Jennifer estava agora entrando em um grande corredor escuro, a porta que se abrira com a senha fora fechada talvez pelos espíritos da casa, mas isso não metia muito medo em Jennifer. Ela tinha uma arma potente que superaria seu medo em situações difíceis, a sua inteligência.

O corredor em que Jennifer estava tinha portas trancadas com numerações diferentes, tipo: ela já passara por dois quartos opostos, ambos com a numerações 7 e 8, tentou abrir as portas mas nada adiantava contra as trancas fortes das portas. Ela estava chegando agora à outros dois quartos opostos, mas quando ela chegara perto a porta do quarto número 5 abrira sozinha e a mesma voz sombria que surgira ao abrir a porta de seu quarto voltara a dizer: “Venha... Venha...”. Jennifer tomara cuidado dessa vez, ela perguntou com o medo começando a aparecer:

– Quem está aí? – perguntou com a voz diminuindo o tom por conta do medo, quase que como uma garotinha.

Quando Jennifer achou que teria sua resposta, as rizadas maléficas voltaram a emergir das trevas daquele corredor escuro. O chão e as paredes do corredor tremiam como se as estacas de madeira das paredes quisessem sair do lugar junto com as do chão.

A mesma voz que antes chamara Jennifer, disse:

– “Venha!”

Jennifer entrou no quarto correndo e a porta se fechou atrás dela.

Para a surpresa de Jennifer não havia ninguém no quarto além dela mesma, para sua surpresa a voz voltou a ecoar pelo quarto, mas dessa vez vinha do guarda roupa do quarto semiaberto.

– “Estou aqui... Aqui... Aqui...”- dizia a voz, mas parecendo com uma voz de menina agora.

Jennifer abriu a porta do guarda roupa e para sua alegria havia um bilhete embaixo das roupas do guarda roupa penduradas nos cabides, o bilhete estava ao lado de uma lupa na tábua de madeira que separava a parte das roupas das dos sapatos.

– “Procure pela Borboleta, ela irá lhe mostrar o caminho” – estava escrito isso no bilhete.

Jennifer observou a lupa que encontrara, a lente da lupa era cor violeta. Sem dar muito valor para a lupa ela começou a procurar pelo quarto a tal Borboleta. Iluminando as paredes com a vela não achou nada além dos desenhos de flores do papel de parede, e no teto não havia nada também, enrolou o tapete que havia no chão e nada encontrara. Estava quase desistindo quando pensou na lupa que encontrara, agarrou-a e neste exato momento algumas imagens de garotas queimando folhas utilizando uma lupa em plena luz do dia em um campo debaixo de uma árvore, as duas meninas deveriam ter os seus 10 ou 11 anos, uma utilizava um pijama listrado enquanto a outra um vestido vermelho com flores costuradas na saia do vestido.

Jennifer começou a sentir tonturas e mais tonturas, ajoelhou-se no chão e sentiu uma forte dor na barriga, não pode conter o vomito cheio de sangue que saia de sua boca e caia no chão. Ela desmaiara.

Enquanto estava no estado de coma, sonhava com as duas garotinhas, uma delas usava meias pretas enquanto a outra meias listradas, uma tinha cabelos ruivos lisos enquanto a outra cabelos curtos e negros, a menina de vermelho era mais rosinha na pele enquanto a outra era incrivelmente pálida. No sonho as duas corriam por um canteiro de rosas na primavera, brincavam no campo como se o mundo fosse feito para as duas brincarem nele, o dia estava claro e feliz para as duas.

As duas garotinhas eram inseparáveis e chegaram até mesmo a estabelecer laços cada vez mais fortes de afeto. Em uma passagem Jennifer pode ver que as duas estavam conversando no campeiro de rosas enquanto uma chorava por ter cortado o dedo em uma rosa, enquanto a outra beijava a ferida e dizia para a outra que estava com o dedo cortado:

– Não se preocupe... Dizem que com um beijo tudo sara... Eu poderia lhe dar um para você parar de chorar?

Jennifer não podia distinguir qual das duas falou aquilo. Só que ela viu um beijo surgir entre as duas garotinhas.

Jennifer acordara com um susto do sonho, ela estava agora segurando a lupa em uma de suas mãos e pensou logo na imagem que vira no sonho estranho das duas meninas brincando com a lupa. Ela olhou para a lupa e pensou em colocar a vela atrás dela, a vela junto com a lupa formou uma lanterna de luz roxa que Jennifer pode usar na sua busca.

Ela iluminou as paredes, nada; o teto, nada, mas quando olhou para o chão uma trilha de pegadas de cor branca formaram-se no chão, a trilha levava em direção ao guarda roupa, Jennifer o abriu e arredou as roupas penduradas. Lá estava a borboleta branca.

Tateou o fundo do guarda roupa com batidas leves e viu que era oco por dentro, imaginava se havia algum meio de puxar a madeira barra abrir uma passagem já que o guarda roupa era grudado na parede. Iluminou de novo o fundo do guarda roupa e mais imagens se formavam, dessa vez eram imagens de setas apontando para um centro, no centro Jennifer pode perceber ao passar a mão que havia um buraco que dava para passar um dedo. Utilizou desse meio para abrir a passagem e uma pequena passagem se abriu, pequena mesmo, se Jennifer quisesse passar por ali teria dificuldade em passar por conta de seus quadris, mas no final conseguiu passar arranhando seu vestido em um prego.

Um pequeno e estreito corredor se estendia na frente de Jennifer, ela teria de passar grudada nas paredes.