Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 35
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo :3
Minhas aulas voltaram... Não, eu não vou chorar novamente u^u
Bem, esse capítulo é um tanto surpreendente, na minha opinião. Escrevi algo que nunca imaginei necessitar escrever e, mesmo não tendo ficado ótimo, espero que causem a vocês um bom espanto, como causou em mim.
Sem mais delongas, uma boa leitura o/!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512220/chapter/35

Depois de uma semana comprando roupas, acessórios e alguns materiais, Will leva Nick, Josh e Charmin à costureira, para experimentarem suas novas roupas. O caminho é curto, mas precisavam ir disfarçados. Como era fim de ano, os guardas rondavam quase todas as ruas da B, pois o índice de crimes aumentava na época do Natal.

– Viremos à esquina e... – Uma loja sem janelas, com uma pequena porta, apareceu na visão de Will. A pintura que antigamente era de um rose vívido, agora estava desbotado. Acima, uma placa escrita “Lucy’’s” indicava o nome do recinto. – Pronto. Venham, garotos.

Os quatro entraram no lugar. Era um local simples por fora, mas muito chique por dentro. Cabides cheios de roupas de alta costura enfeitavam as paredes e um lustre cheio de lâmpadas pendia sobre o teto. Havia sofás no meio do local, onde vários homens e mulheres sentavam. Charmin notou que nenhum deles ali era possivelmente B, pois, obviamente, nenhum B comum teria informação sequer para entrar naquela loja. Atendentes andavam com bandejas, servindo algum líquido de tom bege amarelado.

– Onde nós estamos, Will? – Perguntou Charmin. – Eu nunca ouvi falar desse lugar. Nem sequer sabia que serviam champanhe na B.

O rapaz puxou os três caçulas para o canto.

– Escutem bem. – Começou. – Aqui, seus nomes serão Christopher, Rosaline e Raphael, ok?

Eles assentiram.

– Ótimo. Agora vamos lá experimentar as roupas que vocês usarão na fronteira.

Voltaram ao lugar e Will sentou-se no sofá, chamando uma das moças que andava educadamente com a bandeja em mãos e um lenço no pescoço. A garota, que aparentava ser mais nova que ele, perguntou o que ele iria querer, e Will respondeu que estava aqui para buscar as roupas encomendadas no nome de Mendson. A moça expeliu um “Oh!” e pediu que os acompanhassem para buscar as roupas. Josh e Will seguiram à frente, e atrás estavam Nick e Charmin, de mãos dadas.

– Por aqui, senhores e senhorita. – Pediu a mulher. – Entrem cada um em um provador e eu pegarei as roupas.

Cerca de dez minutos depois, enquanto Will tomava a segunda taça de champanhe, Josh saiu do provador e Nícolas saíram do provador.

– O que acha? – Perguntaram os dois ao mesmo tempo.

Josh estava com a peruca estilo Morrissey e vestia uma camisa branca, um tanto transparente, uma calça jeans clara que era solta em suas pernas e um blazer preto, grosso o suficiente para que ele não passasse frio. Nick por outro lado estava um tanto mais jovial, vestindo uma camisa vermelha gola V, uma calça jeans skinny preta e uma jaqueta jeans escura. Os cabelos ruivos claros lisos dele combinavam com a vestimenta.

Will sorriu e bebericou um pouco do líquido.

– O blazer foi minha ideia, Rapha. Ficou bem em você. – Disse, em seguida soltando um risinho de provocação. – E a calça skinny ficou do jeito que eu imaginei, Chris.

Enquanto uma moça de cabelos louros presos num coque firme servia champanhe a “Raphael” e “Christopher”, Charmin saiu do provador.

– E aí? Muito vadia?

Os três olharam para ela e, como se fosse mágica, falaram a mesma coisa. Uma palavra que pessoas refinadas como aquelas que frequentavam a loja nunca falariam.

Ela arqueou as sobrancelhas e olhou para si mesma. O moletom cinza claro com a escrita “Shut the fuck up” em dourado e, contornado em renda, e a calça branca rasgada nos joelhos caía bem nela, Charmin admitia. Mas esperava uma resposta mais... Positiva dos três. A peruca loira dava a ela um tom de estudante de artes que saía todos os dias da aula para algum bar e chegava à própria casa de madrugada, deixando um amigo dormir no sofá, pois o mesmo estava bêbado.

– Ficou tão ruim assim? – Ela mordeu o lábio. – Nós podemos pedir uma outra roupa, não podemos?

