Até o fim escrita por Isabella Cullen


Capítulo 23
Uma visita e muitas histórias


Notas iniciais do capítulo

Bom meninas obrigada pelos comentários lindos! Esses dois hoje vão nos tirar o fôlego! Bom capítulo!



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– O que você está fazendo aqui? – Isabella acorda meio desorientada, mas reconhecendo a figura sentada na poltrona ao seu lado da cama onde geralmente a enfermeira ficava.

– Quanto tempo achou que eu iria demorar a aparecer?

Ela sorriu para ele.

– Estava me perguntado isso. Em algum momento eu acho. Foram dias bem agitados.

Os dois se olharam, se estranhando, admirando e se surpreendendo com as mudanças. Apesar de Isabella estar melhor, ainda estava mais magra que o normal. O seu rosto tinha ganhado alguma vida, já não havia mais necessidade de respiradores e nem a enfermeira ficava do seu lado constantemente. A rotina da casa parecia ter voltado ao que ela imaginou ser normal, Esme há alguns dias falava que estava no escritório para qualquer coisa e Carlisle surgia quando achava que ela estava apropriadamente vestida. Na maior parte do dia ela ficava de camisola e roupas leves, dias de muito sol e poucas nuvens enchiam o quarto de toda luz possível e uma brisa leve a acordava pelas manhãs.

– Eu senti tanto a sua falta! Meu Deus... achei que fosse morrer a cada ano.

– Jacob!

Eles se abraçaram por um longo período, sem conter as lágrimas, sem conter cada pedaço que estava necessitado ser reunido por aquele abraço.

– Olha... você está péssima! Já dei uma olhadinha naquele armário e coloquei algumas coisinhas para você. – ele disse se afastando e enxugando suas lágrimas.

– Você não muda! – Eles dão uma risada olhando para os olhos um do outro. Mudanças, muitas mudanças, mas ali estavam sem parecer que os anos foram tão cruéis.

– Me conta tudo! O que eu perdi? – ela perguntou querendo saber o que tentavam esconder dela todo esse tempo.

– Bom... Meu casamento. Nunca vou te perdoar por ter perdido isso!

– Eu estava me fingindo de morta.. protegendo Edward e todos.... bom, acho que fiquei ocupada na China!

– Humor negro... amei!

Eles riram e ela o olhou séria.

– Com quem você casou?

– Rebecca Neil Valenstan.

– Ela não era lésbica?

– Por isso mesmo! Nos damos bem. – ele gargalhou fazendo ela se sentir em casa.

– Jacob....

– Nosso relacionamento é baseado no respeito e na amizade.

– Na falsidade! Falei para você não fazer isso nunca!

– Nada de se estressar tenho uma lista de assuntos proibidos, me falaram para você não se aborrecer.

– Acho que se dane com esses cuidados!

Jacob estranha aquilo e olha desconfiado para ela.

– O que foi?

– Nada, desculpa, acho que estou meio descontrolada só isso.

– Descontrolada não faz parte do seu vocabulário.

– Se atualiza, foram oito anos.

– Nem grossa! Vai me dizer o que está acontecendo?

Ela suspirou deixando a tristeza dominar ela.

– Edward não aparece aqui a duas semanas. Não vem...nem... – ela respira fundo para não chorar.

– Isabella...

– Acho que ele está casado e ninguém quer me dizer.

– Hum...

–E você está proibido de me dizer também. Tudo bem, já me acostumei. – ela deu os ombros como se aquilo não importasse, mas importava. Ela queria saber e achava que merecia saber.

– Ninguém me proibiu de nada, só acho que vocês precisam conversar.

– Ou se afastar. Falei com Esme ontem sobre me mudar ela quase deu um ataque, Sue também não concorda. Acho que ninguém concorda com nada!

– É só preocupação, você está melhor, mas ainda precisa de cuidados.

– Acho que preciso de Edward.

Eles ficaram um tempo em silêncio, Jacob queria contar tudo, mas sabia que Edward queria fazer isso por ele mesmo.

– Como foi com Sue? – Ele muda de assunto e apesar de perceber ela ignora.

– Ela passou mal, desmaiou... Esme precisou retirar ela depois de vários ataques.

– E você?

