Sexo, Magia e Rock N Roll escrita por Blue Jay Way, Bas


Capítulo 3
Carinhas bonitas




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Sirius se apoiou entediado na janela. Último dia de férias! Férias que, aos olhos de Sirius, não passaram de jogar baralho no porão de Tiago. Não eram férias para alguém de seu calibre. A rua iluminada pelos postes adquiria um tom cada vez mais convidativo, como se a noite o chamasse para fazer algo melhor do que olhar o asfalto brilhar. Antes que Sirius pudesse deixar o parapeito da janela, vozes vindas do começo da rua o distraíram. Black apertou os olhos e viu seis ou sete rapazes descendo a rua com caixas de bebidas e discos.

                - Ei, Potter! – Sirius chamou.

Tiago, enrolado em uma toalha escorregou do banheiro até a janela imediatamente.

                - Que foi? – ele perguntou já enfiando a cabeça pra fora de casa, se mostrando tão ansioso para uma saída noturna quanto Sirius.

                - Quem são aqueles caras? – Sirius perguntou apontando para os rapazes.

                - Não sei. Devem ser só caras.

                - Pra onde estão indo com todas essas bebidas?

Tiago se apoiou no parapeito com as mãos e meteu o tronco para fora da janela, espiando o fim da rua.

                - Aquele broto do fim da rua está dando uma festa! – ele disse voltando para o quarto.

                - Broto? – Sirius repetiu, tentando enxergar o fim da rua.

Tiago ignorou e se virou para seu guarda-roupas.

                - Não enrola, Sirius. Arranja uma roupa trouxa e chama os outros dois.

Sirius saiu trotando do quarto e logo voltou com Pedro e Remo.

                - Vistam-se, vagabundos, vamos para uma festa. – disse Tiago pulando num pé só enquanto enfiava uma calça jeans.

                - Mas as aulas começam amanhã! – contestou Remo.

                - Por isso que vamos hoje. – disse Sirius enfiando a mão em seu malão e puxando uma camisa.

                - Ah... então tá.

Sem mais protestos ou questionamentos, os garotos trocaram de roupa.

                - Seus pais não vão dizer nada? – Pedro perguntou antes que saíssem do quarto.

                - Não se não ficarem sabendo. – respondeu Sirius.

                - Ótimo. – Tiago concluiu abrindo a porta do quarto.

                - Eles estão na sala. – Remo acrescentou.

Potter fechou a porta, foi até a janela e avaliou a queda.

 

 

- Não foi tão ruim. – disse Sirius.

                - Fale por você.

Tiago se remexeu no chão e Sirius se levantou de suas costas. Antes que o de cima pudesse gritar pelo resto do grupo que continuava no quarto, Pedro pulou a janela esmagando Tiago novamente.

                - Maldita regra de não usar magia fora da escola. – Tiago gemeu.

Remo, o último, saiu da casa devagar e, pisando com cuidado na floreira, fechou a janela. Pulou.

                - Ai, Merlin – Tiago cobriu a cabeça e apertou os olhos, mas Remo acabou por cair em Sirius.

                - Desculpa.

Levantando-se sorrateiros e limpando a terra das roupas, os meninos, sem a menor vergonha na cara, pularam as grades da casa e se dirigiram ao endereço da festa, sem bebidas, nem discos e nem mesmo o nome da anfitriã, contando apenas com suas carinhas bonitas.

 

Desceram a rua e pararam na casa mais com as luzes ainda acesas e jovens barulheiros.

                - É aqui.

Um rapaz de ar mimado fumava na porta com mais dois amigos de ar igualmente mimado. Ignorando-os, os garotos foram direto para a porta aberta da casa, exibindo meninas rindo e dançando.

                - Onde pensam que vão? – o rapaz mesquinho perguntou segurando o ombro de Sirius. Ninguém respondeu.

                - De onde conhecem a Lizzy? – ele perguntou medindo cada um dos meninos.

Sirius bufou mexendo o ombro, afastando a mão do purgante.

