma cicatriz que contornava o olho esquerdo.

Wa-Bu, ou homem-macaco, se levantou. Do alto, onde estava repousando, ele olha para baixo. Alguns Wakars, seres da raça de Wa-Bu, passaram pela sua vista. O imenso gorila branco voltou seu olhar para o céu. Subitamente, uma voz estranha vem a sua cabeça.

"Prepare-se! Guerreiro!"

Wa-Bu balança a cabeça de um lado para o outro, então, olha por todos os lados, procurando por algo ou alguém que possa estar por perto, porém, nada. O homem-macaco prepara-se para deitar novamente, porém, algo estranho o perturba. Wa-Bu sente algo vindo em sua direção, num rápido movimento, ele ergue um de seus enormes braços, enquanto o outro, estava colado à cintura. Ele estava pronto para sacar sua adaga. Olhou para todos os lados, esperando um possível ataque. Então, o pressentimento de algo se aproximando vem a tona. Wa-Bu faz um grunhido feroz, revelando seus dentes e suas duas presas. Uma voz veio a sua mente, por mais uma vez.

"É agora!"

Wa-Bu começa bufar, então, uma luz surge do nada. Ela começa a circundar o corpo do gorila branco. De repente, a luz fica intensamente forte e momentaneamente, ela se apaga.

Um vento forte percorre por toda Ye-Kin. Algumas folhas acompanham. Wa-Bu havia desaparecido.

Do outro lado de Ye-Kin, estava tudo em silêncio. Algumas estruturas pareciam ser feitas de palhas, vinhas e cipós. Todas em formatos de ocas, bem semelhantes as indígenas. Algumas luzes iluminavam o interior destas estruturas. De repente, um vulto enorme, passa entre as ocas, derrubando alguns vasos e móveis que estavam ao redor. Logo atrás do misterioso vulto, mais dois surgiram, estes dois foram revelados pelas luzes das ocas. Eram gorilas cobertos por uma pelagem marrom, trajando ombreiras, capa e capacete e lanças em mãos. Pareciam estar numa perseguição. O vulto que estava sendo perseguido dava saltos longos e altos, então, ele para entre duas árvores, vira a cabeça para trás. Seus olhos brilhavam no mais profundo azul escuro. O misterioso vulto continuou a fugir.

Os dois gorilas marrons perseguiam loucamente o misterioso vulto. Eles começam a grunhiram bem alto. Um deles agitou a lança e a arremessou no vulto, porém, sem êxito, errou o arremesso. Os dois continuaram a perseguição.

O misterioso vulto de olhos azuis deu mais um salto. Porém, este salto foi diferente dos outros. Ele parou de fugir. Acomodou-se numa clareira, bem no meio dela. Curvou as pernas, colocando toda sua força nelas, então, num único impulso, saltou. Os dois gorilas marrons chegaram onde o misterioso vulto estava. Porém, já era tarde. Ele estava pairando pelo ar, o mais alto possível, até que então, os brilhos das três luas revelaram sua forma e todos seus detalhes.

O misterioso vulto era um gorila coberto por pêlos negros, tão escuros quanto a noite. Os olhos azuis, que já haviam sido revelados antes, brilhavam mais do que nunca. Este gorila não era tão robusto. Tinha um corpo magro, mas não exageradamente. Suas mãos eram grandes e na suas pontas dos dedos, sustentavam unhas, não, garras. Garras grandes e afiadas. Na sua cintura estava um cinto preso, que em cada lado dele, havia duas adagas, cada uma com a lâmina dourada e suas respectivas bainhas era enrolada numa faixa branca.

O gorila negro estava prestes a pousar, eis que, então, uma luz brilhante e forte surge do nada. A misteriosa luz, de alguma maneira, explode num brilho bem forte. Os dois gorilas marrons protegeram seus olhos com os braços. Então, a luz misteriosa some, deixando apenas o brilho das luas e das estrelas. O gorila negro havia desaparecido.

Um dos dois gorilas marrons afasta o braço do rosto, olha para onde a misteriosa luz brilhou. Solta um grito bem assustador e logo em seguida diz:

– Maldito Mântis! Seu desgraçado! - o dois gorilas seguiram para dentro da floresta novamente - Aquele maldito deve ter fugido nessa explosão de luz.

Mântis, este era o nome do gorila fugitivo.

Parte 2 - Desafio

Amazônia, Brasil.

