Até o fim escrita por Isabella Cullen


Capítulo 25
Uma segunda vida. Uma segunda chance.


Notas iniciais do capítulo

Bom meninas chegamos ao penúltimo capítulo, eu vou postar o último em seguida e espero que gostem e desde já obrigada mais uma vez pela confiança e apoio!



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Felizes para sempre na terapia.

ELA

– Oi, meu nome é Isabella.

– Sim, bom dia. Meu nome é Kate. Sente-se por favor.

Isabella entra calmamente avaliando o ambiente, ela se senta no sofá em frente a poltrona. Era um consultório bonito, móveis escuros e bem posicionados, uma estante com livros e diplomas colocados na parede. Fotos na mesa atrás da poltrona, uma janela grande com cortinas brancas. Quando Kate se sentou ela ainda estava olhando os detalhes do consultório.

– Edward só tem elogios para você. – Isabella começou a conversa.

– Nos conhecemos há muito tempo.

– Você o tratou depois do... – bom, não tinha um nome exato, não foi acidente, não houve uma morte física então o que seria aquilo?

– Só depois de um ano que começamos o tratamento.

Ela fica pensativa, Kate sabia de tudo.

– Como ele reagiu?

– Isabella essa informação não vai acrescentar em nada e acho que nesse ponto você já deve saber de alguma coisa. Vamos falar de você, tudo bem?

– Claro... Claro.

– Você casou com Edward não foi?

– Acho que não foi bem um casamento... pelo menos no sentido de festa e convidados.

Isabella se sentia insegura na presença de Kate.

– Casamento é união.

– Nos casamos então. – ela abre um sorriso tímido.

– Como foi? – Ela olha Isabella mexendo no anel que Edward deu a ela, um pouco nervosa pela percepção de Kate.

– Acho que você já sabe.

– Não do seu ponto de vista.

Isabella para o movimento que estava fazendo com o anel e olha nos olhos de Kate.

– O meu ponto de vista é o mesmo que o dele.

Kate sorri amigavelmente.

– Então não se preocupe, sou eu que vou ouvir tudo de novo.

Isabella analisa Kate por uns segundos, não estava se sentindo confortável com aquilo.

– Edward me pediu em casamento no dia que mostrou a casa que era da minha mãe. Foi lindo, simplesmente perfeito. – ela começa a fazer movimentos mais calmos com o anel – Desde então moramos lá.

– Rápido não é?

– Sim, muito rápido. China, hospital, você está viva, não estou casado, casa comigo.

Kate não teve como não achar o tom dela engraçado.

– Então vamos devagar. Quer falar sobre a China?

Uma expressão de dor passou por Isabella, mas ela respirou fundo e se forçou aquilo.

– Desculpa.

– Se você não se sente a vontade para falar podemos mudar de assunto.

– Não teve ninguém que tenha feito essa pergunta antes, foi uma surpresa. Virou tabu falar sobre China e outras coisas do passado.

Kate levanta uma sobrancelha.

– Tabu?

– É.. causa dor demais. Edward acha melhor deixar isso de lado.

– E você quer falar sobre isso?

– Sempre houve tanta resistência que isso uma hora passou.

– Passou?

– É.

– Então vamos quebrar esse tabu. Como foi?

– Olha, não sei se posso contar isso numa ordem cronológica perfeita.

– Vamos nos entendendo conforme você for me contando, devagar, tome seu tempo.

Ela tentava começar, mas por onde? As imagens passando pela cabeça, uma confusão de dados.

– Lembro de ser horrível respirar. Doía só de fazer o movimento. Era para eu estar morta entende? Como eu tinha acordado? Como estava ali? – A expressão de dúvida dela dava a impressão dela estar revivendo o dia em que acordou ou algumas horas depois, Kate não soube precisar, não poderia interromper. – Eu tinha aceitado a morte, estava pronta para aquilo com certeza. Acordar não estava nas possibilidades, ninguém sabia o que eu tinha combinado, não havia testemunhas do acordo.

Nessa hora a dor virou raiva e mãos se fecharam com muita força.

