Tiger Lily 1st escrita por Lacie


Capítulo 2
Parabéns para você...


Notas iniciais do capítulo

N/A: Alguém está lendo? Se sim, favor dar sinal de vida... É raro ver fanfics Scorplily por ai, então não sei se a minha agrada alguém.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512629/chapter/2

Dia 19 de Julho? O que tinha de tão importante além de ser uma sexta feira, dia semanal da faxina de Winky? Era véspera do aniversário de Lily Luna e todos já estavam se preparando para isso.

– Lily, me passa o suco de abóbora por favor? – Pediu Scorpius que, diferente do seu primeiro dia na casa dos Potter, estava o mais distante possível dela.

A menina não respondeu, apenas ignorou-o e serviu-se do suco. Scorpius suspirou e repetiu o pedido para Lysander, que estava ao lado da ruiva.

– Vai ignorá-lo até quando? - Perguntou Lysander após o almoço, quando ninguém mais estava olhando.

– Até eu ir para Hogwarts e não tiver que vê-lo todo dia! – Respondeu Lily, tentando se distanciar da amiga e indo em direção ao campo de quadribol.

– Deixe de besteira Lily! Ele não é o único que já te chamou de criança, Rick fala isso todo dia e você não se irrita! – A loira quase tropeçou em um galho seguindo Lily a passos rápidos, mas continuou determinada.

– Eu sei, mas eu...

A caçula dos Potter parou de falar ao ver que o campo estava ocupado. Montados em suas vassouras estavam James, Albus, Rick e Scorpius.

– Hey meninas, querem jogar? – Perguntou James descendo ao chão. – Os times são eu e Albus contra Rick e Scorpius. Lysander pode ser do meu time e...

– Não, eu quero ser do seu time. – Falou Lily. James ficou um pouco surpreso, já que eles dois costumavam ser de times opostos e sempre disputavam. James sempre ganhava e Albus apenas assistia de longe.

– Tudo bem... Então, já que somos poucos vamos jogar apenas com dois artilheiros e um batedor ok, sem goleiro, só vale o arco do meio...

– James? – Chamou Lily.

– O que foi? – Lily olhou para Rick (batedor do time da grifinória) e depois para Scorpius. Mostrou seu melhor sorriso maroto.

– Posso segurar o taco?

– Sim... – Respondeu James desconfiado entregando o bastão de batedor para a irmã. – Estranho, você sempre quer ser artilheira...

O mais velho dos filhos Potter voltou a sua vassoura e voou de costas para Lily, que encarava o Malfoy sorrindo e batendo o bastão na própria mão, enquanto o loiro olhava para ela com uma expressão um pouco confusa e assustada.

James deu o sinal e o jogo começou.

Scorpius começou pegando a goles e voando em direção ao campo adversário, sendo imediatamente perseguido por James. Lily apenas pôde acompanhar com o olhar o quanto eram rápidos. Estava tão distraída que não viu o balaço vindo em sua direção, mas ouviu o zumbido na última hora e bateu forte contra a bola, que voou em direção a Scorpius, que teve que dar uma parada brusca para não ser atingido, dando a James a chance de roubar a goles e correr para o outro campo, e foi o que ele fez.

– 10 PONTOS PARA OS POTTER! – gritou uma voz no chão, fazendo todos olharem para baixo. Andando em direção ao campo estavam Gina, Harry, tio Ronald, tia Mione e seus filhos, Hugo e Rose.

– Rose! – Gritou Lily, voando o mais rápido possível e descendo da vassoura para abraçar a prima.

– Oi Lils... Podemos jogar? – perguntou a ruiva sorrindo. Os velhos foram se sentar na pequena arquibancada para assistir a disputa e Hugo e Rose foram pegar vassouras no armário.

– Cada Weasley em um gol! – falou James.

– Deixa Rose ser do nosso? Deeeeixa? – Perguntou Lily fazendo biquinho. Hugo suspirou.

