Sol e Lua escrita por Aislyn


Capítulo 29
Orgulho Yonbantai




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Nas ruas da Seireitei todos os que estavam no seu caminho faziam reverências, mesmo apressada, cumprimentava com simpatia. A haori branca sacudia com o vento, assim como os longos cabelos que estavam soltos naquela ocasião. Ao chegar no Yonbantai, os portões foram abertos imediatamente para ela e como sempre, sentia uma pontada em seu coração, a saudade daquele lugar era indefinível. Sabia que tudo possuía um tempo determinado para cada propósito na vida, e havia cumprido o seu naquele lugar. Naquele momento, o tempo era de alegria.

— Kuchiki-taichou, por favor, venha comigo – Iemura Yasochika fez sinal para que ela o seguisse. – Se eu soubesse que a senhora viria, a recepção poderia ser diferente.

— Yasochika-san, eu sou a mesma de sempre – ela riu. – Sempre me chamou de Aiko, pare com isso.

— Mas...

— Vou ficar brava se me tratar diferente, somos amigos, não? – Ela o cortou e tocou no ombro dele. – Ainda acho estranho quando me chamam de Kuchiki-taichou, isso até confunde a minha cabeça.

— Aiko-san, – ele estava ainda sem jeito – nunca imaginei que um dia sairia do Yonbantai um novo taichou. Ainda não fizemos aquela festa para comemorar a sua promoção.

— Eu adiei uns meses a promoção, tive meus motivos, claro... Só sei que é estranho demais ainda ter esse cargo. Um dia me acostumo – ela foi sincera. – E, você quis dizer a nossa, promoção, né? Ainda não o parabenizei por ter sido promovido a fukutaichou, então, meus parabéns!

— Obrigado. Em breve comemoraremos então! O Nanabantai parece que vai me dar um pouco de trabalho, sinto que só fui chamado para curar os homens de lá, já que todos seguem o exemplo do Iba-san.

— Você possuiu habilidades de cura maravilhosas, porém, também é excelente em tudo o que faz. Foi a melhor escolha para fukutaichou – ela sorriu. - Eu vim para falar com a Isane-san.

— Mais uma vez agradeço. Ela está no escritório... Vamos?

O novo fukutaichou se despediu de Aiko e deixou as duas juntas no escritório. Aiko olhou ao redor, nada havia mudado. Não se arrependia de ter saído de lá, entretanto, os bons tempos nunca passavam, residiam para sempre dentro dela. Isane a recebeu com um sorriso de ponta a ponta, serviu chá e conduziu Aiko até o jardim. As duas ficaram em contemplação por alguns minutos, pareciam ter uma conexão muito profunda e até mesmo no silêncio entendiam-se.

— Então, como estão as coisas no Hachibantai? – Isane quebrou o silêncio.

— Bem, tudo lá é um pouco pacato – Aiko parecia desanimada. – Às vezes fico caçando o que fazer, sabe? A biblioteca do bantai está finalmente reconstruída e aos poucos estão chegando livros. Estou ajudando na restauração dos que não foram destruídos e nos próximos dias abriremos as portas para todos, principalmente para os estudantes da academia. A Nanao-chan me ajuda bastante também, aos poucos estou aprendendo como tudo funciona lá. Só que, eu continuo achando estranho essa nova posição.

— Eu sei muito bem – Isane tinha ciência que Aiko havia sido a favorita para a posição de taichou no Yonbantai. – Só que, é necessário que um taichou seja forte e tenha o poder necessário para estar a frente do bantai desde que o Kyouraku-soutaichou foi promovido. Nós adoramos todos os que estavam concorrendo, porém, a verdade não pode ser ignorada...

— Sim, você tem razão. Eu ainda vou precisar de um bom tempo para me adaptar e conseguir olhar nos olhos daqueles homens do jeito que um taichou precisa olhar. O Byakuya me dá várias lições de moral por causa do meu jeito, hoje mesmo ele foi até lá bisbilhotar.

— Você sempre vem aqui quando está chateada... Me sinto feliz por sermos amigas assim.

— Eu também vim para pedir que você libere uma enfermeira para me ajudar... O Byakuya deixou a Chiyo-san em cima de mim e eu sei que ela faz fofoca para ele sobre tudo o que faço, então, falei que eu chamaria uma enfermeira, assim, ele fica tranquilo e tira o cão de guarda dele da minha cola.

