O ladrão de flores

Ele passou em debaixo de uma arvore, que em plena estação carregava seus galhos de folhas, estendendo embaixo de si mesmo o vasto carpete de folhas amareladas. A grade negra sobre um muro mínimo separava a calçada do vasto jardim que cobria a terra até a grande casa a moda antiga que se instalava no centro da propriedade.

Ninguém; provavelmente; estava em casa. As cortinas estavam baixas e dentro não havia luz acesa. Pelo menos era isso que se percebia com a mínima movimentação lé dentro.

Ele não passava de um garoto mirrado de 15 anos que passava frequentemente ali, com a mãos dento da calça jeans pensando em seu grande amor.

Ele sabia que não havia vivido tanto para saber o que era amor, mas se amor fosse aquela empolgação que crescia dentro dele com toda furia e com toda paixão, se fosse aquela necessidade de estar perto dela como se seu aor fosse ela, se fosse aquele carinho incondicional e aquela atenção dispensada se ne ao menos pensar, se fosse aquela mutua simplicidade entre ambos; sim ele poderia dizer que naquele exato momento estava amando.

Ele suspirou.

De tantas formas ele a amava. Ele podia ouvir aquela ceteza no fundo da sua alma. Ele poderia ver aquilo de uma forma tão palpável que a certeza de tal fato o fizesse querer rir de uma forma tão incodicionavel, como aquela alegria que cada vez crescia mais e a cada segundo tomava mais forma em seu interior, de uma forma tão perfeita.

Ele a amava.

Essa era a certeza que ele podia sentir ressoar em cada pensamento dele. uma certeza que de tão real, se fazia absoluta em sua condição.

Ele pela primeira vez; em muito tempo; olhou para algum lugar que fosse saindo de seu mundo e vendo alguma coisa pelo caminho que ele trilhava. Isso era raro. Dificilmente ele prestava atenção em alguma coisa que fosse antes de estar na casa dela.

Suspirou. Lembrar dela o fazia ter essa reação. Talvez fosse uma reação boba mas era involuntário. Sem perceber ele estava perdido em amores por ela. Ela chamava e ele ia. Seu desejo lhe parecia uma ordem. Uma ordem sacra. Um desejo que queimava dentro dele para ver seu sorriso. Um desejo que queimava dentro dele nas mais débeis brincadeiras, rendendo gargalhadas, esse era seu desejo. Algo que queimava dentro dele.

Varreu o jardim com seu olhar, mas ao meio do trajeto seu olhar travou em uma flor. Ele não poderia dizer que era algo que atrairia a atenção de qualquer um, mas na sua simplicidade ele soube que aquela era uma rosa diferente. As pétalas semi-abertas em um tom de rosa claro envolvendo seu precioso e delicado núcleo.

Uma idéia se passou em sua mente e, mesmo antes dele ponderar, ele já estava subindo na grade. Passo a passo ele escalou a grade, e num pulo abafado pela grama ele saltou dentro. Levantou-se e com passos meticulosamente calculados ele avançou até o lugar onde a rosa estava.

Parou e por um momento ficou a contemplar a face rosada das pétalas, com seu aroma sendo exalado. Imponente na sua frágil beleza, com suas pétalas delicadamente recolhidas. De alguma forma lembrou dela. Uma garota forte, mas que ao mesmo tempo é frágil. Uma beleza delicada com sua pele rosada, e seus delicados sorrisos.

Levou a mão e com um estalido desprendeu a rosa de seu pé o levando ao nariz, e sentido o perfume que de tantas maneiras lembrou sua amada. O cheiro delicadamente inebriante.

Voltou com passos radiantes para a grade, prendendo a rosa firmemente com os lábios e escalou rapidamente pulando e aterrissando com um “bac” surdo na calçada.

Voltou a olhar para a casa com o grande jardim a lhe cercar. Seu objetivo cumprido. Admirou mais uma vez a rosa antes de voltar a andar em direção a casa dela.

As cortinas do segundo andar balançaram com o vulto da mulher que se afastava com um sorriso mos lábios.