Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 25
Capitulo 23


Notas iniciais do capítulo

MEO DEOS ME DESCULPEM POR NÃO POSTAR ;--; EU SÓ LEMBREI QUE TINHA QUE POSTAR NA SEXTA, AÍ DEIXEI PRA ESSA SEMANA.
MAS, MAIS IMPORTANTE, EU ALCANCEI 1000 VIEWS *U* Sim, mil views! Ah, eu deixei duas frases super ambíguas nesse capítulo, quem identificar ganha uma latinha de coca :V



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– Então, como foi dentro do exército?

Nick olhou para as íris desiguais de Charmin enquanto ambos caminhavam numa estrada de terra em plena madrugada. Estavam andando fazia algumas horas e pararam para beber a água de um laguinho e, após isso, continuaram o trajeto. Ainda tinham mais dois dias pela frente. As mãos de Nick estavam com terra debaixo das unhas e as de Charmin suavam, mas nem por isso eles desenlaçaram os dedos.

– Foi... Turbulento. – Respondeu enquanto olhava para a lua minguante no céu. Estava amarelada e cercada por estrelas, e Charmin notou que sentiu muita falta de dormir fora de casa, admirando o céu noturno. – Mas acho que foi bom. Fiquei mais forte, sabe?

– Eu percebi.

Passaram por várias árvores que tampavam a visão de qualquer um que passasse, e por isso ficavam entre elas, escondidos no mato ou em algum tronco largo. Uma brisa leve passava pelo pescoço de Charmin e deixava-a arrepiada, mas tão pouco ligava para isso. Nick vez ou outra olhava para o semblante de Charmin, tentando estudá-la ou ver as expressões que ela não expressava.

Então avistou a primeira parada: um lago profundo que demarcava a passagem de uma floresta mais densa.

– Charmin, vamos parar aqui. – Sinalizou e ambos se aproximaram, deixando as bolsas atrás de uma árvore e parando pra descansar embaixo d’uma espécie de pico que ficava atrás do lago, formando uma espécie de caverna. – Está cansada?

Charmin negou, mas mesmo assim sentou-se e esticou as pernas, demonstrando o cansaço da caminhada.

– Eu trouxe umas roupas pra você, se quiser tirar essa depois ou agora...

Nick deixou a frase no ar e Charmin estreitou os olhos, levemente desconfiada.

– Sabe que eu não vou ficar nua na sua frente, certo?

– Não precisava esvaziar a esperança, garota.

Sentou-se ao lado dela e deixou que as pernas se encostassem. A água no lago refletia a luz do luar e deixava a paisagem um pouco mais iluminada e menos assustadora para Nícolas. Quando criança possuía medo do escuro e odiava dormir com a mãe, pois a mesma apagava a vela e não deixava que ele a acendesse novamente. Por esse e por vários outros motivos começara a fugir de casa no meio da madrugada e só voltava de manhã, quando a mulher acordava para fumar ou beber.

Charmin deitou-se no chão duro e olhou para Nick, que se perdia em pensamentos enquanto fitava o movimento sutil das águas do lago. Ele fazia uma cara estranha enquanto devaneava e parecia mais adulto, mais responsável. Lembrava Collin, nas vezes em que o irmão geralmente pensava em algo para reconfortar Charmin no aniversário da mãe.

– Como estão os garotos?

Nick não se moveu.

– Nick?

Apoiada nos cotovelos, Charmin aproximou-se de Nícolas e com o rosto frente ao dele, tocou seu braço. Ele pulou surpreso, e esquivou-se para o lado, assustado com a aproximação repentina da garota.

– Oi, oi.

– Tá tudo bem?

Sentando, Charmin apoiou as costas à parede fria de rocha e mirou o namorado, que coçava o pescoço nervosamente, do mesmo modo que ela coçava o pulso quando ficava sobre pressão. Talvez estivesse nervoso por finalmente vê-la? Charmin não sabia. Só o via agir estranho e, enquanto caminhavam, percebeu que ele a olhava muitas vezes, como se quisesse falar algo e, de repente, a coisa não saía, ficava presa à garganta.

Ficou minutos olhando para o rapaz que, no momento, concentrava-se em achar alguma coisa no chão, pois não tirava o olhar dele. Então Nick começou a alternar o olhar entre o lago, ela e o chão. Lago. Charmin. Chão. E aquilo estava ficando muito estranho até para a mente dela.

