O que eles encontram ao chegar lá não poderia ser melhor.

Jabu: Olhem, é Atena! E os cavaleiros! Viva!

Marin: Seiya, você conseguiu!

Shina: Vocês todos, conseguiram... e estão a salvo! – a amazona fala baixo, quase que pensando alto. Parece incrédula por ver a vitória de Atena, na Guerra Santa mais sangrenta das últimas eras.

Mas Saori não parece contente; pelo contrário: está claramente preocupada. E também aparenta cansaço, talvez por ter transportado, com seu cosmo, a si própria e aos cinco cavaleiros, direto dos Elíseos, passando pela Hiperdimensão e pelo Submundo, até chegarem ao seu Templo.

Shun: Veja, Ikki... nós conseguimos! Voltamos à Terra!

Ikki: Sim, meu irmão... voltamos!

Hyoga: Prometemos honrar a alma dos Cavaleiros de Ouro, e o fizemos. Obrigado por tudo, mestre Camus.

Shiryu: E ao senhor também, Mestre Ancião. Nunca o esquecerei.

Os quatro quase que sussurram, de tão baixo que falam. Suas fisionomias dizem mais do que suas palavras: apóiam-se uns nos outros para ficar de pé, mas ainda assim demonstram muita satisfação. A sensação é a de dever cumprido.

Nessa hora, os cavaleiros percebem que suas Armaduras Divinas não estão presentes: voltaram à forma adquirida naquele mesmo Templo de Atena, quando Shion as banhou com o sangue da deusa recém morta. Em que momento elas regrediram?

Os outros cavaleiros vão ajudá-los, observando Atena. Ela também não mais veste sua kamui, que voltou à forma de estátua. Ela está rodeada pelos seus cavaleiros, e mantém-se sentada, com Seiya no colo. Porque ele não se levanta?

Saori: Cavaleiros, nós... nós vencemos Hades. E voltamos à Terra. Achei que não seria capaz de... – ela mal consegue falar.

Nachi: Acalme-se, Atena! Agora está tudo bem!

Saori: E estou bem, Nachi, obrigada... mas me preocupo com Seiya. Alguém, por favor, pegue o seu corpo e deite-o ali – e aponta a pedra elevada que dava suporte à estátua de Atena. Geki se apresenta e deita o corpo frio do Pégaso no local. “Ele está morto?”, pensa ele.

Shina: Atena, o que aconteceu com Seiya? Ele morreu?

Marin: Ele não pode ter morrido, não agora!

Ban: Seria um desastre, logo agora...

Jabu: Nem imagino o que aconteceria com sua irmã, se...

Então Kiki surge ao longe, junto com Seika. Ela vê o corpo do irmão estirado e corre junto a ele. Mas ao tocar sua mão, sente que sua vida não parece estar ali, presente. De fato, seu cosmo está distante, tão distante que mal é sentido por seus colegas – mesmo Atena, tem dificuldades em senti-lo. Onde está a alma de Seiya?

Seika: Meu irmão... está morto? Mas agora? Não pode ser... eu sentia sua vida pulsando! Eu não posso perdê-lo... não agora!

Com lágrimas aos olhos, vai de encontro a Atena, que conseguiu se levantar com o apoio de seu báculo dourado e a ajuda de Jabu. Seu olhar, de irmã que não pode perder o irmão, diz o necessário.

Algo de nobre ronda Saori. Algo de divino. Talvez seja um reflexo dessa guerra que tanto exigiu de todos. A deusa abre caminho entre seus cavaleiros; fica de frente para Seiya, olhando seu pálido rosto por alguns segundos. Então se volta para Seika, e tenta aplacar seu desespero:

Atena: Eu sinto o cosmo de Seiya. Ele não está morto; mas também não está entre nós. Não sei o que isso significa, ainda... mas vou descobrir. Precisamos esperar, eu sinto muito, mas... fique tranquila.

Então, ela volta seu olhar para as escadarias que dão para a Sala do Grande Mestre – e as Doze Casas, mais à frente. Só então, percebe o nível da destruição.

“O Santuário está destruído... vulnerável”, conclui a jovem, apreensiva. Ela se sente cansada, desprevenida. Atena, se sente sem rumo, como poucas vezes se sentiu antes. “Eu preciso de ajuda... eu preciso do Seiya aqui... a Terra precisa de mim! Mas como posso protegê-la nesse estado?"

Ela cambaleia, dá alguns passos à frente, desolada. "O que será de nós sem os Cavaleiros de Ouro? Como eu poderei cumprir minha missão???”

O corpo de Saori desfalece, nos providenciais braços de Jabu, que a escoltava de perto.