Até o fim escrita por Isabella Cullen


Capítulo 7
Me deixe ser algo bom




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“Que horas exatamente é tarde? Isso ficou meio vago... não vou apareceu lá do nada! Mas ela vai estar esperando...hum... se eu tivesse pelo menos o celular ia ficar mais fácil. O que num domingo poderíamos fazer?Isso ficou meio vago.” Edward acordou cedo demais, não estava acostumado a dormir cedo. Não sabia o que fazer com o tempo livre, entrou na internet e não conseguiu distrair a cabeça o suficiente para o tempo passar. Desceu as escadas e viu Alice brincando com umas amigas na sala, sua mãe não estava avista e nem seu pai. Foi para cozinha e viu sua mãe conversando com uma empregada com um copo de café nas mãos.

– Bom dia mãe. – Ele reparou na longa camisola, ela devia ter acordado a pouco também.

– Bom dia! – Esme estava radiante de felicidade por ver Edward em casa e não chegando. Não deixou transparecer muito, mas mostrou uma felicidade incomum.- Quer café?

– Acho que vou querer uma vitamina. Não estou com tanta fome.

– Maria prepara uma vitamina, vamos estar na sala.

– Mas Alice...

– É verdade, vamos então para a piscina. Seu pai saiu cedo para resolver uns problemas, me faça companhia.

– Claro.

Eles foram caminhando pela casa até chegar na área grande reservada para a piscina, sentaram numa mesa de vidro um pouco longe da água.

– O dia está maravilhoso, nem tão quente e nem tão frio. Um domingo perfeito, não acha?

– É verdade... – Edward se lembrou da tarde, o que ele iria fazer? Sair? Passeio na praia?

– Acho que vou pedir para o seu pai quando chegar me levar no cinema, estou querendo ver um filme que estreou essa semana.

“Cinema... hum.. que filme ela gostaria de ver?” Enquanto sua mãe ainda falava dos planos ele se concentrava em arranjar um programa adequado, ela não era uma garota comum, queria agradar. Esme continuou falando, mesmo percebendo que ele não estava ouvindo, ela não sabia o que Edward estava pensando, mas tinha uma leve impressão de ser algo com Isabella. Ela viu quando ele se levantou da mesa com pressa quando ela levantou com aquele acompanhante, percebeu também que ela não voltou para o salão. Havia algo acontecendo e ela espera que fosse algo bom, ela parecia uma menina respeitada. Não bebeu na festa, dançou maravilhosamente e abrilhantou a festa com o vestido. Com certeza tinha um senso e uma classe, muito diferente de Tânia. Ela não gostava nem desgostava de Tânia, ela era simpática, mas nunca a viu conquistando Edward, ela era comum demais.

– Sabe Edward poderíamos almoçar todos juntos na casa de sua avó hoje o que você acha? – Ela não queria realmente aquilo, só queria saber se ele tinha planos. A reação de Edward confirmou sua suspeita, ele saiu do transe e olhou com uma expressão confusa para sua mãe.

– Sabe mãe... eu tenho um compromisso.

– Vai sair com seus amigos? – A expressão mudou, ficou nervoso. Ela controlou um riso que estava querendo sair.

– A Isabella me convidou para ir à casa dela... De tarde.

– Hum... – Esme não esperava por isso, pensou que ele simplesmente iria sair com ela, ir à casa? O que isso significaria? – E vocês vão sair?

– Não sei. Ela pediu para mim passar lá.

– Edward veja bem o que vai fazer! – Ela precisava ser mãe naquele momento, mesmo sabendo que talvez não fosse nada demais. Ela tinha a sensação de que Isabella era uma boa menina, não tinha muita certeza da onde vinha aquilo, a sensação de tranqüilidade em pensar neles namorando. Mas ainda era cedo para isso, talvez ela só quisesse conversar.

