Capítulo 4 - Novos mistérios

– O que quer dizer com "coisas além do que vemos"? - Perguntei ainda confuso.

– Você já parou pra pensar que talvez existam coisas que não estamos preparados para descobrir?

– Acho que sim, na verdade, o universo é um mistério, e não sei se um dia todas as nossas perguntas serão respondidas.

– Concordo. Mas queria ao menos tentar descobrir algo mais sobre um certo assunto.

– Que assunto seria esse? - Disse inevitavelmente me aproximando um pouco.

Ela sorriu, e se levantou falando:

– Apenas me avise se desconfiar de algo, tudo bem?

– Claro.

– Quer entrar na minha casa?

– Você tem certeza que seu pai te deixaria convidar um estranho?

– Tem razão. Esqueci que agora ele está em casa...

– Agora?

– Meu pai sai muito pelo trabalho, então a maioria do tempo fico apenas eu e os empregados.- Empregados? Tudo bem, temos mesmo vidas diferentes.- Eles não são de fofocar, gosto deles. Infelizmente meu pai raramente confia nas pessoas, então seria melhor que você viesse amanhã por volta das 5 horas, que é quando ele praticamente sempre sai.

– Tudo bem. Posso perguntar uma coisa?

– O que?

– E sua mãe? É que eu ouvi você falar sobre seu pai, mas não ouvi falar sobre sua mãe... Onde ela está?

Anne se virou, sua cabeça estava em direção ao telescópio que estava no jardim. Ela fechou seus punhos, pareceu estar tremendo. Na hora percebi que perguntei algo que não deveria...

Ela respirou fundo, em seguida voltou a olhar pra mim.

– Eu também gostaria de saber. - Ela disse, com os olhos se enchendo de lágrimas.

– Me desculpe... Não deveria ter perguntado algo assim. - Eu falei, gaguejando um pouco

– Está ficando tarde, não é? Seus pais devem estar preocupados. - Balbuciou ela, visivelmente triste.

Olhei a hora no relógio, o tempo passou mais rápido do que eu esperava. Meu pai provavelmente já havia chegado em casa.

– É, acho que é hora de ir. Então até amanhã.

– Até. - Ela falou, enquanto tentava sorrir.

– Desculpa por...

– Não foi nada. - Ela interrompeu-me. - Eu sei que você é uma boa pessoa.

Ela abriu novamente a portinha da cerca, passei e me despedi dela acenando. Ela retribuiu o aceno e sorriu. Desci a colina, em direção a estrada de terra. Olhei para o jardim, Anne estava olhando para o céu. O vendo balançava seus cabelos e seus olhos refletiam a luz, seu rosto mantinha em uma expressão melancólica. Não consegui conter meu sorriso ao vê-la, mesmo que não estivesse olhando para mim.
Liguei para o pai da Catherine, que disse já estar chegando. Ele estava perto, não sei onde, mas disse que não demoraria muito pra chegar. Fiquei olhando a floresta por um tempo, percebi que um pouco distante daqui, há uma área onde a luz não clareia muito bem, o que torna a floresta um pouco misteriosa.

O Senhor Williams Chegou, junto com Catherine. Entrei no carro e ele dirigiu de volta há minha casa. No caminho continuei pensando sobre a mãe da Anne, queria perguntar se os Williams saberiam o que aconteceu, mas preferi ficar calado por enquanto.

– E então, como foi? - Perguntou Catherine.

– Nós conversamos, apreciamos a paisagem...

– Conversaram sobre o que? - O pai dela perguntou.

– Muitas coisas. - Respondi, não queria falar nossas conversas a ele. - E o que vocês estavam fazendo?

Eles se olharam rapidamente, depois o pai de Catherine sorriu e disse:

– Você é mesmo curioso, não é?

Catherine me parece ser alguém com um bom caráter, mas há algo estranho no pai dela, não sei dizer por quê. Mas não posso reclamar de alguém que me deu carona...

Chegamos nas nossas casas, o pai dela entrou, e antes que Catherine entrasse também eu segurei seu braço dizendo:

– Catherine, posso falar com você de novo?

– Hm... Tudo bem. - Ela respondeu. - Pai, vou ver uma coisa! volto logo. - Gritou ela, para o pai que havia entrado em casa.

Ela me levou novamente ao quintal de sua casa.

– Aqui estamos outra vez. O que quer perguntar?

– Você sabe o que aconteceu com a mãe da Anne?

– Por que você pergunta isso? - Ela disse, em um tom desconfiado.

– Eu perguntei á ela, mas ela só disse que também queria saber... Não entendi muito bem o que...

– Você perguntou a Anne sobre a mãe dela? - Ela me interrompeu, .

– Sim... - Falei com um pouco de medo do que ouviria. - Não deveria?

Ela suspirou, percebi que realmente não deveria ter feito aquilo...

– A mãe dela é o motivo de ela não gostar das pessoas daqui. - Disse ela, enquanto parecia se lembrar de algo.

– Como assim? O que aconteceu com ela?

– Talvez seja melhor você mesmo pesquisar... Acho que eu não seria tão boa para explicar a situação a você, mas existem artigos na internet que podem esclarecer suas dúvidas.

– Artigos na internet? Foi algo tão grave assim?

– Eu diria que isso mudou totalmente nossas vidas. Lê os artigos, depois me procura de novo. Tenho mais coisas para dizer, mas você só vai entender se souber o que aconteceu antes.

– Tudo bem. - Lembrei-me também do que Anne disse sobre mistérios... Provavelmente tinha algo relacionado à mãe dela.

Depois da conversa voltei pra minha casa e Catherine pra a dela.
Ao entrar vi meu pai contando alegremente sobre seu dia no trabalho à minha mãe. Subi as escadas em direção ao meu quarto, olhei o celular e percebi que ainda estava sem sinal.
Eu estava praticamente preso, sem internet. Mas pensei que talvez algum vizinho pudesse me emprestar... Bom, já está tarde. Pesquiso mais amanhã. Tomei um banho, deixei meu celular carregando e desci para o jantar.
Meus pais continuavam conversando animados, meu pai parecia mesmo feliz pela oportunidade.

Depois de um tempo de conversa, que eu mais ouvi do que falei, voltei ao quarto e me preparei para dormir. Ou tentar dormir, já que o sono não conseguia vim pela quantidade de pensamentos que eu estava tendo.
Acho que tudo que me resta agora é esperar até amanhã, quando vou definitivamente descobrir mais sobre esta garota.