New World escrita por Dawn_Love, Stefany01


Capítulo 1
O inicio




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Luna POV

— Sapphire~! Onde você está? — cantarolei pela floresta, atrás de minha pequena irmã. Brincávamos de ‘pega’, mas acabei perdendo ela de vista. — QUE FRIO! — gritei ao ser atingida por um jato de água. Estávamos próximos ao rio e eu sequer me toquei! Vejo ela sair da água e corro atrás dela.

— Você não me pega! ~ — ela fez careta e voltou a correr. Acelerei o passo e me joguei em cima dela, causando a minha queda dentro do frio rio: ela se esquivou. — Eu disse que não ia me pegar~

Irritei-me e a puxei pela perna para dentro d’água. Brincamos e rimos o resto da manhã. Essa é minha doce rotina: sou acordada por minha pequena pulando em minha cama, levantamos e vamos nos banhar. No caminho, sempre brincamos, como hoje. Quando voltamos, preparo o nosso café e saímos para explorar. Somos novas desse lado da floresta, então sempre tentamos conhecer mais.

— Estou com fome, mana. — observei a pequena Sapphire usar sua fraca magia para secar suas roupas.

— Você está melhorando~

— Sério? — seus olhos brilharam e seu sorriso incontrolável tomou sua face.

— Sim, você está evoluindo minha pequena. — sua barriga roncou. Ambas rimos e, juntas, começamos a caminhar em direção a nossa casa.

Vimos um animal correndo com seu filhote. Eram grandes felinos, pelo pouco que vi. Eles passaram entre nós numa velocidade assustadora, deixando para trás somente o vento levantando nossos vestidos e a grama voando. Continuamos caminhando até chegar em casa.

Como de costume, para o café, somente comemos algumas frutas que recolhemos toda semana. Como hoje brincamos até mais tarde, resolvi fazer algumas torradas, alimento deixado por seres banidos desse mundo: humanos. Sapphire me ajudou a colocar a mesa, levitando as coisas e as colocando em seus devidos lugares.

Almoçamos e fomos para fora. Sentamos na grama e conversamos um pouco. Tínhamos que escolher qual parte da floresta iríamos explorar hoje.

Algumas horas se passaram e finalmente fomos caminhar. Apesar de só termos brincado, estávamos cansadas, então resolvemos explorar uma área perto.

— Que tipo de pessoas você acha que vamos encontrar lá? — ela pulava alegre.

— Não sei, mas espero que sejam gentis. — sorri, segurando sua mão.

Gelei. Senti um leve cheiro de sangue distante de nós, e ao nosso redor, uma enorme sede de sangue me mantinha alerta. Vi uma sombra passar num momento, no próximo, somente senti o peso sobre minha cabeça cair. Meu cabelo foi cortado, eu pensei. Estava certa. Puxei Sapphire para próxima de mim, tentando protegê-la. Uma forte presença nos ameaçava.

— Seu cabelo... — Sapphire disse quando a puxei. Seu coração batia rápido e seu rosto estava pálido. Um homem se projetou à minha frente. Suas vestes escuras davam um ar sombrio a ele, mas em seu rosto pude ver um belo sorriso. Sua pele era pálida, mas pouco podia ver. Estava coberto da cabeça aos pés por roupas pretas, além de um longo sobretudo de mesma cor, com um capuz para terminar o ar misterioso. Seus lábios se mexiam enquanto escrevia algo em uma espécie de pergaminho. Não havia pena ou caneta, muito menos sangue ou algum tipo de tinta, mas mesmo assim, as palavras surgiam sobre o papel.

– Nemo mihi panem, nemo mihi paululum bibere, et oculi meie t máxime profundum, carorum nominum... — Ele sussurrava. Era um mago experiente, creio eu. — Ingens ad ea cum clamore captus, infirmos... — sua voz estava cada vez mais baixa. Aos poucos, fui me afastando, sem deixar Sapphire olhá-lo. Não entendi muito bem o que ele dizia, mas era um conto contado em línguas mortas. Esse tipo de magia é poderosa demais para enfrentá-lo sem a lua. — Verbum, et sic deinceps, et duxit me ad tertiam, factum est propter ALTERUM!

Nada aconteceu ainda. Nos olhamos e vi seu rosto dar uma leve corada.

— Minha vez. — sorri travessa. Por um momento esqueci que era dia ainda. — Sapphire, duas espadas, por favor. — Ela pegou os palitos que prendiam meu cabelo no chão, fechou os olhos e sussurrou algumas palavras. Ela vem treinando isso há um tempo, mas ainda não controla bem. Ela me trouxe as espadas. Eram simples, sem detalhes no cabo, lâmina levemente cega e uma corda preta com duas bolas penduradas na ponta, amarradas no cabo. — Tome. — sorri, lançando a espada ao inimigo. Seria injusto atacá-lo desarmado.