                - Larga a mão. A gente conhece ela e só. – ele respondeu se voltando para a porta. O rapaz não se contentou com a resposta e puxou Sirius de volta.

                - Escuta, “Barry Gibb”... – o menino começou, dando uma olhada zombeteira para os cabelos na altura do pescoço de Sirius. – Ninguém entra assim na casa da minha garota.

                - Ah, não seja chato. Veja bem, prometemos não mexer com a... Lizzy. – disse Remo.

Antes que o rapaz pudesse responder e começar uma briga sem reais motivos, uma garota apareceu na porta, se apoiou no batente e avaliou os quatro garotos mordendo o lábio inferior com um sorriso. Sirius, seguindo seus instintos naturais, devolveu um sorriso igualmente sedutor.

                - Desmond, pode deixar. Entrem, rapazes. – ela disse olhando diretamente para Black.

Os garotos entraram.

                - Sua namorada ainda vai promover uma orgia. – um dos rapazes metidos disse rindo a um frustrado Desmond.

 

 

Ao som de David Bowie, The Police, The Beatles, The Who e tantos outros discos que entravam e saiam do tocador, os garotos se dispersaram, desapareceram e só voltaram a se encontrar horas depois, cansados. Sentaram-se no sofá da sala e notaram a ausência de Sirius.

                - Onde está Almofadinhas? – Tiago perguntou olhando em volta.

Remo rosnou mal-humorado e apontou com a cabeça para um canto do recinto. Lá estava Sirius e a anfitriã promíscua de nome desprezível, trocando carícias indecentes.

                - Ah... – Tiago riu. Remo imitou a risada zombeteiro.

                - Que foi?

                - Não tem graça.

Tiago piscou sem entender.

                - Ahhh! – começou Pedro rindo com um copo de cerveja na mão.

                - Tá com ciúmes! – entendeu Tiago.

                - Não, eu não estou com ciúmes! – Remo afirmou.

                - Não está? – Tiago disse numa vozinha ridícula. – Então está feliz por seu amigo ter catado uma garota mais velha?

Remo soltou um muxoxo.

                - Sabia!

Pedro e Tiago gargalhavam enquanto Remo se encolhia no sofá, ficando vermelho. O volume das risadas de Tiago e Pedro só aumentava, Remo se sentia cada vez mais estressado. Sentia que saia fumaça de suas orelhas.

Mas não era de suas orelhas.

                - Ei... ei! Oi! – disse Tiago pulando do sofá.

                - Que foi? – resmungou Remo.

                - Você botou fogo na cortina. – ele disse.

Remo e Pedro também se levantaram e olharam para um buraquinho na cortina, ligeiramente chamuscado, o fogo andando devagar, podendo ser apagado com um dedo. Numa atitude de desespero para esconder o estrago, Tiago tomou o copo da mão de Pedro e virou na cortina.

As chamas se alastraram numa velocidade impressionante, fazendo os três rapazes pularem para trás.

                - Fogo! – alguém gritou.

Logo, todos na festa se reuniram em volta da cortina, jogando copos de água, terra de vasos, enquanto os mais corajosos se aventuravam tentando arrancar a cortina para apagar o fogo com pisadas.

Sutilmente, Tiago, Remo e Pedro se afastaram e encontraram com Sirius ao pé da escada. Aparentemente, a anfitriã fora tentar ajudar a apagar o fogo, como era de se esperar.

                - Vamos vazar – Tiago disse dando passos rápidos até a porta.

Sirius concordou com a cabeça e seguiu os amigos deixando o resto dos adolescentes tomarem conta do incêndio sozinhos.

 

Em 1960, em Hamburgo, Alemanha, Paul McCartney e Pete Best tocaram fogo nas cortinas do antigo cinema Bambi-Filmkunstthearter para diminuir a escuridão e permitir que eles encontrassem suas roupas. A notícia que se espalhou foi que os rapazes haviam tentado incendiar o cinema. Paul e Pete passaram a noite na cadeia e foram deportados para Londres.


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Notas finais do capítulo

Comentem, moebagem, senão suas meias de Natal se encherão de carvão.