– To indo pra o outro campo... – disse o ruivo. – Oi Rick, e você é...

– Scorpius, amigo de Albus. – Disse o Sonserino sorrindo.

– Engraçado, não sabia que Alb tinha amigos... Ai! – Gritou, depois de receber um soco na cabeça do primo de olhos verdes.

O jogo recomeçou mais uma vez, só que agora quem estava em posse era James. Quando o mais velho chegou perto dos aros começou a ser marcado por Rick para atrasá-lo, lançando um balaço em direção ao amigo. James olhou para os lados e viu Albus desmarcado. Jogou a goles para o irmão que deixou-a cair.

James tentou voar para recuperar a bola, mas de nada adiantou. Scorpius já tinha mergulhado e pegou a goles antes que batesse no chão, além de conseguir levantar vôo perfeitamente, indo rápido em direção aos aros adversários, onde estava Rose Weasley Posicionada, e ao seu lado Lysander. Ele se aproximou das balizas e em distância suficiente para pontuar lançou a goles para a loira ao seu lado, que fez o ponto sem que a goleira notasse.

Scorpius estava tão distraído por sua estratégia ter funcionado que mal sentiu o balaço que acertou-o em cheio no nariz, derrubando-o da vassoura.

***

– Eu não queria machucar ele, eu juro! – Falava Lily para Lysander, quando ninguém mais estava olhando. A ruiva estava nervosa, já que seus pais levaram Scorpius desmaiado para o quarto de Albus e estavam cuidando dele. A atenção de Lily Luna se voltou para a porta quando viu sua mãe e seu pai saindo de lá. – Mamãe, ele vai ficar bem?

– Vai sim querida, relaxe. Já coloquei uma poção cicatrizante no nariz dele, ao amanhecer já vai estar curado. – Falou Gina sorrindo. Ela se ajoelhou e secou uma das lágrimas que escorriam da bochecha da filha. – Não fique assim ok? Não foi culpa sua, acidentes acontecem.

O que ela poderia fazer? Apenas acenou com a cabeça para a mãe, apesar de saber que a culpa fora dela sim. Sempre que via Scorpius a raiva subia a sua cabeça.

O jantar foi silencioso já que o menino Malfoy ainda estava dormindo, e apesar dos pais terem garantido, alguns ainda se preocupavam se o nariz dele ia mesmo voltar ao normal.

– Er... Oi gente... – O loiro apareceu na porta da sala, com os olhos vermelhos e o nariz inchado coberto com um curativo. Lily podia jurar que estava um pouco inclinado para a esquerda...

– Me desculpe Scorpius, não levei comida para você, já que estava dormindo! Harry, prepare alguma coisa pra ele comer por favor.

– Sim querida. – Respondeu o menino que sobreviveu, beijando o topo da cabeça da esposa e guiando o visitante até a cozinha.

***

Depois de um tempo, todos foram dormir. Rose no quarto de Lily, Hugo no de Albus e Rony e Hermione no quarto de visitas. Quero dizer, quase todos. Lily não conseguia pregar os olhos. E se o nariz dele ficasse torto mesmo? E se a poção não funcionasse? Será que ele a odeia? Ela não queria que isso acontecesse...

Desistindo de dormir, a pequena ruiva levantou da cama e desceu as escadas, buscando pegar um copo de água. Ela se assustou ao bater contra o peito de alguém na porta da cozinha, e só pôde reconhecer ao levantar a cabeça e bater acidentalmente no nariz do jovem, que se afastou gemendo de dor.

– Scorpius! D-desculpe! – Ela falou enquanto se aproximava dele, ajudando-o a se equilibrar. – Eu não queria te machucar, não tive a intenção... – O garoto começou a rir.

– Relaxe Lily, eu sei que você não queria me dar uma cabeçada... – Mas ele parou ao reparar nos olhos cheios de lágrimas da garota, que ainda falava várias coisas como "desculpe" e "eu não queria".