Uma tribo indígena, os Pira-Tapuya, que vivem na região noroeste do rio Amazona, bem às margens do rio Uaupés, estavam preparando um ritual Yurupari, que são rituais que envolvem instrumentos musicais, como flautas e trompetes. Os rituais de Yurupari são a expressões mais plenas da vida religiosa dos índios, pois englobam e sintetizam vários temas-chave, que são: ancestralidade, descendência e identidade grupal, sexo e reprodução, relações entre homens e mulheres, crescimento e amadurecimento, morte, regeneração e integração do ciclo de vida humano com o tempo cósmico. Em relação de complementaridade com outras tribos indígenas, de diferentes etnias, esses rituais são relacionados à identidade masculina e às relações intra-grupais em oposição ao casamento e às relações inter-grupais; do mesmo modo, dizem respeito à fertilidade das árvores e plantas em oposição aos ciclos de vida dos animais.

No caso, o ritual Yurupari era para os homens de uma comunidade presentear os de outra - geralmente os seus irmãos - com grandes quantidades de frutos silvestres, trazendo-os para o interior da casa acompanhados dos sons berrantes dos trompetes enquanto as mulheres e crianças permanecem atrás de telas nos fundos. Ao anoitecer, as telas são removidas e as mulheres voltam a se juntar aos homens. Eles dançam a noite inteira até amanhecer e então distribuem os frutos entre os presentes.

Era noite, o ritual já havia começado. Tinha uma fogueira bem no centro da floresta. Algumas mulheres já estavam se dispondo atrás das telas. Enquanto alguns dos homens já estavam presenteando outros com os frutos. Havia quatro homens, um em cada canto do local, tocando o trompete. O ritual estava bem animado.

De repente, um vento forte e gelado percorre pela floresta. A fogueira se apaga. Todos os índios que estavam presentes na noite, olharam para o céu. Então, bem no meio da fogueira, eis que surge uma luz. Não era o fogo. Era uma luz cintilante. Mais especificadamente, era uma bolinha de luz que estava flutuando sobre a fogueira. Alguns índios se assustaram, então, dois homens se aproximam. Os dois trocam olhares, até que, um deles ergue a mão para tocar a luz. Quando seu dedo toca a bolinha iluminada, ela começa a brilhar mais ainda. Um barulho forte e irritante surge, atordoando todos que estavam presentes no local. Algumas mulheres caíram no chão, outras derrubaram as telas. Alguns homens resistiam. Repentinamente, o som para. A bolinha de luz aumenta mai ainda seu brilho, então, vai subindo ao céu.

Após subir uns dez metros de altura, o barulho irritante volta. De repente, a luz se expande para todos os cantos. Os índios se desesperam e gritam. Tudo fica branco.

O clarão permaneceu por alguns segundos, então, ele se apagou. Uma das mulheres que estava no chão se levanta. Passa a mão nos olhos e quando ela olha em direção à fogueira, solta um grito. Todos os índios, que ainda estavam no local, se assustaram.

Os dois índios que estavam perto da fogueira, se levantaram, eles escutaram os gritos da mulher, os dois viram que ela estava apontando para a fogueira. Um deles, então, decide olhar para onde a mulher estava apontando. O índio se impressiona. Havia um gorila enorme, de pelos brancos, desmaiado em cima da fogueira. Era Wa-Bu.

Alguns índios foram se aproximando do corpo de Wa-Bu, até que, um deles ergue uma das mãos para tocar o enorme gorila branco. A mão do indígena se aproxima do rosto do símio, quando estava prestes a tocá-lo, Wa-Bu abre os olhos e solta um grunhido baixo, os índios se assustaram. Wa-Bu se levantou rapidamente, então, pegou sua adaga e começou apontá-la para todos que estavam ao seu redor. Alguns índios começaram a correr, outros acabaram se contendo. Wa-Bu começa olhar ao seu redor. Passa seus olhos pelas árvores e toda a diversidade natural do local que era misterioso para ele. O primata branco olha para os índios, então, decide se aproximar de um deles. Quando Wa-Bu estava chegando bem perto de um dos homens indígenas, uma luz surge no céu. Todos olham em direção dela. A luz começa a brilhar mais forte, então, assim como foi com Wa-Bu, uma explosão de luz cobriu a floresta toda por mais uma vez. Os índios que estavam no local se assustaram e acabaram fugindo. O clarão se apagou, Wa-Bu olhou novamente em direção onde estava a luz, então, ele vê um vulto caindo em direção à floresta. Wa-Bu corre.

