Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 19
The Scientist




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513148/chapter/19

Caminhava de forma discreta por entre as pessoas nas ruas de Karakura. Ah, como podiam haver tantas assim, e ainda ser proibido de caçar uma ou duas, no maximo? Era muito injusto! Talvez só uma... ninguém sequer iria notar, certo? Mas não, sabia o que ela faria se descobrisse e simplesmente não estava com humor para ouvir sermões daquela maldita garota. Quem ela pensava ser, afinal? Lhe dando ordens? Okay, tudo bem, ela era mais velha e mais forte que ele, mas mesmo assim! Ah, um dia! Um dia certamente conseguiria colocá-la em seu lugar!

O viu andando em passos apressados, pouco a sua frente, mas distante o suficiente para que não notasse que estava a ser seguido. Afinal, o que ele estava fazendo, mais ainda naquela hora da manhã? O sol era tão irritante, sentia sua pele coçar um pouco pela exposição. Queria apenas ir à um bar com um bom heavy metal, e apreciar um bom whiskey, e talvez até mesmo uma garçonete... Mas não! Ao invés disso, tinha que seguir aquele maldito emo sem noção e saber em que estava se metendo agora. Ah, a vida era mesmo injusta.

***

Ulquiorra acordara sentindo-se um pouco melhor. Parecia que o que quer que tivesse sido feito com ele, o efeito era temporario, e apesar de não ter ido completamente, estava razoavelmente melhor que antes. Mas uma coisa era certa, Urahara lhe devia explicações, e ele as conseguiria agora.

Dirigia-se agora à cafeteria, mas sabia que não podia ter essa conversa dentro do estabelecimento, precisaria esperar nos fundos, onde o encontraria e falariam em privado. Mas, esperar? Não, não era um bom plano. Checou a maçaneta da porta dos fundos. Destrancada. Perfeito.

–Posso ajudá-lo?- A voz ecoou assim que ele pôs seus pés no lugar. Não era Urahara, contudo. Sentada logo a sua frente, com uma expressão tranquila, apesar do perigo que podia ser lido em seus olhos, a mulher o observava. Uma mecha roxa do seu longo cabelo, descansava quase sobre um de seus olhos, felinos, de cor dourada, sua pele escura mais lembrava a cor caramelo, e até mesmo o tom de sua voz implicava que não devia ser subestimada.

–Yoruichi Shihouin.- Ele comentou vendo a surpresa crescer no rosto dela.

–Ora, que interessante, você sabe quem sou. - Sorriu levemente.- E já que eu também sei sobre você, acho que isso deixa as coisas menos complicadas.- Ela disse e então sua expressão era séria.- O que quer aqui?

–Tenho assuntos à tratar com Urahara Kisuke.- Respondeu simplesmente, sem deixar-se intimidar. A expressão dela também não havia mudado, contudo havia algo que o fazia acreditar que ela já esperava por isso. Ela parecia relaxada, mas Ulquiorra não baixaria sua guarda tão facilmente.

A verdade era que, a mulher sentada a sua frente, Yoruichi Shihouin, era muito mais perigosa do que se pudesse imaginar. De fato, ela tinha uma fama, uma fama que a tornava temível mesmo para alguém como Ulquiorra. Uma das caçadoras mais mortais que qualquer vampiro desprovido de sorte poderia encontrar em seu caminho. Ela era conhecida por não utilizar-se de armas para caçar, ela não precisava delas, seu próprio corpo já era mortal o suficiente. Diziam, até mesmo, que ela podia decapitar um vampiro facilmente com suas próprias mãos, que ela podia penetrar seu peito com uma força e rapidez incríveis e lhe arrancar o coração ainda batendo.

Ulquiorra agora estava mais certo de que não era uma coincidencia nada do que havia acontecido. Se Urahara tinha alguma relação com a pessoa à sua frente, não lhe restavam dúvidas de que ele estava longe de ser um dono de uma cafeteria de uma cidade pequena. Mas o que mais o preocupava era ter sido ele seu alvo.

–Onde ele está?- Perguntou, ainda alerta à qualquer movimento suspeito. Yoruichi parecia divertir-se ao ver sua tensão.

Ei, Urahara! Venha aqui!– Ela o chamou do outro comodo, que Ulquiorra imaginou ser o deposito. Ele não demorou a aparecer.

–Sim, o que houve?- Perguntou normalmente.

–Tem visita. - Ela disse ainda em tom relaxado apontando para Ulquiorra. Urahara parecia um pouco surpreso por um instante, mas então nem tanto.

–Ora... Imaginei que voltaria a te ver.- Ele disse, apontando para uma cadeira onde Ulquiorra podia sentar-se e então sentando-se na outra. Ulquiorra desprezou a oferta. - Em que posso ajudá-lo?

–Não se faça de tolo, eu sei que fez algo contra mim, quero saber o que!- Ulquiorra exigiu.

–Contra você? - Urahara repetiu, com um sorriso ironico em seu rosto. - Não fiz nada contra você.

–É claro que você...- Ulquiorra começou antes de ser interrompido pelo loiro.

–Aquilo foi meramente um experimento... pode dizer que foi em prol da ciencia e não em razão de fazer algum mal à você.

–Em prol da ciencia? - Ulquiorra repetiu suas palavras com um leve tom de incredulidade em sua voz. - O que você fez comigo?