– Não! Não pediremos outra roupa! – Will Levantou-se. Um pouco de champanhe caiu no carpete preto. – Você parece muito uma A. Eu juro que te pegaria. Pegaria, claro!

– Bem, eu sou quem pega ela mesmo. Eu que sou o sortudo. – Nick sorriu e aproximou-se da garota, colocando o braço em volta de sua cintura. – Posso pegar ela agora mesmo.

– Não. Não pode. – Charmin o olhou e tirou o braço do rapaz de seu corpo. – Você vai ter que aprender a ser civilizado. – Ela olhou para Josh, que batia a ponta do pé contra o chão e olhava para o lugar que fazia uma marca. – Jo-Raphael, o que você acha?

Pela segunda e, ele torcia ser a última vez, Josh a olhou. Eram aqueles momentos, que ela sorria daquele jeito gentil e vergonhoso, como se pedisse para não ser notada ou fingisse que não estava sendo, eram aqueles momentos que faziam Josh lembrar-se de que ainda estava perdidamente apaixonado por ela. E, como em todos os momentos, ele sentiu inveja de Nícolas e até mesmo de James, por não ter aquela garota para si.

– Você está muito bonita, Rosaline. – Foi tudo que ele conseguiu dizer, pois novamente desviou o olhar para o chão. – Ninguém vai te reconhecer.

Ela sorriu com o comentário e olhou para Nick.

– Viu, Tourmaline? É assim que você tem que ser. Aprenda a ser um cavalheiro.

Nick estreitou os olhos, que possuíam um estranho brilho, como se uma chama estivesse acesa em sua alma.

– Hum, Will? – Ele chamou. – Você e Raphael podem ir acertando as coisas? Eu vou dar uma olhada nas outras roupas com Rosaline, pra ver se ela gosta de algo na loja.

Will estreitou os olhos, mas ao ver Nick piscar, trocou o olhar e esboçou um sorriso, puxando o braço de Josh para um balcão do outro lado da loja.

– Venha, Rapha, vamos lá ver o quanto esta linda brincadeira saiu.

Os dois saíram e Charmin olhou para Nick, não entendendo a situação.

– Não quero olhar rou...

– Quieta. – Ele agarrou seu pulso de modo possessivo. – Você vem comigo.

Ele a puxou, andando rapidamente, até onde os provadores ficavam e, indo até o último, empurrou Charmin para dentro da pequena sala, entrou depois e desceu o fecho da porta, impossibilitando que alguém entrasse ou os visse.

– Eu falei pra você não me chamar de Tourmaline. – Disse o rapaz, aproximando-se com um olhar ameaçador. – Você sabe o que vai acontecer agora, não sabe?

Ela sabia, mas mesmo assim negou.

– Ótimo. Você sabe.

Prensando-a contra a parede, Nick agarrou as coxas de Charmin e ergueu-a, depois colando seu corpo ao dela, junto com os lábios. Ela estava assustada, Nick era usualmente gentil nas horas que ia beijá-la, mas ele parecia furioso, o jeito que ele a beijava demonstrava isso. Os corpos estavam tão próximos um do outro que Nícolas soltou as mãos das pernas de Charmin e colocou- as na cintura da garota, por baixo da camisa. O ar estava começando a faltar para ela, tanto para o beijo quanto para o toque de Nick. O máximo que eles já fizeram foram beijos calmos e... Leves, e aquele estava sendo urgente; feroz e demasiado pesado para Charmin. Mas isso não queria dizer que ela não estava aproveitando-se e gostando da situação. Muito menos ele.

Ele afastou a boca e Charmin teve uma chance para respirar, puxando o ar com toda a força que podia. Sentiu então a respiração de Nick em seu pescoço e, junto com ela, a sensação dos dentes do garoto em sua pele.

– Ainda quer que seu seja civilizado?

Ele mordeu o pescoço dela, deixando uma marca de dentes no lugar. Charmin negou, tentando ignorar o arrepio que, naquele momento, estava por todo o seu corpo.

– Quer que eu seja um cavalheiro?

Ela negou, o tom de voz dele soava agressivo e obscuro, e aquilo dava um medo em Charmin, mas o tipo de medo que é tão excitante que cada vez se quer mais dele.

– Responde.

Ele sussurrou em seu ouvido, depois mordendo o lóbulo.

– N-Não!

