Era a primeira vez daquele menino, sozinho, na cidade grande. À mando da amiga com quem estava hospedado teve que ir às compras por si mesmo já que ela queria estar em casa quando o terceiro morador despertasse.

Desorientado entre ruas e avenidas tão grandes e movimentas, Hibiya acabou por encontrar uma doceria. Não era um fã de doces, mesmo assim arriscou uma visita. E ficou deslumbrado com tantas embalagens de cores vibrantes e chamativas. Achou até um doce feito de abóbora! Curioso, resolveu perguntar à vendedora o que era.

- Oh, você não sabe o que é pocky, jovenzinho? - a moça riu - É um doce muito popular, tem até um jogo envolvendo ele.
- Um jogo?

A vendedora então explicou do que se tratava, o objetivo e o possível final. Hibiya ficou completamente vermelho ao imaginar como seria jogar com Hiyori, sua paixão desde sempre. Ainda lhe sobraram uns trocados das compras, então ele pode comprar uma caixa.

- Obrigada e boa sorte. - A vendedora disse sorrindo ao finalizar a venda.

Corado e ansioso, Hibiya voltou para casa tentando se perder o mínimo possível.

- Você demorou. - Ela disse assim que ele entrou, sem chegar a olhar para ele; estava focada na televisão - Tem que aprender a andar na cidade se quiser sobreviver aqui.
- Ugh, desculpe...

Deprimido pela repreensão costumeira, ele entrou de uma vez. Andou até a mesa e pôs as sacolas de compras sobre ela. Antes de tirar as compras para guardá-las, ele pegou a caixa do doce e virou-se para a garota de costas no sofá ainda onde estava.

Mal podia esperar para convidá-la a jogar, já tinha até um plano em mente para que ela não descobrisse seu objetivo antes da hora. Nervoso, e um tanto corado, começou:

- Err, Hiyori... Eu achei uma loja de doces no caminho, e estava pensando se você não...
- Ha? - Ela apenas virou o pescoço para vê-lo, e logo encontrou a caixa abóbora em uma das mãos dele. - Ai, faça-me o favor Hibiya, você é tão óbvio. - E voltou-se para a televisão.
- Eh?
- Você acha mesmo que eu não sei o que está planejando me oferecendo pocky? Por acaso pensa que eu sou tão caipira quanto você, que nem faz ideia do que seja um pocky game? Que patético.

Depois de tudo que ela disse, Hibiya sentiu como se o mundo desabasse sobre sua cabeça. Realmente foi muito ingênuo de sua parte achar que Hiyori não conhecesse algo tão popular na cidade quanto aquele doce e seu jogo eram. Mais uma vez, falhara em conseguir algo à mais com a amiga.

- E ainda por cima trás um de abóbora. Arg, antes fosse um gostoso como o de chocolate ou de morango. Você é o único esquisito que escolheria logo pocky de abóbora!
- P-perdão, eu realmente não pensava em... - Tentou se desculpar, e foi diminuindo o volume da voz até que ela se calasse.

Hiyori apenas bufou e o mandou arrumar as compras de uma vez. E sem outra escolha, ele o fez, e neste meio tempo o albino de quase dois metros de altura havia acordado e ido para a sala, onde agora encontrava-se sentado ao lado da garota empolgada com sua presença.

Konoha não fazia nada demais, olhava para a televisão sem interesse algum enquanto Hiyori lhe explicava sobre o programa. Não longe dali, Hibiya por pouco não se contorcia de ciúmes.

No fim, foi com sua caixa de pocky para a sala também, e sentou no canto do sofá o mais afastado possível do albino pois este sentava-se bem no meio entre Hibiya e Hiyori. Assim que o moreno abriu a caixa, Konoha começou a farejar o ar.

- Doce...

Hibiya já não ligava mais para nada, só tinha comprado aquilo para tentar roubar um beijo de Hiyori. Tirou só um dos palitinho e ofereceu a caixa para o mais velho.

- Pegue o que quiser.
- Ooooh, obrigado. - Konoha não sorriu ao receber a caixinha, mas de alguma forma, seu rosto parecia infantilmente iluminado.

E mesmo muito irritado com o "rival", o menor não evitou corar um pouco ao ser agradecido. Enquanto que Konoha devorava os pockys rapidamente muito de uma vez, Hibiya segurava seu único entre os lábios e o comida com pequenas mordiscadas desanimadas.

Era seu sabor favorito, mas os acontecimentos anteriores o faziam ignorar isso. Chegando na metade do palito alaranjado, ele suspirou descontente. Realmente nada que fizesse lhe daria pontos com Hiyori?

Enquanto devaneava sobre isso movendo o que sobrou do pocky com a boca, foi pego de surpresa pela aproximação repentina do albino sobre seu rosto; Sem aviso algum Konoha havia abocanhado o que sobrou do doce na boca do menor até que seus lábios se tocassem.

Tanto Hibiya quanto Hiyori paralisaram em choque. Não acabou sendo um beijo de verdade, foi apenas um selinho. E depois Konoha se afastou, sorriu para o menor e agradeceu.

- Obrigado, Hibiya. - Pela primeira vez havia lembrado o nome dele.

Quando recobrou os sentidos, seu rosto ficou totalmente vermelho e seu coração disparava. Acabou realmente tendo seu primeiro beijo, mas não com quem esperava tê-lo.

- ..W... Waaaah! - o menor recuou tanto que acabou caindo pela lateral do sofá - O que... o que você!
- Eh?
- Aaaaah, que injusto! Por que o Hibiya, Konoha-san!?
- Eh...? Mas ele disse que eu podia pegar o que quisesse... E tinha um com ele...
- Se é assim, me dá um pocky também! - Hiyori tomou a caixa das mãos do albino, mas a encontrou vazia. - Aaaah, isso não vale!
- Eu também não estou nada feliz com isso!
- Ninguém liga pra você, Hibiya idiota, eu te odeio! - Depois do chilique, ela foi se trancar no quarto.

Konoha só a seguiu com os olhos, sem entender absolutamente nada.

- Eu fiz algo errado?
- Aaaah, agora ela me odeia! Você não pode beijar os outros assim, seu estranho!
- Beijar...? - virou o rosto para o garoto no chão - O que é isso?
- É... - virou o rosto, não tinha inteção de dizer mais nada ao albino, mas Konoha o olhava tão fixamente e apreensivo que não conseguiu não se envergonhar ainda mais - É encostar a boca na boca de outra pessoa. Mas você não pode fazer isso sem ser com a pessoa que você gosta!
- Mas... Eu gosto do Hibiya. Hibiya cozinha bem, e me deu doce...

Hibiya corou ainda mais. "Não é possível que esse cara saiba do que está falando!" por pouco não gritou. Limitou-se a fazer como Hiyori: sair correndo e se trancar em seu quarto.

No fim, o albino estava sozinho na sala sem entender nada.