A Resistência escrita por Arcusgaldan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Um símbolo estranho atormenta o pensamento dos membros da Resistência. Matt Writerson, um garoto, acha um livro que pode desvendar esse mistério e talvez uma maneira de combater a Lord Voldemort.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513676/chapter/1

Era duro viver longe da repressão dos Comensais. Era complicado, mas nada que eu não fizesse sorrindo. Afinal de contas, a melhor forma de protesto é a desobediência, não? E é exatamente isso que eu pretendia.

Desde que Lorde Voldemort tomou o poder, nada mais foi o mesmo. Assim que descobrimos que Harry Potter havia caído, que a Armada de Dumbledore e a Ordem da Fênix depuseram as armas, e que os funcionários do Ministério da Magia que eram contra a ascensão dele ao poder foram presos ou mortos, o mundo virou de cabeça pra baixo.

Eu tenho apenas 14 anos. Meu nome é Matt Writerson, um ex-estudante de Hogwarts. Estava cursando o quarto ano, mas nada disso importa, não é? Desde que os Comensais tomaram a escola e viraram professores. Desde que cada aluno, depois de se formar, deveria ser tatuado com a Marca Negra e jurar fidelidade eterna ao Lorde das Trevas. Não, eu preferia a morte.

O mundo trouxa entrou em colapso. Homicídios estranhos para os olhos dos não-mágicos viraram rotina nos jornais. Família inteiras simplesmente caindo mortas na calada da noite. Um trouxicídio, foi o nome adotado pela Resistência.

Afinal de contas, não há um déspota que não atraia uma resistência. Até o melhor dos líderes tinha seu séquito de rebeldes. Um homem, ou um monstro, que matava sem escrúpulos todo o tipo de gente, não seria a exceção da regra.

A Ordem da Fênix não se rendeu pacificamente, é óbvio. Mesmo depois da morte d’O Escolhido, eles continuaram lutando. Mas, sem uma arma específica contra Voldemort, cada um sucumbiu em menos de um ano.

O último ato de Ronald Weasley, quando descobriu que Hermione havia sido capturada e ele era o próximo, foi escrever o Manifesto das Horcruxes. Era um livreto de poucas páginas, mas de suma importância. Basicamente explanava a existência das Horcruxes, o que eram e quantas Voldemort tinha. De acordo com os estudos de Albus Dumbledore, ele havia 7 horcruxes. Harry Potter e seus amigos, entretanto, haviam destruído seis. A restante era nada mais nada menos do que sua cobra, Nagini.

Era ao mesmo tempo a mais frágil e a mais segura. Por ser um ser vivo, a simples morte da cobra acarretaria na perda da Horcrux. Por outro lado, era sua última horcrux. Ele iria vigiá-la dia e noite, sem exceções. A cobra estaria sempre grudada a ele, certamente. No fim do Manifesto, Ronald discorre um pouco sobre a possibilidade de criar novas horcruxes. Ele diz que é improvável que ele possa criar novas horcruxes, já que sua própria alma havia se perdido da primeira vez que morrera, ao tentar assassinar Harry, ainda um bebê. Entretanto, ele hesita um pouco no argumento, ao lembrar que “Voldemort já quebrou barreiras anteriormente. Nunca se sabe o que ele pode fazer”.

No fim do texto, ele rabisca rapidamente um símbolo estranho no centro da página, como um círculo dentro de um triângulo, cortado por uma linha. O símbolo era desconhecido pela Resistência. Ronald conseguiu levar seu Manifesto até Luna Lovegood, que, usando as máquinas do pai, produziu algumas cópias e as distribuiu. Uma delas, felizmente, alcançou a Resistência.

Eu faço parte do grupo, dentro da Resistência, que acredita que o símbolo desenhado no fim do Manifesto é de extrema importância para derrotar Voldemort. Um outro grupo acredita que era uma espécie de despedida criada entre os membros da Ordem da Fênix, para se identificarem como membros.

Tudo isso estava para mudar. Depois do Cerco Final a Hogwarts, quando Voldemort conseguiu derrotar Harry, ele simplesmente dizimou todos que ficaram dentro da escola. Depois que Harry foi derrotado, frente às ameias do castelo, todos os que ainda estavam lá dentro simplesmente fugiram. Muitos, obviamente, não conseguiram. Quando o genocídio por fim terminou, Voldemort permitiu, de maneira sádica, que os familiares dos mortos adentrassem a escola e pegassem os corpos dos falecidos, “se conseguissem identificar uma massa disforme como um familiar” dissera ele.