Edward desconversou, não queria mais falar nisso. Esme começou a falar da festa e das fofocas, ele não queria ouvir, só que ele deveria dar mais atenção a ela. Essa pareceu uma oportunidade, mas as horas demoraram ainda mais para passar.

Isabella estava tendo um dia complicado, tinha videoconferências o dia todo e não estava ainda muito preparada para algumas, a manhã dela passou voando. Jacob só tinha deixado um bilhete avisando que tinha adorado a visita e que era a vez dela agora. Ela sabia o que ele queria dizer, Clairee iria fazer uma última cirurgia contra um câncer. Era a vez dela acompanhar a amiga em comum, colocou na lista de afazeres comprar as passagens. Quando se deu conta já eram uma hora, Edward devia estar chegando, ou pelo menos era isso que ela queria. Pensou por uns segundos que “passa lá em casa de tarde” era muito vago. Lembrou do número do celular dele na lista e mandou uma mensagem, demorou para elaborar um pequeno texto. Edward levou um susto quando viu a mensagem, ele conseguiu fugir da conversa quando seu pai chegou e ficou no seu quarto pensativo. “Estou te esperando, quando puder vem. Isabella.” A ansiedade tomou conta de suas ações, se arrumou rapidamente, só quando já ia saindo lembrou que não tinha um programa preestabelecido, respirou fundo quando saia de casa e disse uma frase comum e banal na sua cabeça. “o que tiver que ser vai ser”. Antes de chegar na casa dela se arrependeu disso, deveria estar preparado.

Margarida abriu a porta gentilmente, levou ela até o escritório da última vez. Ela estava sentada, cabelos presos, usando óculos e com o computador na frente da mesa.

– Ela está numa videoconferência, pediu para você esperar aqui.

Isabella olhou e sorriu amigavelmente, ele se sentou num sofá na frente da mesa que ela estava. Observou os livros e os quadros na parede. Depois ouviu ela falar numa língua desconhecida, não era inglês e nem espanhol. O pouco que sabia de língua parecia um francês e a viu os papéis ao lado do computador ela falava com muita fluência seja lá que língua era aquela e riu quando viu os chinelos no pé dela, ela brincava com ele delicadamente. Isabella observou ele rindo e ficou com vergonha, estava difícil se concentrar com ele ali sentando na frente dela. Queria apressar aquilo, mas não poderia terminar o dia sem resolver esse problema. Talvez quando fosse à Londres devesse passar em Paris e acalmar uns investidores, eles estavam com problemas em aceitar sua nova colega de trabalho. Escreveu isso na lista de afazeres e Edward continuou a olhar e admirar cada minúsculo gesto que ela fazia. Meia hora depois, finalmente, ela fechou o computador.

– Oi. – ela disse timidamente, a presença dele ainda trazia emoções que faziam a mão suar e o coração acelerar.

– Oi, acho que cheguei numa má hora.

– Nada disso, eu estou em reuniões o dia inteiro.

– Ainda tem mais alguma?

–Só daqui a umas horas.

– Você estava falando em francês?

– Sim, discutindo em francês é um termo melhor. – Ela solta um leve sorriso e Edward gostou de ver ela bem-humorada. – Você fala francês?

– Não. Só acho que identifiquei.

Isabella e Edward ficaram se olhando, um silêncio constrangedor, ela levantou arrumando uns papéis e colocando em ordem calmamente ela teve uma ideia.

– Você está com fome?

– Quer sair para comer? – Ele poderia levá-la a um restaurante... era um programa bom ele pensou rapidamente.

– Acho que não vou ter tempo de chegar a tempo para a próxima reunião, posso fazer algo para a gente comer o que você acha?

– Claro.

– Então vamos para a cozinha.

