15° Desafio Sherlolly - Nova Cidade, nova amiga. escrita por sayuri1468
Notas iniciais do capítulo
Não me pertencem
O que Sherlock pensava durante aquela mudança ninguém poderia saber, desde o pronunciamento feito pelos seus pais, ele não havia dito uma única palavra. Apesar de ser claro para seu irmão mais velho que ele não aprovava.
O garoto de cabelos negros e olhos azuis-esverdeados mantinha uma expressão de poucos amigos, desde que deixaram o bairro onde moravam e se dirigiam para outra cidade. Gostava de Londres, por que seus pais teimavam em leva-los para o interior. Não havia nada para se fazer no interior, pelo menos em Londres ele podia explorar a cidade.
- É mais seguro para vocês brincarem! Além do mais, vão ter várias outras crianças para vocês conhecerem! – justificou a mãe no carro, enquanto eles iam de rumo à nova cidade.
Sherlock suspirou entediado e desgostoso e depositou seus olhos sob a paisagem que se formava. Colinas e mais colinas que se mesclavam em meio a campos, ora floridos, ora cultivados com hortaliças e vegetais. Tédio.
Chegando próximo à nova casa aonde iriam morar, ao menos uma coisa alegrou o garoto: do lado de fora a casa parecia escura e úmida, como uma caverna. Seus olhos então avistaram uma pequena garota no jardim, segurava alguma flores, e assim que viu o carro se aproximando, fugiu para a casa ao lado.
- Ahh, deve ser a filha dos Hopper! – falou a mãe gentilmente. – Não pude vê-la no dia em que vim pela primeira vez, por que ela ficou o tempo todo escondida no quarto! Disseram que é uma garota tímida, assim como você Sherlock!
- Não sou tímido! – rebateu o garoto sentindo-se ofendido – Só não faço questão de conversar com gente idiota! – complementou baixinho;
- Não seja convencido, Sherlock! Você não é grande coisa também! – desdenhou Mycroft ao ouvir o comentário sussurrado do irmão mais novo.
Sherlock lhe deu um soco no braço.
- Parem já você dois! – ordenou a mãe sem gritar, porém com muita convicção na voz.
Os dois cessaram imediatamente, mas trocaram farpas pelo olhar.
Quando adentraram a casa, Sherlock se decepcionou. Não era a caverna que ele imaginou. Era bem iluminada e aconchegante. O garoto ficou ainda mais aborrecido e levou a caixa com seus pertences de má vontade para o quarto que lhe foi designado.
Assim como a sala, o quarto dele também era aconchegante. “Vou ter q dar um jeito nisso!” – pensou enquanto depositava a caixa em cima da cama recém-chegada. Foi até a janela e a abriu. “Aquela menina de novo!” – pensou com desdém enquanto observava a garota que acabara de ver na entrada de sua casa, agora na parte de trás do jardim do vizinho. A garota atiçava um pequeno gato com uma flor, e ria a cada investida do bichano. Ao perceber o olhar do garoto sobre ela, levantou-se toda durinha e correu para dentro de casa.
- Que garota besta! – falou o menino enquanto se afastava da janela e voltava para seu quarto afim de arrumar seus pertences.
Virou a caixa, esparramando todo o conteúdo no chão.
- Arrumado! – disse satisfeito e desceu as escadarias, indo para a porta da frente e saindo para a rua.
- Aonde vai? – perguntou a mãe quando ele passou pela cozinha.
- Reconhecer terreno! – respondeu desaparecendo de vista tão rápido quando aparecera.
- Muito bem, Cap. Sherlock! Qual a aventura de hoje? – disse tentando imitar uma voz diferente da sua – Hoje nós vamos explorar o desconhecido! – falou agora com sua voz normal, porém mais engrossada.
Desceu a estrada, em direção ao pequeno campo que avistou.
- Ali, Capitão! – disse refazendo a voz de mentira – Muito bom, imediato! – respondeu novamente com a voz engrossada – Vai ganhar honras por isso!