– Fiquei sem reação... quando cheguei da ambulância ela estava aqui já chorando, já me abraçando. Foi muito difícil, me deram um calmante e dormi. Não sei o que houve, mas ela vem aqui e meus afilhados agora adolescentes... enormes!

– Você não parece feliz. – ele observou.

– Jacob, eu perdi oito anos de tudo, as pessoas me olham como um fantasma e surpresas, Carlisle não aguenta nem ficar mais de um minuto me encarando. Edward sumiu e parece que estou no lugar errado, com as pessoas erradas, na vida errada. Era para estar morta, eu deveria estar enterrada! Todas essas pessoas foram no meu enterro, me viram num caixão e agora estão aqui me vendo falando e respirando!

–Olha, isso vai passar.

– Só você não parece assim. – ela estava desconfiada desde o início, mas não tinha comentado até aquele momento.

–Bom, eu sabia.

–O que?

– Eu desconfiava pelo menos.

– Como assim Jacob?

– Olha eu quero deixar bem claro que essa história de China, protegida pelo FBI... eu não sabia de nada!

– Então...

– Isabella eu vim assim que soube, quando cheguei já estava tudo pronto. Os preparativos para seu enterro já tinham sido todos ajeitados, foi uma correria, todos desnorteados...Eu pedi a Charlie para te vestir. – ele olha para baixo com os olhos brilhando de lágrimas. Foi o pior momento da vida dele. – Eu sempre te vesti, sempre escolhemos roupas juntos... eu trouxe um vestido rosa que compramos em Paris na última vez em que estivemos lá . Penteei seus cabelos, ajudei na maquiagem. Foi muito difícil... foi a coisa mais difícil que já fiz. Mas eu estaria lá para você.

Jacob deixou as lagrimas caírem sentindo a dor das lembrabças. Ele às vezes sonhava com aquele momento, teve pesadelos com aquilo.

– Jacob... – ela estava surpresa, lembrava do vestido. Estava com ele quando acordou.

– Quando estava lá eu te abracei e ouvi as batidas do coração, fracas... muito fracas. Pensei em gritar e sair correndo para chamar alguém, foi quando Charlie chegou e me olhou. Não sei... mas entendi tudo. Ele não conseguia nem falar... suas lágrimas caiam sobre o rosto de maneira sincera demais, era uma despedida, ele sabia que você estava morrendo mesmo. Ou que não a veria tão cedo. Esses anos todos eu fiquei esperando alguma coisa, vim correndo assim que ele me ligou.

– Estou... nem sei...

– Olha dê um tempo para Edward, se dêem um tempo. As coisas vão se ajeitar. O pior já passou.

– Ele está casado? Tem filhos? Por favor Jacob...

– Edward deixou a noiva no altar há um mês mais ou menos, ele não conseguiu.

– É por isso... ai... – Tudo estava mais claro, tudo estava mais confuso também.

– E... Olha, ele tentou. Tentou muito com Giana e eu achava que ela realmente gostava dele, mas sei lá, era estranho. Simplesmente estranho, acho Esme sentia isso também.

– Vocês... depois do enterro...continuaram a se ver?

– Sim, muitas vezes. Ele entrou em depressão depois que você... você se afastou de nós. Esme me ligou para ajudar nesse processo, não fui de muita serventia no inicio, mas depois nos tornamos amigos. Era bom tê-lo perto, parecia que você podia entrar pela porta com ele a qualquer momento, que íamos decidir entre comida saudável ou pizza... – as palavras saem mais emocionadas – Bom, ele foi meu padrinho.

– Edward concordou com esse absurdo?- ela estava surpresa e divertida.

– Não, mas estava lá por mim. Representando você eu acho. Seria você.

Os olhos dela encham de lágrimas de novo, o dia tinha começado cheio de emoções novamente. Parecia que aquilo nunca iria acabar, tantas pessoas para rever, tantas histórias para ouvir, tanta informação para absorver. Era às vezes demais. Na verdade, sempre era demais e tudo vinha junto, lágrimas, lembranças e depois mais emoções misturadas.

– Vim aqui para sequestrar você. Vamos tomar café num restaurante inglês aqui perto.

– O quê?

– Finalmente aprendi a andar nessa cidade e quero mostrar minhas habilidades.

