Road escrita por Tracking arrow


Capítulo 7
Hiccup - Eu estraguei o encontro com o coelho da Páscoa.




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Um mês se passou desde que Merida se mudou para Berk e começou a morar no meu apartamento, pensei que ia ser difícil lidar com uma garota no mesmo teto, afinal, já era difícil lidar com o Jack, mas acredite, é mais fácil lidar com um leão do que com o Jack, lidar com a Merida foi fácil.

As provas acabaram e a única coisa que preciso fazer agora é me preocupar com duas coisas: dinheiro e o baile de formatura. Conversei com Fishleg, meu único amigo do colegial e eu descobri que ele tinha um par, eu seria o único a não ter um par e Jack me alertou que isso seria como uma execução pública.

Mas esses problemas são para outra hora, agora eu estou trabalhando em um café, Linguini é meu chefe e a noiva dele é a gerente e cozinheira, o café não está indo muito bem desde que o nosso Mini Chefe, o parceiro do Linguini, se mudou para Paris para melhorar a culinária, a noiva do Linguini só pode trabalhar nos finais de semana. Isso afetou a popularidade do café, não por que ela trabalhava nos finais de semana, mas por que Linguini trabalhava todos os dias.

Mas ainda tínhamos uma cliente, um ser de cabelos indomáveis que sempre chegava na mesma hora, pedia sempre a mesma comida e depois ia comigo para casa sempre na mesma hora.

– Qual o seu pedido? – Ela estava olhando o cardápio, mas já sabia o pedido, ela não variou desde o primeiro dia que começou a frequentar o café.

– Pensei que você já soubesse. – Ela arqueou a sobrancelha e depois deu uma risada abafada.

– Ainda tenho esperança que você peça algo diferente. – Admiti.

– Vou querer o de sempre. – Ela falou fechando o cardápio.

Fui a cozinha e falei para Linguini fazer uma porção de mini sanduiches, ele parecia já esperar pelo pedido, pois já estava fazendo os sanduiches antes mesmo de eu ter pedido, esperei cerca de um minuto para ele me entregar o pedido, meia dúzia de mini sanduiches e um café expresso.

– Aqui está seu pedido, bom apetite. – Eu coloquei os alimentos a mesa e me afastei um pouco.

– Até que esse uniforme é bonitinho, mas a gravata não combina. – Ela falou me olhando da cabeça aos pés, ou melhor, pé. – Quer se sentar?

– Estou trabalhando. – Parecia uma resposta idiota, era dia de semana e a reputação do Linguini atingiu toda a clientela, o restaurante estava deserto, só tinha um garçom, um cliente e um cozinheiro.

– Eu posso ver. – Ela olhou a redor para enfatizar a desertidão do local – Seu chefe não vai te demitir por tentar fidelizar um cliente, vai? – Ela falou apontando para a cadeira a minha frente.

Não parecia ter problema eu me sentar com uma cliente, ninguém estava olhando. Então comecei a puxar assunto.

– Como foi o trabalho? – Ela parecia querer conversar sobre algo e como ela só trabalhava e saia para passear, era 50% de chance de eu acertar.

– Normal, vestir roupas, posar, não ser cegada pelo Flash, típico dia normal – Ela disse meio inquieta, seu sorriso estava muito largo para ter sido um dia normal, fiz uma cara de desconfiança e ela sabia que não podia mais continuar com aquilo. – Na verdade não tão normal, – ela admitiu – algumas coisas aconteceram hoje.

– Que tipo de “coisas”? – falei abrindo aspas imaginárias com as mãos.

– Eu meio que marquei um encontro com um modelo veterano. – Seu largo sorriso mudou para um sorriso torto, parecendo que esperava uma bronca.

– Merida Dunbroch afim de um modelo? – falei surpreso – Você não dizia que era tão clichê tentar namorar um modelo?

– No final das contas eu sou uma garota, ? – Ela falou como se eu e Jack não a tratávamos como garota, ela não agia como uma, as vezes esquecíamos – Garotas gostam do clichê. Como eu estou? – Ela levantou-se e deu uma voltinha e depois se sentou, parecia nervosa.

– Descabelada? – confessei.

– Háhá, muito engraçado.

– Por que você quer saber?

– Por que o encontro é agora. – Não consegui acreditar, a mesma Merida que sempre fala que os filmes de romance são idiotas, mesmo os assistindo todo o dia, que nunca vai se casar por que os homens são uns completos idiotas e sempre diz que os encontros só são perfeitos em filmes e que o ato de namorar é uma grande atuação. Isso parecia errado. – Estou meio nervosa.

– Isso é sério? – perguntei descrente.

– Não é como se eu fosse namorar com ele. – exclamou ela – Eles podem ter o corpo perfeito, o rosto perfeito, mas eles sempre fazem algo que acaba com o clima todo ou com a relação toda – explicou Merida. – Todos os modelos são assim, eles sempre têm segundas intenções com você.

– Não acho que todos os modelos são assim. – Falei enquanto pegava um sanduiche de presunto e queijo do prato.

– Acredite, eles são, mas acho que esse seja diferente, espero. – ela disse insegura.

Enfiei o sanduiche na boca e me levantei, foi no momento certo.