O loiro ajudou-a a sentar no banco da cozinha e se ajoelhou, ficando um pouco mais baixo que ela. Ele secou uma lágrima que caia do olho esquerdo dela com o seu indicador, fazendo-a parar de chorar, surpresa e envergonhada. Ele sorriu.

– Eu sei que você não queria quebrar meu nariz ok? E seja o que for que eu tenha feito que te deixou zangada comigo, espero que tenha passado com aquele balaço. – Ele falou enquanto ria. – Eu não sei por que te irritei... Mas me desculpa, ta?

Lily ia responder, mas perdeu a voz ao ser abraçada pelo garoto. Os dois permaneceram parados por alguns segundos quando um barulho no andar de cima fez Lily empurrar Scorpius e correr de volta para o quarto, esbarrando com Hugo no meio do caminho, que só queria beber um copo de água.

– O que foi que ela...?

– Não sei. – Respondeu Scorpius ao ruivo, ambos confusos. Enquanto isso Lily cobria seu rosto com o travesseiro, esperando suas bochechas voltarem à cor natural.

***

– Feliz aniversário!

Foi a primeira frase que Lily ouviu ao acordar na manhã seguinte.

Em cima da sua cama estavam Rose e Lysander, ambas sorrindo, e atrás vinham seus pais, carregando alguma coisa com embalagem verde. A garota esfregou os olhos com as mãos e quando os abriu recebeu o presente, que tinha um formato cilíndrico e muito familiar. Ela já sabia o que era, mas abriu mesmo assim.

– Uma Firebolt 18! Obrigada mamãe! – Falou abraçando Gina, que riu enquanto segurava a filha.

– De os créditos a seu pai Lily, ele que escolheu o modelo. – Ela soltou a mãe e pulou no pescoço do pai, não passaram 5 segundos e ela se voltou para a vassoura.

– Deixa a gente ver! – Falou Lysander, e Lily deu permissão para ela e a prima olharem, enquanto seu pai chamava ela para conversar.

– Olha Lily, você já está grande o suficiente para ter sua própria vassoura...

– Eu vou poder levá-la para Hogwarts, não vou? – Perguntou, olhinhos brilhando.

– Bem... Eu já te falei que alunos do 1º ano não possuem uma vassoura...

– Mas você ganhou uma!

–... Por isso – Continuou Harry – Eu vou mandar essa carta para a diretora pedindo permissão! – Falou sorrindo, e indo em direção ao corujal, segurando um envelope em mãos. Lily ia acompanhá-lo, mas foi impedida pela sua mãe que a segurou pelo braço.

– Ou podemos fazer um feitiço de encolhimento e colocar em seu bolso... – Sussurrou Gina – Contanto que nem seu pai nem os professores descubram ok?

A filha sorriu e abraçou a mãe, mas logo se lembrou da vassoura e tirou-a das mãos das amigas, descendo correndo as escadas.

– Ah, bom dia Lily! Feliz aniversário! – Cumprimentou tio Ronald, carregando a menina, mas logo colocando-a no chão por dar um jeito nas costas.

– Querido, quantas vezes eu tenho que te falar? Você não tem mais a flexibilidade de um adolescente, não posso continuar te levando no St. Mungus a cada mau jeito nas costas... Feliz aniversário Lily! – Falou Hermione, sorrindo para ela. – Esse é meu presente, espero que goste!

– Uau é... Pesado. – Falou a menina, segurando o grande livro que a tia lhe deu.

– "Hogwarts, uma história". Dei o mesmo para a Rose no seu primeiro ano, acho que toda casa devia ter um exemplar...

– Ahn... Obrigada tia. – Lily acenou aos tios e andou em direção à sala, onde estava o resto das pessoas. Ela parou na porta, quando seu olhar se encontrou com o de Scorpius, que sorria para ela e já ia para a sua direção.