Ela ri com a animação repentina dele.

– Vamos nos arrumar, você está péssima!

– Eu estou melhor, acredite.

– Nada, está horrível, sem mim você é um desastre.

– É verdade. – concordou rindo.

Eles ainda demoram muito para sair, Jacob esperou ela sair do banho e não esperou mais nenhum segundo e foi arrumando seu cabelo e faz uma maquiagem suave e tira algumas olheiras. Estar com ele era mais confortável, a vida parecia mais similar e ele tornava as tragédias engraçadas. O dia foi cheio de humor negro, passearam na praia depois de um café tipicamente britânico, entraram em lojas e discutiram moda como se nenhum mês tivesse passado.

A cidade mudou, mas ele parecia mais familiar com tudo do que ela dirigia com muita segurança para encontrar um lugar para almoçar. Falaram pouco de Edward, Jacob parecia estar evitando o assunto. Eles voltaram no final da tarde, a brisa noturna era proibida para ela, mas o dia foi maravilhoso. Ainda conversaram muito dentro do carro depois de estacionarem na frente da casa de Edward, ela não queria entrar, não havia nada que a interessasse lá dentro. Já sabia que Edward não dormia lá há uns dias e Esme ligou dizendo que iria sair com o marido. Jacob tinha um vôo noturno e já estava indo, queria mesmo era ir com ele para Londres, mas o clima lá estava péssimo, só iria prejudicar sua saúde mais um pouco.

Saiu do carro devagar, com as bolsas do dia de compras, era tudo muito fútil agora, não que não fosse antes, mas se tornou algo ainda mais inútil agora. Para entrar colocou algumas no chão e a porta abriu sozinha. O coração acelerou.

– Me deixe ajudar.

– Não precisa.

– Não, não, eu carrego. – Edward pegou as bolsas e esperou Isabella entrar. O clima não estava tão bom quanto no carro. – Se divertiu?

– Sim.

– Jacob a trouxe antes de escurecer, muito atencioso da parte dele.

– Você que pediu?

– Claro, ele ainda queria te levar para jantar, só que pedi que deixasse isso por minha conta.

Ela desviou os olhos, como uma menina tímida, corou um pouco e isso o alegrou demais.

– Vou colocar essas bolsas no quarto e me espera na sala.

Ele foi apressado em direção as escadas e ela olhou ao redor, não havia reparado ainda na iluminação. A casa estava em um clima... romântico. Ela sorriu e foi andando para sala, as luzes estavam meio apagadas, tinha algumas velas pela sala e rosas vermelhas estavam pela sala enorme, uma musica suave de fundo. Tudo perfeitamente elaborado e lindo, ainda admirada pela nova decoração Edward apareceu com um buquê de girassóis, não pode deixar de sorrir com lágrimas nos olhos.

– Espero que ainda goste.

– Claro.

Ele se aproximou devagar e entregou o buquê, ela sorriu e de olhos fechados sentiu o cheiro das flores. O cheiro trouxe lembranças distantes, mas felizes. Quando abriu os olhos Edward estava mais distante com um vaso.

– As coloque aqui, a água vai fazê-las durar mais que nos seus braços. Vou colocar depois no quarto.

Ela colocou no vaso em suas mãos e percebeu que estava tudo orquestrado demais, ele estava conduzindo ela agora, ela queria ser conduzida. O Edward na frente dela, era um homem que sabia exatamente o que estava fazendo, diferente do jovem rapaz que ela deixou. Ele pegou a mão dela e a conduziu para o sofá, sentaram abraçados como se tivesse uma televisão e fossem ver um filme. Só que não havia filme, havia só eles dois num clima perfeito.

– Desculpa pela distancia. Errei em me afastar, a deixei preocupada não foi?

– Um pouco.

– Achei que você precisasse de um tempo. E a vida começou a se enrolar de um jeito... Quando fui para a China deixei muitas coisas para resolver.

– Giana?

– Já soube então.

– Jacob me contou.

– Isso. Ela está me processando, terei que pagar uma indenização monstruosa pelo constrangimento e tudo mais. Ele te contou o que aconteceu?

– Sem muitos detalhes, mas contou alguma coisa. Você a deixou no dia do casamento.

