*Um pouquinho antes...*

Lizzy, em meio a algumas lágrimas que insistiam em cair, saiu correndo pelos corredores da escola sem ao menos ter planejado uma rota antes, além de que, quando ouvia a voz da belga se aproximando, tratava de apressar seus passos para tentar despistá-la, não queria que a outra a enchesse de perguntas ou tentasse fazê-la voltar. Apenas queria ficar sozinha sem que ninguém a visse em seu puro momento de fraqueza...

Sua corrida consistia em virar em qualquer corredor, descer ou subir escadas aleatórias, e com a movimentação de alunos isso só ajudou com que no fim acabasse se perdendo... Mas o local onde perdera-se era simplesmente um campo com algumas camélias espalhadas e com uma grande árvore, não muito longe do prédio principal, e como suas pernas estavam cansadas após a correria, decidiu ficar lá até se recuperar, e chorar um pouco sem que ninguém a visse ali (embora ela nunca admitisse isso), sentando-se com rosto escondido entres os joelhos, sendo capaz de sentir as gotinhas molhando seu uniforme e um pouco de sua pele...

–Maldito albino!.. – falava entre suas fungadas – Eu nunca queria ter vindo para cá! Quero voltar para casa! Mesmo não tendo muitos amigos lá... Eles nunca me trataram assim, era até um pouco mais legal... Mas não! Eu tive que ir para esse inferno de lugar enorme onde até consigo me perder!!! AAAAAAAHHHHH! EU NÃO AGUENTO MAIS!!! – a húngara berrou essa última parte sem se importar com quem a escutasse, apesar de ter se passado apenas dois dias em seu novo colégio, Gilbert conseguiu fazer o impossível, tirá-la de sério e fazê-la chorar, ato que não acontecia a muito tempo... – EU QUERO VER A MINHA MÃE DE NOVO!!! EU QUERO ELA PERTO DE MIM! EU QUERO QUE O RODDY AQUI!! Mamãe... Roddy...

– Porque você está chorando, menina? - a voz que falou não era conhecida, o que fez a morena se assustar, mas não apenas por isso, mas também pelo fato de ter sido pega chorando por alguém totalmente desconhecido, ele tinha cabelos castanhos bagunçados, olhos avermelhados, usava uma pequena cartola com duas fitinhas (uma amarela e a outra vermelha), e pelo que pode perceber, este possuía a mesma idade dela e caninos um pouco mais aparentes que o comum – E também... Quem é “Roddy”?

– Vai embora! Não tenho que responder perguntas de estranhos! – exclamou a menina levantando-se com rapidez, pronta para ir embora, o que acabou surpreendendo o moreno que tinha se agachado para falar melhor com a húngara, colocando seu rosto um pouco próximo do dela.

– Tem razão... Onde estão os meus modos? – neste momento, o garoto pegou a mão de Liz, impedindo-a de seguir seu caminho – Meu nome é Vladimir Andrei Tepes, da Romênia, mas pode me chamar de Vlad, se quiser... – disse, após isso, pousou um beijo na mão que segurava, então a garota que já tinha seus olhos inchados e vermelhos por ter chorado, agora ficou um pouco sem jeito e corada, retirando sua mão do alcance do romeno agilmente – E quanto a você, senhorita? Não vai me falar o seu nome?

–Ei! Nunca mais tente fazer isso de novo, ou eu vou te estrangular! – avisou a húngara começando a sentir raiva das atitudes do garoto - ...Elizabeta... – respondeu à pergunta meio hesitante e quase inaudível, mas ele conseguiu escutar.

– Então, Elizabeta, por que estava aqui chorando no horário de aula?

– E por que você está aqui ao invés de estar na sala? – retrucou.

– Isso é uma história para outro dia... Mas você ainda não me respondeu! – falou o romeno mantendo o olhar fixo na garota, que por estar cansada e por não querer conta-lo o que houve, continuou quieta - ... Ok, se não quiser me contar agora, tudo bem... Mas terá que me contar depois! Entendeu?

A morena continuou parada, agora, tentando secar suas lágrimas. Não podia ficar chorando tanto, tinha que ser forte para provar para aquele alemão que era mais superior. Mas ao se lembrar que não sabia onde estava perguntou:

– Você sabe para onde vamos ir? Estou perdida...

– Oh! Então é novata? Tudo bem, vamos voltar para a aula, tenho um bom atalho para chegar lá! – disse animado puxando a menina pelo braço.

***

Em pouco tempo depois, ambos estavam no hall principal da escola, no meio tempo em que estavam andando juntos descobriram que eram do mesmo ano, mas em salas diferentes. Os dois ao logo do caminho tiveram uma conversa de poucas palavras, porém os ajudou a se conhecerem um pouquinho melhor.

A essa altura, aparência de Lizzy estava melhor, já não mais parecia que tinha chorado, estava com a mesma fisionomia de antes da briga com Gilbert. Estava tudo indo bem quando, acabaram trombando com dos alunos mais velhos que por sinal estavam matando aula.

– O que deu no universo para agora tudo mundo querer esbarrar em nós Sadik?! – perguntou o ruivo extremamente enraivecido – Impressionante! Estão cegos moleques para não conseguirem nos ver passando?! Idiotas!

– Cala sua boca, estúpido! – retrucou a húngara irada – E eu acho que é você que precisa de óculos por não perceber que sou uma GAROTA! E seu amigo também! Duvido que consiga enxergar alguma coisa máscara RIDÍCULA tampando a droga do rosto!

– Se é mesmo uma menina, devia estar brincando com bonecas, quietinha no seu canto, não deixando os garotos não olharem de baixo da sua saia, e não usando calças! – agora foi a vez do turco que estava furioso por terem falado mal de sua preciosa máscara – Além de que, precisaria ser mais bonitinha não acha? Desse jeito qualquer um se confunde, acho que até a sua mãe, se “vacilar”, esquece que teve uma filha e pensar que teve, sim, um menino!

Aquilo foi a gota d’água, Lizzy estava pronta para bater neles com os punhos fortemente cerrados, mas o romeno foi mais rápido, dando um soco certeiro bem no meio do estômago do turco, este urrou de dor e caiu de joelhos no chão.

– Isso é para você aprender!! Bastard turc! * – exclamou o moreno de cartola irritado – Você não serviria de alimento nem para o pior dos morcegos!

Enquanto o árabe se recompunha, o escocês estava se reação, só voltou a si quando percebeu que a húngara iria tentar realizar o mesmo feito de seu colega, dessa vez nele. Porém foi impedida por um contra-ataque do ruivo, este que pegou seu punho e começou a apertá-lo com muita força, fazendo-a gemer de dor. O romeno por sua vez tentou ajudar a garota, mas foi impedido pelo mascarado que lhe deu uma rasteira.

Depois de ter machucado a mão da garota, Allistor, a “atirou” contra a parede do corredor, fazendo-a bater a cabeça “com tudo” no concreto e com a forte pancada, ela acabou perdendo a consciência. A última coisa que viu antes de fechar os olhos foi o romeno indo na sua direção com a mão estendida, chamando-a pelo nome, enquanto os dois maiores estavam atrás dele.