Eles andaram lado a lado pela casa grande e clara pelo sol que brilhava lá fora, ele reparou na sala e nos móveis bem colocados e ajustados. A casa e tinha um ar praiano em algumas partes. A cozinha estava vazia, ele se perguntou pelos empregados, ela foi em direção a geladeira grande e pegou algumas vasilhas e colocou em uma bancada no meio. Ele resolveu se sentar em um dos bancos que estavam ao redor da bancada. Isabella ainda se concentrava em colocar diversos tipos de coisa na bancada, uma hora ela olhou e percebeu que tinha muitas opções.

– Como você vai querer seu sanduíche?

– Hum...não sei – ele se perdeu naquelas opções.

– Vou fazer um para mim e você vê se gosta tudo bem?

Ela foi pegar o pão que estava em um lugar distante da bancada e voltou rapidamente.

– Sua mãe fez um ótimo trabalho, estava tudo perfeito!

– Ela é boa nisso, organiza todo o tipo e evento. Esse é um dos principais, todo ano precisamos vê-la por meses nervosa com os preparativos.

– Vale a pena. Mas me fale de você. – Isabella agora estava cortando queijo e presunto.

– O que você quer saber?

– Já sei o que sua mãe faz, me fale do seu pai.

– Ele é meio distante, seu pai o reprimiu muito então ele não sabe lidar muito bem com essa história de família. Ele tenta, mas é péssimo nisso.

– Vocês pareciam felizes no jantar.

– Somos felizes, acho que toda família tem problemas internos. Meu pai é distante, minha mãe é a cola da família e minha irmã é chata.

– Ela pareceu legal.

– Ela é uma menina irritante... não se deixe enganar pelas aparências!

– Acho que irmãos sempre dizem isso um do outro, tenho certeza que ela não deve achar nada diferente disso.

–Ela me acha chato mesmo.

Edward parou e observou como Isabella se sentia a vontade na cozinha. Ela ficou um pouco sem graça quando percebeu que ele ficou mudo.

– Você sabe cozinhar?

– Sei, morei sozinha.

– É verdade.

Antes que pudesse falar outra coisa Isabella colocou um sanduíche na frente dele. Ele reparou que não tinha visto o que ela colocou ali.

– Prova esse, vê se gosta.

Ele deu uma mordida generosa e ficou maravilhado com o gosto. Era realmente muito bom.

– Que molho é esse? – A boca ainda estava um pouco cheia e Isabella riu do som incomum que saiu. – Desculpa.

– Eu fiz agora. Nada demais. Gostou?

– Amei!Posso ficar com esse?

– Claro.

– Se importa de enquanto eu comer você falar um pouco de você?

– Não, o que quer saber?

– Como era a sua vida antes de vir para cá? – Edward pensou que a resposta iria ser longa o suficiente. Isabella respirou fundo e pensou um pouco.

– Já contei para você grande parte. Estudei numa escola interna, viajei muito, morei sozinha e depois da morte da minha mãe vim para cá para ficar mais próxima daquilo que chamo de família.

– Dê mais detalhes.

– Bom, minha escola era legal. Não tínhamos turmas como as outras escolas tradicionalmente tem, na verdade depois dos 12 anos escolhíamos assuntos de interesse. Fiz culinária, por isso sei cozinhar bem. Também fiz Latim e estudei história medieval. Tínhamos matérias assim tradicionais, mas outras eram bem incomuns como Mercado Financeiro. Viajei muito porque nós tínhamos as chamadas experiências. Pode chamar de intercambio, dá quase no mesmo. Eles chamavam assim porque era uma experiência única e particular, ninguém viajava junto, eram países diferentes e não escolhíamos o lugar. Fui para a Índia aos 13, para a Hungria aos 14, Rússia aos 15, Israel aos 16 e Espanha aos 17.

– Você fazia o que nessas viagens? Visitava os pontos turísticos.

– Não, na verdade morávamos durante três meses com uma família local, tínhamos que respeitar a religião, a cultura e também interagir. O importante era interagir. Não recebíamos dinheiro nem podíamos ligar para nossos pais mais que uma vez por semana.

– Como vocês viviam?