"Eu não sei por que te irritei... Mas me desculpa, ta?"

As palavras da noite passada fizeram Lily corar e se virar, batendo de frente com Rick, que passou a mão em seu cabelo, bagunçando-o.

– Feliz aniversário, baixinha!

– Obrigada Rick... Vou me arrumar para a festa, tchau! – Ela falou, antes de correr de volta para o seu quarto e se trancar no banheiro.

– Ela ta bem? – Perguntou Scorpius ao se aproximar de Rick.

– Acho que não, ela me agradeceu!

***

Mal passou meio dia e quase todos os Weasley e agregados já estavam na sala dos Potter. Enquanto isso, três jovens moças, uma de 13, outra de 11 e outra fazendo 11 estavam no 1º quarto ao lado esquerdo, de frente para o banheiro.

Lysander estava sentada na cama, entretida em olhar seus sapatos, vestida com um conjunto de blusa e saia azul, esperando Rose, com um vestido verde tomara que caia e cabelo enfeitado com uma tiara de mesma cor, que maquiava a aniversariante.

– Fica quieta Lily, vai cair pó no seu olho!

– Mas você já colocou um monte de coisa... – A mais velha assoprou o rosto da prima.

– Pronto. – Disse, com um sorriso vitorioso, se afastando para admirar sua obra.

Lily estava com o cabelo preso num rabo de cavalo alto, maquiagem leve e usando um vestido novo que ganhou de sua mãe. Era rosa claro com alças finas, um pouco acima do joelho, com babados brancos embaixo.

– Ta linda! – Disse Lysander, se levantando, ansiosa pra sair do quarto. As três desceram as escadas e se juntaram à festa.

Todos os convidados apareceram, até as tias mais distantes que Lily nem lembrava o nome. Ela ganhou de Lysander um colar com um pingente de estrela, de tio Ronald um kit de limpeza para vassouras, seu tio Jorge deu uma caixa com itens da loja de logros, que segundo tio Percy "devia permanecer fechada".

– Lily! – Gritou Hugo, correndo em sua direção. – Eu tenho a melhor mãe do mundo!

– O que foi que ela fez? – Perguntou a aniversariante, os tios rindo atrás deles.

– Lembra do meu Laptop trouxa que meu avô me deu no natal passado?

– O que tem aquele troço?

– Então... Hogwarts tem uma segurança que não permite tecnologia trouxa... Mas minha mãe disse que vai enfeitiçar pra que pegue internet lá!

– Quem é internete? – Perguntou a ruiva confusa.

– Deixa pra lá... Lorcan! – Gritou o ruivo, correndo em direção do amigo para espalhar a novidade.

– Lily... – Chamou uma voz atrás dela que ela reconheceu na hora, ficando instantaneamente corada.

Ela se virou e viu Scorpius vestido com uma camisa preta e uma calça jeans, segurando uma pequena caixinha (também preta) enrolada com uma fita verde.

– Obrigada...

– Foi minha avó que escolheu. – Comentou o menino envergonhado, enquanto a ruiva abria o presente.

Dentro da caixa tinha uma delicada pulseira de prata com algumas pedras vermelhas muito pequenas. Lily não soube o que dizer.

– Deixa que eu coloco. – Ofereceu o Sonserino, ao ver que ela estava tendo dificuldades em prender o acessório em seu próprio braço. – Pronto.

– Obrigada, é linda! – Agradeceu Lily, sorrindo.

– Scorpius! Quer jogar? – Chamou Albus, que estava com vários dos seus primos (e seu irmão) jogando snap explosivo.

– Você vem? – Falou Scorpius, esperando uma resposta de Lily. Ela apenas acenou com a cabeça e os dois se juntaram aos amigos.

– Lily, coruja! – Gritou Gina. O coração da garota deu um salto, assim como ela, que correu em direção à mãe que segurava alguns envelopes.

