Piece of Mind escrita por Walker Sophia


Capítulo 1
Capitulo Único


Notas iniciais do capítulo

N//W: Piece of Mind significa: Fragmento de mente...

N//O: E o que ocorre aqui, são pedaços de algumas memorias, contadas em primeira pessoa

N//W: Sim, sim

N//O: Espero que gostem



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Piece of Mind

Capitulo Único

Mesmo que você não pode me ouvir, me tocar ou sentir-me... Eu ainda estou aqui. Para você.

~*~

Meus passos ecoam sobre o silêncio do local ao meu âmbito, acompanhado do cantar de alguns pássaros sobre as árvores. O mento avermelhado de folhas cobre o chão, e posso ouvir as folhas secas dizimando-se quando meus pés ficam por cima das mesmas, quebrando-as.

O som do quebrar de tais folhas tão frágeis lembra-me do momento em que tanto o meu coração, quanto o seu, quebraram-se em mil pedacinhos. Lembra-me do quão frágil os sentimentos humanos são capazes de ser, e de como é difícil restaura-los. E por mais que um dia pudéssemos juntar os pedaços, ainda veria as rachaduras do mesmo.

Fecho os olhos e sinto o vento cortante contra minha face. Sinto meus pés guiando-me em direção ao nosso lugar favorito, e agora motivo de tristeza ao meu âmago. Meu inconsciente já havia decorado o caminho para o local desde que éramos pequenos. Antes mesmo de tudo começar.

Sinto falta de te abraçar, do gosto de seus lábios, e do cheiro convidativo de seus cabelos castanhos e desgrenhados. Seus olhos, cor do ouro mais puro do mundo, repletos de sentimentos acolhedores, fazem com que meu coração dispare. Mesmo que tudo seja uma aflitiva lembrança.

Ainda poderia lembrar-me de cada momento com ti. Tudo, qualquer coisa antes mesmo de que estivéssemos juntos como um casal. Ou mesmo depois de nossas primeiras caricias.

~*~

Sete anos

Lembro-me de que quando tínhamos oito anos, você tinha se perdido. Fora uma das coisas mais me afligiu. Sentia que a adrenalina correndo em minhas veias, sufocava-me e dava-me forças para sair entre as ruas, gritando por seu nome, e tentando de alguma forma acalmar-me para te achar.

Éramos pequenos, e eu não poderia raciocinar nada, além disso. Lembro-me de que estávamos voltando da escola, juntos, e por alguns segundos, quando não estava mais prestando atenção em você, sua figura fugira do alcance de meus olhos. Nunca havia me desesperado tanto quanto naquela época.

Encontrei-te quando a noite já caía sobre Namimori, debaixo de uma árvore pequena, ao lado do cemitério de Namimori, enquanto você mantinha a cabeça entre os joelhos, e os soluços escapando por entre seus lábios.

“Por que...?” – perguntei sem saber formular alguma frase descente em minha mente, completamente tomado pela aflição. Abaixando-me e vendo sua face molhada pelas lágrimas.

“Eu só queria visitar a mamãe” – respondeu-me. E em toda a minha vida, nunca te abracei tão forte como naquele dia, enquanto minhas lágrimas caíam sobre seu corpo, e você me apertava forte. O desespero tomava-nos.

Éramos tudo o que o outro tinha, e eu nunca, em hipótese alguma, poderia perder-te.

Sequei suas lágrimas, antes de sorrir, fraco, mas verdadeiro para ti, vendo seus olhos, apaixonantes olhos, ganhando mais ânimo.

Recordo-me de ter lhe dado à mão, e de estar guiando-o em direção a nossa casa. Eu sentia o calor de sua mão junto a minha, e que você apertava-a tão forte como eu apertava a sua. Meu coração disparava forte contra minha caixa torácica, e ainda era muito jovem para entender aquele sentimento.