– Vivíamos de acordo com a situação financeira da família. A escola monitorava tudo, relatórios e essas coisas. Nunca passei fome se isso responde a sua pergunta. – Ela riu do rosto dele, Edward estava assustado.

– E depois dos três meses?

– Voltávamos para a escola, trocávamos experiência em salas de debates e estudávamos mais seis meses. Férias de três meses depois disso.

– Nesses três meses em casa você ficava com sua mãe?

– O máximo de tempo possível!Nós geralmente ficávamos ou em Boston ou numa casa na França. No interior da França, muito bonita.

– Bom, e depois dos 17? Formatura eu imagino.

– Não, nos formamos aos 18 lá. Meio tarde, mas com nossos currículos conseguimos entrar em qualquer faculdade do planeta. Aos 17 anos eles nos mandam morar com um grupo de nossa escolha, num apartamento ou numa casa de nossa escolha, arranjar um emprego e nos sustentar por um ano, um amigo meu trabalhou numa lanchonete.

– E você?

– Trabalhei como secretária numa firma de advogados. Jacob trabalhou com atendente num hotel e Claire foi babá de umas crianças irritantes. Mas nos deu responsabilidade, não tínhamos dinheiro para nenhuma extravagância e valorizamos cada centavo. A escola monitora os gastos e os salários então nada demais podia ser feito. Embora Jacob sempre conseguia um luxo ou outro. Renné sempre levou a escola a sério e nunca me deu dinheiro quando mandavam comunicado dizendo para cortar a mesada ou algo assim.

Edward tinha acabado de comer e Isabella já estava se preparando para sentar em frente a ele.

– Agora é minha vez, como é a sua vida?

Ele não tinha nada demais para contar e sentiu mal. A vida dele não incluía viagens ou casas em outros países.

– Bom, acho que nada demais. Fui um menino bem normal, problemático, mas normal. Sempre tive muitos amigos e sempre gostei de sair. Comecei a beber cedo, sem meus pais saberem e depois minha mãe descobriu e teve um ataque do coração. Nunca repeti o ano ou algo assim, mas também nunca fui o melhor da turma. Quando entrei na faculdade a freqüência que ia a festas aumentou e minhas notas caíram um pouco, mas minha mãe já estava mais conformada até descobrir as drogas. Isso a abalou um pouco, ela sabe que não sou nenhum viciado, só que isso não ameniza nada. Bati com o carro algumas vezes, me machuquei outras e me meti em algumas brigas.

Ele estava de cabeça baixa, foi sincero em tudo que disse. Isabella ainda estava sentada comendo o sanduíche sem nenhuma expressão alarmante. Doeu mais contar do que ouvir, Edward parecia muito envergonhado e Isabella queria o deixar sentir aquilo, a vida dele estava sendo algo inútil demais, não podia negar que tinha gostado da sinceridade.

– E mulheres?

– Namorei muito. Até demais. E você?

– Acho que me foquei em outras coisas.

A resposta não surpreendeu Edward, o instigou um pouco mais.

– Nunca gostou de ninguém?

– Gostei sim. Só que nunca deixei me levar por isso.

– Nunca se envolveu então?

– Não da forma que você se envolveu. Os homens são traiçoeiros.

Ele sentiu a direta, ela não iria dizer nada que o consolasse. Ele era uma pessoa traiçoeira e se arrependeu por uns segundos de tê-lo ali, tão perto e de estar tão vulnerável. Edward pensou que se ele ainda estava ali algo estava acontecendo, ela o chamou, isso era bom ou devia ser bom

. Era inegável a atração, tão inegável que os olhares se encontravam e se desviavam de vergonha algumas vezes. Edward não tomou nenhuma iniciativa, achou que por mais que ela estivesse tão interessada quanto ele não iria apressar as coisas. A falta de experiência dela e o medo de ter o coração despedaçado por algum inútil, como ele, não seria concretizado por ele, seria algo legal e tranqüilo seja lá o que eles tivessem um dia. Viu Isabella ajeitar os cabelos algumas vezes e ficou louco de desejo, quis por vezes beijar seu pescoço e acariciar seu rosto, iria lutar com todas as forças para aquilo se tornar tão real quanto na sua cabeça.

