Midnight Dreamers escrita por Aimée Uchiha


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Voltei rápido por que férias são pra isso



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Amanheci com uma dor de cabeça horrível, sem ânimo para nada e isso já vem acontecendo há dias, desde meu último encontro com Sasuke. O relógio ao lado de minha cama marcava 09:40 da manhã e logo acima havia um calendário com círculos em todas terças e quintas-feiras do mês. Teria consulta com Ino, o que me deixava melhor. Muitas coisas aconteceram em um curto tempo e me sentia esgotada.

Levantei da cama com um nível alto de preguiça, arrastei meu corpo até o banheiro para fazer minhas higienes. Demorei mais uma meia hora até ficar pronta, me sentia confortável com meu jeans e uma regata branca. Parei em frente a um espelho que tinha na sala, me perdi em meu reflexo... O que eu tinha de desagradável? Por que espantei Sasuke de mim? Ele havia desaparecido, não deu sinal nenhum após nosso encontro. Não aguentava seus segredos e seu jeito estranho, bufei em desanimo mas resolvi deixar pra lá. Peguei meus pertences e coloquei dentro de minha bolsa, comecei a cantarolar uma música qualquer e me dirigi a porta. Ao abrir, tive a surpresa em encontrar Karin parada logo a minha frente, soltei um pequeno grito.

– Estava indecisa se tocasse a campainha ou não. Belo apartamento! - Ela sorriu insegura e eu não retribui. - Nós podemos conversar?

– Estou com pressa, Karin. - Indiquei minha bolsa em meu ombro. - Tenho compromissos.

– Sakura. - Suplicou. - Juro não tomar muito de seu tempo.

– Olha... - Suspirei, rendendo ao dar espaço a Karin. - Tudo bem, entre.

– Você é demais! - Ela entrou e logo disparou: - Me desculpe por ter agido como uma vaca! Acho que te chateei.

– Sim, você me chateou muito. - Concordei.

– Me desculpa, mesmo! - Ela ressaltou. - Mas só de pensar voltar pra'quele lugar, volto a sentir aquela fumaça, aquele mormaço na pele... Chego a ficar toda arrepiada, olha Sakura, olha! - Ela esticava seu braço próximo ao meu rosto.

– Ok, ok! Eu acredito. - Ri baixinho. - Senti muito sua falta.

– Oh, eu também senti. - Suas palavras eram sinceras. - Ninguém consegue me colocar na linha como você.

Nós duas rimos e não aguentei em abraça-lá, dessa vez Karin correspondeu ao meu abraço, intensificando-o. Após minutos, nos separamos e ela estava com os olhos cheios d'água.

– Desculpe. - Ela abanava seu rosto tentando se recompor. - Ando sensível demais.

– Está tudo bem. - Sorri para tentar tranquilizá-la. - Quer algo? Beber ou comer algo?

– Não. - Ela já parecia estar melhor. - Aliás, tenho algo para lhe dar. É como comemorar nossa reconciliação.

– E o que seria?

– Hoje irei desfilar para uma nova linha de roupas importantíssima! - Tirou um convite de sua bolsa e me entregou. - É hoje as 19h30. Diz que vai ir me ver, por favor.

Segurei o convite entre meus dedos, li as informações que continha ali. Ela me encarava como uma criança ansiosa mas meu desanimo falou bem mais alto. Cenas da rejeição de Sasuke passava em minha mente, definitivamente estava bem pra baixo. Precisava de uma desculpa e já!

– Como te disse, tenho compromissos. - Forcei uma cara de decepção. - Gostaria muito de ir e fico honrada pelo convite, mas não sei se vai dar.

– Ah... - Ela fez um biquinho, suspirando. - Mas vamos combinar de fazer algo! Tudo bem?

– Tudo bem mas não se esqueça, hein.

– Não vou. Bom, vou parar de te atazanar por que afinal, você tem compromissos e eu um desfile hoje a noite! - Ela me abraçou novamente e me mandou beijos.

&~&

Cheguei no consultório de Ino exatamente meia hora atrasada e ela estava me esperando com uma cara de poucos amigos, julgou que eu não viria mas cá estou eu. Estava deitada sobre o imenso divã, Ino estava com sua famosa paciência enquanto pegava seu bloco de notas.

– Como você está? - Começou.

– Eu estou confusa. - Fui direta. - Esses remédios que você me receitou estão me causando alucinações.

– Esse remédio tem como efeito justamente o contrário.

– Porém não é o que está acontecendo. - Contive minha vontade de revirar os olhos.

– Hm... - Ino anotou algo em seu bloco. - E como são essas alucinações?

– De tempos do orfanato. Mas algo é diferente, nunca presenciei aquelas cenas.

Ela escrevia a cada coisa que eu dizia, tive que levantar meu pescoço para poder tentar enxergar qual era o veredito sobre mim. Sua atenção voltou totalmente em mim e eu me ajeitei sobre o divã.