Mal tive tempo de acabar de engolir o sanduiche e o sino que soava quando alguém entrava ecoou pelo café, era um cliente. Pelo jeito que Merida ajeitava os cabelos em uma tentativa inútil de arruma-los percebi, ele era O Modelo. A pouco desconhecido, mas agora, nem tanto, ele era:

– Bunnymund. – falei com desdém.

– Hiccup! – disse Bunny dando o seu sorriso de modelo, não tão largo e nem tão pequeno, um sorriso de um modelo perfeito.

– Vocês se conhecem?

– Não. – falei rápido.

– Sim. – ele consertou – Longa história.

Bunny deu um beijo na bochecha da Merida e se sentou aonde eu estava. Não conseguia mais ver a cena, então eu decidi oferecer o jantar para eles, ainda estava cedo, mas eu queria escapar de lá.

– Já que é um jantar especial eu vou trazer a especialidade do chefe. – falei como se eles fossem um casal qualquer, não a minha amiga de quarto e um velho amigo do meu irmão.

– E o que é? – perguntou Merida.

– Sopa surpresa. – Se vocês querem saber o sabor de uma sopa surpresa, melhor começar a se tratar.

– Parece ser bom. – disse Bunny, mal sabia ele o quanto ele estava enganado.

No final, eu me senti culpado, não desejaria a sopa do Linguini nem para o meu pior inimigo, mas me desculparia depois, certos assuntos têm mais urgência.

Entreguei a sopa primeiro para Bunny e depois para a Merida, sinalizei com a cabeça para Bunny não tomar a sopa quando Merida não estava olhando e ele entendeu a tempo, largou a colher na metade do caminho até a boca e observou Merida encher a colher e tomar uma boa dose da especialidade Linguini.

Não levou nem cinco segundos até o rosto dela ficar verde e seus olhos começarem a lacrimejar.

– Eu preciso ir ao banheiro. – Ela falou sofrendo, funcionou, Merida estava fora por no mínimo cinco minutos.

– Oi Bunny. – falei depois que Merida entrou no banheiro – O que você quer?

– Bem, você não iria até mim para conversar e se eu fosse até você, você não me ouviria. – Ele falou empurrando a sopa para longe – Quando a Merida falou que conhecia você, era uma chance única.

– Você está usando a Merida? – falei surpreso, conheci Bunnymund a alguns anos atrás e ele nunca faria algo assim. Isso era motivo suficiente para eu enfiar meu punho no meio daquela cara, mas ele era uma máquina de músculos e eu uma espinha de peixe falante, eu sabia quem iria acabar no hospital, então queria ver se o motivo valeria a pena.

– Não me faça parecer o cara mal, eu devo muito a seu irmão e a seu pai – Ele falou apontando para mim com a colher banhada do veneno a lá Linguini. – seu irmão quer te ver Hiccup.

– Eu não tenho família. Nem um pai e nem um irmão. – Lembrei-o, eu era filho bastardo e meu pai me desertou.

– Eu sei que as coisas ficaram difíceis nesses últimos anos, mas Toothless está em uma situação difícil, ele precisa de você, falar com você. – Uma coisa que sei sobre Bunnymund é que ele não era mentiroso, se ele teve que enganar uma garota para chegar até mim, isso era sério, mas eu não voltaria aquela casa, aquela família, decidi isso no dia que fui deserdado e me mudei para Berk.

Antes de dar a resposta, Merida saiu do banheiro e a sua coloração estava normal.

– Eu acho que já estou satisfeita, – Falou acariciando a barriga – A gente pode sair para algum lugar, que tal?

– Claro. – ele respondeu e depois me deu um sorriso. Não podia mais deixar aquela farsa prosseguir, tinha que parar aquilo de algum jeito, ele somente ia magoa-la. – Pense no que eu falei, Hiccup.

Fechei os punhos com força até minhas unhas machucarem a minha carne e comecei a suar frio, esse meu ato teria várias consequências, mas eu precisava fazer isso, não podia deixar o Bunny sair com a Merida.

Então eu disse:

– Ela vai sair comigo agora, ela prometeu para mim que iria me ajudar a escolher um terno. – falei puxando Merida pelo pulso e saindo do café, deixando Bunnymund para pagar a conta das sopas, dos sanduiches e também com uma bela explicação do porque de seu garçom saiu no meio do trabalho.

– Eu sei que eu prometi, mas não podia ser outro dia?

Não respondi aquela pergunta, continuei puxando pelo pulso até nos afastarmos do café, até uma distância segura.

– Você se lembra sobre o que você disse sobre os modelos? – falei largando o pulso dela, ele estava marcado em um tom vermelho onde a segurei, tinha colocado força de mais no meu ato heroico.

Ela balançou a cabeça dizendo que sim, e começou a passar a mão no pulso machucado.

– Você estava certa, eles sempre têm segundas intenções. – Olhei nos olhos dela para falar, não sei o quão sincero eu consegui ser, mas acho que o suficiente para ela não ficar nervosa por estragar um encontro com um modelo.

No final das contas, eu comprei meu terno para o baile, mas meus problemas não sumiram, muito pelo contrário, meus problemas aumentaram. E esse como todos os outros tinha nome...

Aster Bunnymund.


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Notas finais do capítulo

Vamos lá gente, comenta ai como tá ficando... se tá ruim de mais ou se tá aceitável.



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