Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 33
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

OLÁ MEU POVO AMADO! Então, eu não postei semana passada por um motivo muito importante: Fiquei sem internet.
Pois é, eu fico na minha avó, e ela instalou internet recentemente e, por alguma merda que o destino armou, a internet deu alguma coisa e simplesmente parou de funcionar. Aí eu fiquei sem meios e tal, mas, agora que voltou, estarei à ativa ^u^
Espero que gostem do capítulo :3



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Will cravou a pá no chão, tirando o suor da testa. Agora, eram cerca de sete da manhã e o Sol já estava no céu, ao contrário de algumas horas atrás, quando todos saíram do alojamento. Ele olhou para o suposto túmulo de Marc e pressionou um lábio contra o outro, segurando o choro. No caminho para o lago, onde enterrou o rapaz, ele chorou silenciosamente o trajeto inteiro. Ninguém o olhou, vendo-o tão indefeso e sensível, somente prosseguiram a caminhada, cabisbaixos e silenciosos.

Charmin foi até a borda do lago e colheu algumas flores, do mesmo tipo que Nick deu a ela. Pervincas rosas, azuis e brancas enfeitaram ao redor do túmulo de Marc, enquanto ela ia colocando-as pela ordem: azul, branca, rosa. Levantou-se e sentiu uma brisa fria, mesmo que não estivesse ventando. Talvez seja o vento ocorrendo no vazio de seu coração, ela pensou.

James, que havia descascado uma casca de madeira velha, agora talhava com a adaga: “Marc Rosestring. Great friend, son and brother. We wil miss you, buddy. 2310 – 2330”; Colocou a lápide improvisada à frente do túmulo e voltou-se aos outros.

– Eu sei que ninguém aqui é religioso, mas eu sei que Marc irá ao céu, - Disse Will. – então demos as mãos, por favor, e oremos.

Todos uniram as mãos e rezaram silenciosamente.

– Querem dizer alguma coisa?

Kyle levantou a mão.

– Eu não sei se você está me escutando, Marc, mas eu só queria dizer que nunca, nunca desejei um irmão melhor do que você era. E, mesmo não estando mais entre nós, você ainda será meu irmão mais velho. Eu te amo.

Will suspirou e colocou as mãos nos bolsos. As lágrimas iriam vir novamente.

– Ontem mesmo você me disse que queria seguir com a sua vida, se apaixonar. Eu sinto, realmente sinto, por você não ter experimentado essa sensação aqui na Terra. Mas espero que se apaixone aí em cima, e viva uma ótima vida no Reino d’Ele. – Ele olhou para cima, esperando que as lágrimas secassem com o frio que fazia. – Mais alguém? Charmin?

Ela negou de olhos fechados, parece que, assim como Will, lutava para as lágrimas não descerem.

– Vamos voltar, então. – Nick falou. A voz estava mais séria e calma que o usual. – Precisamos descansar.

E assim fizeram. Josh, Will e Kyle um ao lado do outro, em silêncio. James e Nick distantes um do outro, mas se encarando com uma preocupação exposta no olhar. E Charmin, sozinha, passando em sua cabeça o rosto de Marc em todos os momentos do alojamento.

***

Josh abriu o alçapão primeiro, entrando e vendo Alexandra sentada na cadeira de Will, tomando um suco. Pelo jeito que ela estava, com sua camisa e seu chinelo, acordara agora. Ele não ligava mais para ela ir embora, nem queria brigar por isso, não possuía vontade de mais nada, somente de deitar em sua cama e ficar pensando no quão estúpido ele era, por não ter morrido no lugar de Marc.

Will desceu as escadas e tirou a capa, as facas e os dardos, organizou tudo em seu devido lugar e se preparou para a parte mais difícil: organizar as coisas de Marc. Foi até a cama do rapaz e arrumou sua cama, dobrando a coberta e esticando o lençol corretamente. Depois, agachou-se e procurou os armamentos dele debaixo da cama. Marc era extremamente organizado, separava as facas por tamanho, e Will tratou de colocar as que estavam no cinto do rapaz da forma como ele faria, como se ele estivesse ali, ajudando-; Depois, pegou o casaco que estava no corpo dele e colocou sobre os ombros; Andou até o banheiro e, com um isqueiro que sempre carregava, colocou o casaco de Marc dobrado no chão e o queimou. Ficou ali, parado, assistindo as chamas devorarem o tecido ensanguentado.

