O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 12
Sabendo mais sobre a irmã: Beatrice


Notas iniciais do capítulo

Como prometido... Eu sempre cumpro minhas promessas...

Curtam o capítulo, meus doces marshmallows...



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Saio do quarto rapidamente e desço os degraus chiques da escada chique e vejo que Beatrice mudou os móveis da sala de lugar, tinha só um bilhete escrito com uma caligrafia caprichada – caprichado não quer dizer bonito, digamos que eu e Beatrice temos algo em comum, a letra ruim.

“Mei, preciso sair... na verdade eu sempre deixo um bilhete aqui, mas quando chego está no mesmo lugar, não sei se fará diferença, mas eu sempre saio neste horário, você não sabe, mas eu trabalho num café-lanchonete, volto antes da meia-noite, não se preocupe --- o armário está abarrotado de miojo”

– Ela trabalha num café-lanchonete?

– Você não sabia? Ela trabalha no Café da mãe da Amandha! – ele não cora... mas, está falando da Mandy!

– Vou ter que esperar até amanhã pra ver ela morena?

– Podemos jogar até ela voltar – ele diz.

– Jogar no quê? – olho bem e minha irmã tem um Xbox... – Nossa! Essa coisa é demais.

– Coisa?

– Tenho dúvidas, não sei se falo xisbox ou écsbox, prefiro chamar de coisa.

– Vamos jogar ou não?

– Uma pergunta, como e por que Beatrice tem isso?

– Eu jogo com ela toda tarde desde o dia em que eu vim pegar os cadernos – ele diz, ligando a “coisa”.

– Quê?

– Ela é muito boa nos jogos, não sabia que ela usava óculos...

– Ela não usa... Ou será que usa?

Passamos um bom tempo jogando, mas eu estava cansada e fui dormir por causa das caixas que ajeitamos e Dennis foi pro apartamento dele.

Domingo/16 De Fevereiro

Sinto que cada osso do meu corpo se transformou em marshmallow, ontem à noite eu acordei no meio da noite e meu braço esquerdo estava tipo, sem ossos, eu não sentia nada, nem meus dedos, juro, achei que precisava amputar, mas alguma coisa aconteceu com ele e ele está movimentável.

Lembro do que Dennis e eu falamos ontem, ele nem é tão chato assim, sabe... Mas, uma coisa que preciso ver agora mesmo é Beatrice. Dennis disse que ela está morena e eu preciso confirmar.

Levanto, e olho no visor do celular, oito horas... Ouço o barulho do chuveiro – apesar da casa ser gigante só tem um banheiro – mas o banheiro é gigante.

Saio do quarto e vou para o corredor – gigante – esperando Beatrice sair do banheiro, ela sai, é agora! Me mostre seus cabelos...

– Ah, assim não vale! – falo e ela toma um susto, quase caindo.

– O que? Finalmente saiu da tumba?

Ela estava usando um roupão, e estava com uma toalha enrolada nos cabelos, não tava pra ver um fio... Nenhum!

– Por que não me deixa ver o seu cabelo?

– O meu... Por que quer ver o meu cabelo?

– Dennis disse que está preto...

– Dennis é o seu namoradinho?

– NÃO!

– Não precisa gritar, sim, meu cabelo está preto, e só por causa da sua insolência eu não vou mostrá-lo!

Ela vai pro quarto e me deixa falando sozinha.

Ela está muito diferente da Beatrice que eu conheço... Quem é você e o que fez com Beatrice Albuquerque?

Quando ela sai está com uma touca de plástico azul, tampando os cabelos.

– Vai sair com essa touca de banho?

– Não vou mostrar até que você mereça! – ela às vezes é mais infantil que eu.

Alguém bate na porta, acho que a pessoa ficou com medo de tocar a campainha.

– Dennis? Ah, entre – Dennis entra – Estou de saída, preste muita atenção Srta. Anna Mei Albuquerque, não quero bagunça, se for cozinhar algo lave o que sujou, não tenho dinheiro para uma empregada, e se forem jogar como ontem, façam o favor de não bagunçarem a minha prateleira! Vou ficar fora o dia todo, volto antes da meia-noite.

Passamos o dia todo jogando e comendo miojo, quando percebi já passava das três da tarde... Credo, pra quem começou a jogar às nove da manhã...

– Tenho que ir – Dennis fala – Minha tia vai me levar para um lugar...

– Um lugar? – credo, que mistério.

– Eu preciso ir...

– Então tchau, Sr. Misterioso...

Ele sai... Estou sozinha, acho melhor eu assistir alguma coisa, tipo programas que passam no SBT nos dias de domingo.

*

Estou assistindo um quadro tosco num programa qualquer no SBT quando alguém chega.

