Senti o corpo congelar e o ar falhar e quando finalmente tudo voltou: eu fiquei ali deitada apenas parada olhando para o teto que estava sempre do mesmo jeito, senti uma grande dor no peito e fiquei louca por não querer escolher novamente algo tão difícil. Escutei batidas na porta e olhei para a mesma.

–Entra- eu falei.

Olhei a porta abrindo lentamente e aquilo me fez ficar chateada um pouco, quando abriu era a Anna, ela estava com os cabelos presos e um vestido preto, olhei para ela que me olhou estranha.

–Porque você está chorando?- ela perguntou com os olhos curiosos fixos em mim.

Eu não percebi que estava chorando e limpei rapidamente os olhos tentando esconder qualquer vestígio.

–Coisas, minha querida, coisas- eu falei olhando para o teto.

–Que profundo- ela falou e sorriu- E o que você esta fazendo?

–Nada, pensando apenas- eu falei rindo- O que você esta fazendo?

–Nada também, quer sair?

–Pode ser, agora?

–Não, eu só vou de sete e meia

–Okay, me chama na hora.

Ela foi embora e eu voltei a olhar para o teto e pensar no que iria acontecer daqui para frente, eu pensei que eu iria ter que escolher entre a vida e a morte, mas acho que não seria isso.

Já havia se passado mais de uma semana e eu estava inteira, e o Lucas havia sumido com a Anna e eu não via eles a quatro dias. Caminhei até o quarto do Dan e bati três vezes na porta esperando ele abrir ou mandar eu entrar e acho que fiquei parada por uns longos quinze minutos então bati mais três vezes e ele logo abriu, eu queria conversar com ele porque eu não tinha ninguém para conversar mais naquela casa alem da minha mãe e eu sinceramente não queria falar com ela, ele estava lindo e sorriu para mim, percebi que ele estava no computador acho que falando no skype com alguém, ele me olhou e eu me senti mal por estar atrapalhando ele no que o mesmo estava fazendo.

–Hãn... Eu estou atrapalhando?- perguntei olhando para ele.

–Na verdade sim, eu estou conversando com uma amiga- ele falou olhando para o computador- Pode voltar depois?

–Claro- eu falei e sorri falsamente,

Desci e procurei a minha mãe ou meu padrasto, e eu acabei encontrando os dois de uma vez só, os mesmos estavam sentados na sala e eu sentei do lado dele assistindo a serie “Lie To Me”(engana-me se puder), minha mãe me olhou e eu sorri para ela.

–O que foi?- ela perguntou rindo.

–Você não ia conversar com o Dan?- o meu padrasto perguntou e eu sorri.

–Ia, mas eu acabei não querendo atrapalhar ele- eu falei e eles me olharam- Porque ele estava conversando com uma amiga.

–Deve ser a Malu.

Assistimos quatro episódios e depois eu subi para o meu quarto com a intenção de dormir, mas não consegui fazer isso, de manhã logo cedo eu estava com muito medo da minha escolha e eu senti que seria justamente naquele dia que eu tinha escolhido para fazer algo de legal para mim.

Logo mais a noite eu tive que andar até um pouco próximo da estrada, sentei e percebi que tinha um copo de água ao meu lado e a pior coisa é que eu estava com muita sede então peguei e bebi, fiquei parada lá por um bom tempo e do nada vi a Yuno me olhando de uma forma macabra com os olhos escondidos no óculos e sorrindo de um jeito mais macabro ainda, ela estava com a mão direita estendida e com um comprimido roxo misturado com uma cor vermelha indo para o rosa, olhei para ele e peguei o mesmo da mão dela que sorriu.

–Sofia Michel, você acabou de tomar um copo com uma substancia duvidosa e esse comprimido é a cura para ele- ela falou e eu olhei estranhamente para ela- Mas tem um grande problema, se você tomar todos que você ama irão morrer e se você não tomar o comprimido todos que você ama irão sobreviver e ninguém se lembrara de você- ela falou e me lançou um olhar macabro de gelar a espinha e todo o corpo- E então qual a sua escolha, vai deixar seus amigos morrerem? Ou sua vida esta em primeiro lugar?