~*~

Nove anos

Tínhamos brigado. Foi por um motivo tolo. Eu estava falando com alguém, não me recordo com quem, e você chamou-me para ir embora. Foi um dia estressante para mim, e acabei gritando com você, lembro-me de ter meu timbre ríspido, e pronunciei as palavras sem nem mesmo pensar:

“Pare de me atormentar. Se quer tanto ir para casa, vá sozinho” – foi cruel, foi rude. E ainda lembro-me de sua face ter ficado espantada, e seus olhos ficarem cheios de temores em minha direção. Tudo o que eu pude ver, antes você sair correndo, fora suas lágrimas escorrendo, cristalinamente por suas bochechas coradas.

Era inverno e lá fora chovia. Sabia que você era esquecido e atrapalhado. Você havia negligenciado o guarda chuva, e correra em direção à chuva, deixando-me para trás.

Não tardei a correr atrás de ti, lembrando-me de pegar o guarda chuva de orelhinhas de coelho, suas preferidas, de dentro do armário.

Logo te achei na metade do caminho, abraçando-se, enquanto seguia o caminho de casa. Podia ouvir calmamente seus soluços, e o tintilar de suas lágrimas, em meio à chuva, caindo sobre o chão. Chamei seu nome e tentei alcançar-te, entretanto, você mantinha-me longe.

“Você vai se resfriar” – tentei alertar, mas me ignorara e continuo a andar, como se eu não existisse. E mesmo sem saber o motivo, meu coração parou algumas batidas.

Andei calmamente atrás de você, com os olhos abaixados, até sua falta de jeito fazer-se presente.

Em meio à chuva, você caiu, de joelhos sobre o chão. Pensei que iria se erguer, e continuar como se nada houvesse acontecido, como sempre fazia, entretanto, continuara sentado sobre a superfície molhada, com as lágrimas banhando seus olhos.

Corri em sua direção, e a alguns centímetros, deixei o guarda chuva cair sobre meus pés, antes de abaixar-me e lhe abraçar com força, gritando em meio às gotas caídas do céu, pelo teu perdão. Pouco me importava se agora, alguém estava nos olhando. Tudo o que me importava era você.

Apavorou-se com meu escândalo por alguns segundos, antes de sentir seus dedos gélidos sobre minha bochecha, limpando algumas lágrimas, que nem se quer eu mesmo tinha percebido deixar escapar. Lembro-me de dar-me um sorriso incrivelmente lindo, e meu coração antes sufocado, acalentar-se.

“Te amo” – falei, a mais pura verdade de minha vida, sem ne se quer saber sobre aquilo. Seria realmente possível?

“Também te amo, Nii-chan” – sorrira mais gentilmente, encostando sua testa contra a minha, e fora naquele momento em que percebi que estava com febre.

O desespero tomou-me, e mesmo você falando que estava bem contigo, não tardei a pegar o guarda chuva ao nosso lado, por em cima de seu corpo, e mesmo o meu casaco estando molhado, coloquei-o por cima de ti.

Corri como nunca antes, e quando chegamos a casa, estávamos ofegantes. E você, meio inconsciente.

Empurrei-te em direção ao banheiro, enquanto despia-o, ligava a banheira com a água incrivelmente quente.

Joguei você na banheira, enquanto despia-me também, pronto para entrar junto contigo.

Banhei-o, ficamos no banheiro, imersos a água quente por tempo em demasia, e você havia dormido sobre meu ombro, de forma encolhida.

Levei novamente minha mão, pela milésima vez, a sua testa, verificando se sua temperatura mantinha-se normal.

Para minha sorte, tinha sido algo não tão elevado, e logo se recuperara. Acordei-te, e vestimos uma muda de roupa, com você ainda cansado, ajudei-o com algumas coisas.

Lembro-me de secar pela primeira vez seu cabelo fofinho, e a partir daquele dia, tinha ganhado um abito, que me importaria em demasia caso perdesse.

~*~

Onze anos

Era festival de outono. Estávamos nos arrumando para comemorar aquele dia, onde as folhas rubras começavam a cobrir o chão.

