A manhã seguinte chegou e a ruiva acordara energética como já lhe era de costume. Levantou-se, tomou um banho, escovou os dentes, comeu uma torrada e rezou por seu falecido irmão. Saiu e trancou a porta atrás de si. Caminhava de forma alegre, cantarolando uma canção qualquer. O dia estava com um clima bom, parecia que a tempestade da noite anterior não se repetiria.

Tudo parecia certo, a brisa fresca soprava brincando com seus longos cabelos alaranjados. Contudo, uma outra vez teve a sensação de estar sendo observada, aquilo não lhe agradava nem um pouco, uma vez que estava quase sempre sozinha. Olhou ao seu redor, nada, ninguém além dos velhos vizinhos. Aquilo lhe dava calafrios. Andou um pouco mais depressa, tentando não transparecer seu incomodo.

A sensação a deixou em pouco tempo. Já na entrada da escola, encontrou suas amigas: Tatsuki, sua amiga de infância que agia mais como sua protetora, usava seus cabelos negros de forma rebelde, era muito bem conhecida por suas habilidades nas artes marciais, era alta e não deixava que nada escapasse diante de seus atentos olhos castanhos. Havia também Chizuru com seus cabelos vermelhos na altura de seus ombros e olhos castanhos que não deixava que uma oportunidade de investir em Orihime passasse. E então, Mahana, com seus curtos e cacheados cabelos castanhos, tão alta quanto Tatsuki, e conversando distraidamente, Michiru, a menor entre elas junto à Ryou, que era tão alta quanto as outras e usava seus cabelos negros e escorridos de forma solta. Juntou-se a elas para conversarem antes as aulas começassem.

–Olha, o Kurosaki chegou.- Comentou Mahana. Elas então olharam na direção do ruivo.

–Junto com a Kuchiki.- Completou Ryou indiferente.

–Você acha que eles estão tendo alguma coisa?- Michiru perguntou, um pouco curiosa.

Aquele assunto era um pouco delicado para Orihime. A verdade é que, desde a 7ª série, guardava uma atração secreta pelo rapaz quase sempre mal humorado. Ela no entanto, nunca teve a coragem para se declarar. E agora, uma nova pessoa estava envolvida nessa história. Rukia Kuchiki. A novata era bonita, inteligente, forte e muito gentil. Todos a adoravam, incluindo a própria Orihime. Elas eram amigas. O que tornava ainda mais complicado. Ela não queria se sentir dessa forma, não queria ter ciumes da morena. E a verdade era que, se antes já não tinha muito impulso para contar ao rapaz sobre seus sentimentos, agora tinha menos ainda! Em poucos meses, a Kuchiki e o Kurosaki tinham formado uma conexão tão poderosa, mais do que ela conseguiu em anos! Competir com isso, poderia ser difícil.

Mas mesmo assim, não machucava menos. Por mais que quisesse evitar, tinha aquele sentimento do qual não se orgulhava um segundo sequer, tinha ciúmes, talvez até um pouco de inveja do relacionamento dos dois, e era isso que tanto lhe feria. Orihime, sempre foi uma garota de bom coração, generosa, pacifica, amigável. Esses sentimentos que carregava não combinavam com ela.

–Ah, eu não acho!- Comentou Chizuro tirando-a de seus profundos pensamentos.- Você já viu como eles brigam? São como cão e gato! - Riu um pouco.- Não é, Orihime? - Perguntou abraçando a ruiva que sorriu um pouco constrangida. Logo em seguida, foi socada por Tatsuki para que deixasse a Inoue em paz. Orihime que ainda estava um pouco distraída, sacudiu os pensamentos ruins de sua mente e sorriu para as meninas.

–Vamos entrar, meninas, as aulas já vão começar!- Disse enfim, fazendo com que todas seguissem para dentro.

Foi então que, talvez por destino, deu uma olhada atrás de si. Seus olhos castanhos, encontraram outra vez com os esmeralda. Ele passava pelo outro lado da rua, e assim como ela, parou seu passo. Ela queria ir até ele, e dizer alguma coisa. O que diria, contudo? Por que de repente tornou-se tão difícil formar uma palava, iniciar uma conversa. Não queria que fosse sempre assim, observando um ao outro por um momento e então seguindo com suas vidas, podia-se dizer que aquilo era outra coisa que não combinava com a ruiva. Ele não parecia pensar da mesma forma e o olhar foi desviado, e ele seguiu seu caminho. Orihime, não podia aceitar isso, queria tanto conhecer o som de sua voz! Logo, uma única palavra conseguiu sair de sua boca.

–Espere! - Ela pediu. Ele parou, surpreso, olhando outra vez para ela. Palavras! Por que lhe faltaram outra vez?- Hnm...- Gaguejou tentando pensar em alguma coisa.

–Ei, Orihime!- Foi então que a voz de sua amiga lhe cortou. - O que tá esperando? Vamos logo!- ela olhou para Tatsuki, e então para o rapaz, cujo o nome ainda mão conhecia. Ele desviou seu olhar outra vez, e retomou sua caminhada. Apesar de se sentir um pouco desapontada, Orihime, suspirou, e seguiu o seu também. “Fazer o que...” Pensou e voltou ao lado de sua amiga e então finalmente, foram para a aula.

O tempo voou sem que prestasse atenção. Era uma garota curiosa e decidida, não conseguia deixar de lado o que acontecera mais cedo. Porém, no entanto também não via uma forma de resolver seu problema, uma vez que, não sabia nada sobre ele. Mesmo assim, não se daria por vencido, estava cansada de deixar as coisas nas mãos do inconstante destino. Precisava encontrar uma forma de vê-lo novamente.

O sinal tocou. A seguir seria uma aula de natação, mesmo que o tempo estivesse frio naquele dia. Suspirou, levantou-se como nova, recuperou sua energia. Depois de se trocar, já se preparava para enfrentar o mergulho, frente a picina. Antes dela havia sido a Rukia, que conseguira impressionar a todos mostrando mais um de seus talentos.

E por falar na Kuchiki, lembrou-se de Kurosaki. Olhou em sua direção. Arrependeu-se. Ele olhava atenciosamente os movimentos da morena, como se estivesse hipnotizado. E se Tatsuki tivesse razão? E se eles realmente estivessem juntos? Suspirou. Estava com aqueles pensamentos outra vez, decidiu concentrar-se na picina. Mergulhou como se esperasse que a água limpasse seus pensamentos.

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Depois do fim das aulas, enquanto se preparava para sair, suspirou. Os pensamentos não lhe haviam deixado. Desejava poder apenas deletar as partes ruins dos seus sentimentos, as coisas que feriam seu coração, os problemas na sua vida. Mas não podia fazê-lo. Talvez – Pensava enquanto deixava o colégio.- tudo aquilo fizesse parte do grande objetivo da vida, não? Aprender a lidar com os obstáculos. Bom, ou isso ou de repente estava filosofando demais. Riu de si mesma por uns instantes. Até que, na saída teve uma surpresa capaz de lhe fazer perder o ar.

–V-você...?!- Exclamou e então, sem palavras outra vez.

–Você pediu para esperar.- Respondeu com um pouco de indiferença. O rapaz de cabelos negros, com sua pele alva e hipnotizantes olhos esmeralda. A ruiva não pode se conter, em sorrir...