– Nick. – Chamou. Ele a olhou e voltou a mirar o chão. – Nícolas. – Charmin estava ficando impaciente. – Nícolas Tourmaline.

Finalmente, ele respondeu:

– Como sabe meu sobrenome?

Charmin tombou a cabeça. Toda aquela situação para isso?

– Descobri quando olhei sua ficha no exército. Você tinha um bom relatório criminal.

– Então você sabe que...

– Que você fumava, bebia, pichava, roubava, traficava, vendia drogas e coisas ilícitas? – Nick espantou-se e Charmin somente sorriu. – Fiquei realmente surpresa.

– Então você sabe que a pessoa que me fez parar com tudo isso foi você.

– Sei.

Repentinamente, Charmin encostou a cabeça no ombro de Nick, do mesmo jeito que ele fez no dia da árvore, meses atrás. Tornou-se tudo um costume, ela percebeu. Expelir surpresas, palavras agressivas ou verdades destruidoras, e no fim simplesmente encostar-se como se tudo não tivesse acontecido.

– Você era um completo babaca. – Disse Charmin. – Ainda é, na verdade.

Nick soltou um riso fraco e concordou. Ele era realmente um babaca. Olhava as pessoas como se fossem piores que ele, quando na verdade, ele era o pior de todos. Brigava para disputar a masculinidade quando era tão frágil quanto vidro. Se, Nick pensou, sua mãe fosse uma mulher realmente boa, ela seria a única pessoa que ele não pensaria ser melhor. Mas ela estava em ruínas, assim como o filho, e não possuía ninguém para remontá-lo até Charmin chegar em sua vida.

– Sou seu babaca. E isso me confortará pelo resto da minha vida banal.

Charmin ficou em silêncio, envergonhada, enrubescida e, por mais incrível que parecesse, lisonjeada. Se, meses atrás, descobrisse que mudou a vida de uma pessoa como fez com Nícolas, ela não acreditaria. Para uma B, era um ato tão impossível que se contentava em somente participar da vida das pessoas, não tornar-se parte ou sê-las.

– Por que Tourmaline?

Nick pensou por um tempo. Desde o tempo que passara com ela, Charmin nunca se interessou no sobrenome. Parecia muito mais distraída quando mais jovem e então se concentrava somente na parte física do relacionamento, não sentimental. É claro: possuía-se sentimento na relação. Mas ele sabia como paixões adolescentes funcionavam: o calor era tão grande que a concentração na parte abstrata era deixada de lado.

– Quando eu era um bebê, minha mãe fugiu da França e dos conflitos socioeconômicos de lá para aqui, os Novos Estados Unidos. – Contou enquanto passava o braço pelos ombros dela, aproximando-a. – Então nós viajamos num barco pesqueiro ilegal até aqui: meu pai, ela e eu em seu colo.

“Nós passamos por uma região de pedras preciosas perto de uma encosta daqui, e ela viu algumas pedras brilharem sobre a água: turmalinas. Eu possuía alguns meses e não tinha sobrenome ainda, pois ela não sabia o dela e meu pai não queria por o dele no meu nome. Então ela disse que, a turmalina refletindo a água, lembrava os meus olhos e colocou “Tourmaline” como sobrenome.”

– Então você é francês?

– Sou.

– Por isso você é todo charmoso.

Nick fitou-a com um sorriso nos lábios. Sua mão passou pelas costas de Charmin até agarrar seu quadril e puxá-la para perto, beijando-a. Comparado aos dias de convivência com ela quando mais novo Nick não a beijava há tempos. Em seus quinze anos, todo dia que a encontrava, passava o dia com os lábios colados ao dela. E quando reencontrou-a pensou nunca mais ter esses momentos.

Mas, agora que estavam mais próximos, sentia cada vez mais o calor entre eles e aproveitava-se de toda situação íntima para pegá-la. Uma chama parecia percorrer todo seu corpo e ele a liberava pelos dedos, Charmin conseguia sentir a mão fria do garoto tornando-se tão quente quanto suas bochechas enquanto as línguas se encontravam.

– Graças aos franceses. – Nick sussurrou enquanto esperava a respiração de Charmin se acalmar.

***

Josh acordou de mais uma noite. Não abriu os olhos. Sentiu os fios louros sobre os olhos fechados e soprou-os para que não atrapalhassem a futura visão. Rolou para o lado e sentiu outro braço tocando o seu. O braço dela. Sorrindo, ergueu seu outro braço para cercar as costas da pessoa ao seu lado.

