Hidden words. escrita por Flor de Lins


Capítulo 1
Minhas palavras pra você...


Notas iniciais do capítulo

Ok, primeira vez que eu tento isso... Foi apenas uma vontade que deu. Espero que vocês gostem. ;)



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Há dias que eu desejo voltar no tempo. Voltar para aquele lugar, naquele momento. Fecho os olhos e me vejo entrelaçando os dedos em seu cabelo. Por mim, eu ficaria horas daquele jeito. Vejo o teu sorriso e escuto a sua voz dizendo pra eu não parar. Tua voz que cantou comigo músicas que a gente gosta. Daí, me vejo correndo atrás de você, brincando, feito duas crianças. Parecia que só existíamos nós duas ali, ou melhor, no mundo. Lembro de você pulando na piscina, depois de ter jogado tua camisa pro alto, e rindo porque eu não podia pular. Peguei a camisa e vesti. Teu cheiro nunca mais saiu de mim.

- Pula, Rachel. – Gargalhou alto, fazendo meu estomago vibrar algumas vezes.

- Para de me atiçar. – Olhei para o lado, pedindo opinião nos olhares de Kurt e Mercedes, que apenas deram os ombros, alertando cuidado.

- Pula logo, você tá louca pra entrar na água. – Mergulhou. – Está uma delicia.

- Eu não vou entrar, Quinn. – Choraminguei.

Quando abro os olhos e percebo que estou no meu quarto, sozinha, tenho a sensação de levar um choque entre os pensamentos. Às vezes chega a ser angustiante, desesperador. Saber que você nem se lembra de tudo isso. Até porque é bem mais que “tudo isso”. Pra você, aqueledia só foi mais um dia comum, com amigos reunidos. Enquanto pra mim, foi minha maior certeza. Certeza de um amor que impregnou no meu peito e que este nunca irá sair de lá.

- Tem certeza que vocês já vão? – Enxugou o cabelo com a toalha.

- Precisamos ir. – Respondi, triste.

- Prometa que volta. – Sussurrou para mim.

- Prometo. – Nos abraçamos fortemente. Quando virei para beijar sua bochecha, ela virou junto. E nossos lábios se encontraram...

- Desculpe, Rach. – Sorriu sem graça.

- Tudo bem. – Suspirei.

Você não sabe o quanto foi difícil te dizer a verdade, muito menos o quanto me doeu ouvir tuas verdades. E mesmos depois de tudo ser esclarecido, tentar continuar com a amizade tão linda que a gente tinha.

- Eu sei que você já está sabendo... Mas... - Respirei fundo. - Eu gosto de você, mais do que deveria, entende? Eu... Eu te amo.

- Eu realmente não sei o que te dizer, Rachel.

- Não precisa dizer nada. - Falo rapidamente. - Só... Finge que não é nada.

- Tem certeza?

- Claro. Já passa...

Levar teus pedidos de namoro/casamento na brincadeira. Não sei se foi melhor ou pior você ter parado. Não aguentava teus pedidos de desculpas. Que culpa você tinha afinal? Eu sempre fui a errada da história.

- Você é linda, talentosa. Nós poderíamos casar e morar no campo. O que acha? – Brincou.

- Para com isso, Quinn. – Fechei os olhos. – Não faz eu imaginar essas coisas.

- Ah, por que? – Virou por cima de mim. – Seriamos incríveis juntas, você não acha?

- Você sabe que me machuca quando você me fala isso. – Empurrei seu corpo para me sentar na cama.

- Sinto muito, eu só estava...

- Brincando. – Ri fraco. – Você sempre está brincando.

Lembro-me da abertura dos jogos do McKinley. A gente nunca conseguia se encontrar depois das apresentações das Cheerios. Todos dizendo que tinham te encontrado, e que você tinha perguntado por mim. Sabe o quanto isso me fez feliz? Meu coração bateu tão forte que obrigou meus olhos revistarem todos os cantos daquele lugar. Eu precisava te encontrar, precisava te abraçar forte. Eu já nem estava andando, corria por lá feito uma louca. E eu te achei. Achei-te no canto mais inesperado. E quando eu me aproximei, desconfiada, vi que você não estava sozinha. Muito menos me esperando, como eu – em alguns poucos minutos – imaginei que estivesse. Foi o bastante para conseguir parar meus pés, meus olhos, minha respiração, e tenho quase certeza que meu coração também quis parar. Só uma coisa me impedia de ver: minha visão que já estava ficando embaçada.

A sensação que eu tive, foi que eu já estava ali parada, te observando, por bem mais que alguns minutos, talvez por horas. Aquela dormência, que não me deixava desgrudar os pés do chão. Era como se, de repente, alguém tivesse me acertado com uma bala no peito. Não, não, com uma faca. Porque eu senti quando a enfiavam e quando a tiravam de dentro de mim, lentamente. Foi quando eu senti uma mão em meu ombro, me forçando a virar. Eu me lembro de cada palavra sussurrada daquele gesto tão comum entre a gente.

- Olha, eu não vou te abraçar. Porque se eu te abraçar, você vai chorar. E eu não quero que você chore. Muito menos na frente dela, certo? – Eu assenti, devagar.

