Narrador: Satoshi

Mais um dia de trabalho na associação de Sunrise.  Eu e meu parceiro havíamos acabado de cumprir uma missão difícil e só queríamos um bom jantar antes de ir para a cama. Enquanto caminhávamos para a sala de jantar, algo me passou pela cabeça:

- Harry, eu estava pensando... Ainda não vimos os Pokéheroes hoje, não é?

- É mesmo, Satoshi. Eles devem estar acampando em algum dungeon. - ele me respondeu, e disse depois de uma pausa - Você não fala com a Pauline faz um tempo, não é?

- É verdade. Eu queria que ela soubesse o quanto eu gosto dela. - eu disse baixo, para que só ele escutasse.

- Fica frio, parceiro! Eu sei que um dia você vai ter coragem de dizer para ela o que você sente! - Harry me disse, me dando uns tapinhas nas costas.

- Valeu, mano! - eu respondi.

Harry é o único que sabe que eu gosto da Pauline, já que ele é meu melhor amigo desde que éramos pequenos. Eu queria ter coragem para dizer para a Pauline sobre meus sentimentos especiais por ela, mas não consigo. Por algum motivo, parei em frente à porta da câmara do mestre, que estava fechada:

- O que foi, Satoshi? - Harry me perguntou.

- Ahn... Nada! Eu te alcanço, pode ir para a sala de jantar!

Harry me olhou de uma forma um pouco estranha, mas foi para a sala de jantar e me deixou por lá. Como ninguém estava olhando, tentei ouvir uma conversa que vinha de dentro da câmara. Parece que o mestre acabara de receber uma carta dos Pokéheroes:

- Parece que estão na metade do caminho e só vão voltar amanhã. Devem estar bem. - ouvi o mestre Raider dizer.

Metade do caminho? Que caminho?

- Mas pai, tem certeza de que foi uma boa ideia deixá-los fazer este teste tão cedo? - ouvi Junior perguntar.

Teste? Que teste? Não podia ser o que eu estava pensando! Ouvi a voz do mestre de novo:

- Eu sei que os Pokéheroes podem fazer isso. Eles se esforçam muito e tem talento, também.

- É verdade, mas nunca permitimos uma equipe com a pontuação atual deles fazer esse teste... - ouvi Junior dizer.

Então os pokéheroes estavam fazendo... O teste para a classe de ouro? Eles haviam conseguido a classe de prata havia pouco tempo, não podiam estar fazendo o teste! Para isso, eles teriam que ter uma pontuação mais alta e geralmente, as equipes competentes só fazem esse teste depois de dois meses como aprendizes! O mestre abriu a porta e eu levei um susto. Caramba, esqueci que os lucarios podem sentir auras à distância! :

- Ahn... Oi, mestre! - eu disse, tentando não parecer que eu estava ouvindo tudo.

- O que você está fazendo aqui, Satoshi? - ele me perguntou, com aquele olhar que nós aprendizes não gostamos de ver dele.

Eu não soube o que dizer:

- Você sabe que não gosto que fiquem ouvindo as conversas entre mim e outras pessoas na câmara! - o mestre disse, me deixando mais nervoso do que eu já estava.

- Não, eu só estava passando, mestre! Já vou! - eu disse, e fui correndo para a sala de jantar.

Depois que jantamos e fomos para os nossos quartos, contei para Harry o que eu havia ouvido. Eu não queria contar para toda a associação:

- Mas não pode ser! Nós até temos mais pontos que os Pokéheroes e não podemos fazer o teste! Como eles conseguiram? - perguntou Harry, espantado com a minha descoberta.

- Bom, acho que eles são muito esforçados mesmo. Você se lembra de quando derrotaram aquele jolteon? Parece que eles ganharam a confiança do mestre pegando missões mais difíceis. - eu concluí.

- Você tem razão, Satoshi. - ele disse, um pouco pensativo - Estava pensando... Acho que o problema do nosso time é que sempre pegamos missões fáceis demais. Devíamos seguir o exemplo dos Pokéheroes.

- Você está certo, Harry! Amanhã cedo, vamos pegar a missão mais avançada do quadro de tarefas! - eu disse, animado.

- É assim que se fala, parceiro! - Harry exclamou, com um sorriso.

No dia seguinte levantamos cedo, tomamos nosso café da manhã e fomos direto para o quadro de tarefas. Pegamos uma missão de classe A. Eu esperava uma mais difícil, mas era a mais avançada que estava no quadro:

- Parece uma missão de resgate. Aqui diz que temos que ir até o Monte Meteoro e resgatar um poochyena de um criminoso persian que está sendo perseguido pela polícia faz um tempo. Os pais do poochyena não podem pagar o resgate e alguém vai ter que fazer alguma coisa. - disse Harry.

