Sol e Lua escrita por Aislyn


Capítulo 25
In Memoriam




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Ukitake Juushirou estava sentado em seu jardim, cuidava tranquilamente de mais um bonsai e o carinho que tinha por aquelas pequenas árvores era nítido. Havia dado folga aos seus subordinados para poder ter um dia também de descanso, pois, depois da festança na Casa Kannogi, era o mínimo que precisava.
Distraído, não reparou que alguém havia chegado lá e ao virar-se, teve uma surpresa. Ela estava com o ar cansado, não imaginava vê-la tão cedo dentro de um uniforme e com a zanpakutou na cintura.

— Ohayo, Aiko-chan! Tem certeza que você não deveria estar... Bem... – Ukitake coçou a cabeça, ela o entenderia. – Não me diga que você e seu marido já brigaram?

— Não, Ukitake-taichou – ela suspirou e sentou-se ao lado dele. – Acredita que surgiram problemas no bantai hoje, justo hoje!? Obviamente que ele saiu correndo, pois, o incompetente do Renji não conseguiu resolver.

— Imagino que tenha sido algo grave, afinal, era a lua de mel de vocês...

— Bem, eu sabia que ao casar com um homem como ele, teria que ser uma esposa compreensiva... E, ele também terá que compreender quando eu tiver que sair correndo em emergências. Só que, nem conseguimos curtir um ao outro como marido e mulher.

— Vocês terão muito tempo, querida. Agora, me ajude aqui – Ukitake passou uma tesoura para ela e sorriu. – Faz tempo já que não tenho sua companhia para isso.

Aiko retribuiu o sorriso, amava Ukitake, da mesma forma que amava seu pai e a companhia dele era tudo o que precisava para se acalmar. Odiava lembrar do quão mal ele ficou após a última batalha e sua sobrevivência foi um milagre graças aos esforços Kurotsuchi Mayuri e Kotetsu Isane, além dos seus. Sentia falta de Unohana e de alguma forma, parecia que a taichou estava sempre perto de ambos.
Tudo estava indo bem no Yonbantai, os companheiros de time ajudavam-se lá dentro e honravam a memória de Unohana Retsu da melhor maneira possível.

—  Sabe... Todos os dias eu faço preces para a taichou e a honro como parte da minha família no altar, mas, não parece suficiente. – Ela cortou alguns galhos secos da árvore e olhou para Ukitake. – O que o senhor acha que a Unohana-taichou esperava de mim?

— Tenho certeza de que o último desejo dela deve ter sido para que você fosse feliz, Aiko. Ela se preocupava com a relação que você tinha com o Kuchiki-san e acredito que teria ficado bastante satisfeita com o casamento de vocês. Então, seja feliz, apenas isso... Tente se harmonizar com o Kuchiki-san e viver em paz.

— Acho meio difícil, mas, vou tentar, taichou! Quase sempre ele me tira do sério, mas, a verdade é que não conseguimos ficar longe um do outro.

Após terminarem a poda da árvore, Ukitake fez um chá e seguiu conversando com Aiko sobre diversos assuntos, inclusive sobre o crescimento dela como shinigami. Os poderes de cura dela estavam em um alto nível, comparavam-se ao de Unohana e alguém como ela era essencial na Soul Society. Ukitake fazia questão de explicar para ela o que significava aquela responsabilidade, e queria que o visse sempre como um mentor a quem poderia procurar quando precisasse. Devia isto à Unohana, cuidaria de Aiko, mesmo não sendo seu superior.

— Às vezes eu sinto como se estivesse roubando a posição que seria por direito da Isane-san – desabafou a shinigami após bebericar o chá. – Fiquei responsável por tudo o que chega ao escritório, pelas ordens...

