Contos de Santa Fé escrita por Owl KodS


Capítulo 1
Capítulo 1




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Já fazia um tempo que Viramundo havia começado a se aproximar de Gina, desde que ele havia se mudado para aquela casa na verdade, e a jovem não podia negar que estava gostando da atenção do violeiro tanto quanto havia gostado da companhia de Ferdinando algum tempo antes.

Isso não parecia ser segredo para Juliana que já havia questionado a amiga se ela sentia ciúmes do sertanejo com Milita, mas na ocasião ela desconversou e achou que era tudo besteira da amiga, mas agora que estavam só os dois, ela não podia deixar de pensar em quanto de ciúmes ela sentira naquele dia em que ele fora sozinho encontrar a filha de seu Giácomo.

Os dois conversavam animadamente quando Viramundo disse – Sabe Gina – a voz era suave como quando cantava e acompanhada pela música calma que ele tirava do violão, aquilo parecia o paraíso – Eu gosto muito de trabalhar ao seu lado – disse fazendo com que ela risse alto.

- Ará Fer... – ela parou um momento com as lembranças vindo em flash em sua cabeça. Não podia falar aquilo.

- Que foi? – perguntou o rapaz com uma mão no ombro dela, Gina não percebeu que estiveram tão próximos, talvez porque sua mente estivesse enevoada com outros olhos azuis.

- Eu já vorto – disse ela se levantando e correndo para dentro, precisava lavar o rosto e tentar tirar aquelas cenas da cabeça.

Os dois caminhavam de volta para a casa quando Ferdinando colocara a foice em seu caminho, evitando que ela passa-se “- A melhor parte do meu dia, Gina – disse ele de repente – É quando ocê trabaia comigo aqui na roça” A moça não entendia porque daquelas lembranças estarem chegando agora que ele nunca mais aparecera por lá.

Depois disso, as lembranças começaram a ataca-la sem piedade, de forma que ela saiu correndo pela cozinha até a escola de Juliana, precisava falar com alguém, mesmo que a professora fosse enchê-la com seus comentários fofos e dizer que ela estava apaixonada por Ferdinando.

~~~~~~x~~~~~~

Juliana já vinha descendo o morro para ir até a casa de seu Pedro Falcão quando viu Gina vindo em sua direção e ela se obrigou a parar por um momento para que a amiga pudesse vir ao seu encontro. Quando está se encontrava a menos de um metro de distancia ela disse.

- O que houve Gina? Eu sei o caminho até a sua casa.

- Ará prefessora, é que ieu preciso conversa c’ocê sem aquele povo tudo lá di casa – respondeu a ruiva puxando a professora de volta para a construção de madeira colorida da escola.

- Ta bem Gina – respondeu a professora depois de fechar a porta para que ninguém as incomodasse – Agora me fala... O que deixou assim

- O Vira disse que gosta por demais de trabaia comigo lá naquelas roça – respondeu ela caminhando de um lado para o outro e passando um dedo pela louça ainda suja de giz.

- E qual o problema com isso Gina? – perguntou a jovem de cabelo rosa – Você não gosta dele por acaso?

-Num é esse o problema prefessora – disse ela se sentando pesadamente na cadeira de Juliana e bufando.

- Então qual é o problema, meu deus? – perguntou ela sem entender nada

- O problema é que o Ferdinando me disse isso uma vez – respondeu ela mexendo em um dos cachos que caia sobre seus olhos, como fazia quando estava entediada ou nervosa – E que quando o Vira disse isso eu lembrei dele.

- Então... – Juliana continuou se acocando ao lado da amiga – O problema é o Ferdinando e não o Viramundo.

- Ará – Gina pareceu brava por um segundo antes de se deixar cair de novo na cadeira com um beiço nos lábios como se não gostasse do que fosse dizer – Sim.

- Eu não sei o que lhe dizer Gina – respondeu a professora se levantando exausta – Eu já lhe disse que ele iria desistir se você continuasse se fazendo de difícil.

- Ará, má se ocê não vai me ajuda, também não divia te vindo até qui – respondeu ela se levantando e indo até a porta abri-la, apenas para dar de cara com a última pessoa que queria ver naquele dia.

- Oláá Ginaa!! – falou com aquele arrastado que normalmente usava para cumprimentá-la.

- Oi Ferdinando – respondeu simplesmente.

- Oi professora – disse ele sem tirar os olhos da ruiva.

- Oi Ferdinando – respondeu Juliana se aproximando.

- Que c’ocê veio faze por cá? – interrogou Gina com o queixo erguido indicando que não aceitaria qualquer coisa.

- Ora – respondeu ele com um sorriso no rosto – Eu ia ter um dedin de prosa com seu pai e aproveitei para ver se a professora Juliana não queria companhia, mas é muito bom vê ocê Gina, fique sabendo que já estava com saudades – disse aproximando os lábios do ouvido dela.

- Ará, má ocê...

- Eu acho que vou indo por esses caminhos – respondeu Juliana passando pelo pequeno espaço que os dois haviam deixado livre no canto da porta – Acho que a Gina tem muito o que falar com você. Até – ela virou as costas e foi caminhando o morro abaixo.

- Ocê tem arguma coisa pra falar comigo Gina? – perguntou ele depois que a professora já estava bastante adiante.

- Ará, eu num tenho nada que falá c’ocê – disse ela se posicionando para passar, mas ele barrou seu caminho – E ocê me deixe passa.

- Ará, ocê num passa inté me disse o que tem que disse

- Má o que eu tinha que falá c’ocê eu já falei – respondeu indo para cima dele a fim de passar, nem que fosse na força, mas ele a segurou no lugar.

- Mái eu já disse que num passa até me fala – respondeu ele a empurrando contra a parede.

- Ará – respondeu serrando os dentes – Tá bom eu falo, eu pensei em ocê dia desses.

- A é? - o sorriso de Nando se alargou até quase não caber – E porque que ocê pensou em mim?

- É que eu tava conversando com o Vira... – ela iria contar tudo para que ele a deixasse sair, mas as palavras morreram em sua boca quando ele disse.

- O que o Viramundo fez? – o sorriso dele havia morrido e um semblante preocupado assumiu o lugar – Foi algo que ocê num gosto? Ocê sabe que pode falar com eu num sabe? – ele havia colocado uma das mãos no rosto dela – Ocê sabe que eu vo lhe proteger de tudo, num sabe?

- Ará Ferdinando, ocê pare co’ssas suas bobajada – respondeu ela tentando manter o foco que a proximidade tirava – Que eu não preciso que ninguém me proteja e o Vira nunca fez nada contra a minha vontade, diferente d’ocê – respondeu apontando um dedo para ele quando o beijou voltou a sua cabeça.

- Ele é que num sabe o que tá perdendo – respondeu se aproximando e ignorando completamente enquanto ela tentava manter a pouca distancia.

- Ará, se ocê fizé isso que ocê tá pensando eu lhe mordo Ferdinando, eu lhe mordo – disse finalmente conseguindo se safar dos braços dele.

- Ará, má eu duvido e muito minha cara – respondeu ele se aproximando.

- Pois cê tente pro cê vê – respondeu.

- Pois eu tento mesmo. – disse ele a prendendo de novo contra a parede e, dessa vez, juntando seus lábios aos dela.

Ferdinando sentiu os dentes de Gina roçarem os lábios dele, mas nada muito mais forte que isso e soube, imediatamente, que ela não queria machuca-lo muito menos parar e isso lhe deu mais um incentivo para continuar.


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