Escola Privada Okane, um colégio interno para crianças e jovens com famílias ricas. Entre dessas crianças havia três tipos: as que tinham pais importantes, as que tinham pais perigosos e as que tinham pais perigosos mas não sabiam.

Alguns desde pequenos que estavam ali e pouco sabiam sobre a família.

Era o dia de apresentação das turmas, algo que nem todos achavam interesse.

Anne, uma jovem no seu segundo ano de liceu, era uma das que mais detestava aquilo. Miúdos estúpidos vindos de todo o lado com a mania que são mais que os outros mas que se soubessem com quem se dão perdiam logo as grandezas. Resumindo, estorvos.

Dois miúdos, um rapaz e uma rapariga, aproximam-se da mesa dela.

– Olá. - Dizem em uníssono.

Anne observa-os.

– Vamos ser colegas de classe. - Diz a rapariga. - O meu nome é Hinaichigo.

– E o meu Wyuuko Hatanne.

– Anne. São novos por aqui?

– Sim, vimos este ano do estrangeiro. - O rapaz olhava o uniforme dela.

– O Diretor não se importa. Cada um escolhe o uniforme que quer.

Hatanne sorri envergonhado.

– Então e o que fazem os vossos pais? São ministros, bancários, nobres...

– Nada disso. Os nossos pais são simples comerciantes. - Afirma Hinaichigo.

– Comerciantes?

– Sim, viajam pelo mundo e compram coisas de valor. - Explica Hatanne.

Anne retira devagar uma faca de dentro do estojo. Simples comerciantes não punham os filhos a estudar no estrangeiro e em escolas como aquela, podia estar a cometer um erro mas quase de certeza que aqueles dois eram filhos de alguém ligado à Máfia. Ela era e sabia que tipo de desculpas se arranjava.

Quando Anne está para atacá-los um rapaz aparece na sala.

– Hina, ando farto de estar à tua procura.

O anterior sorriso da rapariga desvanece-se.

– Pára de andar atrás de mim seu estúpido. E já te disse para não fazeres diminutivos com o meu nome!

Anne volta a guardar a faca.

– Eu estou encarregue de ti.

– Eu não preciso de ama.

O rapaz encara Anne. Observavam-se mutuamente. Ele parecia ser um daqueles guarda-costas contratados. Possivelmente teria mais idade do que aparentava.

– Estás a ouvir-me seu lixo?! - Hinaichigo interrompe aquele jogo de observação.

– Como queiras. Se precisares de mim sabes onde estou.

– Desculpa-a Renan. - Hatanne faz uma ligeira vénia.

– Já estou habituado.

– Desaparece idiota!

Em silêncio, e um tanto divertida, Anne observava o espetáculo.

– Perdoa a minha má educação. Mas não tolero conhecidos. - O semblante de Hinaichigo voltara ao ar alegre e amistoso.

– Quem é ele? - Anne estava curiosa.

– Um tipo qualquer que o meu pais meteu atrás de mim. Diz que é para me proteger dos inimigos.

Anne volta a puxar a faca.

– Inimigos?

– Os seus clientes que ficam insatisfeitos.

Aquela faca indecisa que ia e voltava do estojo pára a meio caminho.

– Vocês vivem onde?

– Não temos casa. Desde pequenos que andamos em colégios internos, não conhecemos sequer a nossa terra natal. - Hatanne expunha a situação tristemente.

Anne guarda definitivamente a faca. Eles eram daqueles miúdos que nem sequer sabiam o que os pais faziam. Não valia a pena sujar as mãos com eles.

– Compreendo.

– E tu, vives onde? - Pergunta Hinaichigo pouco afetada com a realidade dita por Hatanne.

– Numa cidade aqui perto.

– Quem me dera.

– Talvez se torne realidade para ti mais depressa do que pensas. - Sussurra Anne para si dando um sorriso aos miúdos.

***

Na sala corria agora uma nova novidade. O Diretor.

Sakai Ryu, um ex-militar conhecido pelos seus ataques surpresa e uma pitada de loucura, fora, a pedido do chefe supremo, chamado para gerir a escola. Afinal, apesar de poucos saberem, a escola pertencia aos domínios da Zona Obscura.

– Olhem, parece que o Diretor daqui foi militar. - Comentavam os alunos.

– E dizem que é super novo!

Um homem com uma roupa do exército aparece impercetivel atrás dos alunos.

– Não sou novo, mas também não sou tão velho quanto isso.

Os presentes dão um salto de susto. Ryu encontrava-se lá com um sorriso de orelha a orelha.

As raparigas suspiravam de amores, e os rapazes invejavam-no querendo ser como ele.

– Espero que este ano seja perfeito para vocês! E não se esqueçam que as facas ficam na cantina. - Com o olhar posto em Anne, Ryu sorri e retira-se. - Bons estudos!

Enquanto os cochichos iam crescendo nas salas a cada paragem do Diretor os corredores ficavam vazios.

– Definitivamente esta é a escola mais segura de sempre.

BUM!!! Uma explosão. Um funcionário coberto de pó corre até ele.

– Diretor, rebentou uma granada no campo de atletismo.

– Granada?! Impossível. Isso deve ter sido um meteoro.