Lutamos como se fosse em uma competição amadora. Não senti aquele desejo de morte exalando dele, mas ainda nos cercava. Não era ele a ameaça. Senti algo passar próximo ao meu rosto, cortando de leve minha bochecha. Vinha de trás de mim. Olhei, mas nada havia. Fiquei em alerta ao receber um golpe do inimigo. Seu capuz caiu, mostrando um belo jovem, sem sentimentos, diferente daquele sorriso de antes. Seus olhos verdes me paralisaram. Notei uma pequena marca em sua testa. Ele me atacava sem hesitar. Sem sequer pensar!

— CUIDADO LUNA! – Sapphire gritou. A lâmina de sua espada passou próxima a minha garganta, criando um corte superficial. A lâmina antes cega, agora estava tão afiada quanto as garras do mais forte tigre desta floresta. A marca em sua testa crescia.

Comecei a levar a luta mais a sério, parando de desviar e defender, passando a atacar sem hesitar. Ele era bom com a espada, mas após aquele corte em meus rosto, ele ficou ainda melhor. Acertei sua barriga. Graças a Flora, a lâmina era cega. Em um ato suicida, joguei-me sobre seu corpo, derrubando-o. Sua espada também caiu. Algo em seu peito me machucou quando cai sobre ele. Abri sua camisa, deparando-me com uma espécie de inseto preso ali. Estava penetrando sua pele aos poucos. Tentei retirar, ganhando novos cortes na mão. Não era um ser normal, era feito de magia. Sua barreira protetora era forte, mas não queria machucá-lo, somente retirá-lo. As espadas voltaram a ser somente pauzinhos de cabelo.

Ele se debatia e gemia de dor, mas não desisti. Com muito esforço, aguentei a dor e tive força o suficiente para retirar. O jovem mago parou de se mexer. Em um ato de desespero, encostei meu rosto em seu peito, tentando ouvir seu coração.

— Está vivo... — sussurrei aliviada.

Encostei ele em uma arvore e pedi para que Sapphire buscasse alguns curativos. Após alguns minutos, ela voltou cansada, carregando um kit de primeiros socorros. Com a ajuda de minha pequena, coloquei curativos em seu corpo. Mexi em suas roupas, encontrando um envelope escrito “Dimitri”.

— Ele vai ficar bem? — Sapphire perguntou, fitando-o preocupada.

— Vai sim. Ele só está desacordado. — levantei cansada. É assim que esse mundo funciona agora: ou você mata, ou você morre. Um mundo onde a força é que manda. Mesmo assim, não consigo matar alguém. — Que a lua te ilumine.

— Vamos pra casa? – perguntou a pequena Sapphire. Estava transformado em um indefeso filhote de gato preto no momento. Esta é sua forma favorita.

— Vamos, já esta tarde. — Sorri. Sapphire sussurrou algo, mas por algum motivo, seu rostinho estava triste.

— O que houve?

— Seu cabelo… — Eu havia me esquecido desse detalhe. Ela estava tentando fazer meu cabelo crescer? Que doce.

— Está tão feio assim? Estava pensando em cortar ele mesmo… — ela sorriu.

— ESTÁ LINDA! — isso me conforta. Meu cabelo cresce rápido até demais. Já estava o dobro do meu tamanho, creio, mas a preguiça não deixa com que eu corte.

Pegamos nossas coisas e deixamos flores de jasmim ao lado de Dimitri. Continuamos caminhando pela floresta, até chegar a noite. Era uma bela e sombria noite, diria. Estava tudo tão calmo após a batalha que achei estar sonhando.

Chegamos em nossa casa: uma cabana simples no centro de uma plantação de dente de leão. Sapphire, inocente, corria por entre as plantas. Estava em sua forma real agora. Seus longos cabelos negros brincavam com o vento. A lua hoje era nova, infelizmente. Lua cheia combina mais com ela, afinal, costuma iluminar-te a pele corada do rosto, a qual possui uma feição inocente e pura. Isso, para um mundo como este, é um tesouro raro perdido em meio as guerras.

Entramos em casa. Coloquei Sapphire em sua cama.

— Me conta uma história, Luna?

— Sobre o que? — me sentei ao seu lado e a cobri.

— Hm... sobre o porquê de estar tendo tantas brigas. — sua inocência me assusta. Recuei, de certa forma.

— Você vai ter pesadelos, pequena.

— Eu entendo as coisas! Eu não tenho medo! — ela se levantou. Estava agitada.

— Bem, eu não sei o porquê de tal guerra. Mas irei tentar descobrir para você, ok? — me sinto mal por mentir para ela, mas não tem jeito.

— ‘Tá. — respondeu com bico. Vivendo em uma época de guerra ou não, ela ainda é uma criança.

