Além do que se vê escrita por Laís Leite


Capítulo 6
Capítulo 5 - Will You Come Back To My Bed?


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Capítulo fresquinho ;)
Gostaria de pedir que vocês me dessem um feedback do que vocês estão achando da história, o que precisa melhorar, enfim.
E aos leitores fantasmas, por favor, apareçam! Não sou o Suaréz, não mordo ;3
(Só se você for um lindo italiano, hahahahaha - just kidding)
Beijinhos e boa leitura ;*



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PDV – Victor

Quando cheguei à minha casa, minha esposa ainda não havia chegado. Era por volta de quatro da manhã.

O perfume dela ainda estava impregnado em mim. E eu não ficava enjoado, e sim embriagado. Nem as garrafas de vinho me deixaram assim.

Eu estava exausto. Giulia acabou comigo. Na verdade, acabamos um com o outro. Perdi as contas de quantas vezes gozei – e ela também. Ela era uma menina começando a conhecer o mundo, em termos de personalidade. Queria sair do Brasil.

Mas entre quatro paredes, o papo era outro: ela era incansável. Se eu não estivesse tão ávido quanto ela, não teria conseguido acompanhá-la. Sou homem o suficiente para assumir meus limites.

Não podia dizer que ela era a personificação de uma fantasia ou coisa do tipo, não sou um romântico patético.

Mas seria mentira negar que não queria uma mulher daquela entre quatro paredes. Ou talvez melhor – que minha dita esposa estivesse mais em casa.

Não foi por maldade que a traí. Não sou do tipo de cara que casou pensando em traição ou divórcio ou solução fácil. Sei que relacionamento são difíceis... Não quero arrumar desculpas, embora seja o que isso pareça.

Enquanto fazíamos sexo, simplesmente esqueci-me de tudo – esqueci-me do trabalho que eu precisava fazer, esqueci-me da minha jura matrimonial, esqueci-me de minha esposa... Eu era apenas um homem. Não era um professor, não era um marido, não era um pai... Eu era um humano sucumbindo aos meus desejos mais secretos... E ainda tenho muitas fantasias com ela.

Eu quero realizá-las uma a uma. Lentamente.

Decidi tomar um banho. Passei na frente de um espelho enquanto estava só de toalha, antes de entrar no box.

Puta que pariu, eu estava muito mal.

Hematomas brotavam no meu pescoço e no meu peito. Meus ombros tinham marcas de mordidas. Minhas costas estavam muito arranhadas, Giulia tinha unhas que mais pareciam garras afiadas de uma onça.

Fiz algumas preces silenciosas para minha esposa não notar.

Tomei um banho, sentindo quase todas as minhas marcas. Como que eu ia me vestir? Como iria ao trabalho?

Talvez devesse ligar para meu chefe e falar: “Carlos, me perdoe, mas não poderei dar aula hoje... Fodi por horas a fio com uma ex-aluna, e estou todo mordido, arranhado e roxo, agradeço sua compreensão... Ah, e antes que eu esqueça, estou de ressaca.” – pensei, irônico.

Suspirei fundo, vesti um pijama qualquer e fui dormir.

Amanhã seria uma sexta-feira longa pra caralho.

*

Dormi uma noite sem sonhos. Uma noite agradável. Tranquila. Solitária.

E sem ressaca – um milagre, levando em consideração a quantidade de vinho que tomei ontem. Lembrei o sabor de seus lábios misturado ao do álcool. Único.

Sentei-me na cama, e vi que minha esposa não voltara do plantão. Eram seis da manhã. Eu tinha uma hora e quinze minutos para chegar ao trabalho. Era melhor começar a me arrumar. Espreguicei-me.

A pior coisa que eu poderia ter feito no dia inteiro.

Meus músculos e meus hematomas estavam muito doloridos, meus arranhões e minhas mordidas ardiam pra caralho. Grunhi com a dor inesperada.

Eu estava realmente destruído.

Levantei com um puta esforço. Cacete, quando foi a última vez que isso aconteceu comigo? Quando foi a última vez em que uma noite de sexo me deixou tão acabado?

Sinceramente, não consigo lembrar.

*

Cheguei ao trabalho na hora exata. Entrei na sala e tentei me concentrar, até que notei burburinhos. Nessa turma, em específico, a maioria era composta por meninos. E era a turma com maior intimidade comigo.

Merda, eles não costumam fofocar assim.

Terminei de fazer uma questão no quadro e perguntei, com humor na voz, qual a piada que eu havia perdido.

Os meninos riram, e disseram que parecia que voltei da guerra.

Ri, e concordei.

O restante da aula foi preenchido por piadas sobre meu estado físico.

Agradeci mentalmente por ser a única aula naquele dia... O restante poderia ser feito no escritório compartilhado daquele colégio. Só mais algumas horas...

*

Crying Lightning - Arctic Monkeys

No intervalo, fui para a sala dos professores, para tomar um café. Tentei ser discreto, pois não queria me expor além do necessário – principalmente estando naquela situação. Nós, professores, estamos acostumados a nos expor. Principalmente no ambiente do trabalho. Somos muito observados. Só não esperava enfrentar a mesma situação da sala de aula.