- Bom, vamos tentar. Um persian não pode ser tão difícil de derrotar, pode?

Fomos até o Monte Meteoro. É um dungeon cheio de cleffas, clefairies e clefables selvagens. Eu e Harry já havíamos entrado lá antes. Quando exploramos, eu sempre uso o movimento agility para nos tornarmos mais ágeis, o que pode ser suposto pelo nome da nossa equipe: Time Agilidade... Eu quis um time com esse nome desde que eu era um pichu... Depois de andar muito, chegamos ao fundo do dungeon. Não parecia haver nada lá. Foi quando um persian pulou na nossa frente, de uma formação rochosa em forma de plataforma acima da caverna:

- O que vocês querem aqui? - ele nos perguntou.

- Somos o time Agilidade e viemos aqui para resgatar o poochyena! Onde ele está?- eu perguntei, mantendo minha voz firme.

- Ele está bem ali. - ele disse apontando para a formação rochosa de onde ele pulara.      

O poochyena estava lá. Ele havia sido amarrado e amordaçado. Notei que ele estava com medo:

- Espero que vocês estejam aqui para pagar o resgate! - disse o persian.

- Não mesmo! Solte-o agora ou vai ter que lutar com a gente! - disse Harry.

- Já que insistem...

O persian nos atacou com faint attack. Ele atingiu a nós dois ao mesmo tempo! Nem sabia que isso era possível. Tentei um thunder wave, mas nem teve efeito. Droga, nem me lembrei de que os persians não podem ser paralisados! Harry tentou um rapid spin, mas o persian foi mais rápido e o atacou com slash. Eu havia usado agility ao máximo, mas ele também havia aumentado sua velocidade de alguma forma. Eu e Harry não conseguíamos atacar. Até que eu arrisquei um thunderbolt e consegui atingi-lo:

- Droga! Acabou o efeito da semente rápida! - ele disse.

O persian não devia ter dito isso. Eu e Harry atacamos com nossos golpes mais poderosos: volt tackle e aqua tail. O inimigo foi nocauteado. Escalamos até a formação rochosa e desamarramos o poochyena:

- Vocês me salvaram! Obrigado! - ele disse, chorando.

- Não se preocupe, vamos te tirar daqui! - Eu disse, e o teleportei conosco para fora do dungeon usando meu distintivo.

Retornamos para a associação e entregamos o poochyena para sua mãe:

- Meu bebê, fiquei tão preocupada! - dizia a mightyena, mãe do poochyena. 

- Vocês fizeram um bom trabalho, time Agilidade! - disse Junior, que estava do nosso lado. - Mas onde está o persian?

- O persian? - eu perguntei, notando que fizemos uma bobagem.

- Não me diga que você não o teleportou para cá! - disse o riolu.

- Sabia que tinha me esquecido de alguma coisa! - eu disse, dando um tapa na testa.

- Mas que absurdo! Vocês não sabem que aquele persian está sendo procurado por ter feito coisas horríveis? Vocês deviam ter o transportado! - disse a mightyena, perplexa.

- Sinto muito, pessoal, mas vocês não cumpriram totalmente a missão de vocês e só vão ganhar metade dos pontos prometidos. - disse Junior, fazendo uma anotação num bloco de papel.

- Mas isso não é justo! - se queixou Harry.

- Não é justo vocês deixarem solto um criminoso que vocês deviam e podiam deter. Prestem mais atenção da próxima vez. - ele disse, e saiu.

Na hora do jantar, encontramos os Pokéheroes. Achei melhor não falar sobre o teste, mas um tempo depois descobrimos que eles haviam falhado. Os quatro estavam famintos - especialmente Caleb, que está sempre faminto - já que deviam ter tido um dia cheio. Depois do jantar, resolvi falar com Pauline:

- Oi, Pauline! - eu cumprimentei.

- Oi Satoshi! Faz um tempo que não nos falamos! - ela me disse.

- Eu estava pensando, Pauline... O seu time é muito comprometido e vocês são os melhores aprendizes da associação. Qual é o segredo de vocês?

- Não temos nenhum segredo, Satoshi. O que nos faz um bom time não é o dimensional scream do Tyson ou nenhuma das nossas habilidades. É que nós queremos proteger a cidade e nos preocupamos com cada pokémon que vive nela. Afinal, é para isso que servem os exploradores!

O que Pauline disse me abriu os olhos. O que eu e Harry queríamos era ter uma vida mais emocionante, encontrar tesouros e nos tornarmos famosos. Não havíamos pensado em times de exploração como protetores. Só pensávamos em nós mesmos:

- Obrigado, Pauline. Eu precisava ouvir isso. - eu disse, com um sorriso.

- De nada. - ela respondeu, com um lindo sorriso e um pouco corada.

Será que ela também gosta de mim?