Thalia’s P.O.V

Acordei zonza e dolorida... Eu estava em um tipo de quarto que era do tamanho do chalé de Poseidon. Havia uma cama de casal com os lençóis pretos e um véu para que eu pudesse dormir com privacidade... O quarto parecia ser BEM antigo...

Levantei-me da cama. Ainda estava zonza. Mal podia andar... Estava esgotada e faminta.

Tropecei acidentalmente em algo... Notei que era um espelho. Mas não reconheci meu reflexo... Eu estava completamente diferente! Mal me reconhecia! Minha pele ficara um pouco mais pálida e meu cabelo havia crescido.

Senti minhas energias se esgotarem novamente. Olhei para o lado e vi uma taça. Quando vi seu conteúdo, tive vontade de vomitar...

Era sangue. Aquilo havia me apavorado porque eu me lembrei de Nico. Drácula disse que eu beberia o sangue de Nico... Mas talvez não fosse... Ele disse que quer matar Nico em minha frente... Então não podia ser.

Havia também um bilhete.

“Você precisa beber, meu amor... Isso lhe manterá revigorada, caso contrário, cairá num sono que pode te levar à morte...”

Cara, esse foi um bilhete MUITO convidativo.

Relutante, bebi todo o sangue naquela taça, pedindo perdão à pessoa de quem Drácula o havia retirado.

Droga! É bom. Tem gosto de...

Não!

Não!

O sangue tinha gosto de romãs.

Larguei a taça, agora vazia, e senti meu coração disparar. Ele não estava morto, mas eu havia acabado de beber seu sangue... Lembrei-me de que Nico havia batido a cabeça, causando um ferimento com sangue... Sangue. Nico. Sangue de Nico. Isso rondava minha cabeça e acendia um desespero em meu corpo inteiro.

– Deuses... Me perdoa, Nico. Não deveria ter bebido. – Sussurrei.

A porta abriu-se e Drácula entrou no quarto.

– Minha querida... Está acordada! – Ele pegou a taça. – Delicioso, não? Eu ainda não tive a chance de provar... Mas terei. Assim que ele estiver aqui.

– Por que eu?

– Porque você tem tudo que eu preciso para uma esposa. Inclusive... Poder. Eu preciso da sua habilidade, querida.

– De invocar raios? – Fiquei surpresa quando ele negou com a cabeça. – Não?

– Você, meu amor, é a única que consegue submeter as quatro pedras à suas ordens... E, com sorte, a quinta...

– O quê? Você está armando! Sabe que Nico virá com a pedra da terra!

Drácula riu.

– E, assim que ele morrer, você será transformada e dominará as pedras... Se tentar isso enquanto humana, enfraquecerá a ponto de quase morrer.

– Como consegui sentir o sabor do sangue?

– Eu fiz com que você pudesse sentir... Para que soubesse como você reagiria quando descobrisse que era o sangue de seu amado... Em todas as visitas que fiz a ele, retirei um pouco de sangue... Até ter suficiente para encher uma taça... – Ele riu novamente.

Engoli em seco... Drácula, sem aviso prévio, tomou meus lábios. Tentei afastá-lo. Aquele beijo machucava. Ele não precisava parar para pegar ar, mas eu estava sufocando.

Quando ele se afastou, tossi e senti vontade de vomitar.

Ouvi um estrondo, como se uma porta fosse arrombada.

– DRÁCULA! – Era a voz de Nico. Cheia de fúria... Meu medo e alívio lutaram para ter presença no meu coração.

Empurrei Drácula e corri. Desci as escadarias, disparei pelos corredores. Desci mais escadas...

E lá estava ele... Assim que me viu, sua expressão de alívio era maior do que qualquer outra... Ele correu em minha direção e eu corri na dele. A distância entre nossos lábios foi quebrada facilmente.

– Você está... Viva. E... Você ainda é você!

Sorri. Depois abracei Jason, Percy e Annabeth com força.

– Mudou o visual? – Brincou Nico.

– Sem minha permissão...

Seu olhar foi de choque... Ele parecia mirar meu ombro. Quando o olhei, havia uma marca lá... Roxa. Pude ver outras marcas parecidas em meu pescoço e minhas pernas...

– Ele não fez isso... – Sussurrou de modo assustador.

– Fiz sim... – Drácula desceu as escadas com tranquilidade. Igor logo atrás e suas esposas a seu lado... Drácula me olhou. – Sabe que estou cansado de ser evitado por você? Meu amor, as coisas nunca são fáceis... Mas você está sendo um incômodo... Afaste-se deste garoto.

Abracei o pescoço de Nico e colei meu corpo ao dele.

– Não!

Ele sorriu diabolicamente.

– Então, minhas noivas saborearão o sangue... Que tal do seu irmãozinho?

– Nem pense nisso! – O desespero acendeu-se como uma chama. Não sabia o que fazer naquela situação...