Isabella pediu para ele ficar no lugar que tinha estado antes para ela ir para a última reunião quando voltaram para o lugar em que estavam. Ela agora falava inglês, folheava alguns papeis com gráficos, muito longe para ele se atrever a entender o que era. Esperou admirando sua beleza e firmeza, muito diferente dele. Depois da reunião, um pouco mais curta do que a outra, eles foram para sala e ficaram conversando sobre diversos assuntos. Tudo na vida dela era muito único, Edward admirava cada segundo que ela compartilhava com ele de sua vida de viagens e aprendizado. Isabella não bebia, não fumava e não tinha outro tipo de vícios. Falava de muitos assuntos e parecia dominar todos muito bem. Seus gostos por filmes e comida pareciam iguais, mas de resto eram água e óleo.

Ela era ocupada e ele se mantinha desocupado, ela era séria demais com tudo na vida e ele não tinha compromisso com nada. Ela parecia tão determinada a fazer de tudo uma experiência ótima para ela e todos ao redor enquanto ele era somente um egoísta sem rumo. Quando saiu da casa dela ficou pensando nas inúmeras desigualdades dessa união, nada parecia muito proporcional. Ele estava muito agitado para voltar para casa, viu as ligações perdidas no celular de Tânia e seus amigos e decidiu dar uma volta de carro. Numa velocidade moderada ele vagou pelas ruas calmas, quase vazias, de domingo. Algo estava acontecendo, sentiu uma coisa gostosa no ar, ficou relembrando de Isabella. O jeito como ela mexia o cabelo, o perfume e outros movimentos tão ressaltados na sua mente, se sentiu insignificante muitas vezes, se sentiu mal e ainda não sabia muito bem o motivo.

Um sorriso insistente estava nos lábios de Isabella, acordou eufórica e ansiosa pelo dia. Sem querer pensar muito nos contras de uma relação com Edward ela ficou feliz deles terem tido um tempo maior. Ligou para Jacob rapidamente, ele estava mais eufórico que ela, isso realmente seria um problema se ela continuasse muito tempo com ele no telefone. Desligou depois de alguns minutos alegando que estava atrasada para sua caminhada. Trocou de roupa e foi caminhar, Alec foi a uma distancia razoável novamente, mas ela não ligou. Queria gastar aquela energia extra que parecia estar querendo sair pelo peito dela e não adiantou nada quando avistou Edward parado em um quiosque com uns amigos. Precisou se lembrar de continuar caminhando, suas pernas queriam vacilar,suas mãos suaram mais um pouco. Ele soltou um sorriso acolhedor ao vê-la, largou um amigo falando sozinho e foi em direção a ela, sem olhar para os olhares atrás dele.

– Bom dia! – ele disse sorrindo largamente.

– Bom dia. Acordou cedo.

– Fui dormir cedo.

Ele não tinha saído, Isabella gostou dessa afirmação. Ela pensou se ele teria dito para ela saber que ele não estava com mais ninguém. Resolveu pensar nisso depois.

– Vai caminhar?

– Sim. – ela olhou rapidamente para o relógio de pulso. Ele seguiu o olhar dela.

– Atrasada para algum compromisso?

– Não, só queria caminhar antes de sair.

– Posso ir junto?

– Claro! – ele sorriu com o ânimo dela. Ela poderia gostar dele como ele gostava dela? Edward quis saber.

Eles caminharam em silêncio por uns minutos antes de algum dos dois conseguirem raciocinar em algum tema para conversa. E quando começaram a falar de alguma coisa realmente interessante foram subitamente interrompidos.

– Edward! Que bom vê-lo aqui. Cedo para você.