Você estava incrivelmente lindo. Fiquei com a mente abobada ao ver-te, e quando percebi que te olhava com a face de idiota, encabulei-me sobre seus risinhos.

Não tardamos a ir para a rua, iriamos ficar em baixo de uma árvore na praça central de Namimori, e no final da noite, mais ou menos às dez horas, ver fogos multicoloridos pintando o céu negrito.

Estávamos ansiosos. Sentamos de baixo da árvore, juntos, sobre uma toalha quadriculada, laranja escuro e laranja claro. Sua cabeça repousava sobre meu ombro, e seus olhos brilhavam tanto quanto as estrelas. Uma linda visão, e não me referia ao céu.

Você brincava distraidamente com as folhas caindo, pegando-as com tanta leveza, que nenhuma esfarelara sobre sua mão. Tratava-as com cuidado, até por uma delicadamente sobre meu cabelo.

Encabulei-me antes de retira-la, vendo você aos risinhos. Não pude deixar de rir junto a ti, entreolhamo-nos, até sermos surpreendidos pelos barulhos de fogos de artificio. Olharas maravilhado para o céu, enquanto eu apreciava-o.

No final, ver sua face em puro êxtase fora o necessário para mim. E enquanto olhava-te, percebi que te amava. E não como um irmão deve amar a outro. Eu te amava como um homem deve amar uma mulher. Mesmo que você também fosse um homem.

~*~

Treze anos

Você havia me pedido ajuda com o novo modelo do uniforme. E usava-o incrivelmente certinho, como você sempre fora.

Rindo, eu retirei a camisa de dentro de sua calça, pondo a barra para fora, enquanto minha outra mão retirava a gravata de dento do moletom. Você corava como nunca, pelo nosso contato e minhas bochechas também não puderam deixar de estar avermelhadas. Baguncei um pouco seus cabelos, vendo-o fazer uma careta, encabulado, abaixando o volume dos fios, antes de lhe jogar um cinto de couro e correntes.

De primeira, não gostara do jeito em que te intitulei a usar, mas não tardou para que logo gostasse.

~*~

Quatorze anos

Você havia se tornado um dos alunos mais disputados pela classe. Era incrivelmente bonito, tinha olhos enormes, corpo pequeno e era de toda a forma, delicado.

Eu não gostava das garotas ao redor de si, entretanto preferia a elas a aqueles oito. Tudo somente piorara quando você despertara a atenção de mais oito pessoas. Oito garotos, todos incrivelmente bonitos e caídos aos seus pés. E era cômico como você não poderia ver aquilo.

Se contasse comigo, seriam nove, e por aquilo, eu me roía de ciúmes quando você ficava por muito tempo perto deles. Você era próximo de mais de Gokudera Hayato, Yamamoto Takeshi e tinha como melhor amigo Kozato Enma.

Tinha como pervertidos e stalkers, Rokudo Mukuro, na qual às vezes arrastava sua irmãzinha Chrome, uma menina muito fofa, devo lhe informar. A quem mais odiava era Byakuran. Além de ser pervertido, stalker e um filho da puta, era quem mais se aproveitava de você.

Sua gentileza também conquistara corações frios e mimados, e mesmo que Hibari Kyoya me desse um pouco de medo, poderia enfrenta-lo por ti. Da mesma forma que vez o outra dava uns cascudos em Bovino Lambo por ser tão chato e pegajoso. Principalmente com ti.

Também conquistara corações agitados. Era sempre calmo e Sasagawa Ryohei logo percebera aquilo, e como muitos sabiam pessoas calmas quando veem a se estressar, eram ‘EXTREMAS’, e aquilo havia conquistado o outro.

Eram uns malditos, e por isso, estava aborrecido, guiando-me para biblioteca da escola, onde eu sabia que você gostava de ficar quando queria um tempo em paz, como naquele momento.