Eu, que perdi meu irmão, um membro da Ordem da Fênix, pude entrar na escola. Lá eu achei um livro que mudaria completamente a situação atual. Encontrei o exemplar em frente ao quadro da Mulher Gorda, a entrada para a Sala Comunal da Grifinória. O livro estava caído aberto no chão, e uma camada de fuligem cobria as páginas visíveis. O que chamou minha atenção, entretanto, foi a imagem no topo da página. O mesmo símbolo rabiscado no fim do Manifesto. Percebendo que não havia ninguém por perto, peguei o livro e o coloquei num bolso interno da jaqueta.

Não tendo encontrado o corpo de meu irmão em lugar algum, e por isso, tendo lágrimas de frustação correndo pelas bochechas, corri de volta à sede da Resistência, uma antiga loja de animais no Beco Diagonal. O porão tinha o encantamento de engrandecimento, sendo muito maior que um porão normal. Era do tamanho de uma mansão, e conseguia comportar confortavelmente todos os 42 membros. Corri até Rose Wellington, uma mulher corpulenta, que impunha certo respeito. Seu rosto moreno era encimado por cabelos negros e desgrenhados. Mesmo corpulenta, seu rosto era flácido, um sinal da fome que assolava toda a Inglaterra Bruxa. Os bruxos que não tinham uma Marca Negra eram basicamente caçados nas ruas, então até o simples ato de arrumar comida era uma provação.

Quando cheguei a Rose, falei rapidamente, ofegante:

- Eu-tenho-um-livro-sobre-o-símbolo-que-parece-ser-bem-importante-precisamos-estudá-lo-rapidamente-e...

- Calma, menino. Respira fundo. Senta aqui, e quando sua respiração voltar ao normal você repete sua frase.

Sentei num banquinho de madeira de três pernas e comecei a respirar em golfadas, tentando retomar o fôlego. Quando senti a ardência em meu pulmão diminuir, olhei para Rose e repeti a frase, dessa vez mais lentamente:

- Quando eu fui a Hogwarts procurar por Andrew, acabei achando um livro perto da Mulher Gorda. Eu ia deixar pra lá, mas avistei o Símbolo do Manifesto no topo de uma página. Acho que vocês deveriam dar uma olhada. – Ao terminar a frase, entreguei o livro a ela. A mulher começou a inspecionar o exemplar em mãos, com uma expressão pensativa.

- É um Contos de Beedle o Bardo! Mas esse exemplar é estranho, parece... antigo. E na edição que eu tenho em casa, não há nenhum símbolo como esse. Melhor deixar que Patrick veja.

Eu assenti, apertando um pouco os joelhos. Patrick era o líder da Resistência, e, por mais afável que fosse, distraí-lo com algo que não fosse útil não era uma boa ideia. Mas eu sentia, no fundo do meu estômago, que aquele livro era uma grande peça no quebra-cabeça em que nos encontrávamos. Rose começou a adentrar o corredor que levava ao escritório de Patrick. A porta de mogno estava, como sempre, fechada. Rose deu três batidas à porta. Uma voz grave respondeu de dentro:

- Entre.

A mulher abriu uma fresta na porta e colocou a cabeça pra dentro. Sua voz veio abafada até a mim, mas eu consegui entender o que foi dito. E fiquei pálido:

- Patrick, Matt chegou de Hogwarts agora. Ele trouxe um livro que pode ser útil para nós, e quer falar com você.

Eu nunca havia falado com o líder da Resistência. Já o vira andando pelo porão, mas nunca falara diretamente comigo. Sua voz só me era familiar pelos poucos discursos motivacionais que ele fizera. Meu estômago parecia dançar uma coreografia complexa dentro da minha barriga, afetando todos os outros órgãos. Encarei minha sombra projetada na parede branca à minha esquerda, e respirei fundo. Quando senti o sangue voltando ao meu corpo, adentrei o quarto de Patrick. Não havia tempo para ficar nervoso agora, talvez mais tarde.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Resistência" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.