–Hum... – ele ficou muito sem graça. Isabella encarava Irina. Lembrou dela da festa.

– Tânia conseguiu falar com você? Ela estava te procurando. – Uma pontada de ciúme, deveria ser a outra do lado dele na festa. Isabella olhou para o mar fingindo não muito interesse. – Olha ela ali!

“Isso não está acontecendo” Pensou Isabella antes de olhar para o outro lado da rua. Edward ficou nitidamente sem saber o que fazer, sua expressão de surpresa enquanto Tânia se aproximava era visível e ainda mais constrangedora.

– Tânia, achei seu Edward. – Um veneno bem certeiro. Irina tinha acertado na dose.

– Oi amor.

Isabella ficou paralisada olhando a cena. Tânia deu um selinho em Edward e se colocou do lado oposto ao dela. Pareceu que ela estava sobrando, ela não fazia parte da linda cena ao lado dela.

– Oi, meu nome é Irina. – ela falou olhando para os olhos perdidos de Isabella, ela realmente queria ter outra reação, uma mais superior, mas não conseguiu.

– Oi. Já vou, eu estou atrasada.

Ela saiu em disparada, atravessou a rua tão rápido que Edward só conseguiu se livrar dos braços de Tânia e ver ela entrar pelas ruas cheias.

– Edward quem era?

– Me esquece!

Ele ainda tentou segui-la, mas eram ruas movimentadas e não sabia a direção que ela tinha tomado. Ficou vagando até chegar a conclusão de ir para a casa dela, resolver o mal entendido. Mas eles não tinham nada como poderia haver mal entendido? Aquilo tinha se complicado, ele ficou sem saber o que dizer. Chegando na casa dela ela já não estava mais, o telefone desligado não ajudou em nada.

Uma revolta e uma confusão estavam atormentando Isabella, ela pegou o carro e foi para casa de Sue. “Estúpida! Estúpida!” Ela repetiu para si mesma várias vezes enquanto dirigia para lá, chegou perto do apartamento percebeu que não queria dar satisfações a Sue de seu comportamento estranho, ela não iria falar nada diferente do que ela já sabia. Resolveu voltar. Voltou um pouco contrariada, se sentiu muito infantil relembrando sua saída. Uma reação espontânea e descontrolada, ela foi uma menina imatura e contrariada que foge ao perceber algo errado. “O que deveria fazer? Ficar ali vendo Tânia e Edward?” Chegou a conclusão de que uma despedida mais madura seria o melhor, mas foi demais para ela. Ela percebeu os novos e fortes sentimentos que brotavam quando se tratava de Edward, “talvez...” pensou de relance “ talvez...” Apagou da cabeça tudo que pudesse completar aquela frase. Ela ainda rodou um pouco antes de lembrar de Alec, ele deveria estar um pouco preocupado, se ela não voltasse rápido Charlie com certeza seria acionado e isso seria mais algum ponto ruim no dia que estava péssimo o suficiente. Chegando perto de casa as perguntas que não queriam sair da cabeça dela continuaram a aparecer. Ela era namorada dele? O que ela teria demais? Ela é um romance passageiro ou algo mais fixa? Algo mais formal? Ela percebeu o ciúme e teve aversão aquele sentimento, para ela era mais imaturidade surgindo dentro dela.

Entrou em casa desgastada pelas emoções que percorriam seu corpo, ficou surpresa ao ver aquela figura sentada no sofá dela de cabeça baixa. Sua chegada não foi notada de primeira e os dois ficaram se olhando por alguns minutos em silêncio. Os dois avaliando muito bem o terreno antes de mais nada, era preciso cautela, havia sentimentos de ambas as partes isso era nítido aquela altura, mas o que iria acontecer? O que se faria? Ele mudaria? Ela aceitaria? Seriam tão diferentes que isso os afastaria por completo. Impossível não pensar nisso, impossível não perceber a dúvida nos olhos de cada um.

– Vou tomar um banho. Já volto.

