Midnight Dreamers escrita por Aimée Uchiha


Capítulo 13
Capítulo 13




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Sentia minha cabeça queimar assim como minhas pálpebras, abri meus olhos e me deparei com um ambiente escuro. Meu corpo estava repousado em uma pequena cama, forcei para meus membros se moverem e com um pouco de esforço, finalmente me vi sentada em meio de cobertas. Levei minha mão até minha testa quando a mesma latejou e me fazendo lembrar dos acontecimentos anteriores. Noite maravilhosa com Sasuke. Frio. Acordar sem ele na cabana. Uma conversa estranha. Ele me apontando uma arma. Naruto e Ino também... Praguejei alto e a porta logo a minha frente se abriu, como resposta meu corpo todo se encolheu para logo postar minhas pernas para fora da cama ao ver de quem se tratava. Era o moreno que me salvou de ser capturada por Sasuke. Mesmo devendo uma pra ele, não podia dar sopa.

– Sakura, está tudo bem. Ninguém vai te ferir. - Sua voz estava calma, ele empurrou a porta com seu ombro e suas mãos jazia uma pequena mesinha com frutas e suco. - Trouxe algo para você comer, talvez até queira descansar.

– Por... Por que tudo isso aconteceu? - Sussurrei.

– Pensei que teria que me explicar mais tarde. - Ele suspirou, depositando a mesa entre minhas pernas e se sentando ao pé da cama. - Você se lembra de meu nome? - Fiz uma careta tentando me lembrar. - Itachi. Meu nome é Itachi... E como te disse no nosso breve encontro, tenho te procurado por muitos anos.

– Isso é o que todos dizem. Mas porque tem me procurado? - Perguntei e ele sorriu, negando a cabeça.

– Não seja impaciente, pra isso terei que contar uma história. - Bufei e cruzei meus braços, e ele continuou: - Sobre Sasuke.

Ao ouvir o nome dele, encarei fixamente aquele homem na minha frente. Como ele sabia de Sasuke? Como o conhecia? Nunca ninguém soube nada sobre ele... Tentei relaxar meus ombros e tentar parecer que não estou tão interessada, desviando minha atenção para as frutas próximas a mim e beliscando algumas delas. Itachi tinha uma postura tranquila, seu olhar estava preso em algum canto ao meu lado, ele parecia pensar no que estava prestes a dizer.

– Sou o irmão mais velho de Sasuke. O que você provavelmente não sabia que ele tinha. - O meu rosto dizia o quão espantada estava naquele momento. - Assim como não deve saber que ele tem uma família. Uma mãe, um pai, um tio, uma tia... Biológicos, devo ressaltar.

– Isso é... Não pode ser. - Afastei a mesinha de minhas pernas, para me aproximar de Itachi. - Sasuke estava no orfanato. Ele ficou durante um ano num orfanato!

– Propositalmente. Sasuke foi escalado numa missão já que fracassei na minha.

– Missão? Como assim? Do que você está falando? - Exaltei assim que consegui sua atenção para mim.

– Talvez não seja um bom momento para conversamos sobre isso. - Pegou a pequena mesa que fora ignorada por mim e se levantou com cuidado, encarei-o para logo levantar e segurar seu braço firme.

– Itachi, por favor. Me ajuda... Eu não sei nada sobre mim, não sei nada do que está acontecendo. Você pode sentir como é horrível estar numa situação que você nem tem ideia de como se meteu? Como é espantoso ter pessoas queridas apontando-lhe uma arma sem saber o motivo? Como é ter uma história e não saber o enredo? Só você pode me ajudar... Por favor, tire as mãos de meus olhos. Eu te imploro. - Sussurrei a cada palavra e houve um breve silêncio que foi o suficiente para me causar agonia.

– Você se sente preparada? Quero dizer, psicologicamente falando?

– Não sei se estou pronta mas não há tempo para me permitir isso. A qualquer momento posso ser morta e não quero morrer sem saber o motivo disso tudo. - Itachi suspirou, acenando com a cabeça.

– Vá até a sala enquanto arrumo algumas coisas, já tá na hora de você aprender um pouco sobre sua história.

...

Já havia passado uns bons minutos desde que Itachi me deixou só nessa pequena sala, enquanto estive por aqui permiti observar o local. Parecia uma cabana, igual a que estive momentos atrás mas com a diferença que o ambiente todo era escuro... A iluminação era fraca, talvez seria para se esconder ainda mais. Não fazia ideia de onde estava, mas sentia que Itachi não me feriria, caso quisesse teria o feito desde já. Seus olhos me transmitiam pena e arrependimento, certo das atitudes do irmão. Sasuke tem um irmão... Ele nunca havia tocado que tinha ou teve alguma família, ele sempre pareceu ser muito sozinho e muito misterioso para uma criança que naquela época era. Encolhi-me ao me relembrar de momentos de nossa infância, de como éramos tão unidos e em seguida ele apontar-me uma arma, prestes a me matar a sangue frio. Estremeci e fui interrompida pelos passos lentos do moreno, ele segurava uma pequena caixa que depositou em cima de uma pequena mesa que havia entre nós e em seguida, acendeu um abajur que estava posto ao lado. Colocou uma mão sobre a tampa da caixa e me olhou.