Ela não foi a única. Hugo também correu, os dois acompanhados pelos gêmeos Scamander, que andavam com toda a tranqüilidade até a tia.

– Vieram três cartas, uma para você, Lily... Lysander... E Lorcan! – Falou a ruiva, sorrindo.

– E eu?! – Perguntou Hugo.

– Fique calmo filho, sua carta vai chegar outro dia... Às vezes demora mesmo. – Falou Hermione, consolando o filho, mas Lily não prestou atenção. Sua carta de aceitação para Hogwarts chegara e nada mais importava.

***

– Mãe, minha carta ainda não chegou! – Reclamou Hugo.

Era manhã do dia 22 de Agosto, aniversário do seu tio Percy. Nenhuma comemoração seria feita já que ele, a mulher e seus dois filhos viajaram para a Irlanda para passar o final das férias então seus pais e alguns outros familiares decidiram tirar o dia para fazer as compras de início do ano letivo no Beco Diagonal. Hugo estava triste faz tempo. Esperou dias por sua carta, vendo que todos os seus primos e amigos já tinham recebido. O simples pensamento de que talvez ele não fosse receber a carta o fez chutar a primeira coisa que viu, que foi uma lata de lixo de encosto à porta.

– Hugo, quer fazer o favor de se comportar?! A coruja de seu pai trouxa várias cartas para você, principalmente de seus primos na Irlanda, mandando fotos e notícias. Claro que também tem uma com o símbolo de Hogwarts mas... – O menino arregalou os olhos e Hermione reprimiu um sorriso. Ele correu para a mesa em que seus pais estavam sentados (Rose ainda não tinha levantado) e pegou a carta da mãe, rasgando o envelope e lendo em completo silêncio.

Ao final da carta, um sorriso genuíno nasceu em seu rosto, fazendo-o pular de alegria e gritar coisas como "Eu vou para Hogwarts", "Mãe, posso ter um rato?" "Mas uma coruja é mais eficiente..."

– Calma ai, criança! – Falou Ronald, rindo junto com a sua mulher. – Nós ficamos de nos encontrar com Harry e os outros lá hoje, então que tal ir acordar sua irmã para irmos ao beco?

Hugo instantaneamente calou a boca e subiu as escadas correndo para o quarto de sua irmã. Era definitivamente a manhã mais feliz de sua vida.

Levou pouco tempo até que uma parte da família Weasley, a formada por Rony, Hermione e seus dois filhos chegasse até o local de encontro. Lily dava pequenos pulinhos no lugar, não conseguindo conter a ansiedade. Não sabia o que queria fazer primeiro; comprar as vestes, a varinha, o bichinho... Seus pensamentos foram ofuscados ao ver três ruivos e uma morena andando em sua direção.

O grupo era enorme, e formado por todos os Potter, Luna e seus dois filhos, Rick e Scorpius, somados aos que acabaram de chegar.

– Então, vamos onde primeiro? – Perguntou Rony, num suspiro. Era a mesma animação todo ano, pelo menos desde a entrada de Rose para Hogwarts. Depois de alguma discussão, foram separados por grupos. As garotas iriam em Madame Malkin para pegar suas vestes, depois na loja de animais, a de itens para poções e outros utensílios e por último Olivaras. Os garotos seguiriam o caminho inverso, depois todos se encontrariam na Floreios e Borrões para

comprarem os livros e depois um passeio pela Gemialidades Weasley, loja preferida de todos os mais novos e alguns dos mais velhos.

Gina, Hermione e Luna esperavam sentadas enquanto madame Malkin cuidava das roupas das suas filhas, por ordem de idade. Todas já estavam nos provadores enquanto Lily tirava medidas e com sua roupa finalmente pronta seguiu para o único compartimento que achava estar vago.

– Tem gente! – Gritou uma voz feminina, quando a garota tentou forçar a porta a abrir.