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Mântis estava acordado e caído no meio de uma floresta. Ele se levanta, coça a cabeça e começa a olhar os arredores. De repente, o gorila negro vê um movimento entre alguns arbustos. Aproxima-se deles, então, algo sai correndo. Era algum animal selvagem. Mântis se afasta do arbusto, então, segue caminho pela floresta, com suas adagas em mãos.

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Wa-Bu entrou na floresta, estava procurando pelo vulto que havia caído. Ele anda mais um pouco, até que, escuta o som de galhos e folhas mexendo. Wa-Bu entra em posição de ataque e continua caminhando bem devagar. De repente, ele avista um vulto com aproximadamente o mesmo tamanho dele. O misterioso vulto começa a olhá-lo. Wa-Bu vê o brilho azulado dos olhos do vulto. Ele o reconhece.

– Mântis!? - o vulto saiu correndo – O que você esta fazendo aqui? Seu maldito! Foi você que fez isso? – Wa-Bu foi correndo atrás de Mântis.

De repente, Mântis começa a saltar pela floresta. Wa-Bu faz o mesmo. O primata de pêlos brancos estava alcançando o gorila de pêlos negros. A cada salto, Wa-Bu se aproximava mais ainda, até que... Wa-Bu consegue alcançar Mântis. Ele segura no braço do primata de olhos azul escuro. Os dois tropeçam, caem e começam a rolar pela floresta. Wa-Bu fica em cima de Mântis, que luta para escapar e com êxito, consegue.

Quando Wa-Bu ia atacar Mântis, ele sente uma tremenda dor na cabeça, que acaba o deixando cair no chão. Mântis também sente a dor. De repente, uma voz vem a cabeça dos dois.

“A batalha pela sobrevivência começou.”

Wa-Bu e Mântis olharam para o céu. A voz retorna.

“Dois seres, duas raças, dois adversários. Vocês devem lutar.”

Wa-Bu volta seu olhar para Mântis.

– É você que esta fazendo isso?

– Não. – A voz dele era bem grave e tinha um tom assustador.

“O regresso somente vos será permitido após a queda do adversário que de pé está a sua frente, ó bravos guerreiros.” – Disse a voz misteriosa.

– Como é que é? - questionou Mântis.

“Só retornará para seu mundo de origem, aquele que derrotar o adversário. Até lá, que a luta comece!”

A voz misteriosa desapareceu. Wa-Bu e Mântis começaram a se encarar. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. Até que, Mântis se aproxima um pouco de Wa-Bu.

– Então, quer dizer que temos que lutar – Mântis estava enfatizando o que acabara de ouvir na mente – para podermos voltar ao nosso mundo de origem? – riu – É, vai ser bem interessante.

O símeo de pêlos negros sacou suas adagas da cintura e foi para cima de Wa-Bu.

Mântis salta em direção ao adversário, que rapidamente, saca sua adaga, defendendo-se do golpe.

– Ora, vejo que aprendeu a se defender. – disse Mântis num tom sarcástico – Da última vez – riu – seu olho que “defendeu” o golpe. – então, solta uma gargalhada medonha.

– Cale-se seu estúpido e arrogante. – retrucou Wa-Bu – Vou derrotá-lo aqui e agora!

– Venha! – gritou.

Wa-Bu segurou firme sua adaga e foi para cima de Mântis. O enorme gorila negro se esquivou e num simples movimento, agarrou a nuca de Wa-Bu, o ergueu para cima e num único e poderosíssimo arremesso, jogou-o para bem longe.

Wa-Bu foi arremessado tão forte, que voou para dentro da floresta. Várias árvores iam se partindo devido ao impacto do gorila branco, até que, um portal idêntico aquele que o havia levado ao mundo desconhecido dos humanos, ou seja, a Terra, o sugara novamente para dentro o levando numa viagem cósmica de volta para seu mundo natal.

Mântis recebera sobre si um disparo poderoso de energia, como um raio lançado do céu e fora desintegrando no mesmo instante. Logo, aquela disputa fora interrompida, sabe-se lá o porquê, e ambos os guerreiros trazidos para o Brasil foram retirados da batalha.

As suas presenças não mais estavam em jogo como a dos demais heróis.

O mesmo Ser supremo que os levara até ali por laços do destino, como dois cães postos em rinhas, os extraíra do cenário de guerra!

(...)


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Notas finais do capítulo

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