Não tardei a te achar em meio aos livros, você estava em pé, ao lado de uma estante, enquanto lia pela milionésima vez ‘O menino do pijama listrado’. Ao ouvir meus passos abaixou o livro, e sorriu calmamente para mim.

Nunca pensei em fazer o que fiz. Puxei a ti pela gravata, peguei sua mão na qual o livro repousava, segurando-a pelo pulso. Convenientemente, o livro tapara parcialmente nossas faces.

Juntei nossos lábios. E não tardei a pedir passagem pelos seus.

Fora nosso primeiro beijo, e você havia me retribuído, podia sentir as famosas borboletas no meu estomago.

Naquele mesmo dia, durante a noite, compartilhamos a cama para somente dormir.

Lembro-me de estar envergonhado como ti, mas não recusei seu pedido, dormimos abraçados e nunca poderia ter dormido tão bem.

Quando acordei, você dormia colado ao meu corpo, com a blusa completamente desabotoada pela movimentação em seu sono e com sua mão dentro da minha blusa, com dedos possessivos cravados na minha pele.

Dei-me conta de quando você corava próximo de mais a mim, era porque também me amava de um jeito diferente.

Senti um peso fora de meu coração, afinal, não queria que estivesse comigo somente porque eu queria. Como eu achava que você era capaz de fazer, caso alguém confessasse para ti.

Entretanto, você me amava, da mesma forma que eu te amava.

~*~

Dezesseis anos

Você estava dormindo sobre meu ombro, com a cabeça repousada angelicalmente sobre meu ombro.

Tentei sair sem que te acordasse, entretanto, não dera certo e logo você tinha seus olhos acastanhados brilhando em minha direção.

“Boa noite” – sorriu, lindamente, em minha direção, encabulando-me.

“Noite” – limito-me a dizer. Ainda envergonhado.

Você riu, e logo estava sentado no meu colo, olhando-me inocentemente, enquanto captura meus lábios em um beijo, que logo se tornara quente, enquanto remexia-se em áreas sensíveis de meu corpo, despertando-as.

Recordo-me de descer meus lábios sobre seu pescoço, mordendo e chupando a área. Você gemia envergonhado, agarrando as minhas costas, e vez ou outra se remexia. Deixava-me excitado. Sabia que você também estava indo pelo mesmo caminho.

Segurei sua cintura com força, e lambi a região, enquanto sorrateiramente colocava uma de minhas mãos por dentro de sua blusa, acariciando sua pele macia coberta pelo moletom salmon.

A próxima coisa que eu sabia, era que estávamos despidos, e pela primeira vez, tornamo-nos um.

~*~

E agora, com dezoito anos, Sawada Tsunayoshi, venho em seu lugar preferido. O seu refugio para nossas brigas. Que é também a mesma árvore do festival de outono. O mesmo lugar em que eu me dera conta de meus sentimentos. Onde a maioria de nossos beijos de reconcilio ocorria.

Entretanto, não venho aqui para provar novamente de seus lábios, meu amor. Venho para depositar uma rosa champanhe, sobre a raiz dessa árvore.

Afinal, todo o dia faço isso, desde que você fez a maldade de me deixar sozinho.

Deposito a rosa nas raízes da árvore, e mesmo que seu corpo não estivesse naquele local, tenho certeza de que a maioria de nossas lembranças, estarão.

Olho para a frase em que escrevi, no mesmo dia em que você me deixara. Deslizo os dedos delas sobre ela, antes de sair.

Você é um maldito que partira, e junto, levara meu coração. Mas ao menos, tive a oportunidade de roubar o seu.

~*~

Mesmo que você não pode me ouvir, me tocar ou sentir-me... Eu ainda estou aqui. Para você.

- Sawada Natsuyoshi.


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Notas finais do capítulo

N//W: E aae, gostaram?

N//O: Esperamos que sim

N//W: E ah, uma rosa de cor champanhe porque a mesma significa:

N//O: Admiração, reverência

N//W: Já'né