— A Chiyo-san é uma empregada maravilhosa, mas realmente a lealdade dela com o taichou é imensa. - Isane levantou-se e foi até a sua mesa. Após olhar alguns papéis, olhou para Aiko. – O que acha da Naomi-san?

— A melhor! Eu fiquei com vergonha de pedir por ela, já que é uma das melhores enfermeiras que vocês têm. Agora poderei respirar um pouco, só vou pedir para ela não passar um relatório para ele das minhas atividades, senão, terei mais problemas. Byakuya acha que não posso nem treinar com os homens mais e que só devo ficar sentada o dia todo, até parece...

Isane riu. Sabia que aquela era a forma que Kuchiki Byakuya demonstrava seu amor pela família, mesmo parecendo autoritário demais. A taichou lembrava das vezes em que Aiko fugia para o Yonbantai a fim de escapar das maluquices dele, não parecia que o tempo tinha passado tanto. Aiko permaneceu mais uma hora conversando com Isane e após ir até o Centro Médico, onde ajudou em algumas tarefas, voltava para a casa.
No caminho, Aiko viu uma cena que a fez parar imediatamente.  Reconheceu um membro do Yonbantai, ele estava caído no chão enquanto alguns arruaceiros não deixavam com que levantasse. Perdera as contas de quantas vezes aquela cena se repetiu desde que se tornou shinigami. Não deixaria aquilo barato, aproximou-se e fez com que a pressão da sua reiatsu fosse sentida por todos. Ninguém foi capaz de proferir uma única palavra diante da presença dela.

— Ren-san, venha – a taichou fez sinal para que abrissem caminho para ela e estendeu a mão para o ex-colega, ajudando-o a levantar-se. – Vá para o bantai, eu cuido dessa bagunça.

Ela pegou um pacote de medicações que estava caído no chão e entregou para ele. Ren prestou uma reverência desajeitada e saiu correndo dali, pois, não era todo dia que tinha a sorte de ser defendido por alguém como Aiko. Assim que o viu longe dali, Aiko respirou fundo e fulminou cada um dos shinigamis presentes com o olhar.

— Quem vocês pensam que são para trata-lo daquela forma? Aliás, quem vocês pensam que são para tratar qualquer um do Yonbantai do jeito que tratam? Não preciso nem de identificação para saber que são do Juichibantai!

— Qual é, taichou? Desde quando aqueles fracassados são problema da senhora? – Um dos homens a encarou. – Faz parte da nossa tradição o que fazemos e se quer reclamar com alguém, reclame com o Kenpachi-sama.

— Eu... – Aiko respirou fundo, parecia ouvir a voz de Unohana em sua mente pedindo para que se acalmasse. – Eu quero que transmitam essa mensagem a todos os seus companheiros. A partir de hoje se vocês encostarem um dedo em alguém do Yonbantai, ou se fizeram até mesmo um deboche que seja, isso vai ser problema meu sim.

— Que interessante...

O grupo de shinigamis imediatamente fez uma longa reverência após ouvirem a voz de seu taichou. Ele aproximava-se de Aiko e a olhava de um jeito assustador. Um sorriso sombrio brotou em seus lábios.

— Foi bom ter ouvido tudo, Zaraki-taichou. – Ela não se intimidou e o encarou. – Eu sei que vocês sempre desdenharam do trabalho de todos lá, acham que é um time de fracassados, mas, sem o Yonbantai vocês não estariam aqui. Não existe Gotei Juusan sem eles.

— Isso não muda o que penso – Zaraki tocou em sua zanpakutou. – Você pode ter mudado de bantai, mas continua sendo fracassada como todos eles. Agora saia do meu caminho e nunca mais dê ordens para meus os homens, senão...

— Senão?

Todos viraram imediatamente ao ouvirem aquela voz. Zaraki Kenpachi começou a sorrir como nunca e sacou a sua zanpakutou. Os shinigamis saíram do caminho, agora só havia Aiko entre Zaraki e Byakuya, que também retirou a zanpakutou da bainha. Aiko estava incrédula, só podia ser um pesadelo.

— Veio defender sua mulher? – Zaraki perguntou e deu uma gargalhada.

— Eu não admito que você levante um dedo para a mulher que carrega o meu filho no ventre – ele respondeu com a sua frieza habitual, mas Aiko sabia o que aquilo significava.