– D-desculpa – Falou Lily apressada e envergonhada. A menina da cabine bufou e murmurou algo como "não se bate mais nas portas não?".

Lily esperou por um tempo até ouvir o som da cabine destrancando. Dela saiu uma garota um pouco mais alta, mas que aparentava ter a mesma idade dela. Ela estava com um suéter azul e uma calça preta, segurando um monte de pano que ela julgou serem as suas vestes. A menina tinha um tom de pele claro e apresentava alguns traços asiáticos, não apenas pelos olhos esticados. Tinha o cabelo preto e liso até metade das costas, acompanhado de uma franja.

A garota examinava Lily da mesma forma que ela a examinava, porém ao invés de olhá-la com certa admiração pela aparência como a ruiva fazia, encarava-a dos pés a cabeça com uma expressão de desdém.

Não existia nem comparação. Lily, vestida com seu suéter rosa que ganhou no natal passado da sua avó com um enorme "L" bordado, calças jeans e as mesmas Maria chiquinhas de sempre... Sentia-se um lixo comparada a beleza daquela menina. Não pôde deixar de corar, mas a garota não deve ter percebido, já que apenas bufou mais uma vez, empinando o nariz e rumando para o outro lado da loja, onde madame Malkin estava.

Lily experimentou as vestes e percebeu que aquilo não passava de uma mera formalidade; A sua roupa coube perfeitamente, assim como as de Lysander e Rose. As mães pagaram os devidos preços e foram para a loja de animais. Vários visitantes estavam na loja, com o início do ano letivo. Lily lembrou-se de ter passado por um menino gordinho que estava brincando com um gato peludo, que arranhou-lhe a mão.

Rose já tinha uma coruja que atendia pelo nome de Petra, pelo tom escuro de sua penugem. Luna comprou para Lysander um sapo e Lily demorou até se decidir por uma coruja cor de areia, com algumas manchas pretas em torno de seus olhos, fazendo-a parecer um pássaro fantasiado de tigre. A garota riu com a idéia.

Compraram os utensílios cobrados na lista sem muito ânimo, já que eram todos exatamente iguais. Um caldeirão de cobre, balança para pesar ingredientes, algumas plantas e bichos estranhos... Lily tinha a impressão de que não iria gostar muito de poções.

Pararam em frente à Olivaras."Fabricando varinhas desde 382 A.C.", dizia a placa ao lado da porta. Lily respirou fundo antes de entrar.

A loja era relativamente apertada por ter tantas estantes e notavelmente mal iluminada. Um velho estava deitado de bruços sobre a escrivaninha. Podia-se perceber a idade avançada tanto pela postura quanto pelas rugas e cabelos brancos.

– Senhor Olivaras? – Chamou Hermione, fazendo o velho acordar assustado. Ele pegou os óculos em cima da mesa e demorou um tempo para reconhecer os clientes.

– Você! – Falou surpreso, apontando para Hermione. – 27 cm de pinheiro, núcleo de pena de fênix, flexível. O que faz por aqui? Não faz tanto tempo desde que comprou sua última varinha... Podia jurar que seu cabelo tinha outra coloração. – Lily só pensou em uma palavra para descrever o homem. Pirado.

– Não senhor, você está confundindo. Da outra vez eu vim comprar uma varinha para a minha filha, Rose. – A garota deu alguns passos para frente, identificando-se. Hermione falava com ele lentamente, como se o erro cometido fosse normal. Tudo bem que sua prima podia ser parecida com a mãe quando essa era mais nova, mas isso foi há muitos anos atrás! Como ele pôde confundir?!

– Aaaaah, sim. – Falou o bruxo, mas Lily não duvidava que ele não tinha noção do que tinha sido dito. – Tudo bem, o que desejam hoje?

– Olá Olivaras, creio que não me conhece. Minha varinha não foi comprada na sua mão, mas veio do meu irmão mais velho. Mogno, 30 cm e pelo de únicórnio, reconhece? – Falou Gina, não recebendo resposta além do silêncio. – Essa é minha filha, Lily. Creio que possa encontrar a varinha certa para ela.