– Passei anos amaldiçoando quem tinha feito aquilo. Uma raiva me consumiu, mas de uma outra forma, não era agressiva nem nada, era uma raiva estranha, interna. Canalizada para os pensamentos ou sentimentos, era... era como se ela não conseguisse sair e fazer nada além de arder dentro de mim. Tinha dias que ela parecia explodir em meu peito. Chamava a morte nessas horas, queria estar morta naquele caixão e não ali, com aquelas pessoas preocupadas e amorosas. No meio do caos havia eles, cuidando e sendo atenciosos. Eu... – uma falta de ar a tomou, Kate se preparou para um ataque, mas ele não veio. Ela se controlou rapidamente quando percebeu que aquilo vinha. - Não sei se foi entre a raiva e a dor, eu comecei a cronometrar... Agora ele deve estar se formando, agora ele deve estar morando sozinho. Gostava de imaginar ele bem, com suas próprias conquistas. – lágrimas iluminaram seus olhos, mas não desciam. – Estava feliz quando imaginava ele assim, vivo e vivendo, produzindo, amando... com possibilidades. Mas a realidade é que eu estava morta para ele, enterrada em qualquer lugar e não poderia jamais participar da vida dele de novo, vê-lo casado iria acabar de me matar. Eu seria uma lembrança... uma namorada da juventude. – as lágrimas caem ainda contidas, não pareciam ser suficientes para Kate.

Uma pausa longa se deu antes dela conseguir falar novamente.

– Eu não sei em que ordem se deu nada disso, só sei que uma hora, não me lembro em que ano ou mês a dor passou. Só que eu também não conseguia mais sentir nada. Demorava muito para alguma emoção voltar, uma coisa ou outra me tirava dessa inércia de sentimentos. Quando acabei de pintar o quadro dele, por exemplo, nunca fui boa nessa parte, mas aquele quadro parecia à réplica exata. E ficou ali... me dizendo que aquilo era tão real quanto o ar, eu não via, mas sentia. Ficou tudo nublado, me lembro pouco... depois tudo andou rápido demais.. minha saúde piorava e eu não sentia nada além de pena dos que sofriam com isso. Ho e Xiaoli eram pessoas maravilhosas e sofreriam quando eu morresse, mas eu também não poderia viver mais.

– Quando você foi procurar ele... o que sentiu?

– Não sei bem ao certo o que foi aquele rompante, quando vi a foto dele morto Eu despertei. Eu estava muito mal, sabia que iria morrer, não faltava muito. Mas queria vê-lo, de longe que fosse não tinha nada assim preparado. Só fui. A minha vida não colocaria mais a dele em risco e eu poderia pelo menos vê-lo...

Ele

– Como ela está? Como foi?

– Você sabe muito bem que eu não vou responder a nenhuma dessas perguntas. Vamos recomeçar a consulta. Como você está?

– Olha Kate...

– Edward concordei em ver Isabella porque você consegue ser muito insistente quando quer, mas se continuar assim vou pedir que procurem outra pessoa.

Ele percebeu que a ameaça era real e não queria perder ela. Kate tinha se tornado uma amiga, uma verdadeira amiga.

– Estou bem, preocupado com ela. Nos últimos meses não faço outra coisa se não pensar nela e no que posso fazer. Ela... ela fica mais estranha a cada dia, não sai de casa, come com muita pressão, fica parada horas no mesmo lugar... ela nem se incomoda de estar mal posicionada ou algo assim. As vezes ela anda pela casa, procurando algo... Se ela quisesse algo era só pedir. Estou preocupado. – Ele passa as mãos no cabelo, um movimento nervoso, tenso.

– Edward.. o que você achou que iria acontecer? Ela passou oito anos assim, isso não some da noite para o dia.

– Não some, mas pode não é?

– Possivelmente.

– Isso não é resposta Kate.

– Vá com calma com ela.

– Mais calma, ela não quer nada, tudo parece tão...

– Diferente? Estranho? Ela passou de morta a fantasma... de uma pessoa sem esperança a casada. Vá com calma ou vai sobrecarregar ela. A saúde dela ainda não é algo muito estável.

Ela

– Como foi de viagem?

– Bem, desculpa te avisar em cima da hora que não poderia vir. Edward me carregou para uma fazenda no interior. – Um tom meio ressentido para uma lua-de mel surpresa.

– O que foi? Não gostou da surpresa?

– Gostei, mas não me sinto a vontade de...

–Sair a deixa nervosa?

– Sim.

– Mas não tem como você ficar o tempo todo em casa Isabella. Não combinamos que você iria fazer compras ou um programa uma vez por semana?

– Uma lua-de-mel foi demais para mim... haviam pessoas conhecidas lá. Me olharam com aquele ar...DETESTO ISSO!

– Conhecidos... quem?