Ela simplesmente sumiu depois de falar isso, tentei vomitar e por pra fora, mas não tinha nada que eu pudesse fazer porque o vomito não vinha, guardei o comprimido no bolso e comecei a andar pensando seriamente sem nenhuma expressão alem da de confusão, olhei para a rua e tinha começado a chover fortemente, sentia as minhas lagrimas de frustração e a chuva caindo. Gritei com o maximo de força que eu tinha e cai no chão de joelhos, chorei muito mais porque eu não queria que eles morressem e também não queria morrer. O meu choro aumentava e aumentava cada vez mais até que eu tive que enxugar o choro e limpar o rosto, caminhei até a minha casa e fiquei parada na varanda e olhei todos os pingos caindo em uma rapidez excessiva.

O que eu iria escolher? Eu queria morrer mesmo? Ou eu queria deixar que todas as pessoas que eu amava morressem? Eu amava eles acima de tudo mesmo até mesmo acima da minha vida, mas essa era a grande questão eu estou morrendo e a única forma de me salvar é matar a todos que eu amo, eu creio que não suportaria ver todos morrendo e não dava para me ver morrendo. Comecei a chorar novamente baixinho e ninguém me viu, comecei a andar a até o banheiro e tomei um banho exaustivo, mas quando eu estava me vestindo senti o vomito vim e sair excessivamente na privada do banheiro. Andei até o meu quarto quando terminei de me ajeitar e comecei a andar até o meu quarto e sentei na janela, olhei para todas as direções e encarei novamente a Julia que chegou correndo na casa dela. Alguém abriu a porta e eu olhei, era o Dan que ficou me olhando enquanto sorria.

–Oi, posso entrar?- ele perguntou.

–Claro- falei e voltei a olhar para a janela -O que você esta fazendo aqui á essa hora?

–Conversar com você- ele falou.

–Pode falar- eu respondi olhando ele sentar a minha frente- Eu estou ouvindo.

–No que você está pensando?- ele perguntou encostando a mão na minha cabeça.

–Eu tenho que fazer uma escolha muito difícil, Dan. E eu não sei o que vou escolher- eu falei chorando novamente- Ninguem vai me ajudar nisso e eu preciso disso.

–Eu vou sempre te ajudar- ele falou e sorriu de um jeito carinhoso que me fez querer beijar ele.

Eu iria erra no que ia pedir e no que ia fazer, mas eu precisava dos lábios deles no meu e queria ficar com ele pelo menos uma ultima vez antes que eu morresse ou ele morresse.

–Me beija- falei olhando para ele.

–O que?- ele perguntou incrédulo.

–Me beija, eu preciso disso agora- eu falei- Por favor?

–Eu... não sei- ele falou me olhando.

–Está bem- eu falei olhando para ele- Pode sair do meu quarto?

–Claro- ele falou e foi saindo.

E então eu comecei a chorar ainda mais porque eu precisava daquilo naquele momento, escutei ele fechando a porta e voltei a olhar para a janela. Me surpreendi ao ver que ele não tinha fechado e sim aberto a mesma novamente, ele se aproximou de mim e juntou os nossos rostos e selou os nossos lábios. Me levantei no outro dia cambaleando e acabei tropeçando e caindo da escada, acordei e ainda estava no chão e percebi que o tempo não estava passando e me perguntei o motivo, olhei e vi que não havia ninguém em casa, a Anna e o Lucas tinham aparecido e estavam no hospital podendo entrar em um coma induzido, aquilo estava começando agora e eu tinha que escolher, eu só queria ver duas pessoas antes de fazer a minha escolha, mas elas não estavam no país então eu tinha que continuar seguindo com a doença.