Kyle sentou-se em sua cama e retirou debaixo dela uma caixa de brinquedos caseiros antigos que ele e Marc costumavam fazer até os quinze anos. Abriu o objeto e retirou de lá um pequeno boneco de madeira, um soldadinho, e o girou por entre os dedos. Aquele era o brinquedo favorito de Marc desde... Bem, desde sempre. Quando ainda moravam na rua, Kyle trocou as próprias economias que pegava do chão por um simples e mísero boneco de madeira, que deu no décimo aniversário de Marc. O garoto o amou tanto que dormia com ele todas as noites, e nunca sequer o perdeu, nem por um minuto; O carregava no bolso, na mão, até mesmo nos sapatos, como se fosse um tesouro tão valioso que nem mesmo o mundo inteiro valeria a pena trocar por.

James sentou-se ao lado dele. Kyle parecia calmo e neutro por fora, mas o louro sabia muito bem o quão devastado e assustado ele estava.

Kyle pegou, do fundo da caixa, uma foto que Will tirou quando os dois fizeram dezoito. Naquela época, os gêmeos estavam com espinhas pelo rosto e os cabelos estavam iguais: compridos até a nuca e com uma franja repartida no meio, que era segurada pelas orelhas. Eles sorriam verdadeiramente, como uma família feliz, como eles eram mesmo no caos. Ele riu, mas de um modo tão desolado e desanimador que até mesmo James se sentiu submerso no profundo mar que Kyle estava. E, agora, ele via o quão escuro e silencioso era o lugar, e precisava fazer com que Kyle voltasse para o barco e navegasse até chegar à margem.

– Eu tenho um porta-retratos para colocar essa foto. – Disse ele. – Posso pegar agora mesmo.

Kyle o olhou, as íris verdes estavam mais opacas que o normal.

– Eu gostaria. Obrigado.

Rapidamente, James levantou e foi até sua cama, pegando o porta-retratos ao qual costumava ficar a carta de sua mãe, e retirou o papel. Ele era simples, de madeira e com espirais circulares na ponta, mas, para alguém que estava passando por uma situação tão difícil, pelo menos algum apoio era necessário. Ajudar alguém era mais importante que o passado.

– Aqui está. – Ele sentou novamente. – Me dê a foto.

Kyle entregou o papel à ele; James encaixou a foto e colocou num banco que ficava entre as camas. O gêmeo sorriu para a foto e ficou encarando-a, até que James percebesse que ele precisava ficar sozinho.

Josh sentou-se ao lado de Alexandra e tirou uma garrafa de whisky da gaveta, colocando um pouco no copo e engolindo tudo em uma só vez. Ele olhou para Alexandra, que perguntava como ele estava, e ignorou-a, somente colocando mais bebida no copo e virando-o outra vez.

– Era pra você ter ido embora, Alexandra.

– Eu sei. – Ela respondeu, bufando. – Vou assim que você me falar o que aconteceu e onde está o outro ruivo.

Josh tomou um gole.

– Ele morreu.

Alexandra arregalou os olhos.

– Ele...

– É. – Afirmou, colocando mais whisky no copo. Não era só a bebida que estava amarga. – Agora, você me faria o favor de ir embora?

– Não quer que eu fique com você? – Ela perguntou. Josh a olhou, as feições em completo desagrado e angústia. – Vou trocar de roupa e ir.

Ela se levantou e entrou no banheiro, logo depois saindo abrigada e com um casaco que, provavelmente, era de Josh. Mas ele não ligava, uma coisa a menos não superaria a falta que ele estava sentindo dentro de si. Alexandra pegou a bolsa e se despediu de todos, dizendo que sentia muito pela perda e que desejava a eles boa sorte nos planos deles. Quase ninguém respondeu, somente Charmin, que desejou a ela que não morresse de frio. A mais velha sorriu e partiu, abrindo o alçapão e desaparecendo.

Charmin andou até um canto do alojamento e deslizou pela parede, sentando no chão e abraçando as pernas. Estava frio e ela só usava uma regata e uma calça, o resto da roupa estava com o sangue e cheiro de Marc, e ela se recusou a continuar a ver aquilo.