Isabella saiu da sala calmamente, controlando a vontade de falar tudo que estava querendo, gritar em algumas partes. Ela se sentia enganada e realmente não via motivo para aquilo, ele era o que era e nunca tentou esconder. A presença dele poderia ser um bom sinal, uma ponta de esperança durante o banho surgiu sem que ela se desse conta sorria pensando que ele estava ali e não com Tânia. Seria uma ponta decisiva, ela iria ouvir e não julgar. Perguntar e não tirar conclusões precipitadas.

A visão de Isabella sentada na frente dele o deixou atordoado, ela estava ainda mais linda. Os cabelos molhados e o vestido curto com uma cor de verde que ele não conseguia comparar a nada além de musgo o deixaram distraído por alguns momentos, as pernas a mostra e os pés brincando com o chinelo de novo. Um hábito ele percebeu.

– Edward, desculpa, foi muita falta de educação sair daquele jeito. – ela queria manter a calma, foi rude mesmo sair daquela forma. Não queria sair como uma criança mimada.

– Isabella, Tânia não é minha namorada. – isso não aliviou em nada e ele percebeu o olhar dela quase fulminando ele. – Não nego que temos.. tínhamos algo, mas nunca foi nada sério... nunca gostei dela.. nunca...

– Não precisa me dar satisfação Edward.

– Preciso sim. Preciso porque estou gostando de você.

Aquilo a pegou de surpresa, algo imaginário tomou forma. Nem Edward sabia da onde tinha tirado coragem para aquilo, mas estava nas mãos dela e Isabella sentiu um frio imenso na barriga. Seus olhos arregalados e coração acelerado precisaram de uns minutos para se recompor.

– Bom...

– Não precisa me dizer nada agora, só não me afaste. – ele imaginou que ela não poderia descartar ele assim, sem antes ele tentar provar, tentar ou sei lá o que fosse que ele teria que fazer.

– Tânia... Há quanto tempo?

– Uns meses.

– Vocês já... – isso pareceu meio estúpido depois que ela começou, resolveu não terminar.

– Sim. – um dor no peito acusou outro sentimento ruim. Ela o tinha de muitas maneiras, mas isso era normal.

– Ela gosta de você.

– Ela me vê mais como uma posse eu acho, um prêmio a ser ganho, não sei se ela gosta assim de mim. Se gosta sempre soube que não sentia o mesmo.

– Você deixava isso claro?

– Com muita freqüência, ela me conhece demais para esperar algo mais sério.

Isabella ficou chocada com aquela afirmação, Edward percebeu o olhar de espanto dela para ele. Ela olhou para baixo, ficou sem esperanças de repente. A frase era mais verdadeira do que qualquer outra pronunciada. Ele não era um tipo confiável ou ao menos respeitável.

– Edward não quero me meter em nada, sabe você tem uma maneira diferente demais de ver as coisas, não se trata as pessoas assim. Eu sei que ela aceitou, mas havia sentimentos e sei lá... você parece não ligar para mais anda além dos seus próprios prazeres.

– Isabella não sei como começar, acho que palavras não vão mudar nada disso. Eu era assim, mas quero ser diferente.

Isabella queria acreditar, ele parecia sincero, mas quantos no mundo não faziam isso só para conseguir mais uma conquista. Ela queria acreditar, mas não conseguia. Não havia o que dizer realmente, palavras não seriam suficientes. Ele percebeu nos olhos dela a hesitação.

– Só não me afaste. Não preciso de mais nada agora que sua presença. Eu sei que não sou príncipe encantado, mas posso ser.. sei lá... algo bom na sua vida. Algo diferente. Por favor.

Como negar aquele pedido. Como afastar a vontade crescente de cair naquele precipício chamado Edward. Ela tinha que se arriscar para saber no que daria, negar os seus sentimentos não iriam mudá-los ou diminuí-los.

– Tudo bem, mas a verdade é uma condição. Verdade.