O homem se afastou e a confusão no rosto de Lily era evidente. Ginevra se inclinou para sussurrar em seu ouvido.

– Ele pode não parecer, mas é o melhor fornecedor de varinhas que o mundo mágico já viu. Está realmente um pouco mais velho e biruta do que me lembro. – Um pouco? Lily apenas suspirou.

– Aqui está. – Disse o velho, voltando com umas sete caixas diferentes de varinhas. Lily experimentou três, e a quarta foi a que, segundo o pirado do Olivaras, a escolheu.

21cm, cerejeira, fibra de coração de dragão, flexível. Era uma bela varinha, não podia negar. A garota ruiva se divertia com seu graveto mágico enquanto Lysander testava suas varinhas. Procedimento pronto e todas saíram da loja.

– Lysander, trate de colocar a varinha atrás da orelha, sim? É mais seguro. – Falou tia Luna, com o mesmo olhar sonhador de sempre, mirando o céu. A sua filha sorriu e fez o que a mãe disse. As seis mulheres seguiram para a Floreios e Borrões encontrando com os garotos, que já haviam chegado.

A conversa não tinha fim, mas apesar de todos quererem discutir seus animais e varinhas, ainda precisavam comprar os livros. Harry acompanhou os futuros calouros para as prateleiras de primeiro ano, mas acabou esbarrando numa mulher. Ela tinha cabelos pretos lisos e se virou para reclamar com quem quase a derrubou. Seus olhos pequenos e apertadinhos se iluminaram ao reconhecer o homem com um raio na testa.

– Harry! – Cumprimentou a asiática. Lily, claro, ficou sem entender nada. Hugo, ao seu lado, começou a rir.

– O que foi? – Ela perguntou ao primo, num sussurro.

– É que essa ai é a ex namorada de seu pai. Meus pais já me falaram sobre ela.

Lily sabia que seu pai já tinha namorado antes da sua mãe, mas não sabia com quem. Então ela passou a prestar atenção na conversa.

– Cho, quanto tempo! – Cumprimentou ele, com um sorriso autêntico. Sua filha podia entender o que ele havia visto nela. Quer dizer, ela era linda! Não que sua mãe não fosse também, mas... Vocês entenderam.

– Pois é! Achava que nunca mais poria os pés aqui, até algumas semanas.

– Você se casou com um trouxa, não é?

– Sim, agora sou Cho Adams. – Falou a mulher rindo, e mostrando a aliança em seu dedo. – E você, está com seus filhos?

– Sim, esse ano é minha caçula.

– Hum... Estou com minha filha também, ela deve estar por ai. Foi uma alegria enorme receber sua carta de admissão.

– Se puxar à mãe será uma boa aquisição ao time de quadribol da Corvinal. – Brincou Harry. A conversa estava entediando Lily, que voltou de encontro a sua mãe e terminou de comprar todos os livros. Descobriu depois que a conversa do seu pai com sua ex não se prolongou muito. O grupo depois passou na loja do tio Jorge e brincaram com vários produtos da loja. O pai os proibiu de levar algo que possa colocá-los em encrenca em Hogwarts, principalmente Lily, "sua garotinha". Gina estendeu uma sacola para Lily.

– Toma, pode ficar. – Lily não precisa abrir a sacola para saber o que tinha dentro. Ela olhou para a mãe de forma questionadora, e esta apenas suspirou e completou com um sorriso. – Seu pai às vezes se esquece do que ele próprio já aprontou em Hogwarts. O que é uma detenção por bombas de bosta comparado a quase destruição do salgueiro lutador da escola com um carro?

Lily aceitou o presente da mãe de bom grado, guardando dentro de uma das sacolas. Será que aguentaria o pouco tempo que faltava até ir para a estação?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews, por favor