A Busca escrita por Lola


Capítulo 2
Quem tem medo do escuro?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Se algo estiver ruim ou estranho, avisem!! :D



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Ando pelos corredores do colégio com minha bolsa no ombro, com Louise ao meu lado. Ela usa uma calça jeans e uma camiseta tão pequena que vira a cabeça de todos os garotos, e seus cabelos ruivos estão trançados. Louise sabe sobre, bom, meu problema por tocar as pessoas, e entende. Pelo menos, entende que ao menos se não quiser morrer, têm que ficar longe de mim.

–Então Peter nos chamou para uma festa hoje a noite. - ela fala rapidamente, sorrindo para algum cara do time de futebol que passa.

Assinto. Festa. Perfeito. Porque eu amo festas, penso ironicamente.

–Não sei, Lou. - digo.

Ainda estou com a imagem do garotinho na minha mente, e a ideia de ficar presa em uma casa com um bando de adolescentes, os quais eu poderia matar facilmente, não me parece boa.

–Ana, você vai ficar bem. - Lou diz, retocando seu batom vermelho.

–Não estou preocupada comigo. -retruco, com um esboço de sorriso sombrio surgindo no canto da minha boca.

Louise balança a cabeça, como se eu tivesse dito algo absurdo. Não é absurdo, só é a verdade.

Entramos na sala de aula, e estamos atrasadas. A professora, uma mulher alta e magrela, nos lança um olhar mortal enquanto sentamos em nossas carteiras. Minhas irmãs estão sentadas lado a lado, e riem sobre algo, mas quando me veem, adquirem um olhar triste.

–Ana! - a professora diz. - Você deveria se espelhar em suas irmãs, querida.

Torço o nariz com o "querida". Cruzo minhas pernas na cadeira, deixando pouco para a imaginação. Arrumo meus cachos negros antes de dizer, minha voz carregada de sarcasmo:

–Ah, querida, elas são tão... sem graças.

O time de futebol, que está amontoado em carteiras atrás de mim, ri e dão gritos de incentivos. Não importa. Até eles sabem que eu não me dou bem com minhas irmãs. Não podíamos ser mais diferentes. Elas podem viver normalmente sem matar ninguém, podem namorar e fazer coisas de pessoas normais. E eu não, o que me afasta mais delas.

Emma me lança um olhar de reprovação e eu a lanço um beijo, o soprando da palma da minha mão.

–Então vamos começar? - a professora diz.

Pego meu IPod na bolsa e coloco os fones de ouvido, decidida a não prestar atenção na aula. Mas antes que eu possa afundar na minha cabeça, ignorando a todos, a porta se abre. Sinto Lou pisar no meu pé com suas botas e olho para frente.

O garoto que entra é bonito. Do jeito infantil. Ele é alto, musculoso e seus cabelos castanhos claríssimos são bagunçados. Seus olhos têm uma cor esverdeada, e ele sorri como um bobo. Usa camisa branca e jeans claro, o que o faz parecer um adolescente que cresceu demais.

Ergo as sobrancelhas para Louise, como se a perguntasse se ela esqueceu que eu não posso ter relacionamentos. Não posso tocar em alguém sem que ele morra, então o que adiantaria eu nutrir sentimentos por alguém?

–Olá. - o garoto diz, tímido.

Vejo o olhar de Emma para o garoto, e Liz sorri. Claro, elas podem tocar nas pessoas. Liz nasceu com o dom da vida, e basicamente, todos que ela toca ficam mais felizes, mais saudáveis. Emma nasceu com o dom do destino, o que significa que ela pode influenciar humanos a seguirem um outro rumo, a tomarem outras decisões. Sim, eu sou a ovelha negra da família. Eu corto a linha da vida.

–Você é? - a professora pergunta, inclinando seu pescoço incrivelmente longo.

O garoto ri e responde, com jeito de bom moço:

–Alex Rhodes. Novato.

Claro que sim, conhecíamos todos da cidade, e ele não era dali.