– E essas alucinações... São sobre aqueles seus amigos?

– Não. Sou eu vendo cenas de outras pessoas. Como se eu tivesse assistindo um filme... Nunca vi nenhuma delas.

– Sakura, tudo o que posso recomendar é que você continue com os remédios. Pode ser um efeito colateral, mas logo passará.

Encarei a minha doutora-amiga com ceticismo. Seu rosto estava passivo e me passava certeza, como se o que estivesse falando fosse o óbvio. O relógio apitou e Ino se livrou do bloco.

– Como chegou atrasada, seu horário de hoje terminou por aqui. Continue com o remédio. - Repetiu.

– Tudo bem. Bom final de semana. - Ela sorriu e eu saí.

Por causa do meu atraso, tive que estacionar meu carro duas ruas abaixo pois não havia mais vagas para mim. Cruzei meus braços sobre meu peito e iniciei minha caminhada. Já passara da hora do almoço e o movimento na rua estava calmo. Estranhei por que não costumava ser assim.

Tive uma leve impressão de ser observada, olhei para os lados e nada foi encontrado. Estava endoidando, apressei meus passos assim que senti alguém logo atrás de mim, tensionei meu corpo e segurei minha vontade absurda de gritar. Era nítido o calor atrás de mim e continuei a andar, quase correndo. Só parei quando estava ao lado de meu carro; ousei a olhar para trás e encarando meu perseguidor: o nada. Ri da minha própria neurose e entrei dentro do carro.

&~&

Minha cama parecia um chiqueiro. Logo que cheguei, me joguei nela e fiquei durante a tarde toda, só levantando para o banheiro e para pegar comida, o que resultou em migalhas e restos de comida sobre o colchão. Havia perdido as contas de quantos filmes teria assistido só naquela tarde. Naquele momento estava passando um filme no qual o mocinho fazia o discurso do por que de não ficar com a amada.

– Infeliz! Você vai destruir os sentimentos dela. - Joguei pipoca na TV. - Tomara que morra sozinho.

Suspirei alto e fechei meus olhos. Uma voz dentro de mim dizia: "Jura que esse estado de calamidade é por causa de Sasuke?" Bufei e ignorei, abri meus olhos para dar de cara pela segunda vez naquele dia com o relógio que marcava 20h30. Já fazia uma hora que o desfile de Karin havia começado... "Você devia ir." a voz dizia. E por que não? Deveria sair, conhecer pessoas novas e por que não começar num mundo em que não era meu meio?

Com uma boa puxada de ar, resolvi levantar pra começar a me arrumar. Não sabia o que essas pessoas vestiam mas devia ser algo chique. Mas eu não tinha nenhuma peça chique então seria melhor improvisar. Após o banho rápido, coloquei um vestido de renda preto, que tinha uma manga longa e um enorme decote nas costas, a saia dele ia até minhas coxas. Calcei um scarpin de cor igualmente ao vestido e passei uma leve maquiagem em meu rosto. Agora era dar um improviso em meus revoltos cabelos rosados, só daria para usa-lo como um coque grande e meio desarrumado. Em meia hora estava pronta, simples mas elegante. Peguei uma bolsa de mão, colocando os pertences mais importantes e o convite.

...

Ao chegar no lugar indicado no convite, foi uma tortura estacionar mas havia encontrado uma vaga, após sair do carro fui em direção a um dos seguranças do enorme salão e entreguei-lhe meu convite para permitir minha entrada. Logo que pisei naquele local, entrei em outro mundo. Tinha flashs por todos os lados, convidados estavam de pé dizendo o quão maravilhoso o desfile havia sido. Ótimo, perdi viagem... Torcia para que Karin ainda estivesse ali. Esbarrei em vários garçons enquanto andava, algumas mulheres me olhavam torto com seus vestidos de barbie. Percebi que aquele ambiente realmente não era pra mim, devia ter ficado em casa.

Continuei minha busca por Karin até encontra-lá. Ela estava na pista de dança com um homem vestido de smoking preto. Ri baixinho, ela continuava a mesma. E estava simplesmente esplendida! Seu vestido branco era longo, com um enorme decote em formato de V sobre o vale dos seus seios, ressaltando-os. Seus cabelos avermelhados estavam soltos, em cascata de cachos. Não desgrudava por um segundo de seu acompanhante, até que o fiscou e lhe deu o maior beijão ali na frente de todos.

O rapaz era bem assanhadinho e não parava com as mãos, ambos pareciam amantes de longa data pois se conheciam bem com os toques. Me sentia uma intrusa ali, desviei meu olhar para o ambiente e até que a música parou de tocar, voltei a encara-los. Karin se separou aos risos, ele a segurou pelo queixo para lhe dar um último selinho; coçei meu braço disfarçando que estava olhando o casal e finalmente Karin percebeu minha presença.

