«Um erro inocente. Tão inocente que poderia não o ser.»

A primeira coisa que reparei foi nas orelhas pontiagudas. Ninguém tem as orelhas daquela forma. Apenas alguns animais. O tom de pele era de uma cor que me fazia lembrar café ou chocolate com leite. E os olhos. Bem… Esses eram bastante claros. Eu diria até límpidos como água de uma praia paradisíaca. Os cabelos eram negros. Longos e sedosos. Esses eram algumas características mais fáceis de identificar. O resto era estranho. Diferente. E até arriscaria dizer sedutor. Mas cometi um erro terrível. Olhei directamente nos seus olhos. Por apenas uns segundos e foi o suficiente. Foi o tempo suficiente para ser subjugada dentro da minha mente. Ninguém imaginaria que olhar para os olhos de uma pessoa, ou criatura, iria transformar num pesadelo. Ou antes, num acontecimento que mudaria a vida de qualquer pessoa.

Os sintomas, não sei que nome darei ao que sinto, foram um preenchimento invulgar dentro da minha cabeça. Um peso que emanava um poder anormal. Algo obscuro e maldoso. Uma sensação de estar a ser subjugada ou então de ter alguém a tomar o meu lugar dentro do meu próprio cérebro. O meu cérebro bombardeava informações para o meu corpo, afim de me fazer reagir a invasão do estranho que me preenchia. Mas o meu corpo estava demasiado lento e entorpecido pela posse do estranho ser que estava a minha frente.

Eu estava a ser possuída.

Uma voz surgiu na minha mente. Era desprovida de qualquer tipo de emoção. Uma voz que não era a minha. E disse:

– O pesadelo começou!