– É só se afastar dele...

Nico segurou meus braços e me olhou.

– Faça isso, Thalia... – Ele me deu um selinho demorado, mas eu o aprofundei. – Eu vou ficar bem, amore mio...

Assenti, sentindo lágrimas queimando e querendo sair.

– Ótimo... Agora, vamos começar a diversão...

Com um movimento do braço de Drácula, um círculo de fogo foi colocado em torno de Nico, eu, Ângela e ele.

– Igor, Katrine, cuidem dos outros...

– Não! – Protestei. – Disse que Jason não se machucaria!

– Disse que minhas esposas não se deliciariam com o sangue dele... E eu sempre cumpro a palavra. – Ele sorriu. – Igor! Mate-o!

– Não! – Eu já ouvia o som das espadas cortando o ar...

Nico retirou sua espada...

– Agora você morre...

Drácula riu...

– Ângela... Minha futura esposa não pode interferir.

Tentei correr até Nico, mas Ângela me segurou no momento em que Drácula transformou-se e atacou Nico. Cravando fundo as garras em seu ombro.

Desviei o rosto. Não poderia assistir ao sofrimento de Nico... Ângela o segurou com força e virou para a cena. Eu estava sendo forçada a ver sua agonia.

Cinco minutos depois, Nico já estava totalmente arrebentado. Seus ferimentos, cortes e queimaduras eram vários!

Então, Drácula pegou a espada de Nico... E eu já sabia o que iria acontecer...

– Não é irônico um guerreiro ser morto por sua própria espada?

Não!

– Eu. Não. Vou. Assistir!

Debati-me e me livrei de Ângela. Corri até Nico no momento em que a espada foi lançada. Não chegaria a tempo. Não poderia salvá-lo...

Mas havia outra maneira.

– Não... – Me coloquei à frente de Nico e senti uma dor descomunal. Arquejei, ofeguei e caí de joelhos. A espada de ferro estígio atravessando minha barriga.

– THALIA! NÃO!

Nico levantou-se e quis vir até mim. Estendi meu braço, pedindo para que parasse. Ele estava com lágrimas nos olhos... Lágrimas de dor banhavam os meus.

Drácula riu... Eu tinha que acabar com ele. Tinha que pegar a droga da pedra...

– Minha querida... Seu sacrifício não adiantará em nada... Assim que estiver inerte, trarei sua alma de volta. Sabe disso!

Tentei sorrir, mas com a dor que sentia era impossível... Eu não teria muito tempo. Um plano já estava formado em minha mente.

Com MUITO esforço, levantei retirei a espada de Nico de minha barriga. Depois olhei para Drácula e coloquei a lâmina em frente ao meu rosto. Pingando sangue... O meu sangue.

– Veremos... – Cuspi sangue e parti para cima de Drácula. A dor foi ignorada com MUITO esforço. Ele, chocado, pegou uma espada que havia na parede e defendeu meu golpe. Depois, Fez um corte transversal em meu peito. A dor aumentou. Meu corpo implorava para que eu desistisse.

Fiz um corte em seu rosto e outro em seu braço. Sangue negro saía de lá. Com um movimento, Drácula fez a espada em minha mão voar longe. A ponta de sua espada pressionada contra meu peito. Sobre o coração...

– Você tentou, querida... Isso não mudará em nada.

Engoli em seco e olhei para Nico...

– Sinto muito... – Sussurrei. Ele balançou negativamente a cabeça. Mais lágrimas voltaram a descer pelo seu rosto.

Olhei para Drácula e atravessei a espada por conta própria. Nico gritou mais alto do que qualquer um... O círculo de fogo baixou. Percy, Annabeth e Jason olharam chocados para a cena. Jason gritou e quis correr até mim.

Ele me empurrou para longe da lâmina e eu desabei. Minhas lágrimas de dor fizeram com que minha visão ficasse turva. Gemi de dor ao sentir que estava morrendo. Mas não havia acabado...

– Minha querida... Não adiantou em nada! Eu vou te trazer de volta! E vai ser... – Ele tateou o peito.

Tentei sorrir e o esforço doeu. Ergui o braço e mostrei o Cristal Negro em minha mão. Drácula ficou boquiaberto. Uma expressão de alívio surgiu no rosto de Nico, Jason, Annabeth e Percy.

Então não previram o que eu faria.

– Seu reinado acabou, condezinho de merda...

Bati com força a pedra no chão. O cristal se espatifou e quebrou em vários pedaços...

– NÃO! – Nico voltou a chorar.

Drácula gritou e explodiu em uma nuvem de cinzas... Ofeguei ao soltar o ar... Meus ferimentos ardiam.

Agora, o que restava na cena eram sete semideuses totalmente perplexos, uma semideusa gravemente ferida e à beira da morte no chão e um cristal partido em milhares de pedaços espalhados pelo chão.