— Oe vocês dois! Sabem que esse tipo de luta é proibido aqui. E, eu não vou retirar uma palavra do que disse! Levarei esse caso ao Kyouraku-sama... Mas, uma coisa é certa, nunca mais ninguém do Yonbantai sofrerá qualquer ataque aqui.

— Eu não me importo de sofrer as consequências – Zaraki deu dois passos para frente. – Temos muitas contas para acertarmos, Kuchiki, e eu não vou me segurar.

— Disperse, Senbonzakura...

Byakuya olhou para Aiko antes de liberar o seu shikai, como se quisesse falar para que ela saísse do caminho, no mesmo instante em que Kenpachi cortou o ar com a sua zanpakutou. Ela saltou no ar e parou sobre um muro.

— Vocês perderam o juízo?! – Um grito ecoou naquele lugar. Ise Nanao estava alterada e colocou-se entre os dois taichous que imediatamente pararam de atacar. – Estão querendo destruir novamente a Seireitei? Eu não vou admitir isso!

— Com licença – Aiko saltou para o lado de Nanao. – Essa briga começou por minha causa e com a sua presença, Ise-fukutaichou, vou esclarecer as coisas. Impedi que um grupo do Juichibantai continuasse atacando um shinigami do Yonbantai e óbvio que não é surpresa alguma que o Zaraki-taichou apoie essas ações. Eu vivi alguns anos disso na pele e farei minha voz ecoar pela Seireitei se for necessário... Ninguém mais do Yonbantai será tratado dessa forma! Se após uma guerra todos os sobreviventes são curados é por conta do esforço de cada um daquele bantai... Se cada shinigami aqui bebe água potável, tem de uma boa alimentação, recebe todo o tipo de apoio, medicamentos , cuidados e vacinas, caminha por ruas limpas e desfruta de tantas outras coisas que contribuem para a boa vida de todos, é mérito do Yonbantai! A vida de vocês não existe sem eles... Então, eu, Kuchiki Aiko, exijo respeito para cada membro de lá, seja quem for. A partir de hoje, declaro que o Hachibantai terá também como dever oficial assegurar que injustiças como essas não aconteçam mais por aqui. E, eu desafio oficialmente qualquer um que se oponha a isso.

Nanao olhava perplexa para Aiko, enquanto Byakuya demonstrava no semblante estar orgulhoso dela. Zaraki Kenpachi cruzou os braços e resmungou algo baixinho, nesse momento, Nanao o encarou.

— Farei suas palavras chegarem até o Kyoraku-taichou e tratarei de transformar em comunicado oficial. Se é esse o dever que quer tomar para o Hachibantai, apoiarei, Kuchiki-taichou.

— Muito obrigada, Ise-fukutaichou! – Aikou fez uma reverência. Ali não estava a amiga e sim o braço direito do Soutaichou e ela respeitava isso. Por mais que Nanao tivesse um cargo menor que o deles, ainda assim por ser do Ichibantai tinha o direito de intervir no que fosse necessário e colocar ordem na Seireitei. – Com a sua permissão, vou me retirar... E claro, me coloco à disposição do Soutaichou para quaisquer esclarecimentos.

— Pode ir, eu cuido desses dois... Vamos, Kuchiki-taichou e Zaraki-taichou. O Kyouraku-taichou com certeza terá prazer em ouvi-los.

Ichibantai – Sala de reunião

Kyouraku Shunsui estava suspirando no meio do fogo cruzado. Admitia para si mesmo que era um molenga quando se comparava com Yamamoto. Estava pedindo pela terceira vez para que Zaraki e Byakuya esfriassem a cabeça, porém, ambos o fulminavam com o olhar antes de voltarem a se encarar. Não era novidade que aqueles dois tinham uma rixa há muito tempo e se permitisse até mesmo um desafio que seguisse as regras, sabia que algo daria errado.

— Esse é momento para união e não para brigas... Por favor, continuem ajudando com a reconstrução do que ainda está pendente. Logo, novos membros precisarão da acolhida de vocês e definitivamente, isso é muito mais importante que uma briga de egos.

— Egos? – Os dois repetiram em uníssono.

— Está na cara – Shunsui olhou para ambos. – Acho que está tudo bem, não, taichous?

— Kuchiki-taichou! – Nanao entrou correndo na sala, estava arfando. – A Aiko não está bem... Por favor, vá até ela. A Kiyone-san me ajudou a leva-la até a Mansão Kuchiki.

Byakuya olhou para Shunsui que fez sinal para ele sair e então, desapareceu da sala usando shunpo.