Ela finalmente se acalmou e dormiu. Saí, deitando nas flores. Esta guerra... ela acontece por ganância. Poder, riqueza, sede de sangue e a porcaria de um prêmio que ninguém sabe ao certo o que é. Por isso que acontece tal guerra. Por isso este mundo não é mais como antes, onde você era rodeado de paz, como nesta manhã. Adormeci.

— Acordou, Sapphire? Tch. — ele cuspiu no chão ao meu lado. —Que demora. Imaginar que perdi para isso. A ‘escolhida’. — fez aspas no ar. Ele mexeu nos bolsos, retirou algumas flores de jasmim e jogou-as em meus rosto. — Inútil.

Era um lugar escuro, sujo. Eu ouvia ratos. Tentei me levantar, mas estava presa por correntes. Minha boca estava amordaçada. Olhei para o rosto dele. Era a “vítima” de tarde. Dimitri. Ele puxou o pano de minha boca de forma violenta.

— Onde está Sapphire? E o que você quer?

— Sapphire? — ele deu uma pausa. — A criança maga que te acompanha? Não interessa... — parecia confuso. — O que quero? Você, Sapphire. A escolhida. — Ele errou de pessoa?! — Me chamo Dimitri. Lembre-se, afinal, eu serei o ser que vai te matar, jovem escolhida.

Ele força um pano sobre meu rosto, tentando me desacordar. O cheiro era muito forte. Prendo a respiração. Era clorofórmio. Ouço a porta ser chutada algumas vezes, e por fim, caindo. Alguém veio me salvar? Mas quem? Não... era mais perigoso que Dimitri! Uma forte onda de ódio entrou, junto de uma chita. Meus pelos arrepiaram e eu recuei. Sua sede por sangue era assustadora! Dimitri levantou. Seus machucados já estavam curados…? Talvez.

— QUEM É VOCÊ? — ele gritou com um ar ameaçador.

Ela era linda, mas passava uma sensação de medo só de estar ali, parada, nos encarando. Seus longos cabelos loiros estavam bagunçados, manchados de sangue, assim como suas vestes. O vento brincava com seus cabelos e roupas.

Sua pele, levemente bronzeada, possuía manchas marrons, semelhantes a de um guepardo. Suas garras pingavam sangue fresco. Estava louca, diria. Ela se abaixou, colocou as mãos no chão e, ali mesmo, transformou-se em um guepardo. Seu olhar me deixava paralisada. Sua pupila fina tinha um brilho dourado intimidador. Ela com certeza está fora de si!

Em um único movimento, pulou sobre Dimitri, derrubando-o. Suas patas estavam em cima do pescoço dele. Se ele morrer, eu serei a próxima... tenho que salvar Sapphire, não posso morrer aqui! Toquei em Dimitri e ela tentou me atacar, cortando as cordas em meus pulsos.

Comecei a orar, transformando-me. Por sorte, era lua nova. Cantei, mas não houve nenhum efeito. Orei mais uma vez. Ela arranhava Dimitri aos poucos, tirando-lhe gemidos de dor.

— Me empreste seus poderes, pai... — implorei. Cantei novamente. Não ia desistir aqui! Não antes de encontrar minha Sapphire. Os ferimentos de Dimitri estavam piorando. A gueparda, por sorte do destino, arrancou novamente o inseto do peito de Dimitri, que gritou de dor. Seu corpo inteiro estava sangrando graças as garras da felina.

Dimitri estava dormindo, então estava funcionando. Por sorte, a chita voltou a sua forma humana. Ela saiu de cima de Dimitri assustada. Olhou para suas vestes e mãos. Estava de volta a si. Quanto mais se observava, mais chorava. Ela levantou e correu para fora. Eu a segui. Depois cuido de Dimitri, de novo.

Deparei-me com um massacre! Ela havia matado muitos seres da floresta. Um de cada espécie, suponho. A grama estava toda manchada. Havia sangue por todos os lados!

— O que eu fiz...? — ela caiu de joelhos, chorando ainda mais.

— Vai ficar tudo bem... — eu a abracei e voltei a cantar. Ela caiu no sono, ainda chorando.

Amarrei o jovem mago e o puxei até em casa, enquanto apoiava a chita sobre meus ombros. Estou ficando cansada. Ela é leve, agora ele...

Finalmente chegamos. Suspirei, levando-a para o quarto. Como imaginava, Sapphire já não estava mais aqui... coloquei-a sobre a cama de Sapphire e puxei o outro para dentro. Cuidei do machucado de ambos enquanto dormiam. Ele vai ser meu guia na busca pela minha pequena! Finalmente adormeci. Amanha seria um longo dia…


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Notas finais do capítulo

Erros, duvidas, pedidos, ideias, qualquer coisa, é só avisar ♥
Espero que tenham gostado e não deixem de comentar. Façam uma escritora feliz ♥