– Beatrice? – ela se vira assustada, está praticamente irreconhecível! Eu não reconheceria minha própria irmã! Ela está com a roupa que saiu, certo, calças jeans e uma camisa branca, até aí tudo bem, mas ela está de boné, com um rabo de cavalo, de óculos! Óculos grandes e quadrados, estilo Bob Esponja!

– O que está fazendo aqui?

– O que você está fazendo aqui? Disse que ficaria fora o dia todo!

– Também disse que voltaria antes da meia-noite, pelo que eu sei, agora é antes da meia-noite...

– Por que pintou o cabelo de preto?

– Por que eu... Tá bom, senta aí!

Nos sentamos no sofá, ela tirou os tênis e sentou na posição de lótus.

– Quando eu estava na Rússia, era muito comum se ver loiros lá, então eu meio que clareei um pouco mais os cabelos, quando eu cheguei, já estava cansada do cabelo claro demais, e não tem uma tinta da cor original do meu cabelo, né... – ela fala, eu lembro que o cabelo dela é tipo, loiro médio com algumas mechas platinadas, era natural mesmo, vários tons de loiro na mesma cabeça.

– Sei, e daí? Onde chega o preto nessa história?

– Daí que eu quis algo mais extremo! Um dia desses, expulsei o Dennis daqui depois de perder no meu jogo preferido – ela faz uma careta – e corri pro banheiro, tinha comprado duas caixas de tinta castanho escuro, sabe, meu cabelo é muito grande pra uma caixa só...

– Castanho escuro?

– É! Não é preto, preto... Se fosse nunca mais ia sair...

– Tá, espera... Você... Eu não sei o que falar.

– Apenas diga que sou diva...

– Você é diva – falo, seriamente, nem tanto talvez.

– Você disse mesmo...

– Bom, fica aí, eu vou fazer uma coisa... – levanto com a intenção de fazer miojo, ela não deve ter comido nada o dia todo.

– Posso tomar banho? – ela diz.

– Vai, vai – faço um gesto com a mão, e ela vai, quando termino de fazer o miojo ela tá vestida com um vestido de empregada.

– Miojo! Eba!

– Onde arranjou essa roupa? – ela está endoidando? Ou quem sabe ela queira ser minha empregada.

– No Japão – ela fala.

– Quê?

– Eu trabalhei num Maid-Café – ela diz, animada rodando a saia.

– Como você foi parar no Japão?

– Alô, Mei... Eu trabalho com turismo... Você sabe que o Japão tem uma coisa histórica, né? Só em Kyoto tem mais de... – tagarela...

– Tá, tá... eu sei, mas...

– Mas não foi em Kyoto que eu comprei isso, não, foi numa das ruas de Tóquio que... – ela já está me irritando, será que todo mundo da minha família é tagarela assim?

– Tá... mas você devia estar na Rússia!

– Ah, isso? Bom, eu passei três meses na Rússia, daí me fizeram uma proposta, eu podia passar um mês na Coréia do Sul, dois na França e dois do Japão.

– Incrível!

– Eu aceitei, óbvio, fui pra Coréia do Sul e fiquei trabalhando para a empresa e fiz uns bicos como garçonete...

– Em coreano? – essa pergunta estúpida só podia vir de mim.

– Lógico que não, eu só sabia falar algumas palavras em coreano, foi tudo em inglês mesmo. – ela fala, pegando o pote com miojo e levando pro sofá, faço o mesmo com o meu – Depois fui pro Japão, lugar incrível, a mistura do antigo e do moderno em um só país, sorte minha não ter tido nenhum terremoto na minha estadia... Eu trabalhava na empresa e fazendo uns bicos em cafés... Ah, e a gerente me deixou ficar com isso e me deu mais este.

Ela tira, não sei de onde, um uniforme idêntico, só que rosa.

– É pra você! Vista!

– Eu não!

– Mei, vista!

Vesti, e nos sentamos na mesa para acabar de comer, e ela continua falando.

– Mentira! Ai! – falo, e queimo o céu da boca. Ela está me contando quando quase foi atropelada por um senhor de bicicleta e ele pensou que ela não falava japonês.

– É verdade, mas eu entendo japonês e falo até, mas não consigo ler nem escrever nada – ela dizia.

– Então você era analfabeta, lá? – ri,

– Não enche! Na Coréia era o contrário, eu sei escrever em coreano, só não sei pronunciar as palavras – ela ri – Ai! – e queima o céu da boca também.

– E na França?

– Na França foi mais – ela tapa a boca e a testa com os braços, dando apenas pra ver os olhos azuis intensos – seduzente.

– Eu hein – começo a rir.

– Do que você está rindo, não é brincadeira quando dizem que Paris é a terra do romance...

– No entanto, você tem vinde e dois anos e continua solteira – falo e ela fica brava, não um brava calmo como eu esperava, um brava que ela só pegou o pote de miojo e subiu as escadas batendo o pé, batendo a porta do quarto com força.

Eu hein, Beatrice é mais sangue quente do que eu pensava. Ela é como eu...


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