A Filha da União escrita por Maite Belores


Capítulo 2
Capítulo 1- Refugiados


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem....



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Olhei para o pequeno espaço que havia sido tomado pela grama, não entendia como podia restaurar aquele ar pesado, minhas pálpebras estavam quase se fechando, havia muita poeira e o calor era intenso. Meus pulmões começavam a doer suplicando por ar puro.

Então nesse momento eu sabia o que precisava fazer, ergui meus braços e comecei a girar, uma brisa suave tomou conta do local, levando a poeira e suavizando a temperatura. Quando parei percebi que estava vestindo uma túnica grega azul clara e meus cabelos estavam castanho claro, eu estava muito confusa, mas assim que levantei os olhos percebi o caos e a destruição que se estendiam a minha volta, montanhas de corpos se estendiam ao meu redor, podia avistar alguns focos de incêndios, não havia sequer uma vegetação e muito menos algum sinal de água potável, podia sentir as almas se desprendendo dos corpos e escolhendo seguir Hela (a deusa nórdica associada a morte), Osíris (deus associado a vida no além para os egípcios) ou Hades (o grande deus do mundo inferior para os gregos). Haveria esperança de sobreviventes? Então simplesmente gritei :

–TEM ALGUÉM VIVO AÍ?

Esperei alguns minutos, nenhuma voz veio em resposta, tentei novamente:

–TEM ALGUÉM VIVO AÍ?

Novamente não houve resposta. Então quando estava pronta pra gritar novamente alguém coloca uma adaga em meu pescoço me enforcando e segurando meu tronco contra seu corpo:

–Você está louca em ficar gritando?! Quem é você?

Sem hesitar eu seguro o pulso do homem e o giro fazendo com que ele solte a adaga, me jogo no chão pego adaga e passo uma rasteira nele, piso em seu tórax prendendo-o ao chão. Ele fica impressionado, então digo:

–Sou Kytzia! E acho que você deveria me dizer quem é você!

–Porque deveria dizer quem eu sou?- ele me encara,e o reparo pela primeira vez, possui olhos tão escuros como a noite, ele veste uma roupa militar rasgada, deixando seus braços musculosos e cheios de tatuagens a mostra, seu cabelo castanho está jogado para o lado caindo sobre os olhos, sua pele é bronzeada e vejo algumas cicatrizes em sua face.

–Porque eu posso te matar caso você não me dê essa informação.- ele pondera e por fim responde.

–Meu nome é Victor e acho que assim como você sou um sobrevivente.

Deveria contar a verdade sobre minha natureza, ou a manter em segredo? Creio que toda a humanidade deva odiar os deuses pelo sofrimento que eles a fizeram passara, eu vim para ajudar e me esconder no momento é a única maneira de me manter protegida.

Retiro minha perna lentamente de seu tórax e estendo o braço pra ajudá-lo a levantar. Entrego a adaga.

–De onde você veio?

–Venho do Norte! O único lugar que ainda tem água potável e algum tipo de alimento.

–Quantas pessoas estão refugiadas lá?

–Umas 1.500, mas pela velocidade que necessitam de se alimentar em breve passaremos fome.

Fico impressionada, aqueles que já tiveram a maior quantidade de indivíduos, com cerca de 10 bilhões, hoje se reduzem a apenas 1.500.

– E o que você faz aqui?

–Ouvimos uma explosão durante a madrugada, vim verificar o que está acontecendo, achei marcas de uma linguagem nórdica, creio que algum deus tenha atravessado a ponte do arco-íris, eu achava que a guerra tinha acabado...

Seu olhar triste me comove, sinto que ele perdeu muito mais do que a qualidade de vida que tinha antes, deve ter perdido alguém que realmente fosse importante, então toco sua face:

–Está tudo bem! Não há nada por aqui! Adoraria conhecer o Norte!

–Posso te levar lá, mas antes me responda algumas perguntas!

–Claro.

–Você vem de onde? E porque está vestida assim?

–Estou procurando alguns sobreviventes a algumas semanas, venho do leste, e encontrei alguns farrapos que transformei nessa túnica. – fico impressionada com minha capacidade de mentir.- Mais alguma pergunta?

–Por enquanto não.- ele me olha de cima abaixo, e vejo um sorriso surgir no canto de sua bca.

Então ele pega minha mão e começamos a caminhar, caminhamos por duas horas até chegarmos em uma pequena cerca. O local não está nada bem, o ar é pesado, as árvores dão poucos frutos e a água é barrenta, não posso ver isso sem fazer nada, mas não gostaria de contar quem eu realmente sou, preciso de um plano, talvez durante a noite eu consiga fazer alguma coisa, penso.

Caminhamos e vejo crianças agarrada as mães, homens se armando, pessoas andando pra lá e pra cá tentando colher algo pra comer, outros tentando purificar a água, vejo uma ala hospitalar abarrotada de gente, realmente não sobrou muita coisa. Victor me leva até umas das habitações feitas de madeira, solto sua mão e entro. Não era grande, mas tinha quatro beliches e uma pia, era o suficiente.

–Obrigada Victor!

–Não me agradeça, é meu dever proteger você e todos os injustiçados, fique por aqui, venho te buscar na hora do jantar.

Eu me sentia culpada, não tinha muito a fazer, então fui explorar o local, encontrei um riacho onde uma água turva corria em direção ao lago que abastecia os refugiados.

Toquei a água e pronunciei as primeiras palavras que vieram em minha mente maat e a água começou a ficar cristalina se estendendo em direção ao lago, agora era possível ver as rochas e os peixes submersos, foi então que vi meu reflexo eu não tinha mais os cabelos loiros e nem vestia a túnica grega. Eu estava com cabelos negros e compridos, meus olhos adornados com Kohl, eu usava uma roupa de batalha egípcia, os traços de meu rosto e as curvas do meu corpo permaneciam intactas,e meus olhos pareciam serem multicoloridos.

Como faria? Agora eu estava com outras vestes, outro cabelo, poderia me passar facilmente por outra pessoa! Como explicar isso pras pessoas sem contar quem eu realmente era?


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Notas finais do capítulo

Deixem seus coments! Sugestões e elogios são sempre bem-vindos ^^



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