- Me tire daqui, Kurt. – Disse com dificuldade. – Me tire daqui, por favor.

Certo. Afinal você nunca me deu esperança de verdade. Sempre foi tão sincera. Foi só o jogo que eu criei na minha cabeça e eu mesma caí. Mas você não faz, nem nunca fará ideia de quantos jogos eu armei e cai.

- Eu não te vi de novo. Por onde você se mete nesses jogos, Rachel?

- Você só não deve ter me procurado direito. – Inclinei a cabeça.

- Ah, sério? – Ri. – Você é muito pequena. Talvez seja por isso.

- Talvez seja por isso. – Repeti mecanicamente.

Meus sentimentos se desesperam em questões de segundos. Uma pseudo-esperança cresce em meu peito e logo é derrubada pelo o desgosto de ver que você não é do jeito que eu sonho, do jeito que eu criei pra mim. Como você pode ter essa facilidade de se encantar e se desencantar tão grande? Quantas pessoas eu terei que ver passando por tua vida, Quinn? Pior, imaginando como elas te conseguem tão rápido. Eu queria te dizer, tentar uma ultima vez, o quanto eu te amo. Amo cada detalhe teu. Amo o jeito que você sorri mordendo o lábio, que deixa teus olhos pequenos. Amo tua voz rouca, doce e ao mesmo tempo tão intensa. Amo, e não consigo deixar de amar. Eu nunca tentei. Ao invés disso, só falei e ainda falei mostrando que sabia o que você ia dizer.

Falei e fui embora.

[7 anos depois...]

- O que está acontecendo com você? – Senta ao meu lado, cruzando as pernas em cima do banco.

- Por que queres saber? – Levanto os olhos por cima do livro.

- Curiosidade, Rachel. Curiosidade.

- Não sei por que eu perguntei. Lógico que não é porque você se importa comigo. – Digo, sarcástica.

- Eu não disse isso. – Franze a testa.

- Não precisa dizer. Não quero falar. Vou guardar comigo até não poder mais.

- Mas vai chegar uma hora de falar.

- Nunca. Não pra você. – Balanço a cabeça.

- Por que você faz isso comigo? Só quero te ajudar.

- Não quero ajuda, Quinn. Deixe-me sozinha. – Fecho o livro, irritada.

- Sozinha? Por que sozinha? – Se aproxima.

- Não aguento os seus “porquês”. – Faço as aspas com as mãos.

- Não aguento os seus “nãos”. – Me imita.

- Eu aguentei todos os seus, Q. – Suspiro. - Ou melhor, aguentei demais.

- Você não era assim. Gostava dos teus sorrisos. Gostava da tua alegria. Você me alegrava. Era bom conversar contigo. Queria minha amiga de volta. Mas ela nem me diz o que está acontecendo.

- Quer mesmo saber? Sua “amiga” não existe mais. Morreu. Lamento.

- Detesto quando você fala assim. Não diz isso. Nem brincando.

- É a verdade. Quem vos fala é uma mera projeção de quem você pensa que é. – Aponto para mim.

- Você é louca.

- OK. Foi você quem pediu. Aguenta mesmo?

- Fale. Tudo o que você precisa falar.

- Eu te desejei todos os segundos desde que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Eu sentia minhas pernas perderem o equilíbrio toda vez que você me dirigia esse sorriso bobo, que eu cheguei a achar que fosse exclusivo meu. Eu te amei todas as noites que passamos juntas e te odiei o triplo nos dias seguintes, que você nem me ligava e fingia que nada tinha acontecido. O que você acha que eu sou, Quinn? – Quase grito, desesperada. – Eu não sou um brinquedo. Você me destruiu.

- Rach... Eu sinto muito, eu não queria te machucar. – Olha para baixo.

- Tarde demais. – Encosto minha cabeça na parede. – Sabe o que é pior? – Ela nega. – Todo esse inferno ainda existir aqui dentro. – Ela me encara, surpresa. – Passar o tempo longe de você foi... Maravilhoso. Eu pensei que eu tinha me curado de você e... – Bato a mão na cerâmica, sentindo meu punho arder. – Merda! Você volta e essa coisa toda se desperta mais forte.

- Você ainda... Você ainda gosta de mim?

- Gostar? – Seguro seu rosto. – Você acha mesmo que eu gosto de você?

- Eu... Eu não sei...

- Eu te amo, porra! – Minha voz embarga.

- Mas, eu... te fiz muito mal e...

- Você não me fez mal. Você atrapalhou toda minha vida, todos os meus namoros. Eu nunca consegui me entregar de verdade a ninguém. Esse é o meu mundo agora. Sozinha.

- É um mundo que você inventou para sua realidade. – Recupera a pose. - É o medo que você tem de sofrer.

- Você não tem direito de falar disso comigo. Não sei nem porque estou aqui.

- Eu sei que te fiz isso tudo, mas você não pode ser assim. Estou falando com alguém sem coração?

- Sim, está.

- E o que é preciso fazer para você tê-lo de volta? – Me puxa, deixando nossos rostos perto demais.

- Você querer me dá-lo. – Sussurro entre seus lábios.


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Notas finais do capítulo

Boa noite pra vocês ;**
http://ask.fm/FlorDeLins_



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