– Aqui há todas as provas que você talvez precise. Vou começar a contar um fato que ocorreu há mais de 50 anos atrás. Seiji Uchiha era um homem comum, com medos e esperanças; livre, sonhava em conquistar o mundo e talvez seu sonho tenha sido interrompido por seu lado galanteador. Conheceu Midori em uma de suas caminhadas pelo mundo... Ela era uma mulher bela, ambiciosa e obsessiva. Se apaixonou por Seiji assim que colocou seus olhos penetrantes nele. Ambos, viveram uma grande paixão por algum tempo. Midori vivia em um clã de wiccas, uma religião neopagã que praticam magias da natureza, eu acredito que eram feiticeiras. Elas são como nômades, que hoje são conhecidos como hippies, e Seiji se infiltrou nesse clã para poder passar algumas noites com Midori. Não diria que ele tinha algum sentimento por ela, ele era homem e tinha suas necessidades masculinas. Mas ela se apaixonou e deu seu coração a Seiji. - Itachi suspirou, continuei a prestar atenção nele sem entender a onde ele queria chegar. - Mas em uma noite, quando Seiji apareceu para se encontrar com Midori no pequeno coven, acabou por conhecer Kaya. Essa sim... Ah, ela era magnifica! Era doce, amável e amava a natureza! E definitivamente Kaya conseguiu conquistar o coração distante de Seiji em pequenos minutos, coisa que Midori não conseguiu em meses. Passaram semanas e Seiji não conseguia se distanciar de Kaya, mas fazia o tal com Midori que percebia e assistia de longe o feito da "irmã". Até que Seiji, decidido a ficar junto de Kaya para o resto de sua vida, tomou a atitude de terminar seu caso com Midori, o que foi sua pior decisão.

Itachi puxou a caixa para o seu lado, fixando seu olhar na tampa de cor azul. Passava seu polegar sobre o objeto como se o que continha ali dentro fosse toda sua vida. Eu ansiei por mais, estendendo e colocando minha mão sobre a dele, encorajando-o a continuar e fazer com que percebesse que eu ainda estava ali, querendo saber mais e mais. Ele molhou seus lábios para prosseguir:

– Midori não aceitou bem mas guardou para si, jurando que iria se vingar de Seiji. Ele, que era um andarilho espiritual, prometeu a Kaya que iria trazer o lírio mais bonito que a representasse e assim, ambos poderiam finalmente ficar juntos para sempre e com a promessa de que voltaria, deixou um pequeno ser na barriga de Kaya. Ao finalmente encontrar o lírio mais bonito, anos mais tarde, Seiji voltou para a pequena região onde possivelmente as wiccas estariam, acabou por encontrar todas em fileiras, como se esperassem por ele e suas feições jazia tristezas. A mestra delas, conduziu Seiji até o fundo do coven onde sua amada Kaya estava amarrada em uma cruz de madeira, com seu corpo carbonizado. Ele não podia acreditar em quem poderia ter feito uma barbaridade dessas, reuniu todas suas forças para se aproximar do corpo chamuscado e notou que a madeira em si não estava queimada e nela, havia letras. Juntou as letras que formou um nome: Midori. Seu corpo formigou por inteiro e sua única esperança era de saber onde estava seu fruto de amor com Kaya mas a mestra apenas negou-lhe a cabeça e suas lágrimas caiam sem permissão e Seiji jurou vingança. Procurou por Midori com sangue nos olhos; se passaram meses até que Seiji finalmente conseguiu uma pista de Midori e semanas até chegar a ela. Ela vivia numa pequena cabana, próximo a antiga pousada do coven. Seiji com tanto ódio, ao adentrou a cabana e viu que ela havia se tornado uma bruxa, com grandes livros de magia negra e princípios anulados. Midori estava repousada numa pequena cama, como se esperasse por Seiji e sem lutar, permitiu que Seiji a amarrasse na cama, sem chances dela se soltar. Já sabendo o que viria por ter assassinado a amada de Seiji e rogou uma maldição: "Nascerá uma descendente de minha filha, de nossa filha. E ela acabará com a sua raiz assim como você acabou com a minha vida." Seiji não lhe deu ouvidos, saindo daquela cabana para acabar com Midori do mesmo jeito que ela acabou com sua amada Kaya. As chamas acabaram com as últimas palavras de Midori e com a vida passada de Seiji. - Itachi levantou seu rosto, abrindo um sorriso perdido e dando de ombros. - Seiji nunca procurou por sua filha bastarda, apenas seguiu em frente. Transformou o pequeno lírio em uma presilha, foi passado de Uchiha para Uchiha. - Arqueei a sobrancelhas, havia ganhado uma presilha de lírios de Sasuke. - Anos depois, se casou com uma camponesa e virou um caçador de bruxas, matando-as em sangue frio. E passou disso de geração pra geração.