Enquanto sentia pernas se mexerem debaixo do lençol, ouvia grunhidos manhosos e os cabelos negros curtos roçando sobre sua bochecha, ele tomava coragem para abrir os olhos e começar mais um dia.

Abriu os olhos, olhou para baixo e pôde ver um par de olhos âmbar fitando-o, esperando que ele falasse algo.

– Bom dia. – Sussurrou enquanto passava o dedão em sua bochecha.

– Hey.

A voz de sono deixava tudo mais confortável e preguiçoso. A vontade de levantar dali e deixá-la era tão pouca que se não o chamassem, não sairia dali pelo resto do dia. Puxou-a novamente para um abraço apertado enquanto sentia novamente as madeixas curtas roçarem sobre sua pele e darem uma coceira confortável e familiar.

– Se eu não deixo Nícolas e Charmin fazerem coisas aqui, acha que vou deixar vocês dois agarradinhos assim? – Will surgiu na visão dos dois. Josh olhou-o irritadiço e a menina em seus braços encarou-o como se ser vista na cama com um garoto fosse a coisa mais banal do mundo. Aquela não era a primeira vez que Will a via na cama com Josh. – Saiam daí, se troquem e vão fazer isso em algum lugar que eu não veja. Porque se eu ver... Comecem a ter medo de mim.

Ele saiu e Josh olhou-a constrangido.

Sinto muito por meu irmão. – Murmurou Josh enquanto sentava-se na cama e puxava uma camiseta do chão para colocar. A mulher levantou-se e ajeitou o decote da camisola enquanto arrumava a franja longa. – Ele não costuma ser chato assim, mas sabe que ele não gosta de você.

– Não ligo para que o seu irmão pensa, Joshua.

Josh ficou um tanto envergonhado. Mesmo que gostasse da garota, achava rude demais algumas palavras dela. Quase todas, na verdade.

– Eu sei que não. Mas, eu não sei, acho que pode incomodar.

– Não incomoda. Nunca me incomodou. Até no dia em que acordei bêbada e quase pelada, agarrada a você no seu jardim.

– Então tá...

Levantou, puxando a calça moletom e acertando a camisa. Dirigiu-se à mesa que usavam para deixar as comidas e pegou dois pães, voltando e dando um à garota. Ela agradeceu e Josh aproximou-se para conversar com Marc e Kyle.

– Bom dia, garotos.

Marc o olhou e voltou-se para uma ficha complicada com sensores sobre a pulseira. Kyle nem se deu o trabalho de olhar. Josh bufou, afastando os cabelos despenteados da testa.

– Ainda estão bravos com ela?

Dessa vez, Kyle o olhou. Estava com uma cara que respondia obviamente a pergunta de Josh e deixava mostrar muito mais braveza do que a própria personalidade.

– Sabe que só a aceitamos porque todo mundo aqui gosta de você e é sua família. Mas, por favor, nós a odiamos.

– Por quê?!

Marc sorriu cínico e tomou a conversa:

– Porque ela é horrível, Joshua. Ela não te merece. E olha que você é você. Você!

Josh se sentiu desconfortável. E extremamente envergonhado. Na verdade, as emoções andavam muito extremas desde um tempo. E aquilo o deixava pressionado a muitas coisas. Uma delas era assumir a culpa por muitas coisas que vinham acontecendo.

– Só por que ela teve alguns problemas no passado?

– Nícolas teve alguns problemas no passado. Essa aí é o próprio problema.

Josh olhou para sua cama e a menina que estava sobre ela. Como aquele ser tão meigo e inocente poderia ter feito tudo aquilo? Era impossível!

– A culpa não é dela...

– Ah, não! Claro que não! A culpa foi das vodkas, das seringas e de todos aqueles homens que a procuravam por grana.

– Eu gosto dela de verdade.

Repentinamente, Will sentou-se ao lado de Kyle e fitou Josh com um olhar sério.

– Não, você não gosta. Você ainda ama Charmin, mas aguenta essa garota pela culpa que sente por ela. – Disse. – Você é meu irmão e eu consigo enxergar até que um fio do seu cabelo está mais levantado que o outro, Joshua. E eu te aconselho a parar de usar essa garota pra esquecer Charmin. Mesmo que as duas sejam seu passado, uma ainda é parte do seu presente. E eu digo que não é essa aí deitada na sua cama.

Irritado, Josh saiu dali e andou até a escada do alojamento, subindo-a.