– Aqui! Aqui! Vem cá. - Dizia ela.

Seus gritos estavam sendo abafados pela nova música, Karin ainda balançava seus braços para me chamar; caminhava até ela com um sorriso no rosto, até que seu acompanhante se virou em minha direção e meu mundo acabou. O amante de Karin era Sasuke. Meu sorriso instantaneamente desapareceu. O olhar dele mostrava surpresa e eu parei no meio do caminho, para logo após dar passos para trás. Karin pareceu não perceber meu estado, ela nunca percebia e veio em minha direção e Sasuke continuou parado parado no meio da pista, com o mesmo semblante.

– Não acredito que veio! E seu compromisso? - Disse eufórica.

– Desmarquei. - Soltei sem desviar meus olhos de Sasuke.

– Você viu o desfile? Não te vi na platéia.

– Vi sim. - Menti enquanto focava meu olhar em Karin. - Parabéns. - Ela agradeceu. - Você e Sasuke... Estão saindo?

– Estamos, não é incrível? - Ela ficou vermelha. - Naquele dia terrível em que eu fui vaca com você, houve um momento bom pra mim... Eu e ele ficamos! E continuamos. Estamos nisso até agora.

– Que bom. - Forcei meu melhor sorriso. - Sabe onde tem um copo d'água?

– Já sei! - Karin disse entre risos. - Não bebe álcool. Só um minuto que já providencio pra você.

Observei Karin desaparecer entre as pessoas e senti aquele conhecido nó na garganta. Dei de costas indo de encontro a saída. Assim saí daquele mundo, daquele maldito som e pude respirar fundo. A rua estava calma e andava em direção ao meu carro, estava louca pra sair dali mas fui impedida no meio do caminho por uma mão agarrando meu pulso.

– Sakura, espera. - Sabia quem era.

– Só me deixa. - Puxei meu pulso de volta.

– Ei, espera, vamos conversar. - Ele conseguiu me virar pra si e se assustou ao ver meu rosto vermelho.

– Conversar sobre o que, Sasuke? - Sentia minhas lágrimas descerem cada vez mais por meu rosto. - Sobre como me fez de besta? Desapareceu por dias mas agora sei como estava ocupado.

– Nunca te fiz de besta.

– Ah não? - O olhei incrédula. - "Sakura isso foi um pretexto pra sair comigo, isso vai ser o que você quiser". - Forcei uma voz que julguei ser parecida com a dele.

– Sakura, me escuta.

– Descobri o que você arrancou de Karin. Uma boa foda! - Gritei.

Sasuke nada fez, apenas me encarava com as sobrancelhas juntas e não consegui mais segurar meus soluços. Era uma dor intensa e forte, era como se não houvesse saída pra mim.

– E depois que trepou com ela, veio até mim. - Diminui meu tom, tentando me controlar. - Usou bem seu charme, Sasuke. Parabéns.

– Eu não posso me apaixonar por você. - Disse com simplicidade.

– Claro que não pode, pobre de Karin se isso acontecer. - Disse irônica.

– Sakura, não. Eu não posso amar você. Não posso te tocar, muito menos te beijar. - Ele fechou os olhos, respirando fundo. - Não. Posso.

Encarei com o último estoque de compreensão que eu tinha, senti novas lágrimas descerem e funguei alto sem me importar.

– Não me procure mais. - Falei entre soluços.

– O que?

– Não me procure mais. - Repeti firme e dei as costas.

– Espera, por favor, Sakura! - Ele andava atrás de mim, tentando segurar meu braço.

– Me solta!

Ele continuou até fechar seus dedos no meu pulso para em seguida conseguir me puxar novamente para si. Sua outra mão segurou minha nuca para me prender em seus braços; seus lábios procurou os meus com urgência. Apesar da pressa, havia paixão em seus movimentos intensos, como se quisesse me explicar algo por aquele beijo. Por alguns instantes, me deixei levar e o correspondi na mesma altura.

Nosso beijo se tornou salgado e percebi que continuava chorando, reuni minhas forças e o afastei as pressas de Sasuke, dando-lhe um tapa certeiro em sua bochecha.

– Fica longe de mim. Nunca mais ouse se aproximar de mim. - Dei as costas até chegar no meu carro.

– Procurando pela miséria, mas foi ela quem me encontrou.

Antes de entrar, vi o olhar de Sasuke se intensificar e sua áurea ficar negra. Tive medo desse novo Sasuke que estava ali, parado no meio da rua e entrei dentro do carro, ainda em prantos, mas com o restante de forças, consegui me tirar de bem longe do meu primeiro amor.


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Notas finais do capítulo

Então pessoas, espero que gostem desse cap e que comentem! Beijinhosssss



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