Ele queria abraçá-la, beijar e deixar todo o seu desejo fazer o resto, mas um sorriso levantou a bandeira branca. Ela retribuiu o sorriso com outro, ainda hesitante, mas ele estava confiante que iria mudar aquilo. Transformar a desconfiança em confiança, eles tinham tempo, tinham sentimento e tinham algo que nem eles descreviam tão bem. Amor? Paixão? Burrice?

– O que você vai fazer hoje?

– Tenho compromissos no centro, vou me encontrar com... - ela olhou para os lados, Edward percebeu uma confusão. – Acho que com uns amigos de Charlie, eles querem me aconselhar sobre investimentos mais seguros. Acho que é isso.

– Parece sério.

– Demais.

Margarida entra na sala.

– Alec pediu para avisá-la que o carro já está pronto.

– O carro?!

– Sim.

– Para quê?

– Sua aula, hoje vai ser numa área externa.

Isabella tinha se esquecido completamente daquilo, hoje eles teriam aula num jardim, ela não conseguia se lembrar bem o nome, mas a professora tinha pedido para todos se encontrarem num ponto que Alec disse saber bem onde era. Ela se levantou rapidamente.

– Esqueci disso!

– Aula? - ele perguntou sem entender.

– Faço um curso na UCLA de pintura. Hoje tenho aula em outro lugar... Droga! Não tenho nada pronto.

– Pintura... – Edward tentou imaginar rapidamente ela pintando – Quer ajuda?

– Vamos no quarto, preciso descer com algumas coisas. Margarida diga a Alec para abrir o porta-malas vou precisar levar o cavalete dessa vez.

Isabella guiou Edward pelo segundo andar da casa, ela entrou num quarto que ficava bem no meio do corredor. Quando ele entrou em seguida viu os cavaletes espalhados pelo quarto sem nada além de materiais de pinturas espalhados, quadros inacabados e alguns no canto prontos.

– São lindos.

Ela olhou na direção. Ficou vermelha quando percebeu que estava exposta, ele entrou no quarto que ela mais gostava, seu santuário, seu esconderijo. Ali não havia celulares, incomodo ou Charlie a lembrando de ficar segura. Ela estava segura dos fantasmas e dos medos.

– Girassóis... lindos.

Era um quadro grande, estava no meio dos outros, eram vários girassóis pintados de maneira desordenada, mas com muita vida, pareciam quase reais demais. Ele precisou chegar mais perto para ver as diversas minúcias escondidas pela distancia. Havia uma técnica, ele não sabia bem qual, mas os girassóis pareciam em autorrelevo, alguns mais distantes outros mais pertos. Ela ficou ali envergonhada, mas feliz.

– Amo girassóis. São alegres... Transmitem algo diferente.

– Meninas não gostam de rosas?

– Essas também são bonitas, só não tem o mesmo encanto para mim.

Única” ele pensou rapidamente.

– O que precisamos descer? Você não está atrasada?

– Deixa eu ver... esse cavalete do seu lado, pode colocar o quadro ali no canto junto com os outros e eu vou pegar os pincéis.

Mais rápido do que ele gostaria eles desceram com tudo, Alec os ajudou a arrumar tudo na porta-malas e Isabella foi buscar uma muda de roupa para trocar depois da aula. Ela disse que deveria passar o dia inteiro fora e eles só se veriam de noite. Ela ligaria se chegasse mais cedo. Eles estavam fazendo planos, Edward quase entrou em êxtase quando percebeu aquilo, planos. Tinha realmente algo ali, quando Isabella saiu ele estava muito agitado ou eufórico para voltar para casa, pegou o carro na garagem e foi dar uma volta. Ligou o som numa altura adequada e foi vagando sem rumo, vendo as pessoas na orla. E depois de uns minutos pensando viu o horizonte, viu as possibilidades, viu as mudanças, viu tudo que queria e que não achava. Agora tudo era passado, só aquilo importava.


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