– Meu Deus... Isso é tão... Como pode haver pessoas assim? - Neguei com a cabeça, suspirando fundo e voltando a prestar atenção em Itachi. - Só não entendi o por que dessa história...

– Seiji Uchiha é pai Takeshi Uchiha, que é pai de Fugaku Uchiha que é pai de Itachi e Sasuke Uchiha. - Ergui meus ombros, afastando meu corpo lentamente até encostar no encosto do pequeno sofá. - Fomos destinados a ser caçadores de bruxas. Somos treinados desde que nascemos, para finalmente conquistar nossos objetivos. Se não fosse por uma falha minha, esse trabalho não seria de Sasuke... Mas não me arrependo da atitude que tomei.

Observei Itachi, ele até então não me olhou. Mexia dentro da caixa e levou até seu rosto um pequeno monte de fotografias. Estendeu sobre a mesa uma foto de um homem parecido com ele, de cabelos longos e olhar penetrante. Segurava uma espingarda e ao seu lado havia uma mulher de cabelos escuros que segurava um bebê embrulhado com um pano azul.

– Esse é meu bisavô, Seiji com o meu avô, Takeshi. Foi aí que surgiu a linhagem dos Uchihas, caçadores de bruxas. Esse aqui é meu avô com o meu pai... Minha avó faleceu no parto. - Mostrou-me outra foto com um homem igualmente a Itachi, assim como Seiji de cabelos longos e um menino com idade de 9. Ambos segurando uma arma e usando uma capa preta, impressionei com a precoce idade do garoto ao entrar nesse mundo. - E bom, esse aqui é eu e meu pai. - Jogou outra foto, agora com desdém sobre a mesa. Um homem com a feição carrancuda, apertando o ombro do pequeno Itachi com uma pose firme, mas transmitia um olhar amedrontado. - Eu estava com tanto medo nesse dia que levei uma bronca dele... - Riu baixinho com desgosto. - Sinto muito por Sasuke ter tido que passar por isso. Essa foto aqui é de Sasuke com a minha mãe, eles se parecem. - Entregou-me em minhas mãos a última foto, era uma linda mulher de cabelos ébanos e olhar tão doce quanto mel, sentada em um banco. No seu colo havia um garotinho de mais ou menos 6 anos, ele sorria com seus dentinhos separados. Não havia malícia, não havia mistérios. Apenas Sasuke com sua mãe. Senti meus olhos encherem d'água mas não me permiti chorar.

– Esse foi o Sasuke que conheci. - Sussurrei. - Tão inocente...

– Éramos unidos, amava passar meu tempo com ele. Era um amor de garoto... Ria por qualquer coisa. - Apoiou seu rosto na palma de sua mão, trazendo o silêncio de volta para a pequena sala. O que me incomodou e me fez perguntar o que queria desde o início.

– Itachi... - Ganhei sua atenção. - O que foi que você fez pra colocarem o Sasuke em seu lugar?

Ele suspirou, pegando as fotos que estavam espalhadas pela mesa e eu estendi a que estava na minha mão mas ele não pegou, fazendo-me entender que havia me dado aquela única lembrança boa de Sasuke. Colocou a caixa em seu colo e apertou seus dedos ao redor dela.