— Nanao-chan, o que houve? – Perguntou Shunsui preocupado.

— Eu acho que o bebê vai nascer em breve – ela ainda estava nervosa. – Preciso ir até a Isane-san. Depois trago notícias.

— Corra, Nanao-chan!

— Pff... Mais um Kuchiki arrogante no mundo – Zaraki sibilou. – Vou dar uma pequena trégua para ele e depois trataremos do nosso duelo.

— Se cuide, Zaraki-taichou – Shunsui abanou.

Aquele era um ótimo momento para ir até o túmulo de Yamamoto e pedir iluminação. Sentia falta dos dias pacatos, de quando a sua obrigação era apenas com o Hachibantai, mesmo que a vida de um shinigami fosse estar sempre pronto para a guerra.
Shunsui sabia que o seu antigo bantai estava nas melhores mãos, talvez tivesse sido um pouco imprudente em delegar aquela função para Aiko enquanto estava grávida, entretanto, não tinha opção. Além da função de taichou, o hachibantai também estava sem fukutaichou, então, tudo estava nas mãos de um terceiro oficial não muito habilidoso para arcar com tantas responsabilidades. Além de Aiko ter demonstrado o poder necessário para estar a frente de um bantai, também possuía um grande coração, senso de dever e sabia o que era se sacrificar por um bem maior. O fato de Kuchiki Byakuya ajuda-la deixava o soutaichou ainda mais aliviado, dificilmente alguma coisa daria errado enquanto ele estivesse ao lado dela.
Já diante do túmulo de Yamamoto, Shunsui se ajoelhou e fez algumas preces em silêncio antes de iniciar o que ele mesmo admitia serem lamúrias.

— Hey, Yama-jii... Como o senhor aguentava tudo isso, hein? Hoje eu tive vontade de deixar aqueles dois se matarem, mas, os pais da Aiko-chan jamais me perdoariam. Me empreste um pouco da sua sabedoria, por favor, antes que eu precise novamente encher a cara. E, por favor, tira da cabeça do Ukitake o papo dele de aposentadoria... Se aquele velhaco sem vergonha me abandonar, estarei perdido.

— Quem é “velhaco sem vergonha”?

— Credo, Ukitake! – Shunsui realmente se assustou. – Parece até que está sempre me espreitando.

— E sempre quando chego você está falando mal de mim para o Yama-Jii – ele meneou a cabeça, estava de bom humor. – Alguns homens falaram de problemas, vim ver se precisava de ajuda.

— Fui salvo pelo gongo – Shunsui se levantou e começou a caminhar assim que Ukitake reverenciou o túmulo. – O Zaraki e o Byakuya se estranharam de novo e só consegui impedir uma tragédia porque a Nanao-chan entrou correndo para anunciar que a Aiko talvez estivesse para dar à luz.

— O quê? – Ukitake arregalou os olhos. – Velho amigo, hoje não vou poder ficar para o chá.

— Eu entendo... Vá e mande notícias, por favor. O nascimento desse bebê será um evento para todos nós.

— Assim que souber de algo farei isso. Depois conversamos sobre o que aconteceu hoje. Até.

Ukitake sentia-se bem naquele dia, precisava chegar até a Casa Kuchiki para ajudar no que pudesse. Para ele, um neto estava nascendo.
Havia uma grande movimentação no portão, reconhecia os pais de Aiko que entraram correndo, seguidos por Rukia e Renji.

— Oe, vocês dois – Ukitake conseguiu alcançá-los. – É realmente o que estou pensando?

— Sim, Ukitake-taichou – respondeu Rukia com um ar de preocupação. – O bebê está para nascer...

— E está tudo bem? – Ele reparou no olhar da sua fukutaichou.

— Não... Parece que a Aiko está sofrendo muito. A Isane-san está lá junto a várias enfermeiras.

— Estranho, ela sempre esteve tão saudável.

— Eu também acho estranho... Há alguns minutos trouxeram os equipamentos necessários com a ajuda de um dispositivo de teletransporte criado pelo Urahara-san. – Rukia pegou Ukitake pelo braço. – Vamos, taichou... Sei que o meu irmão está precisando de apoio nesse momento.

Ukitake assentiu. Não sabia bem como se aproximaria de Byakuya, entretanto, era seu dever estar ao lado da família naquele momento, pois, tinha um elo muito forte com Aiko.


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