A Filha da União escrita por Maite Belores
Notas iniciais do capítulo
Desculpem a demora >
~*~
Estou com os refugiados, minhas vestes estão rasgadas e minhas mãos acorrentadas estão em carne viva, ouço barulho de passos vindos e minha direção e a sombra de dois homens se apresentam a minha frente. Eram Victor e Clarck, vieram me salvar:
–Oh poderosa deusa, liberte-se de suas correntes – diz Victor zombando de mim.
–Vamos saia daí – Diz Clarck cuspindo em mim.
– Talvez uma pancada ou duas faça os poderes dela funcionar – Victor desfere um chute em minha barriga.
Estremeço de dor, e não tenho muito o que pensar antes que os dois irmãos comecem a me chutar, estou em farrapos e uma dor insuportável cobre minhas costelas, eles rasgam as minhas vestes e cospem em minha face:
–PAREM, POR FAVOR, EU NÃO QUERO FAZER MAL A VOCÊS.- grito a plenos pulmões, Victor se coloca na minha frente e com o pulso firme segura o meu rosto.
–Peça a sua gente, peça para que eles te libertem desse sofrimento, peçam a eles que levem o que restou de você.
Ele desfere um tapa em minha face e cospe em meu rosto.
A visão muda e estou novamente no dormitório e vejo Sara se aproximar com um sorriso diabólico segurando uma faca.
–Você o tirou de mim, agora vai pagar caro!
Ela me atinge com a faca várias vezes:
–PARA POR FAVOR
–PARA POR FAVOR
~*~
–Kyt, você está bem? –Victor está sentado ao meu lado na cama, minha cabeça está deitada em seu colo e ele acaricia meus cabelos.
–Eu tive uma vis... um pesadelo.
–Com o que sonhou?
Conto apenas a parte que toca Sara, já que no outro eu poderia acabar contando que sou uma deusa, e sei lá, vai que o que eu tive é realmente uma visão do futuro.
–Ela nunca te fará nada, não se preocupe, aquela lá não mata nem uma mosca.- ele me olha com um sorriso travesso- Vá trocar de roupa e depois vamos tomar café.
Saio da área das beliches e me dirijo a pequena pia que tínhamos, lavo rosto e escovo os dentes, visto uma calça jeans, uma camiseta preta e calço minhas botas. Prendo o cabelo em um coque deixando dois fios de minha franja soltos. Quando saio, os três já estão me aguardando.
Caminhamos em silêncio até o refeitório, eu mal toco na comida, e recuso o convite de Victor para ir trabalhar com ele novamente, precisava de um tempo para pensar e pra fazer alguma coisa por aquele povo. Vou ao quadro de tarefas, para disfarçar poderia ajudar antes e depois do almoço, com a limpeza.
“O que poderia fazer pra ajudar?” caminho pela mata, pensando se teria algo que poderia fazer, “que tal fingir que achei algumas sementes? Eles poderiam plantar e teriam uma melhora no cardápio” .
Nesse instante o líder careca aparece atrás de mim:
–O que você faz aqui?
–Só vim conhecer a região. –mordo o lábio.
– Volte para o acampamento, aqui é perigoso.
–Mas... não vejo nenhum perigo aqui. – certifico de fazer uma busca mental em um raio de 50 metros.
–Muitas das coisas daqui estão além de seus olhos.
–okay, estou indo embora.
Me viro e saio lentamente, sentindo seus olhos fitarem minhas costas. Não tinha um bom pressentimento em relação a ele, precisava colher informações e não existia ninguém melhor do que Victor para me dá-las.
Entro no dormitório, e o encontro, ele me olha com uma expressão preocupada:
– O que foi kyt? Não vi você no almoço- a que ótimo eu não havia trabalhado o dia inteiro e não tinha feito nada para ajudá-los- você está bem?
– Qual o nome do líder? Digo aquele cara careca que fez o meu discurso de recepção.
–Aquele é Ziran, ele é uma espécie de líder, mantém a ordem por aqui.
– Ele sempre foi o líder?
–Ele que montou o refúgio.
–Existem mais refúgios?
–Não que eu saiba.
– E você sabe como ele chegou até aqui?
– Dizem que ele veio para cá com alguns membros de sua família, e poucos sobreviventes de sua cidade, então a lenda se espalhou, de que havia um local seguro, onde poderíamos salvar a nossa espécie.
– Apenas a sua espécie?
–Conseguimos salvar apenas um pouco do gado, de uma fazenda próxima.
–Hum... O que fez hoje?
Ele percebe minha mudança repentina de assunto e não tenta insistir.
– Trabalhei bastante, você quer ir me ajudar com a patrulha esta noite?
– Claro, será um prazer estar com você – não iria dormir mesmo depois das últimas seções de pesadelos e fazer algo por eles realmente podia ajudar.
Ele levanta e me abraça, sinto o calor de seus braços que me acolhem e me sinto protegida, então será que isso era amor, uma explosão de sensações?! Eu me sentia no melhor lugar do mundo, e ao lado da única pessoa com a qual eu realmente me importava.
–O que você vai ver esta noite, será muito cruel? Tem certeza que quer ir mesmo?
– Sim, eu preciso que pelo menos uma vez na vida eu encare a realidade.
Olho nos seus olhos e sinto que aquele era um momento perfeito, então meus lábios tocam o seus, e eu sinto algo estranho, um calor subindo por todo o meu corpo, eu acaricio suas costas e ele passa suas mãos delicadamente em meus cabelos. Depois de um longo tempo nos separamos e me sinto desestabilizada.
–Temos muito o que fazer ainda, vamos ao hospital.
Ele segura minha mão, e nós caminhamos juntos até a ala hospitalar onde vejo Sara desacordada com um corte aberto em seu abdômen, corro em sua direção desesperada, ponho sua cabeça em meu colo e sem pensar duas vezes, usa meu poder para fechar a ferida, encosto em sua testa e digo algumas palavras ela acorda. Victor me olha atônito e Sara não sabe o que está acontecendo, só ouço ele dizer:
–O que é você?
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