O garoto arrumou um graveto e o agitou como se emitisse ordens com uma espada.
- Vamos, marujos! Vamos explorar aquela terra desconhecida!
Algumas risadas agudas foram ouvidas pelo garoto, que parou imediatamente sua brincadeira para ver quem estava escondido. Se surpreendeu ao ver a filha do vizinho escondida atrás de uma árvore.
- Hey, minha mãe disse que é feio espionar!
A menina fez menção de fugir ao perceber que havia sido descoberta, mas Sherlock a segurou pelo braço.
- Não vai fugir! Agora você é prisioneira do meu navio!
- Mas eu não sou fugitiva! – respondeu a garota amedrontada.
- Não importa! Você veio até meu barco e espionou meus planos secretos! Agora você deve ficar aqui!
- Mas eu não vi planos nenhum!
- Se insistir em mentir, vou ter que te mandar pra prancha!
Molly exclamou assustada.
- Calma Capitão, vamos leva-la conosco na viagem! – falou Sherlock fazendo a voz do imediato – Tem certeza de que podemos confiar nela?! – respondeu com a voz do Capitão.
Molly riu, estava achando verdadeiramente divertida a forma como Sherlock brincava. O garoto sorriu.
- Podemos sim, Capitão! – respondeu com a voz do imediato.
Molly sorriu para o garoto.
- Então, agora você não é mais prisioneira, agora é uma tripulante do navio! Que título devemos dar a ela? – a voz do capitão foi mais uma vez substituída pela voz do imediato – Eu não sei, Capitão! No que você é boa, menina?
- Sou boa com animais, e com flores também!
- Bah! Não precisamos disso! – falou como capitão – E espadas, é boa com espadas?
- Não sei! – respondeu sinceramente.
- Aqui! –o capitão jogou-lhe um graveto. – Vamos lutar.
Uma luta de espadas-gravetos se iniciou. Molly hesitava no início, mas logo o medo deu lugar a diversão, e isso foi o suficiente para a menina arriscar investidas contra o garoto, e surpreendentemente, quebrando o galho-espada de Sherlock.
- Ela é muito boa com espadas, capitão! – falou o garoto com a voz do imediato enquanto olhava surpreso para seu galho quebrado – Certo, pode entrar para a tripulação! – finalizou com a voz de capitão.
A menina gritou de alegria por ter conseguido ser convocada.
- Que nome de pirata deseja adotar? – perguntou.
- Não conheço nenhum nome de pirata!
- É só falar um nome que você ache legal! – ensinou o menino com a voz normal.
Molly pensou um pouco e riu do nome que havia pensado. Ela sorriu triunfante e o pronunciou para Sherlock.
- Molly Espada Cortante!
Sherlock também riu, realmente, era o nome perfeito para ela e um bom nome de pirata.
- Me chame de Capitão! – falou com a voz engrossada.
- Sim, capitão! – disse a garota com energia.
- Sua primeira tarefa, Espada- Cortante, é me levar até aquela terra desconhecida!
- Você fala da plantação do Bill, capitão? – perguntou a menina apontando em direção ao campo ao qual Sherlock estava se dirigindo antes.
- Droga! Pensei que era uma terra inexplorada! – falou com a voz normal, porém em tom de desapontamento.
- Não existem muitas terras inexploradas por aqui, capitão! – disse Molly tentando consolá-lo – Mas eu conheço uma que apesar de não ser inexplorada, não é muito visitada!
- Perfeito, Espada- Cortante! Nos leve até lá!
Molly assentiu alegre levou o garoto para uma estrada lateral a de onde estavam. Eles subiram uma colina e adentraram em uma floresta. Quando Sherlock pensou que eles já estavam chegando, Molly fez sinal para que eles continuassem. Passaram por uma pequena cachoeira e seguiram por uma trilha fechada.