E para piorar – embora não parecesse possível – foi o filho da puta do Roberto que notou primeiro. E falou para todos ouvirem, com um sorriso cínico na cara de idiota:

–Victor, de que campo de batalha tu voltaste?

Todos os professores se viraram para mim, enquanto eu tomava meu café. Sempre detestei o maldito café daquele lugar: mas era o menos ruim à mais próxima localidade.

–Não acho que seja do seu interesse. – respondi.

–Do meu interesse até é. Sou um cara curioso.

–Minha vida pessoal não é da sua conta. Vá arrumar a sua própria vida, babaca. – Devolvi o sorriso falso.

Todos riram, levando na brincadeira, menos Roberto. Agora ele estava ofendido? Ele que vá se foder, isso sim. Embora esteja de bom humor, não sou otário.

Quando digo que ela não é presente, não estou fazendo piadas.

–Achei que seu humor estivesse bom, já que deve ter fodido a noite inteira. Cuidado com o estresse, Victor. Vai acabar enfartando antes dos 50.

–Ah, realmente estou de ótimo humor. Foder durante horas a fio é algo que todo homem deva fazer, embora eu ache que você não consiga... Impotência deve ser foda. Ainda bem que não sei o que é isso! – ri, e muitos me acompanharam. – Só não estou com paciência para suas futilidades de menino.

Alguns minutos depois que a tensão se dissipou, Roberto me mandou uma mensagem:

*Você fodeu a Giulia, não foi, filho da puta?*

Apenas devolvi o sorriso cínico que ele me dera minutos antes.

*Responde, filho da puta. Foi ela?*

Alarguei o sorriso.

*Você fodeu com ela por horas a fio. Que inveja. Tô quase te sequestrando e torturando para saber como foi... Mas acho que é a minha vez de tentar, não é?*

Ele não ia entrar nessa briga comigo. Essa, eu ia responder.

*Giulia jamais ficaria com você, Don Juan. Ela te acha um babaca. Além de achar que você é gay. Boa sorte.*

Não fiquei para ver sua reação. Decidi voltar ao trabalho.

*

Já faziam uns 5 dias desde minha noite com Giulia. Minhas marcas estavam quase imperceptíveis. Minha esposa nem notou. Afinal, ela quase não convivia comigo. Era quase como morar sozinho. Quase. Eu recebia visitas quinzenais da minha filha de 12 anos. Do primeiro casamento, claro. Eu a amava, sentia saudades dela. Queria que ela morasse comigo. Mas eu não poderia dar a atenção que lhe era necessária.

Esses dias eram repletos de imagens da noite com Giulia naquele motel.

Giulia não me ligou, não me mandou mensagens... Nada. O silêncio dela me parecia falta de interesse. Seria isso mesmo, ou só a correria de universitária não permitiu que ela me ligasse?

Eu a queria na minha cama. Se havia algum romantismo? Nenhum. Ia ser tudo como da última vez. Quente. Selvagem. Intenso.

Apenas sexo.

Decidi mandar uma mensagem:

*Não consigo parar de pensar na nossa noite. Seu perfume não sai da minha lembrança. Quero te ver de novo. Quero seu vestido jogado no chão, quero ver minha boca suja com seu batom. Quero ouvir você implorando para que eu não pare.*

E... Enviada.

Pouco tempo depois, tive minha resposta:

*Compres um vestido para sua mulher. Compres o mesmo perfume do meu, se quiseres, passo o nome. Compres o mesmo batom que o meu, se quiseres, também passo o nome. Tu sabes que não podemos nos ver de novo. Sabíamos que era uma coisa de uma noite só. Já fomos longe demais, e, embora eu não tenha realizado todas as minhas fantasias... Fantasias não foram feitas para virar realidade.*

Como assim, “Fantasias não foram feitas para virar realidade”? Que loucura era aquela? Devia ser uma citação. Decidi procurar no Google.

Depois de muita procura, vi que estava certo. Era uma citação da Sylvia Day, do livro “Amigo Secreto.”

Provavelmente, um livro que nunca lerei na vida.

Mas essa frase é muito errada. Por que não podemos realizar nossas fantasias? É errado? Não era comigo que ela queria fazer isso? Que porra foi essa? Foi um fora?

Eu a queria na minha cama. No meu carro. No chão da minha cozinha. Numa mesa de sinuca. No escritório da minha casa. Eu a queria amarrada, à mercê dos meus caprichos. Eu a queria numa praia distante. Era a ela que eu queria.

Uma parceira em aventuras lascivas e sexuais.

Decidi responder a mensagem sacana:

*Eu não vou pedir nenhum nome de porra nenhuma, Giulia... Pelo simples fato de que não a quero, e sim a você. Mais algumas noites, só isso que quero. Depois que realizarmos todas as nossas fantasias, não vou mais te procurar. Prometo.*

Voltei a trabalhar, revisando as provas de minhas turmas.

