Comecei à rir com a raiva dela e peguei o celular pra me distrair. Ela rapidamente arrancou-o de mim e espremeu as minhas bochechas.

– Tá doendo. - Tentei falar com as bochechas começando a machucar.

– Então não faça isso de novo.

– Você sabe que não é possível passar desse jeito, tá tão desesperada por quê? - Revirei os olhos e ela me soltou.

(PAUSA E OBS: Pra escrever essa fic ficou claro que eu tive que pesquisar sobre Aids né gente? Ok, então não estou modificando NADA sobre a doença para me favorecer. HIV pode SIM ser transmitido através de machucados e amamentação. Por saliva, APENAS se a pessoa soropositiva estiver com algum machucado. ACABOU A PAUSA)

– Você é louco. - Ela disse.

– Dá pra parar? Você não é um monstro. - Bati com o celular na mesa.

– Sou quase isso...

– Tchau. - Me levantei e fui embora.

Quando saí do Starbucks ouvi ela gritar.

– Ei, eu não vou atrás de você. Se é isso que você espera.

Continuei andando e, do nada, começou a nevar.

– Merda. - Comecei a correr para minha casa.

Quando cheguei botei a bateria no celular e o liguei. Duas mensagens. A primeira era da Clarissa dizendo: "Oi, por que não me atendeu? Está muito ocupa? Eu ia perguntar se queria sair...Ok, tchau.". A segunda era da Sofie e ela tinha acabado de enviar: "Seu maluco! Me deixou sozinha na neve". Salvei o número da Clarissa no meu celular e...como a Sofie e a Clarissa tinham meu número?

" A sofie deve ter salvo quando eu liguei pra ela daquela vez que eu não pude ir lá e a Clarissa deve ter salvo quando eu a tranquei aqui" - Pensei.

Liguei para Clarissa.

– Alô? - Ela atendeu.

– Oi, é o Jonna. Lembra? O que você enviou a mensagem. Bom...o convite ainda tá de pé?

Ela fez um barulho com o nariz. Acho que era algum tipo de risada.

– Claro. Passo na sua casa em 30 minutos. Tchau.

– Não pera. - Chamei antes que ela desligasse. - Deixa que eu passo aí daqui à 30 minutos, combinado?

– Combinado. - Ela riu e se despediu desligando o telefone.

Troquei de roupa que tinha molhado com a neve e desci até a cozinha.

– Oi mãe. - Abracei ela por trás.

Minha mãe era uma mulher linda. E não digo isso porque é minha mãe não, ela realmente é linda. Ela tem 34 anos e é magra, mas vive reclamando do corpo. Seus cabelos são castanhos brilhosos e ela deixa uma franja caída no olho que, nossa, ela me fascina. Se não fosse minha mãe e tivesse a minha idade, eu pegava. Minha mãe sempre cuidou de mim com unhas e dentes e nunca vi ela levantar a voz com ninguém. Minto. Teve aquela vez que os cachorros pularam na piscina e ela gritou com eles. Fora isso, eu, pessoalmente, não vi.

Ela usa muito vestido. Quer dar um presente pra ela? Que dê vestido. Ela ama. Acho que os 17 dias das mães que passei com ela, 15 foram vestidos, os outros 2 eu decidi inovar e dei um sapatos que combinassem com seus vestidos. Ela adorou. Ela adora tudo desde que a faça bem.

Saí do meu devaneio quando ela se virou e beijou minha testa.

– Senta ali na mesa. - Obedeci e ela me deu um tapa na bunda, como sempre.

Ela veio com um prato de Cookies e um copo de achocolatado.Comi os biscoitos, tomei o chocolate e dei um beijo nela.

– Vai aonde? Acabou de chegar. - Ela botou os pratos na pia.

– Desculpa mãe, eu combinei com a Clarissa de sair...quer que eu fique?

– Claro que não, pois que vá. Na volta quero você só pra mim, entendeu bem? - Ela disse enquanto limpava o prato que usei e botava no armário.

– Volto acompanhado de filmes. - Dei um beijo e corri pela casa pra sair pela porta da frente.

Fui até a porta de Clarissa e a esperei. Ela tinha pintado o cabelo de roxo e estava usando um suéter enorme, calça camuflada e uma bota preta enorme. (Clique aqui)

A levei para um parque que era fechado (quando digo fechado, quero dizer que não era ao ar livre). Muitas pessoas estavam em volta de um brinquedo e Clarissa ficou animada para saber o que era. Recarreguei o cartão e passei no brinquedo que estava rodeado. O "treco" era enorme. Clarissa empurrou as pessoas e passou o cartão duas vezes.

– Por que passou duas vezes? - Perguntei me aproximando dela.

– Porque você também vai. - Ela me empurrou para roleta e depois passou junto. O brinquedo se aproximou da gente, sentamos no banco e a moça abaixou as alavancas que nos prendiam no brinquedo. Ela apertou o botão e pegou nossos pertences. De repente o brinquedo nos levantou pra cima e Clarissa começou à rir freneticamente. Fomos jogados de um lado para o outro, para frente e para trás, para cima e para baixo. O cabelo dela veio no meu rosto e ela riu.

– Gostei da cor. - Olhei pra ela.

Ela olhou pra mim e me encarou por um tempo. Nesse momento, tudo parou.