Frustradamente, a voz de Charmin saiu fraca e engasgada, e não como a dele, autoritária. Aquilo era o que mais a irritava, o jeito como os muros dela eram derrubados quando estava com Nick, e o jeito como não conseguia reconstruir nenhum deles completamente, pois mesmo negando a si mesma, ela queria deixá-los fracos para que Nick os derrubasse novamente.

– Ótimo. – Ele a olhou, desejoso. – Sinta seus últimos três segundos de ar, pois depois deles você não vai ter mais nenhum por um bom tempo.

E ele a beijou novamente, mais voraz e feroz, como se tudo que ele necessitasse agora e sempre fosse aquele beijo. As mãos de Charmin, quase que automaticamente, foram para o cabelo ruivo de Nick, tirando a peruca e jogando-a no chão, sentindo novamente os cachos de sua nuca. Ele gemeu em sua boca, e bastou aquele barulho para que Charmin sentisse todo seu corpo formigando.

– Senhor? – Chamou alguém. – Há alguém aí?

Por breves segundos, Nick descolou a boca da de Charmin.

Ocupado.

E voltou aos lábios dela novamente, mergulhando em sua boca.

***

Collin fechou a porta de seu quarto e acertou a gravata preta presa ao pescoço. Andou até a cozinha e abriu a geladeira, pegando uma garrafa d’água. Eram cerca de três horas da tarde e, pelo que ele sabia, a fronteira abria às três e meia até cinco horas. Como conhecia o amigo, Will certamente tentaria ser o mais adiantado possível, e ele precisava ser adiantado também.

– Is, o quarto dos garotos está arrumado?

A mulher, que até então estava sentada na mesa, digitando em um notebook algumas cartas para serem enviadas a uma organização da qual ela participava, levantou o olhar para enxergar Collin num traje formal, de terno e com o cabelo arrumado demais para o desleixado que ele era.

– Vai buscá-los assim? Vai parecer um motorista, amor.

– Obrigado, querida.

– Eu fui sarcástica.

– Oh.

Ela riu e voltou a digitar no teclado. Era engraçado como Collin era ingênuo em algumas coisas, como expressão de sonoridade e afins. Já tinha perdido a conta de quantas vezes havia sido irônica e sarcástica com ele, e o rapaz nem sequer notou.

– Bem, eu só vou dar uma checada nos quartos de cada um deles e irei até a fronteira, ok?

Collin beijou-lhe o topo da cabeça e afagou os ombros de Isabel, que sorriu para ele.

Cruzou a sala até chegar a um lance de escadas que subia espiralmente e deparou-se com o segundo andar, onde ficavam os quartos de hóspedes e a piscina interna. Não era um espaço muito grande como o primeiro andar, mas era suficientemente bom para um B que estava acostumado com uma casa de no máximo três cômodos.

O primeiro quarto era o de Josh. Havia um sofá branco na parede que ficava de frente para a cama de casal de lençol com enfeites vermelhos e uma TV para cada lado que ele sentasse. Uma cômoda de cada lado da cama e um tapete retangular branco, que combinava com o tom preto das paredes e com o restante do quarto. Um armário na parede esquerda e, na direita, uma pequena sacada.

O segundo, que era conectado com o terceiro, eram os quartos de Nick e Charmin. Através dos telefones de Will, Collin sabia o quão “próximos” eram sua irmã e o rapaz. E, por mais que soubesse que teria ciúmes quando os vissem juntos, ele tinha Isabel, e Charmin merecia ter alguém com ela também. Então, para isso, deixou os quartos interligados por meio de uma porta para os dois, pois sabia que cedo ou tarde aquela porta seria utilizada.

Adentrou no de Nick e observou as paredes verde-escuro, a cama preta e as cômodas em tom bege, com um pequeno sofá ao lado da cama preto, para duas pessoas. Havia um papel de parede cheio de edifícios históricos, pois sabia que Nick gostava de conhecer mais sobre o mundo. Passou pela porta e chegou ao quarto de Charmin, com paredes em azul marinho. No teto, constelações preenchiam um papel de parede, num céu escuro e estrelado. Collin sabia que desde criança, Charmin adorava olhar o céu, e talvez olhar aquele teto dormindo desse a ela uma boa sensação.

Caminhou porta afora, desceu as escadas, cruzou todos os cômodos e fechou a porta da entrada atrás de si, preparando-se para buscar sua irmã.