- Uau, isso sim que é aventura! – exclamou o garoto impressionado.
Molly apenas sorriu.
Atravessaram a trilha e passaram por um lago, aonde pararam para beber água.
- Estamos andando há horas, Espada- Cortante – ofegou o menino após beber um gole considerável de água – Falta muito para chegarmos a essa terra?
Molly não aparentava nem um pingo de cansaço, provavelmente – pensou o garoto – ela estava habituada a fazer esse caminho.
- Estamos quase lá, capitão! Pode confiar em mim!
Depois do lago, seguiram a trilha de um pequeno riacho, até alcançarem um campo aberto. A vegetação era alta, e batia nos joelhos das duas crianças. Molly segurou a mão de Sherlock, que a puxou de volta imediatamente, assustado com o contato da menina.
- É melhor segurar, assim você não cai! Eu conheço bem esse caminho!
Sherlock então respirou fundo e avaliou as possibilidades. Realmente, um caminho como esse deveria ter muitas pedras e ele poderia cair. Meio a contra-gosto, entregou sua mão para Molly.
- Está tudo bem! - tranquilizou a garota.
Molly o guiou com segurança pelo caminho do campo, e assim que chegaram ao fim do campo, Sherlock soltou as mãos dela imediatamente. O rosto do menino estava corado.
- O que foi? – perguntou Molly percebendo.
- Nada demais! Nunca tinha segurado na mão de ninguém antes! – explicou tentando não parecer envergonhado.
- Sério? – surpreendeu-se – Eu seguro na da minha mãe o tempo todo!
- Vamos indo! – cortou o menino claramente mudando de assunto – Já chegamos?
- Já sim, capitão! – respondeu sorrindo.
Então Sherlock olhou em volta e viu que estava no início de uma floresta. O riacho que estavam seguindo e ele achou que havia desaparecido no campo, na verdade continuava e contornava uma árvore, aonde uma pequena casa de madeira havia sido construída toscamente.
- Espada- Cortante! – começou o garoto admirado. – Que lugar é esse?
- Meu esconderijo secreto, capitão! – respondeu a menina prontamente, como se realmente fosse um tripulante.
- Seu esconderijo secreto? – repetiu o garoto sem entender – Se é secreto, por que me trouxe aqui?
- Você confiou em mim, então eu confio em você! –justificou como Molly, e não Espada- Cortante.
Sherlock sorriu. Molly pegou um graveto que estava no chão.
- Aqui, capitão! – disse enquanto arremessava o graveto para Sherlock – Você precisa de uma espada nova!
- Dessa vez você irá perder, Espada- Cortante! – ameaçou pegando o graveto que a garota lhe jogara.
E os dois iniciaram um novo duelo. Molly e Sherlock riam enquanto duelavam. Mesmo quando Sherlock escorregou e caiu, Molly e ele riram enquanto a garota o ajudava a se levantar. Quando cansaram, subiram na casa da árvore e fingiram que estavam em um navio-nave espacial, e lá de cima, impediram que os Zorgs invadissem a Terra e escravizassem a humanidade.
Quando já estava prestes a anoitecer, Molly aconselhou que voltassem e Sherlock obedeceu. Os dois estavam famintos e não viam a hora de chegar em casa para jantar.
- Aquele gato com o qual você estava brincando é seu? – perguntou Sherlock durante o caminho de volta.
- Sim! Se chama Rei Toby Segundo! Quer conhece-lo?
- Ele é um rei? – surpreendeu-se o menino.
- Claro que é! – respondeu como se fosse óbvio – Nunca ouviu falar da linhagem Tobey? Ele é um respeitável e amado Rei de seu país!
- Nunca conheci um rei antes! – exclamou visivelmente admirado.
- Se quiser, amanhã eu trago ele pra você conhece-lo, capitão!
Sherlock assentiu.
- Eu gosto de gatos, mas sempre quis ter um cachorro! – comentou – Ele seria o mais temível pirata de todos os mares!