Will virou-se para Marc e Kyle, que fingiam não prestar atenção no sermão para serem educados.

– É por isso que eu não gosto de garotas. – Disse o mais velho. – Elas só dão trabalho.

Josh fechou a porta do alçapão com força. Dane-se Will, dane-se Kyle, dane-se Marc, dane-se tudo.

Ele não amava Charmin. Nunca amou. Seu irmão e todos estavam errados e ele era o único que entendia a si mesmo naquele lugar. Nunca teve Charmin o suficiente para amá-la e mesmo que tivesse o feito, aquilo já estava acabado. Ela estava com Nick e era aquilo que importava. E, agora, havia o futuro. E aquela garota que estava em seus braços era ele. Não Charmin. Não podia ser Charmin. Não mais.

***

– Você acha que ela está bem?

Dilan, Jack, Jenny, Rose e Sam estavam sentados na mesa do refeitório. Enquanto todos comiam alguma fruta ou tomavam um suco, Dilan comia um bolinho – O mesmo que dera a Charmin no dia em que ela se foi. Ele só vinha comendo aquilo e nada mais. Sentia que, se comesse outra coisa, estaria se esquecendo de Charmin.

– Acho que ela não vai voltar. – Disse Jack. Ele, de longe, era o menos sentido do grupo. Mas também estava com saudades dela e, por mais que aquilo fosse verdadeiro, ele não admitiria. – Isso é o que eu acho.

Jenny o olhou triste.

– Mesmo?

Jack somente acenou com a cabeça.

Na verdade, todos ali sentiam falta dela, mesmo que cada um de seu jeito. Sam sentia falta de ver Charmin machucada e poder ajudá-la; De vê-la dando cor ao exército e tirando aquele tom cinza esverdeado que tudo possuía. Dilan sentia falta do jeito marrento dela e de toda a teimosia, orgulho falsamente protegido e doçura inevitável. Jenny e Rose sentiam falta do jeito presunçoso e ao mesmo tempo sério de Charmin. E Jack, Jack negava a si mesmo sentir falta dela. Era algo tão difícil admitir que ainda sentia um afeto por ela e não ter conseguido esquecê-la de qualquer jeito foi um de seus melhores fracassos.

Jack se lembrava de como era bobo e fracamente apaixonado por ela. Como se deixava levar pelos murmúrios dela e pelo balanço do cabelo negro quando ela ficava irritada. Ajudava Nick por ser o melhor amigo dele na época e, em seu interior, sempre quis ver Nícolas com uma garota que o domasse e fizesse com que ele aquietasse o fogo.

Mas agora que Jack refletia, percebia como era difícil aguentar os dois juntos. Quando fingia não olhar para Nick abraçando a cintura de Charmin indecentemente enquanto eles estavam juntos ou até quando encontrava os dois em momentos mais íntimos e sentia um aperto em seu interior. Tudo em vão, no final. Não quis conquistar Charmin e não pôde, pois alguém chegou primeiro.

No fim, deu-se o trabalho de acolhê-la e ensiná-la tudo que precisava para ter boas habilidades. Chegou à conclusão que cumpriu seu trabalho como amigo e, além disso, confirmou que tudo o que sentia ficava no passado.

– Mas você tem certeza que ela vai ficar bem, certo? – Rose perguntou enquanto comia uma gelatina laranja que emanava um cheiro de pêssego. – Você conhecia Charmin.

Jack olhou para o seu lado: o lado em que Charmin costumava sentar, e olhou para o pote de gelatina vazio que lembrava o que ela deu a ele. Se fosse parar pra pensar, Charmin realmente ficaria bem. Ela tinha Nícolas e ele já tinha vivido uma vida o bastante para saber cuidar dela e ela saberia cuidar dele e de si mesma. Mas, nem tudo é como se prevê. Sempre há aquelas pequenas e irritantes pedrinhas do acaso que entram em seu sapato.

– A única certeza da vida é a morte, no fim das contas.

***

– Sabe, no fundo, no fundo mesmo, eu sempre acreditei que conhecia você. – Charmin falou enquanto enrolava alguns cachos do cabelo de Nick em seu indicador. Já era escuro, mas nenhum dos dois estava com sono suficiente pra dormir. No fim, comeram algumas frutas que Nick trouxe e ferveram água do lago com alguns pedaços de galho soltos pelo chão e um isqueiro que ele carregava. – Eu olhava pro seu rosto, pros seus olhos, e sentia que já tinha visto você em algum lugar, que você já tinha feito parte de alguma coisa na minha vida, sabe? E agora nós estamos aqui, fugindo de um hospício militar, andando por uma floresta e, eu não sei, vivendo um pouco a nossa parte alegre da vida.