***

Os três estavam com malas nas mãos, despedindo-se de Will e Kyle. Os homens cumprimentaram-se como sempre fazem, com batidas nas costas e apertos de mão. E Charmin, como sempre, ganhou um abraço caloroso e apertado de Will, levantando-a no ar; Já Kyle, abraçou-a carinhosamente.

Agora, Will acompanhava-os por um caminho mais vazio da cidade até a fronteira, dando a eles vez ou outra, instruções de como deveriam se portar na A. Avisou à Charmin para ser menos agressiva e hostil com as pessoas; À Nick, para não ser tão encrenqueiro e à Josh, para ser mais responsável.

– Nada de palavras de baixo calão, Charmin.

– Tudo bem... – Falou, em tom desanimado.

– Nada de arranjar briga, Nícolas.

– Tanto faz.

– E nada de se embebedar em cada lugar que visitar, Josh.

– Tá.

Josh não prestava muita atenção em nada que eles falavam. Em sua mente, passava-se o momento que Will dava uma arma a ele. “Estou confiando em você. E olha que eu não confio em qualquer um.”. Ele ficou assustado, muito assustado. Nunca tinha pegado uma arma de verdade na mão, pois eles só usavam armas de mão, e não de fogo. Ele rapidamente guardou a pistola na mala e fingiu que não tinha um objeto desses perto dele, ao seu comando e responsabilidade.

Chegaram então à fronteira. E era do mesmo jeito que Charmin se lembrava: Cheio de gente, robôs e guardas. E ela estava começando a ficar nervosa; nervosa de ser pega novamente, nervosa de ser perseguida, nervosa de levar tiros. Tudo estava voltando num turbilhão de emoções.

– Nick, vá até a catraca três. E lembre-se, seu nome é Christopher. – O garoto pegou a mala, despediu-se de todos e piscou para Charmin, que enrubesceu. Ela ainda lembrava-se do formigamento no corpo. – Josh e Charmin, vão até a catraca sete. Boa sorte.

Despediram-se e Will observou-os caminhar.

Nick entrou numa fila pequena e, após no máximo dez minutos, chegou sua vez. Ele deu o RG ao guarda, que checou-o, depois checou sua mala e devolveu o papel.

– Sr. Tompson, por favor, coloque o código da pulseira no identificador.

Nick o fez. A pulseira demorou um pouco para identificar, mas logo apareceu na tela a foto dele, com a peruca ruiva, e o nome falso.

– Pode passar, senhor. Bem vindo à A.

Ele atravessou a catraca.

Do outro lado, Josh esperava o guarda checar seu RG.

– Sua mala, senhor.

Ele engoliu em seco. O homem não poderia checar a mala.

– Vai checar minha mala? Isso é falta de privacidade!

– Perdão, senhor, mas é questão de segurança.

Era agora. Ele estragaria tudo. Perderia a confiança de Will pra sempre. Ele finalmente pararia no exército, e arrastaria Nick e Charmin novamente pra isso. O guarda preparou-se para abrir a mala dele, mas deixou o objeto no chão para atender o rádio.

– Pois não? Problemas na catraca catorze? Estou indo. – O homem fechou a mala. – Pode passar, senhor.

Josh colocou a pulseira no identificador e passou, olhando para trás e sorrindo para Charmin. A menina correspondeu, e moveu-se para dar o RG.

– Bom dia, senhorita. – Uma mulher falou. Charmin suspirou de alívio ao constatar que não era outro guarda grosso e malicioso. E ficou mais aliviada ainda ao lembrar que matou o guarda que a identificou. – RG, por favor.

– Aqui. – Ela estendeu o papel. – Bom dia, também.

A mulher pegou o RG, checou a foto, o número, e finalmente devolveu-o a Charmin.

– Vou checar sua mala. – Disse, e a abriu. Levantou algumas roupas, tocou os cantos e abriu os bolsos pequenos. – Passe o código da pulseira no identificador, senhorita.

“Finalmente chegou o momento”. Ela colocou a parte de baixo grudada num grande painel e, após alguns segundos, seu nome e foto apareceu na tela.

– Bem vinda à A, senhorita.

Charmin entrou, e percebeu que em toda a sua vida, nunca havia visto ou sonhado algo assim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¬u¬ E vocês achando que o Nick nunca ia investir... MUAHAUHAUHUAHA
Essa parte foi feita graças a uma leitora, a senhorita laura144lacerda. Então, se você estiver lendo isso: 1. Sua safadenha. 2. OBRIGADA



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Zona B" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.