Saímos procurando por Olavo, Olhando em cada canto da ilha. Acabamos o encontrando dentro de uma gaiola feita de espinhos, tinha mais alguns dragões lá dentro e guardas do lado de fora, mas conseguimos chegar lá sem chamar atenção.

Olavo estava cabisbaixo, parecendo rezar, isolado dos outros mesmo que o espaço seja apertado. Soluço se agachou e se aproximou dele pedindo silêncio.

– Soluço! - Olavo comemorou sussurrando. - Cara, estou tão feliz em te ver.

– Não iria te deixar aqui. - Soluço olha para os lados, tendo a certeza de que ninguém estava vendo. - Deixa eu tentar... - Soluço tocou os espinhos com sua pata de dragão, porém ele se queimou e ficou com a mão vermelha.

– Eu ia dizer, não pode! É feita com Sarça Ardente, nos enfraquece. Jaguadarte ensinou isso para o Dazbogur.

– Maldita... - Praguejou. - Como você veio para aqui?

– Temos outras fraquezas. - Olavo forçou um sorriso. Tentei imaginar que não tivesse haver com a Jaguadarte de novo.

Decidi interromper.

– Com licença, Não tem só dragões aqui. - Saquei minha adaga e comecei a forçar a fechadura, ela abriu e pedi para os dragões saírem um de cada vez. Depois alguns foram para perto dos guardas e baforaram, eles caíram no sono. Percebi que deveria ter sido isso o que me fez desmaiar nos braços da Jaguadarte.

– Agora os outros. Vamos lá!

Soluço deu sua ordem e obedecemos com prazer. Pegamos as chaves de um guarda que botamos para dormir, facas adagas e tudo o que pudéssemos usar para abrir as gaiolas. Os dragões nos agradeciam; por um momento, parecia que a rixa tinha sido esquecida. Senti uma alegria quando vi as criancinhas correndo para abraçar seus pais e casais se abraçando.

Fomos para uma caverna bem grande e até fizemos uma chamada, fui verificar se ninguém tinha sofrido maus tratos ou abusos e vi Soluço e Melequento conversando com o Olavo, quando terminaram Olavo deu um abraço nos dois, aquele que colocamos a mão nas costas do outro e juntamos as testas, sinal de amizade. Estranhei muito, Saíram nervosos e fui falar com o Olavo.

– Onde eles vão? - Perguntei de braços cruzados, tentando intimidar.

Olavo hesitou.

– Soluço tem um plano... Pode ir com eles, por favor? Escondida. Só para garantir.

Nem perguntei mais nada, os acompanhei sem que me vissem. Por um tempo, Soluço parou de andar e olhou para trás com o canto do olho. Acho que ele me viu, mesmo assim, fingiu que não e voltou a andar.

Continuei seguindo até chegar ao ponto de partida, a mesma área de que fugimos, encontramos Dazbogur gritando com os guardas ainda sonolentos. Soluço se aproximou com uma postura confiante e olhou seu tio em desafio.

– O que você faz aqui? - Perguntou o tio. Depois se virou para Melequento. - E você? Está traindo o seu pai?

– Não temos mais nada um com o outro. - Melequento respondeu ríspido e nem olhando o invejoso.

Dazbogur pareceu satisfeito com a resposta, como se fosse tudo o que ele quisesse ouvir. Voltou sua atenção pro Soluço.

– Sua vez...

Soluço respirou fundo e reuniu sua coragem.

– Tenho uma proposta.

– Fale...

– Vamos lutar pelo direito de governar. Quem vence se torna o alfa e quem perde se manda.

Tentei conter meu espanto. Soluço era corajoso e forte, mas algo me dizia que isso era má ideia.

Dazbogur coçou o queixo com um sorriso insolente. Ele esticou sua mão para Soluço.

– Fechado.

Soluço apertou a mão dele.

– Fechado.