A brisa do mar fazia seus longos cabelos negros esvoaçarem. Seus olhos, vermelhos de muitas lágrimas, fitavam o Grande Mar. Seus dedos tentaram algumas notas na harpa, mas sua voz se recusou a cantar.

Arranjou coragem. Aspirou ar, e quando ia entoar seu próprio lamento, escutou o de outrem. ''Uma dama élfica, sem duvida'' pensou, tornando o olhar do mar e olhando para a baía. Lá viu uma dama de beleza quase sem par, aos prantos, segurando uma criança. Estava muito a noite, porém seus olhos já há muito acostumados com a escuridão, o guiaram até ela.

–Quem és, dama dos Nandor? Acaso foste vítima do grande vento que se abateu sobre esta terra? - disse na antiga lingua.

Ela o olhou, em sua forma agora desgastada, molhada de lágrimas e com os cabelos arrancados com seus próprios dedos:

–Senhor ancestral, esperava a gravidez acabar para me encontrar com meu amado, e zarparíamos juntos para Aman, mas quando cá cheguei, o terrível vento se abateu contra este mundo e para longe mandou meu amado Amroth! Ai, que grande maldição se abateu contra a última da linhagem dos nandor! Parte em grande tristeza Ninrodel! - E desfaleceu, caindo em sua poça de lágrimas e sangue.

Maglor largou a harpa e segurou firme a criança, tinha os olhos cor-de-rosa, de um jeito que jamais havia visto, e viu neles os olhos de seu irmão Maedhros, olhos convictos, e sua mente vagou por muitos minutos, mas foi interrompida pelo choro melodioso da pequena. Alcançou o chão e apanhou uma das cheirosas margaridas que cresçem na baía de Belfalas, e colocou na mão do neném, e seu choro cessou, dando lugar a um belo sorriso:

–Celírithil ''lua brilhante'' Níneirien ''lágrima da margarida'' - Disse à criança - Este será teu nome, e embora não seja um dos teus, cuidarei de ti, e serás minha mais bela canção!