— Você sabe que a Isane-san sempre preferiu cuidar do andamento do Centro Médico, dos pacientes e a parte burocrática ficava com a Unohana. Eu imagino que você sinta falta daquela correria, de estar para cima e para baixo cuidando das pessoas, mas Aiko, preste atenção – ele parou e terminou o seu chá. – A Isane e nenhum outro membro do Yonbantai quebrou o selo da bankai. Inevitavelmente, a responsabilidade seria sua. O Shunsui confia em você.

— Mas, taichou... Isso não pode se tratar somente de poder. Eu me recuso a ocupar o lugar da Unohana-taichou.

Ukitake suspirou. Sabia que Aiko era leal demais e ascender a posição de taichou quando Isane era a segunda em poder parecia traição. Talvez conseguisse conversar com Shunsui, que havia ficado no lugar de seu querido “Yama-Jii”.

— Tem certeza que essa é a sua decisão, Aiko-chan? – Perguntou Ukitake seriamente.

— Sim. Eu me tornei shinigami para ajudar os outros e me sinto feliz em qualquer posição que me permita fazer isto.

— Tudo bem, eu vou ver o que posso fazer para que sua vontade seja respeitada.

— Obrigada, taichou. Nos vemos amanhã no memorial.

— Hai. Até amanhã, Aiko-chan.

 

Centro Médico

Kotetsu Isane estava ajudando na instalação de um novo equipamento no centro, aos poucos conseguiam reconstruir o bantai. Os lugares mais importantes de Seireitei sempre tinham sua reconstrução garantida com a ajuda de Kurotsuchi Mayuri, porém, ele próprio demorou um pouco para remontar o seu laboratório. Com a instalação do Departamento Tecnológico ainda pequena, Mayuri deu preferência para a montagem de novos equipamentos para o Yonbantai e finalmente havia chegado o dia da entrega. Isane tentava seguir em frente, assim como todos do bantai. Aiko a observava de longe, sempre gentil e preocupada com os outros ao seu redor, via na fukutaichou a melhor opção para o posto de Unohana Retsu.

— Aiko-san, eu não vi você...

— Tudo bem, Isane-san, eu cheguei agora. Está precisando de ajuda?

— Na verdade, preciso que alguém ajude a minha irmã com as flores do memorial. Chegaram faz uma hora e eu acho que você é a pessoa mais indicada para arrumar as flores e orientar todos nas tarefas. Ainda tenho um bocado de trabalho aqui, mas, fique tranquila que já fiz tudo o que estava pendente lá no escritório. Achei que você não viria hoje.

— Eu viria de qualquer forma, só que pretendia passar o dia com o Byakuya... – Aiko notou que estava falando demais e coçou a cabeça. – Ah, não vou incomodar você agora com isso, nos vemos depois.

A oficial fez uma reverência e antes que Isane respondesse, saiu correndo dali. Lá fora, encontrou Kotetsu Kiyone, Yasochika Iemura e Hanatarou levando vários arranjos de flores para o local onde ficava a sepultura de Unohana. Um lago artificial estava terminado de ser enfeitado por alguns shinigamis e o altar erguido para proteger a sepultura ganhava os últimos retoques de tinta. Ela cumprimentou a todos e começou a arrumar os arranjos de flores ao redor do altar, ali, havia bastante espaço e uma mesa grande já estava montada, com um retrato grande de Unohana no meio, a sua moldura de ouro era presente de Aiko. Por fim, colocou algumas flores sobre a mesa, velas flutuantes em recipientes de vidro e alguns porta incensos.

— Kyione-san, sabe se está tudo certo lá na cozinha?

— Sim, Aiko-san. Não há com o que se preocupar – respondeu a oficial. – Acho que terminamos por hoje. Amanhã eu receberei os incensos, já marquei lá no meu bantai e trarei cedo para cá.

— Obrigada. Eu vou para o escritório então, qualquer coisa, me chame lá.