*

Decidi sair às 17, hoje. Minha esposa ainda estava pelo interior o estado. Não queria pensar na nossa falta de vida matrimonial, então decidi comprar minha cerveja favorita, a deliciosa holandesa Amstel, que era leve e, quando estava à temperatura correta, era muito refrescante. Talvez devesse comprar o jantar, não estava com paciência para enfrentar minha cozinha, embora ela fosse bem equipada e abastecida. Um hambúrguer gourmet? Ou talvez sushi?

Lembrei a última vez que comi sushi.

E, enquanto estava sentado na minha mesa no escritório compartilhado, fiquei inconvenientemente duro. Sabia que não era a primeira vez, mas algo murmurou em minha mente que não seria a última.

Agradeci por estar sozinho.

Quando consegui me recompor, uma situação um pouco demorada, arrumei minhas coisas o mais rápido possível e saí do trabalho. Entrei no meu Hyundai prata e fui ao supermercado, comprar minha cerveja. Uma loira gelada.

Comprei umas 12, provavelmente durariam umas semanas, não tenho o costume de beber muito.

Com exceção daquela noite com Giulia... Puta merda, concentre-se, Victor.

Estou parecendo um adolescente de 15 anos de novo, caralho.

Paguei pela delícia holandesa e voltei para o carro.

Enquanto dirigia, pensei no que iria jantar.

Foda-se o sushi e o hambúrguer, irei comer pizza. Quem não gosta de pizza?

Deus abençoe o criador do delivery, assim, eu não precisaria passar numa piz... Que porra é essa? Giulia me ligando?

Atendi o mais rápido possível.

–Olha quem deu o ar da graça, não é mesmo, princesa? – falei.

Vocês acham que ela deu um “boa tarde”, ou me cumprimentou como alguém normal?

O caralho que ela fez isso.

–Não é o suficiente a gente ter feito sexo loucamente, por horas a fio, uns cinco dias atrás, e você quer um repeteco? – respondeu com uma carregada ironia na última palavra.

–Não é. – pelo menos, fui sincero. Queria repetir aquela noite muitas vezes.

–Sua esposa não disse nada das suas cicatrizes de guerra? – ela continuava a zombaria.

–Não, ela não viu. Quando eu disse que ela era ausente pra caralho, não menti. Meus alunos notaram e passaram boa parte da aula fofocando e fazendo piadas, os mais íntimos, obviamente. E eles pediram para que eu passasse um recado para a autora das cicatrizes: Seja menos violenta, discrição é tudo.

–Eu não sou violenta, caralho!

–Minhas cicatrizes de guerra provam o contrário. – devolvi. – Giulia, você leu minha última mensagem... Acho que não preciso falar mais nada.

–Se eu for cedendo, de noite em noite, não vamos diminuir o ritmo. Vai apenas perdurar um caso extraconjugal.

–Então não vamos colocar um número. Vamos de noite em noite. – disse, de um jeito sacana.

Pude ouvi-la suspirar fundo.

–Vamos resolver isso pessoalmente? Acho mais digno. Menos indigno. Chame como quiser. Está ocupado agora?

Era tudo que eu precisava ouvir.

–Não, saí mais cedo do trabalho e estou quase em casa. Se quiser, posso te pegar na sua.

–Não estou em casa. Eu estava no caminho para a UFC, até descobrir que minha aula foi cancelada. O professor adoeceu... Mas posso ir para a sua casa, se você estiver sozinho.

Giulia vai me matar sem nem entender o que fizera.

–Perfeito. Vou passar o endereço por mensagem.

*

Quando cheguei em casa, pedi a pizza que prometi à fome crescente em meu estômago, coloquei a cerveja para gelar, e fui tomar um banho.

Que dia do caralho.

Enquanto eu colocava uma bermuda e uma blusa velha, ela me ligou. Desci para buscá-la, guiando-a com a mão na base de sua coluna. Ela não estava de vestido, nem de saia, para minha tristeza. Ela usava um tênis all star de couro branco, um jeans colado e uma blusa de manga do curso dela. Subimos pelo elevador de serviço. O silêncio entre nós pedia para ser quebrado com o nosso envolvimento físico intenso. Mas ninguém deu um passo sequer. E por isso ficou.

Entramos no meu apartamento, ela o achou bonito. Agradeci. Ofereci a holandesa gelada e suave para ela. Ela aceitou e disse que essa era sua cerveja favorita. Não brindamos dessa vez. Tomamos alguns goles, e notei sua expressão de puro deleite ao tomá-la.

–Então, vamos ao que interessa: olha, você é casado – abri a boca para interromper, mas ela me mandou ficar quieto. – Não é da minha conta sobre como está seu casamento. Realmente não é. E eu não gosto do fato de ser a outra. Por questões morais. – ri, e ela me fuzilou com o olhar. – Eu sei que é hipócrita dizer isso. Não sou burra. Mas não quero mentir para mim mesma... Quero continuar a fazer sexo com você. Qual sua sugestão?

Dei um gole na minha cerveja e me preparei para respondê-la.


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Notas finais do capítulo

E ai, qual será a resposta dele?
Vocês vão ter de esperar para saber!
uehuehuehuehueheuhe
Beijinhos!



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