– Eu fazia algumas missões, coisas simples como espionar ou conseguir informações. Realizava-as com sucesso! Isso impressionou muito meu pai e era isso o que eu queria porque conseguia uma "folga" para ficar com minha mãe e meu irmão. Nunca me dei bem com meu pai, não me lembro das vezes em que ele conversava comigo sem ser por trabalho. Os parceiros dele via potencial em mim e resolveram me colocar num nível mais avançado. Era noite, havia um grupo de hippies acampados, eles eram do bem mas para os "caçadores" hippies grávidas significava mal sinal, eram consideradas bruxas. Lembro-me que estava planejado matar somente as grávidas e momentos depois, invadiram o acampamento matando diversas delas. Entrei em uma barraca e vi uma delas dando a luz... Eu era criança e estava com medo, simplesmente deixei-os e me certifiquei que nenhum dos capangas de meu pai soubessem que havia deixado pra trás uma hippie. Mas é claro que eles iriam descobrir, dias depois foram prestar contas mas não souberam que fui eu que "ajudei" a escapá-los. Dessa vez, meu pai foi junto... - Itachi parou, sua mandíbula travou e dei um tempo a ele que nem demorou. - Ele colocou aquela arma na minha mão e apontou pro casal de hippies que estavam sem o bebê. Meu pai surtou de ódio. Ele me pressionou tanto pra apertar aquele gatilho e eu só conseguia ver a mulher a minha frente chorar copiosamente quando era abraçada por trás pelo seu marido. Eu tentei atirar por meu pai mas não consegui, ele gritava comigo mas não conseguia ouvir nada além do choro da moça e assim que apertei o gatilho mirei para meu pai. Ao ver que eu havia mudado o time, levei um soco de um de seus capangas e o tiro acertou na perna de meu pai. Eu fugi que nem um covarde, sem dar chances de ver o que iria acontecer. Me escondi na região e meu pai nem fez o favor de me procurar... Claro que voltei para a cabana, tive a esperanças que meu pai deixaria eles em paz, vivos mas minha visão foi o contrário. Vi o casal juntos mas queimados, mortos abraçados. - Ele se permitiu me olhar, encarou-me intensamente e retribui. - Fui destinado a matar aquele casal; fui destinado a matar seus pais. Você. E falhei.

Não consegui me segurar, minhas lágrimas desciam por meu rosto. A família do meu então amado era responsável pela morte dos meus pais. Foram eles que me tiraram o direito de viver com eles, tiraram todos os meus direitos! E ainda queriam tirar a minha vida... Fechei meus olhos e senti o desespero, ódio, agonia tomar conta de mim. Queria gritar mas não conseguia, queria quebrar tudo mas meus braços não se moviam. Itachi se manteve calado o tempo todo e quando abri meus olhos, ele já não estava onde deveria estar. Agradeci pelo espaço que ele estava me dando... Apesar de tudo, não poderia culpá-lo. Não foi escolha dele viver o inferno que até então viveu, não teve escolha em nascer na família que nasceu e o carma que vinha de brinde. Eles queriam me matar por uma maldição que nem eu mesma tinha consciência; mas não poderia viver como Itachi vivia: fugindo. Devia encarar Sasuke, devia me expor para mostrá-lo que não tenho culpa alguma também... Ou deveria ir até Karin, dizer que ela corre perigo nas mãos de Sasuke, da família dele. Mas ela tinha o Suigetsu ao seu lado, seu guarda-costas que a protegeria.

As últimas lágrimas desceram ao ponto de molhar o rosto puro de Sasuke que estava petrificada na foto. Fixei meu olhar nos pequenos olhinhos daquele menino, passei meu polegar pelo seu rosto plano e sorri involuntariamente. Como eu queria que as coisas não fossem assim, como eu queria que a vida nos desse uma chance e uma oportunidade melhor que essa. Mordi meu lábio segurando as novas lágrimas que estavam por vir, vi Itachi adentrar o local que eu estava as pressas mas sem fazer barulho. Segurou meu braço e me fez levantar sem entender, encarei com medo e ele sussurrou: alguém está vindo. Abriu uma pequena porta que havia no chão e me fez entrar ali, fechando em seguida. Fiquei imersa ao escuro, apenas uma fresta refletindo em meu rosto por conta da pequena abertura da porta. Conseguia escutar passos pesados. Uma porta foi arrombada e uma vez conhecida foi escutado, me causando um desespero por ser pega.

– Cadê ela?

– Ela quem? - Itachi disse, sua voz soava calma.

– Não me faça de bobo, cadê a Sakura? Me deixe completar minha missão.

– Que Sakura? Você acha que se tivesse alguma mulher aqui, eu estaria perdendo meu tempo com você? - Ele riu. - Obviamente estaria fodendo ela. - Fiz uma breve careta pelo modo grotesco que Itachi disse.

– Não estou com tempo pra brincadeira. - Sasuke disse entredente. - Não me faça estourar seus miolos. - Pela fresta, pude ver Sasuke apontando uma arma em meio a testa de Itachi.

– Já que não acredita, pode procurar. Fique a vontade...

Sasuke deu um passo mas sem tirar a mira de Itachi e ficou logo acima de mim, não me permitindo ter a visão e a partir daí, voz nenhuma foi ouvida assim como passos nenhum. Apenas um tiro alto e estridente que me fez tampar minha boca pra conter um grito.

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Notas finais do capítulo

Oieeeee, apareci rapidinho pra postar e volto daqui uns dias (ou meses :p) beijusssssss!