Era difícil para todos quando alguém tão querido morria em uma batalha, mesmo que fosse o destino certo de um shinigami, a dor daquela perda era forte demais. Tanto Aiko, quanto Isane e os oficiais mais próximos de Unohana tentavam seguir em frente, entretanto, a presença da taichou ainda podia ser sentida lá. Na mesa do escritório que pertencia a Unohana, Aiko colocara uma fotografia lá de todos juntos no dia em que fizeram uma festa do Yonbantai na Casa Kannogi. Sempre que precisava de orientação, olhava para aquela foto e rezava para que a sabedoria de Unohana a guiasse.

Aiko acordou com os primeiros raios de sol que invadiam a sua janela, era um pouco estranho dormir no alojamento do Yonbantai, porém, seu marido avisara que não poderia voltar para casa na noite anterior. Os problemas causados pela última batalha ainda tiravam o sono de muitos e Byakuya precisava deixar tudo em ordem, assim como os outros responsáveis pelo Gotei Juusan.
Naquele dia, a oficial colocou um kimono conhecido como Mofuku, usado durante ritos fúnebres pelos familiares e pessoas mais próximas de quem morreu. Ninguém tivera tempo para viver o luto após a morte de Unohana, nem mesmo um funeral digno ela havia tido por causa da destruição na Seireitei e o único funeral às pressas que conseguiram organizar foi o de Yamamoto.
Aiko e Isane recebiam os que chegavam para prestar homenagem à Unohana, estavam sérias, porém, sempre gentis e prestativas. A primeira parte do evento foi aberta a todos os shinigamis e a segunda que estava para começar era apenas para os cargos mais altos do Gotei Juusan.
Aos poucos os taichous chegavam acompanhados dos oficiais de seus times, cada taichou e fukutaichou acendia um incenso e colocavam diante da imagem de Unohana. Todas que faziam parte da Associação Feminina de Shinigamis lembravam da taichou, que gostava de ser chamada nas reuniões de “diretora” com alegria e muita saudade. Isane e Aiko, porém, não conseguiam sorrir ainda.
Kuchiki Byakuya foi o último a prestar homenagem, fez questão de ajoelhar-se diante da sepultura de Unohana e ficou por alguns instantes ali em silêncio.  Aiko aproximou-se dele e se ajoelhou.

— Eu sinto a falta dela... É como se nada aqui fizesse sentido sem ela – desabafou, lágrimas escorriam em seu rosto. – Desculpe, ainda não consegui colocar para fora tudo o que sinto.

— Sei exatamente o que está sentindo – ele colocou a mão no ombro dela. – Mas, não há nada que possamos fazer... Você primeiro fica de luto e depois segue vivendo.

— Ainda bem que tenho você – Aiko se levantou assim que Byakuya fez o mesmo. – Acho que só o tempo poderá amenizar o que estamos sentindo.

— Sim... Logo as lembranças não serão tão dolorosas, confie em mim. Agora, acho que você precisa ser forte e continuar com a cerimônia ao lado da Kotetsu.

Aiko assentiu e foi até Isane, que segurou a sua mão. Shunsui e Ukitake conversavam enquanto olhavam para ambas, não era a melhor hora para anunciar o que foi decidido, entretanto, ao vê-las unidas daquela forma tinham a certeza de que o anúncio que programaram para dali a uma semana era o melhor para todos.


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Notas finais do capítulo

Não imaginei que já havia se passado três anos desde a última atualização. Como alguns sabem, tenho um filho pequeno e por conta dos problemas de saúde dele, mais minhas atividades acadêmicas, precisei abandonar muita coisa que eu gostava.
Eu tinha dito que faltava mais um capítulo só, porém, perdi o que tinha escrito e esqueci completamente, assim, resolvi deixar fluir. O mangá de Bleach terminou de um jeito que eu não gostei, exceto pelo cap. final que foi uma fofura, não vou dar spoiler, pois sei que ainda tem gente que não conseguiu terminar... Modifiquei várias coisas para poder continuar a história, espero que as pessoas que liam ainda tenham interesse e curtam a história.



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