–Como eu disse, foi só um experimento. Não precisa se preocupar, aliás, o efeito já deve até mesmo ter ido embora.- Comentou de forma relaxada.- Agora, ajudaria bastante se me respondesse algumas questões sobre o efeito. - Ele disse enquanto pegava uma caderno de notas e uma caneta. Ulquiorra sentia-se furioso, como ele ousava tratá-lo como um rato de laboratório, fazer tão pouco dele?- Ok. Pode descrever como foi a primeira hora?- Ele perguntou ainda tranquilo. Ulquiorra queria apenas arrancar sua cabeça naquele mesmo instante. Maldito. Maldito! O subestimando dessa forma!- Ah, certo! Eu direi o objetivo da pesquisa! - Ele deu-se por vencido, mas não havia deixado o caderno e caneta.- Mas preciso que descreva o efeito pra mim, antes que eu o faça.- Ulquiorra tentou controlar a irritação, mas Urahara e sua atmosfera tranquila e seus joguinhos, deixava tudo mais difícil.

–E por que isso?- Perguntou mantendo certo controle de sua própria voz, tentando não transparecer sua fúria.

–Ora, é bem simples. Veja, não posso ter certeza da precisão dos fatos que você virá a relatar uma vez que souber do verdadeiro objetivo. Isso por duas razões, o cerebro costuma pregar peças de vez em quando, fazendo com que venhamos a acreditar em coisas que não são reais, uma vez que parece mais fácil de relacionar com o esperado no resultado final.- Urahara falava enquanto girava a caneta em seus dedos, e então apontou-a para Ulquiorra.- E a segunda razão é que, uma vez que você tenha a informação que queira, o que me garante que vai cooperar comigo? - Ele disse por fim, voltando a segurar sua caneta. - Agora, pode colaborar? - Ele apontou a cadeira para que Ulquiorra se sentasse à sua frente, mas ele não o faria. Ainda de pé, Ulquiorra sabia que não teria escolha senão, responder às malditas questões. Sim, ele poderia tentar do jeito violento, mas a presença de Yoruichi deixaria as coisas complicadas. Suspirou. A única outra opção seria tentar ir embora, com a possibilidade de que eles tentassem as coisas de modo violento, e mesmo que não acontecesse, se conseguisse sair de lá, sairia sem suas respostas. Resolveu cooperar.

–Pois bem. O que quer saber?- Urahara curvou seus lábios em um pequeno sorriso, vitorioso.

–Como foi a primeira hora, depois do experimento?- Ah, ele falava como se Ulquiorra tivesse concordado do tal experimento em primeiro lugar. Maldito. Respirou fundo outra vez, precisava se conter.

–Nada muito chamativo, apenas uma forma de desinibição momentanea. - Ulquiorra dizia, lembrando-se da forma como agira. Urahara assentia enquanto escrevia em seu pequeno caderno.

–Prossiga. - Ele disse simplesmente, sem tirar os olhos de suas anotações.

–Depois disso, os impulsos continuaram aumentando, como impulsos de personalidade que não podiam ser controlados.

–Quer dizer, sua personalidade como humano?- Urahara perguntou concentrado, e ainda olhando em seus olhos.

–Sim. - Urahara retomou suas anotações e fez sinal para que Ulquiorra continuasse.- Depois disso, perdi o controle,- Ele disse, sentindo um pouco de embaraço em ter que admitir a fraqueza.- quase por completo, e o instinto de predador se aflorou, juntamente com a fome.- Só de lembrar-se da fome que sentira antes, podia até mesmo sentir suas veias queimarem um pouco. Urahara continuava anotando de forma séria.

–Você se alimentou, imagino? - Não era uma pergunta.- Como foi, e o que houve depois que o fez?

–Foi como deveria ser.- Ulquiorra respondeu de forma seca.

–Quero dizer, o que fez com a vítima? Está morta?

–Sim. Ambas. - Ulquiorra respondeu como se para lembrar-lhe de quem ele era, mostrando até mesmo um pouco de orgulho. Urahara não parecia contente em saber das mortes, mas ao mesmo tempo não parecia surpreso. Anotou.

–Entendo. E depois disso? Algum efeito colateral? Tontura, nausea, fraqueza?

–Apenas um pouco de tontura, talvez. - Ele disse por fim, estava cansado de responder suas questões, agora queria respostas. - Agora é sua vez. - Ele disse sério, e num som ameaçador. - O que fez comigo?- Urahara terminou suas anotações, e depois de guardar ambos, caneta e caderno, voltou-se outra vez para Ulquiorra.

–Bom, o essencial você já sabe! Eu fiz um experimento com você e coloquei em seu café para que pudesse analisar os efeitos...- Ele comentou como se fizesse uma revisão. - Bom, a minha pesquisa é como eu te disse, não pretendo machucá-lo, na verdade estou estudando sua espécie.

–O que quer dizer? - Ulquiorra não conseguia entender, se esse era realmente seu objetivo, por que ele teria uma caçadora mundialmente conhecida por suas habilidades ao seu lado?- Então esse é seu objetivo? Nos estudar?

–Eu nunca disse que esse era meu objetivo.- Ele lhe respondeu misterioso.- Por ora, basta você saber que estou procurando entender como seus instintos e impulsos funcionam. - Mas como assim? Era essa toda a resposta que lhe daria? Ah, maldito! Queria matá-lo naquele instante.

–Bom, é isso, acho que pode ir agora.- Yoruichi finalmente interviu, com uma voz séria e seus olhos felinos ferozes. Ulquiorra sabia que não era hora nem lugar para comprar uma briga com ela, mas isso não ficaria assim. Certamente descobriria o que Urahara planejava e também, não serviria nunca mais como seu rato de laboratório. Estava decidido.

Saiu da cafeteria sem olhar para trás, tinha tanto em que pensar que apenas alguns metros depois, conseguiu notar que seus passos estavam sendo seguidos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até o próximo!
Kissus (╯3╰)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like Ghosts In Snow" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.