A noite daquela sexta feira parecia mais escura que o normal. Um jovem cujos cabelos pareciam ter vida própria sentava em seu quarto, um notebook em sua coxa direita e a concentração quebrada por sussurros no quarto próximo. Tais sussurros seriam comuns caso ele não estivesse sozinho em casa com possibilidade nula de ter mais alguém em sua casa. Ele definitivamente lembrava um deus. Fato deveras interessante levando-se em conta que isto provavelmente era exatamente o que ele era.
Por um momento, ele ouviu os sussuros cada vez mais altos. Sua curiosidade não permitiria que ele continuasse sentado no quarto, apenas esperando que algo aconteceu. Ele tentava se manter sentado. Mas algo o atraía para o outro cômodo.
Enfim, levantou-se. Colocou um pé para fora do seu quarto, pressionou o interruptor mais próximo e notou que a lâmpada não acendeu. Isso fez com que ele ficasse cada vez mais nervoso, fazendo com que ele começasse a suar. Se dirigiu até a gaveta mais próxima de sua cama e encontrou uma lanterna.
Acendeu-a e, com passos curtos e leves, andou para o quarto de onde vinham os sussurros; agora, mais próximo, sentia que a voz não era uma, mas duas. Uma delas lembrava-o de alguém que conhecia, e a outra possuía um sotaque pesado de pelo menos trinta e dois países.
Andou um pouco mais, até a porta, empurrou-a e levou a lanterna rapidamente em direção ao lugar de onde percebeu os barulhos.
-Giusheeeeeee!!!!!!!!!!! - gritou o jovem deus - O que ce tá fazendo em minha casa?? - levou seu olho até a direita, onde encontrou um outro ser, cujo sexo não pôde definir no momento. - E santo eu! Quem é ess@?
-ITZA ME MIRUKU MARU I'M GRET. - respondeu o ser.
Caio, como se chamava, naquele momento estava sem palavras.
-Caio, eu posso ex-- Dizia Giu-chi, antes de ser interrompida por um barulho altissimo.
Na parede ao lado da pessoa que se apresentava como Miruku Maru, um buraco foi aberto e um equino atravessou-o. O cavalo corria infinitamente em direção de Caio, que rapidamente estendeu sua mão à frente fazendo com que seus majestosos cabelos se estendessem até sua frente, parando o cavalo.
No mesmo momento, Caio notou uma garota mais nova que ele segurando o rabo do cavalo. Quando percebeu que o cavalo se machucou, a garota gritou:
-AI MEU CAVALO!!!!
Aquelas palavras criaram agitação nas pessoas que estavam ali. Era algo deveras inesperado, e acompanhando isso seguiu-se um sentimento confuso, algo estranho invadindo os arredores da casa. Porém, para Caio, aquilo era ainda pior. Parecia que sua antítese vinha.
E, como um Deus, ele não poderia estar mais certo: do chão, subiram duas pessoas. Um homem, com uma máscara preta cobrindo sua boca e nariz, olhos sem pupila e chifres curtos como de um troll câncerigeno raivoso; e uma mulher com grandes olhos e visual totalmente oposto ao homem: vestia uma touca da personagem Hello Kitty(talvez contrastanto com o fato de que é considerado um demônio), bochechas salientes, e repetindo a palavra "kawaii" constantemente.
-Sinto que fui invocado... Por uma força superior. Uma força... EQUINA!! Sinto que um cavalo chamou por mim, o grande e poderoso Zarapeta!!!!!!!
-Arty, pare de se impor como todo poderoso. Ainda precisa malhar muito, mor.
-Jessy!! Pare de me envergonhar em frente das crianças.
As pupilas do demônio demonstravam tristeza, mesmo sem tê-las.
-Uh que - disse a garota do cavalo, que usava óculos enormes de armação rosa, com uma camisa de manga longa vermelha e branca, com um disco de vinil desenhado. Mais estranho: a garota não usava calças, mas sim a parte de baixo de uma fantasia de dinossauro, apertada o suficiente para deixar sua [AH BUNDAAAAAAAAA] bunda saliente. Irônico, de certa forma, pois no momento todos ouviam um som em voz baixa de uma obviamente garota proferindo constantemente as palavras "DAT ASS", variando, às vezes, "BOOTYYYY". No entanto, aquela voz parecia começar a ficar cada vez mais alta, dando sensação de aproximação.