– Empregados da casa dele, da época em que namorávamos. Acho que ele se esqueceu que os caseiros eram empregados na época.

– Bom... não há como se esconder para sempre.

– Isso me faz me sentir mal você não entende? Eu não sou um fantasma!

– Se coloca no lugar deles, a maioria sofreu com Edward... o viu de luto.

Ela respira fundo.

– Isso não vai acabar nunca não é? Daqui a cinco anos vou me encontrar com outra pessoa e ela vai me lançar o mesmo olhar.

– Cinco anos é muito tempo. E você precisa lidar com isso de uma forma melhor, canaliza no lado bom... na segunda chance, vocês tiveram uma segunda chance.

– Não tem lado bom em ser fantasma, Kate.

– Fantasmas não tem consulta, não casam, não podem seguir com suas vidas e nem ter tantas esperanças e sonhos como vocês. Pare de ver assim e veja como as coisas realmente são Isabella. Você e Edward perderam uma oportunidade... uma lua - de –mel.

– Possibilidades... – uma reflexão naquela palavra. Uma lembrança. Londres.

– O que a deixa nervosa em sair?

– Não sei... só fico nervosa só de pensar. Quando a mala ficou pronta fiquei parada ali pensando no dia da fuga. Parecia tão próximo daquilo mesmo estando tudo diferente.

– Já conversamos sobre isso. Ele morreu.

–Ele morreu, mas o que ele fez não.

Ele

– Eu te avisei.

– Foi um desastre. – Edward estava com a cabeça baixa, os olhos expressavam uma tristeza muito grande.

– Desastre?

– Ela... ela se fechou. Kate me ajuda, estou trabalhando em casa agora. São seis meses assim, pelo amor de Deus o que eu faço?

– Dê tempo e espaço para ela! Ela está frágil Edward. Como foi?

– Bom, na hora de sair ela sentiu uma falta de ar, não queria ir, falou que estava se sentindo mal. Insisti e ela acabou indo, coloquei as malas no carro e ela ficou olhando aquilo vagando por algum lugar no universo. A viagem foi toda assim, não dissemos uma palavra um para o outro. Quando chegamos ela relaxou, curtimos alguns minutos de paz e tranqüilidade. Depois quando os caseiros vieram, e eles a reconheceram, depois disso foi um desastre completo. Ela quis vir embora de qualquer jeito, consegui fazer ela ficar mais dois dias, mas sem muita emoção, ela se fechou, quase não comia e nem saia do quarto.

Kate respirou fundo.

– Você pressionou ela demais.

– Não era para eu ajudar ela?

– Ajudar é chamar ela para ir na casa dos seus pais... tomar sorvete na esquina... ir na casa de um amigo. Não uma fazenda que fica a horas de distancia!

– É.

– Agora, como vão as coisas na ONG?

– Nada bem... o processo de que te falei não está andando como esperávamos. Confiei demais no Laurent, estamos com muitos problemas... descobri algumas fraudes.. olha está uma confusão.

Ela

– O que foi? Estou achando você um pouco preocupada.

– Edward, tem alguma coisa errada, não sei o que é.

– Como assim?

– Ele está trabalhando em casa. Percebi que ele está muito nervoso nesses dias... gritou ontem no telefone com alguém... não sei, não ouvi o nome.

– Hum... você perguntou a ele?

– Achei que seria impróprio.

– Pergunta para ele o que foi Isabella.

Isabella ficou olhando para Kate.

– E como estávamos em relação a outros assuntos?

– Fui ao supermercado com Edward semana passada.

– Muito bom e aí?

– Me senti mal no início. Foi estranho... depois foi engraçado. Nós nos divertimos.

– Que bom Isabella. Qual a próxima programação?

– Ainda não pensei, mas algo desse tipo, acho. Edward mudou muito... queria conhecer esse novo e mais maduro Edward. Engraçado também, quando não está me olhando com aquele olhar especulativo ele é muito engraçado.

– Especulativo?

– É.. como se esperasse outra reação ou avaliando meus sentimentos... me analisando.

Ele

– Como foi a semana?

– Nada bem... as coisa pioraram. Fechamos temporariamente a ONG.

– Fecharam? Laurent...

– Ele agora está me acusando de tudo o que eu acusei ele, só que ele não tem provas concretas, mas isso vai levar um tempo.

– Vi alguma coisa nos jornais. Isabella viu?

– Não.. não quero preocupar ela em nada.

– Besteira, ela é sua esposa. Coloque ela atualizada antes que ela se atualize.