– Isso.

Ele fazia carinho no seu rosto e mexia no seu cabelo em movimentos leves e calmos. Ele parecia calmo, tranquilo, seguro.

–Você está bem com isso?

– Não, não queria magoar ela desse jeito. Foi pior quando contei sobre você.

– O quê? – aquilo a pegou de surpresa, ele contou dela para sua ex noiva?

– Não teria como esconder isso por muito tempo.

– Você contou que eu não morri?

– Contei a versão oficial pelo menos. Ela não acreditou em nada, disse que vai entrar de novo na justiça.

– Você está maluco Edward?

– Não, só estou cansado, hoje foi um dia cansativo. – ela reparou que ele parecia mesmo cansado demais e não pode evitar o pensamento que ficar longe dela deveria ser um esforço muito grande.

– Você conversou com ela hoje?

– Não, há uns dias. Hoje eu fui encontrar com uns sócios da firma de advocacia para falar sobre o andamento de alguns contratos. Foram reuniões bem estressantes.

– Firma?

– Montei uma firma, hoje ela é um bom negócio, mas já quase me levou a falência. Jacob não te contou que presto serviços para alguns investimentos dele aqui na Califórnia?

– Não.

– Ele ajudou muito, me deu uma oportunidade que me abriu portas internacionais. Hoje estamos muito bem cotados no ramo, mas devo isso a ele.

– Não acredito nisso...

– Sou padrinho do casamento dele. – sorriu para ela daquele jeito maravilhoso.

– Eu soube disso! O que deu em você para apoiar isso?

– Você não apoiaria? – Ela fez uma cara feia e ele riu. – Te conheço muito bem para saber que você iria com um vestido caríssimo só para agradar a ele.

– Verdade.

– Noivado, firma... mais alguma coisa?

– Fundei uma ONG.

– Jura?

– Sim, vou te levar lá qualquer dia desses, você vai se apaixonar pelas crianças.

– ONG?

– Sim. Oferecemos serviços de advocacia gratuita, cursos de capacitação, oficinas de musica e esportes. Fizemos uma parceria com uma companhia de dança, agora vamos ter aula de balé e jazz.

– Como você...

– O dinheiro que você deixou rendeu um pouco na poupança que Charlie fez quando viu que eu não estava em condições de administrar aquilo. Fiz uma procuração o deixando controlar tudo que você me deixou.

– Hum... seu pai não quis...

– Não, ele também não estava em condições. Ficaram quase três anos esperando eu reagir.

– Você passou três anos... – ela estava mais refletindo do que conversando agora. Ele percebeu o tom reflexivo que as palavras tinham enquanto ela as pronunciava.

– Não pense nisso, foi meu tempo de luto. Você pelo jeito sofreu muito mais.

– Acho que...

– Não quero falar nisso hoje. Vamos nos concentrar no hoje.

– Esse papo já está me deixando maluca. – ela disse irritada e ele abraçou sentindo seu corpo junto ao dele toda a irritação passou e depois que ele se afastou a olhou dentro de seus olhos.

– Olha, conto tudo para você, mas agora quero aproveitar sua presença. Posso?

– Claro, mas tenho uma dúvida.

– Sim.

– O que você foi fazer na China?

– Isso é fácil. – ele riu discretamente. – Era o único lugar onde você nunca esteve, foi difícil pensar em lugar onde você não estivera ou não tivesse comentado longamente como a Índia. Achei que a China seria algo muito diferente.

– Você me achou. – ela disse deslumbrada com aquilo.

– Achei e quero aproveitar cada segunda dessa nova oportunidade, então por favor...

Isso era fácil, ela sorriu consciente do que ele estava pedindo. Então muito suavemente ele a beijou. E foi o começo de algo mais profundo, tudo voltou a girar, o mundo não era mais aquela coisa sem graça e repugnante. Havia espaço para ela dentro do mundo dele. E a noite passou num ritmo próprio, o toque delicado de cada um sobre o corpo do outro foi aumentando conforme a necessidade surgia, anos não mudaram nada, a amor e o desejo ainda ali, talvez mais forte, talvez mais maduro. As mãos percorriam, tiravam, apertavam, indicavam e saciavam anos de uma espera interminável.


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