Sherlock e Molly continuaram conversando animadamente o caminho todo, até chegarem cada um em sua casa. Se despediram e prometeram encontrar-se no dia seguinte para uma nova aventura.
Quando Sherlock voltou para casa, sua mãe estava terminando de por o jantar na mesa.
- Sherlie, onde esteve esse tempo todo? – perguntou admirada pelo filho só ter voltado agora.
- Fui a uma expedição, mãe! Tenho um novo tripulante, Espada- Cortante! – contou o garoto como se fosse à coisa mais normal do mundo.
- Será que é um amiguinho novo? – sussurrou a mãe para o pai sentado na cabeceira da mesa.
- Acho que não, ele deve ter aprendido a fazer uma nova voz, só isso! – respondeu rindo. A mãe sorriu e concordou.
Sherlock tomou sua sopa com muito mais animação do que de costume naquela noite.
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- Molly! Até que enfim, por onde andou? – perguntou a mãe da garota assim que ela entrou em casa.
- Fui a uma expedição, mãe! Com piratas e um capitão! – disse empolgada.
- Ahh, a imaginação dessa garota vai longe! – sussurrou a mãe em tom de cansaço, embora admirasse a criatividade da filha. – Seu primo está ai, adivinha quem teve filhotes durante a tarde!
Os olhos de Molly se iluminaram.
- Stella já teve os filhotes?
A mãe assentiu. Molly subiu correndo as escadaria que dava para o quarto aonde o primo estava hospedado.
- Posso ver, posso ver? –perguntou a menina adentrando o quarto com pressa.
- Calma, Molly! – exclamou o primo da menina, deitado no chão, ao lado da cadela de pelos ruivos.
Molly sentou-se do lado do primo e acariciou os filhotes que estavam dormindo calmamente, ao lado da barriga da mãe. Haviam acabado de comer.
- Quando você for embora, eu posso ficar com um? – pediu a menina enquanto acariciava gentilmente um dos filhotes.
- Mas você já não tem o Tobey Segundo? – rebateu o primo.
- Não é pra mim, pra mim! É pro meu amigo! Ele quer muito um cachorro! – explicou.
- Quando eles terminarem de amamentar, não vejo por que não! - respondeu rindo.
Molly abraçou o primo.
- Não sabia que você tinha amigos, Molly! – falou o primo em meio ao abraço.
- Só tenho esse! E eu tenho certeza de que ele já é o meu melhor amigo!
O sorriso da garota era sincero, e o primo da menina lhe acariciou os cabelos. Estava feliz por sua pequena e tímida prima ter feito um amigo.
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- Sherlock, o que me diz? Gostou daqui? – perguntou a mãe na mesa de jantar. – Por que se sentir deslocado, como Mycroft me infernizou a tarde toda dizendo, podemos voltar pra Londres!
O menino deixou a colher cair de suas mãos e bater no prato de sopa.
- Não! Adorei aqui, sério! Vamos ficar!
Ele falou com tanta convicção que surpreendeu seus pais e o irmão.
- Acha que pode fazer amigos aqui? – quis saber a mãe empolgada.
- Já fiz! Não preciso de mais ninguém, só ela basta! – respondeu firme.
- Estamos falando de alguém real, filho! Não uma voz nova! – zombou o pai.
- Molly Hopper é real! Vocês viram ela na entrada de casa também! – rebateu o menino revoltado pela falta de confiança do pai.
Agora foi a vez dos pais e do irmão mais velho deixarem suas colheres caírem. A mãe lançou sorrisos confidenciais para o marido e Mycroft apenas encarou o irmão surpreso.
- Vamos brincar amanhã de novo! E depois de amahã, e depois, depois de amanhã, e depois, depois, depois de amanha...
Os pais riram. Em seus corações suspiraram aliviados. Não sabiam como seria daqui pra frente, mas uma coisa eles sabiam, aquela Molly certamente mudaria a vida de seu filho.
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