A primeira vez que viu Marc estava exata em sua mente. Will mandou que ela acordasse Marc para que ele buscasse uma encomenda, agora não se lembrava o que era, mas se lembrava de cutucar Marc e ser surpreendida ao ter o braço agarrado pelo jovem. Ele se assustou ao ver que não era Kyle e ficou todo constrangido ao notar que era Charmin. Provavelmente, ela pensava agora, Marc não estava acostumado com meninas, e por isso reagiu de maneira tão estranha. Mas ele cumpriu com sua palavra, a ensinou sobre computadores, por mais que tenha sido bem pouco.

E, agora, ela finalmente notou, ele não estava mais lá. Nunca mais estaria.

– Charmin, fiz chocolate quente pra você. – Nick se aproximou, com uma caneca soltando vapor. – Você precisa se aquecer.

– Não quero.

Ela sequer levantou os olhos ou se mexeu.

– Mas, Charmin...

– Me deixe sozinha, Nícolas.

Ele pousou a caneca ao lado de Charmin, depois foi até sua cama, retirou a coberta e voltou-se para ela, colocando o tecido ao redor de Charmin.

– Se quer ficar sozinha, fique ao menos aquecida.

Ela olhou para a caneca e uma gota de água caiu dentro do líquido.

***

– Vem, Dilan. Nós precisamos ir ao refeitório.

Jack cutucou o amigo, depois batendo na cara dele.

– Acorda, seu vagabundo de merda.

Dilan finalmente abriu os olhos e fitou Jack, que estava com o cabelo preso atrás e solto na frente. O rapaz achou estranho o novo penteado do amigo, Jack geralmente só usava o cabelo solto e, quando prendia, era somente para treino.

– Que cabelo de gay é esse, Jackson?

Jack deu de ombros.

– Julian falou que ficava bem em mim.

Dilan se levantou, vestindo uma calça e colocando um moletom. Foi até o banheiro, lavou o rosto e depois voltou para onde Jack estava, checando o relógio.

– Porra, são duas da manhã. – Disse. – Você me acordou pra quê?

O outro ficou em silêncio, somente colocou os sapatos e saiu andando por afora. Dilan o seguia, perguntando o que estava acontecendo, mas Jack não respondia, somente deixava um sorriso no rosto. Chegaram então ao refeitório e as luzes estavam apagadas.

– O que é isso, Jack?

Jack acendeu o interruptor.

Feliz aniversário, Dilly.

De baixo da mesa, saíram Jenni, Rose, Sam e Julian. Dilan começou a rir escandalosamente e precisou que Jenni tampasse sua boca. Ele passou a língua pelos dedos dela e, assustada, a garota retirou a mão de perto, passando-a pela roupa.

– Feliz aniversário, seu nojentinho. – Ela disse, logo em seguida o abraçando.

Numa pequena fila, Rose, Sam e Julian o abraçaram, dando a Dilan parabéns.

– Nós não tivemos tempo de pedir a Charlie um bolo pra você. – Disse Rose. – Mas conseguimos uma coisa muito mais gostosa que bolo.

Então, ela levantou de debaixo da mesa uma caixa de isopor, colocando-a em cima e retirando a tampa.

Cervejaaaa!

Dilan se aproximou e pegou uma garrafa, abrindo-a com a própria mão e, depois, tomando um gole.

– Onde vocês arranjaram?

– Eu tenho lá meus contatos. – Disse Jack, sorrindo divertidamente. – Agora me abre uma loura aí que faz uns bons meses que eu não sinto o gosto.

Todos pegaram uma garrafa, menos Jenni, que preferiu beber água. Dilan perguntou a ela por quê não bebia, e a mesma respondeu que possuía baixa resistência à bebida. Ele sorriu, malicioso, e fez questão de abrir uma garrafa para ela, falando que ela deveria se divertir também. Jenni aceitou a garrafa e tomou um gole, que desceu lento por sua garganta.

– Então, que tal cantarmos para o nosso pequeno Grande Dilly? – Rose sugeriu; a voz já estava um tanto mole depois de três garrafas seguidas. Todos, então, começaram a cantar: – Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!

Dilan riu levemente e abraçou Jenni de lado, derrubando a cerveja dela em sua roupa. Desconcertada, a garota pegou um pano e começou a passar perto do peitoral, e enrubesceu ao sentir a pele dele por debaixo da camisa.

– Com quem será? – Cantou Jack, erguendo a garrafa. – Com quem será que o Dilly vai transar?!

– Vai depender! – Completou Rose, com um sorriso infantil nos lábios. – Vai depender se a Jenni vai ceder!