– Primeiro: eu sei que sou inesquecível, gata. – Gabou-se e Charmin deu-lhe uma beliscada na bochecha que o fez grunhir. – Segundo: Eu já vivi bastante coisa na vida e posso dizer que os dias em que eu deito no seu colo são os mais alegres da minha vida.

Charmin sorriu. Não tinha nada mais a fazer.

– Desde quando você é tão sentimental assim?

– Desde o dia em que a flor que eu te dei apareceu ensanguentada na sua poça de sangue. – Levantou-se e fitou-a, com as íris cinza mais azuladas o possível. Sempre que ele se tornava ansiado por algo, elas ficavam assim. Era lindo e ao mesmo tempo estranho de se ver. – Sabe o pânico meu e dos outros garotos? Nós pensamos que você tinha morrido, Charmin. Morrido.

Charmin deu de ombros. Depois de tudo que passou no exército, tomar um tiro estava sendo normal.

– Mas eu estou aqui, Nick. Vê? Carne e osso?

– Eu vejo. Mas ainda acho que não é você.

Charmin arqueou uma das sobrancelhas.

– Como assim?

Repentinamente, Nick pegou um pedaço da franja de Charmin.

– Seu cabelo já não é o mesmo.

Passou o indicador pelo rosto dela.

– Seus olhos, bochechas, queixo, lábios e até feições não são as mesmas.

Em seguida, pegou seu queixo e ergueu-o.

– Você não é mais a Charmin de antes.

Charmin suspirou. Era algo muito complicado. Ela sabia que o que Nícolas estava dizendo era verdade. Ela não era mais a antiga Charmin. Estava mais forte, mais inflexível e a mente estava bem mais aberta à situação do mundo. Já não chorava mais pelo irmão; chorava pelos cortes de uma faca com álcool passando em seu braço ou choques elétricos que queimavam seu couro cabeludo. Mas, afinal, muita coisa não mudou. Ela sabia disso e esclareceria tudo para ele.

– Nícolas, meu corpo pode estar diferente, mas eu ainda sou a Charmin. Sua Charmin.

Charmin levantou-se também, ficando frente a frente com Nick. Pegou sua mão e colocou seu coração, então pegando a de Nick e colocando sobre a sua. Ela esperou que ele erguesse o olhar para mirá-la e assim que ele o fez, Charmin sorriu para Nick e apertou sua mão sobre a dele.

– As pessoas podem mudar fisicamente e sentimentalmente, mas as coisas mudam e são passageiras também. E a única coisa, a mais importante, é a alma. – Disse. – Essa não muda nunca.

Charmin tirou a mão de Nick de seu peito e deixou que ela pendesse ao lado de seu corpo. Pareceram horas se olhando, mas, na verdade, foram alguns simples segundos. Nick sorriu minimamente de canto e escorou-se à parede, deixando que os joelhos dobrassem até o chão. Charmin sentou-se ao seu lado, colocando a mão em seu cabelo novamente.

– Hora de dormir, Nick.

– Mas está cedo...

– Hora. De. Dormir. – Falou pausadamente, como se expressasse uma ordem. – Vamos, deite aqui e feche seus olhinhos.

Nick estreitou os olhos com um sorriso debochado.

– Olhinhos?

Agarrando seu ombro e puxando-o para seu colo, Charmin prensou Nick contra suas pernas e tampou seus olhos, de modo que tudo ficasse escuro para ele.

– Cale a boca e durma.

O rapaz soltou um riso e endireitou sua cabeça sobre o colo de Charmin, fechando realmente os olhos e pegando a mão da namorada para que ela mexesse em seu cabelo até dormir. Era uma ótima sensação, Nick constatou. Aquilo o acalmava e fazia com que tudo se tornasse distante, somente a mão dela mexendo em seus cachos o deixava tão tranquilo e em paz que parecia impossível.

– Bons sonhos, Nícolas.


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Notas finais do capítulo

QUEM ACHOU? QUEM? Só aviso que, se você achou as frases, surpresas virão no último capítulo da fic, mas, se você viu-as, já não vai ficar tão surpreso eue
Até a próxima quarta, minhas coquinhas s2