–Sente-se. - a professora diz, de mal gosto.

O rapaz passa de cabeça baixa no corredor, mas ao me ver, sorri. Ele é adorável, tenho que reconhecer.Alex senta-se atrás de mim, e eu cerro meu maxilar. Não posso, penso.

Vejo o olhar sonhador de Emma para ele.

Meu Deus, isso vai dar tanta confusão.

Saio de casa vestindo saia de couro e um top preto. Meu cabelo está preso em um coque bagunçado, e lamento que eu tenho deixado Louise me convencer a sair.

–Cuidado, Ana. Tudo bem? - minha avó fala, me acompanhando até a porta.

–É claro, vovó. Não queremos ninguém morto, não é mesmo?- sorrio ironicamente.

Ainda acho que é uma má ideia ir quando entro no meu Jeep e acelero até a casa de Peter. Ele mora em uma casa bonita e grande em um dos bairros bonito da cidade. Liz e Emma já estão na festa, saíram de casa parecendo anjos, enquanto eu... bom, tanto faz. Louise me manda mensagem dizendo que está me esperando na porta, e quando estaciono, consigo escutar a batida forte da música.

–Você veio! - Lou grita, vindo ao meu encontro.

Sorrio, forcadamente. Algumas garotas estão bebendo no quintal, sentadas em cima de alguns carros, e já começo a me arrepender. Isso é ridículo.

–Claro. - sussurro.

Entramos na casa, e posso jurar que as paredes tremem pela música. Pego uma garrafa de cerveja e encosto em uma parede. Posso ver Liz sentada com seu namorado, e Emma conversando com algumas amigas. Quero ir embora.

Me encolho para que ninguém encoste em mim, e Louise meio que monta uma barreira com seu corpo entre eu e as pessoas. Ela tagarela sobre algo, e finjo que escuto.

–Olha, Ana.- ela fala, em algum momento.

O novato está entrando na casa. Ele sorri para alguém, e sem perceber, também sorrio levemente. Ele é bonito. Fico sorrindo como uma idiota até ver que ele está vindo em minha direção, então simplesmente passo a ficar nervosa.

–Oi. - ele diz.

–Oi. - digo.

Louise se afasta um pouco, mas não o suficiente para que Alex possa me tocar.

–Alex. - ele diz, estendendo a mão.

Sorrio e digo, recusando o aperto de mão:

–Ana.

Alex sorri, e pelo canto do olho, posso ver Emma nos observando. Ela está com medo que eu mate seu futuro namorado?

–Você quer conversar, bem, lá fora, talvez? - Alex diz. - Eu não conheço ninguém e você parece.. hm, interessante.

Você não sabe o quanto, penso.

Emma surge ao meu lado, um sorriso deslumbrante estampado em seu rosto. Seu cabelo loiro está penteado perfeitamente, e ela diz para Alex:

–Olá, meu nome é Emma, sou a irmã de Ana.

E ela estende a mão para Alex, como se mostrasse para mim que ela sim podia viver normalmente.

–Tudo bem? - Alex pergunta, ainda me olhando.

–Tudo! Você não acha que deveria ir pegar uma bebida, ou algo assim? - Emma diz, e sinto sua influência em sua voz.

Ela está tentando mudar as decisões de Alex.

Alex parece confuso por alguns instantes, e não sei porque eu faço o que eu fiz, mas o faço. Pego no braço de Emma, e sorrio, falando entredentes:

–O que você disse, Em?

Os olhos de Emma parecem perder o brilho por alguns instantes e ela perde o foco, sua ligação com Alex se quebrando. A solto, um sorriso nos meus lábios.

–Eu adoraria ir lá para fora, Alex.

Emma se inclina para mim e sussurra:

–É o melhor para você, Ana. Não faça isso.

Eu lanço um olhar para Alex, como se me desculpasse. Depois, olho ferozmente para Emma e retruco, minha voz cortante como vidro:

–Você não sabe o que é melhor para mim.


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