Pela terceira, quarta ou quinta vez naquela noite, sabe-se lá se era pela bebida ou pelos companheiros, Dilan se afogava no riso, tendo a ajuda de Sam para parar. Ele estava vermelho, tanto pelo álcool, mas também pela vergonha.

– Eu vou é ceder um foda-se na cara de vocês, filhos da puta. – Jenni vociferou, tomando um grande gole da segunda garrafa de cerveja. – Eu transo com o Dilan se eu quiser.

Dilan a olhou, sorrindo.

– Então a gente vai transar hoje?

Enrubescendo, ela deixou a cerveja na mesa e passou a mão pelos cabelos, o mesmo gesto que Dilan fazia quando ficava nervoso ou constrangido. O rapaz se aproximou da namorada e pegou sua mão para colocar em volta da própria cintura.

– Relaxa, gata, a noite é uma criança.

***

Já eram cerca de cinco da manhã, Charmin olhou pelo relógio. Nick, antes de desistir dela e dormir, vinha de meia em meia hora, pedindo que ela tomasse o chocolate que estava resfriando e acertando a coberta em seu corpo, que Charmin teimava em tirar e jogar pra longe. Durante quatro horas ele fez a mesma coisa e, depois de ver que ela não cederia, bufou impaciente, bebeu o chocolate e pegou a coberta de volta, usando-a para dormir.

E, mesmo que nas primeiras horas ela estivesse encarando o frio como uma ajuda para a dor, agora ele era um empecilho. Ela tremia, batia os dentes e passava as mãos pelos braços repetidamente, como se aquilo fosse aquecê-la. Ficou com fome e sede e desejou o chocolate, mas lembrou-se que o garoto havia o tomado.

No fim, todos foram dormir e ela ficou ali, sentada, com frio e sozinha. E por merecer.

Em sinceridade consigo mesma, Charmin constatou que a dor que sentia horas atrás pela perda de Marc havia diminuído numa quantia considerável. Quando se era frio e as barreiras eram quebradas, não demorava muito a tornar a construí-las. Simples pensamentos realistas e sinceros ajudavam a refazer toda a muralha que protegia o sentimentalismo presente em Charmin. A questão era que: ela já estava superando a morte do amigo, mas não aceitava a rapidez, então se repreendia para saber que, quando pessoas importantes se vão, devemos sentir falta delas o máximo possível. Mas, para algumas pessoas, a coisa não funcionava assim. E Charmin era uma delas.

E, ela sabia que, se houvesse mesmo morrido no incidente ao tentar ir à A, todos ali sentiriam sua falta o máximo possível, inclusive Marc. Ela sentia estar em dívida com o próprio morto e o carinho que ele possuía por ela. Tudo era uma questão de culpa dentro de si.

Mas, é claro, ela não poderia parar para sempre, certo? Ela tinha de agir, continuar com os planos e ter sucesso. Era isso que ela iria querer que Marc fizesse caso morresse, e era isso que ele iria querer caso ainda estivesse vivo: que ela seguisse em frente, que ela mantivesse o plano até o fim e fosse capaz de finalizá-lo. Não era mais uma questão rebelde e de simples luta pela liberdade, era mais que isso, era uma questão de lutar pelo que Marc sempre almejou.

Com esse pensamento, Charmin se levantou do chão e caminhou até a cama de Nick, depois deitando ao lado do rapaz, pegando a mão dele e colocando em volta de sua cintura. Ela encostou-se próxima ao corpo de Nick e, assim que sentiu a respiração do mesmo bater em sua nuca, ela se cobriu e se aconchegou ali.

– Charmin?

A garota olhou para trás e pôde ver os olhos cinza-violeta de Nick a fitando, com uma dúvida eminente presente no olhar. Ela sorriu e depositou um beijo longo e demorado nos lábios do rapaz, que assustou com o gesto na hora, mas depois correspondeu ao beijo e a apertou em seus braços.

– Eu prometi que dormiria com você, não? – Disse ela. – Eu cumpro minhas promessas, Tourmaline.

Ele riu, rouco e abafado, e enterrou a cabeça entre o ombro de Charmin e o travesseiro.

– Eu adoro quando você me chama pelo sobrenome, é tão sexy.


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Notas finais do capítulo

Bem, não tenho mais nada para falar quanto ao capítulo.
Não se esqueçam de comentar, favoritar, acompanhar e, se desejarem, recomendar. Até a próxima quarta, gemt s2



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