– Ela descobriu alguma coisa?

– Edward vamos discutir isso de novo?

– Não.

Eles

– Vamos fazer isso com calma. Isabella deixa Edward se explicar.

– Como você escondeu isso de mim? Como pode... – A voz de Isabella era um pouco mais alta, mostrava uma tensão muito grande.

– Olha eu só queria te ajudar.

– Escondendo que quase foi preso? O que você pensou? Que quando a polícia fosse te prender seria uma boa hora para me contar?

– Eu não fui preso. Você está exagerando.

– Não me fale mais isso! Sou capaz de fazer uma loucura caso pronuncie essas palavras juntas de novo.

Kate precisou controlar o riso, aquilo era inédito. Eles tinham entrado de cara feia um para o outro, era a sessão de Isabella e ele veio assim de surpresa. Ela começou a gritar e se alterar demais. Foi difícil encontrar um ponto de equilíbrio.

– Isabella, volta para casa por favor...

Agora eram duas crianças brincando de se esconder pensou Kate ainda tentando entender essa loucura.

– Olha, pelo menos atenda os telefonemas. – Edward implorou.

– Eu não sei mexer naquilo, desliguei aquela porcaria cheia de botão.

– É só um celular, podemos trocar por um modelo que você goste mais. Sabe quando comprei você estava com problemas para sair... escolhi o que a vendedora falou que as moças gostam... sei lá... não passou pela minha cabeça...

– Eu não saio de casa porque não consigo! - ela explodiu e Kate observou suas reações com mais atenção - Acha que isso é só para te irritar? Te prender em casa?

– Pelo amor de Deus não pense assim...- era uma voz suplicante – só quero que você melhore. Curta a vida amor, você é muito nova para isso.

Um minuto de silencio, fazia uns minutos que Kate não sabia o que era aquilo.

– Isabella, Edward tem sido muito compreensivo não acha?

– Eu sei... – ela começa a chorar, algo inesperado. – Mas sou incapaz de dar aquilo que ele precisa. Se eu fosse uma esposa normal ele não me esconderia nada... isso me deixa arrasada! Estou triste comigo! Por isso eu sai de casa.

Ela chora um choro desesperado e Edward a abraça. Ele acaricia seus cabelos e beija sua testa. Põe suavemente a mão no rosto dela e puxa para perto de seus lábios. Ele sente a respiração ofegante e tremula dela bem perto.

– Respira meu amor e já vai estar fazendo tudo por mim. Eu deveria ter te contado, desculpa.

Ele a beija delicadamente e ela corresponde uma maneira ardente. A saudade falou mais forte que tudo, foram cinco dias sem se ver, muita coisa para quem passou anos sem nada. Uma eternidade para quem ama fervorosamente.

– Acho que a sessão foi muito boa, liberados.

Ela

– Bom, como foi a semana?

– Boa. – ela sorri.

– Pelo jeito está tudo bem.

– Sim.

– Li nos jornais que a história foi esclarecida.

Isabella faz uma cara um pouco culpada.

– O que foi? O que aconteceu?

– Eu liguei para Charlie, mandei ele comprar o presidente se fosse necessário, mas que Edward pudesse reabrir a ONG e que ele resolvesse isso imediatamente.

Kate ri.

– Bom.. pelo jeito o Presidente aceitou.

– Não precisou de tanto, só deu uma acelerada no processo. Edward ganhou porque não tinha feito nada mesmo, ficou provado, só não se deu muita consideração ao que estava ali.

– Hum... Charlie comprou todo mundo.

– Acho que foi por aí. Não pedi detalhes.

– Edward sabe disso?

– Acho que ele desconfia, mas não se importa. Ele era inocente. E outra coisa, ele agora está muito preocupado com a renovação dos contratos, uns importantes. Outras firmas tem sondado os clientes dele e isso o está preocupando. Ele falou que não iria reabrir a ONG até isso terminar. Não gostei nada disso.

Kate observa por uns segundos Isabella.

– Por que você não faz alguma coisa?

– Bom... já pensei nisso.. só que..

– Nada disso, nada de desculpas. O mundo não mudou tanto Isabella e seus conhecimentos podem ser atualizados, se você não sair dessa caixa não haverá razão para uma segunda chance... uma segunda vida.

– Você sempre fala isso para mim.

– Porque é verdade.


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Notas finais do capítulo

E então meus amores, hora de parar de sentir medo e se jogar na vida não é mesmo? beijos!



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